No dia 09 de agosto de 2011, eu, Gustavo Barreto de Campos, estava em um hotel no Peru e liguei o meu celular (8185-0582) ao computador para passar algumas fotos. Sem perceber, o aparelho rodou a Internet e baixou emails durante a madrugada, emails estes que eu nem sequer usei (até hoje, pois os li pela web).
Com o email aberto e a internet do meu telefone acionada, foram baixados durante a noite 72 MB, gerando uma dívida imediata de cerca de 6.000 reais (foram cobrados 33 reais por MB!). Eu fiquei sabendo do ocorrido apenas pela manhã, quando recebi uma mensagem da TIM.
A mensagem, enviada na manhã do dia 10 de agosto de 2011 às 07h42, dizia o seguinte: “TIM comunica: Notamos um aumento de gastos em relação ao seu consumo habitual. Lembramos que a tarifa no exterior é de R$ 33,00 por MB trafegado. O seu consumo ultrapassa R$ 2.400,00. Mais informações, entrar em contato com o telefone 55-11-284-7644 (recebe chamadas internacionais a cobrar). Central de atendimento”.
A empresa TIM, na verdade, não estava “lembrando” do ocorrido, porque nunca havia me informado. Ao entrar em território internacional (peruano), a empresa não enviou nenhuma mensagem sobre o tema – fato que ocorreu na Bolívia, quando fui avisado por SMS das condições especiais. A pergunta que fica: por que só me avisaram no segundo país que visitei, e não imediatamente? Já era tarde demais.
A total falta de informação, seguido da estranha negligência da empresa em informar (A) com atraso sobre estas condições e (B) notar um aumento de gastos apenas quando estes alcançaram 2.400 reais, sendo que meus gastos são sempre inferiores a 100 reais, é lamentável.
Vou gastar dois terços do meu salário da época para pagar por um serviço que sequer utilizei.
O detalhe sórdido é que a TIM nem sequer “existe” no Peru: lá, como em grande parte da América Latina, a Claro reina soberana e, quando muito, “aluga” o sinal para outras operadores que queiram abusar de seus clientes em nível internacional. A TIM conseguiu uma forma de “viver sem fronteiras” com o salário de pessoas desavisadas como eu, que, insisto, vou gastar dois terços do meu salário de marajá para pagar a dívida. Em três parcelas, segundo a TIM, sem negociação!
E viva o capitalismo.
Jornalista, 41, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.
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