Cheguei ao Brasil quando este país começava a sair das sombras de um regime autoritário imposto pelas armas. Pelo medo. Ao longo destes já quase 37 anos de aqui permanecer, vi esse povo ir mudando o perfil do que significa ser brasileiro, brasileira.
Hoje as pessoas mais pobres vão tendo um lugar na sociedade. Nesse curto espaço de tempo, o Brasil foi se tornando cada vez mais um país para todos, um país onde as pessoas independentemente de classe social, podem ter um lugar sob o sol. Antes isto era restrito a uma minoria.
Ontem ao assistir ao último debate entre Dilma e Aécio na televisão, percebi com clareza que ainda existe um setor que se resiste a esta mudança includente: querem continuar a segregar as maiorias, mantendo uma cidadania restrita a uns poucos.
O candidato do PSDB é muito astucioso no uso da palavra. É aquela fala vazia e oportunista, a do intelectual que está acostumado a obter favores a partir do impacto emocional do que diz. Conheci muito bem esse tipo de intelectual e esse tipo de discurso.
Nos meus anos de academia, perambulei pelos corredores dos espaços do conhecimento, onde muito frequentemente, via esta mesma dissociação, em pequeno: de um lado, os que tinham sobrenomes tradicionais, diplomas obtidos nos Estados Unidos ou na França.
Do outro, uns poucos, com origens menos “nobres”, praticando e tentando desenvolver uma ciência social que também incluísse as pessoas. Acredito que é isto que está em jogo nas eleições de amanhã, domingo 26 de outubro.
Ou o Brasil prossegue no rumo da inclusão social e da cidadania para todos, ou regride ao modelo oligárquico e elitista do qual começou a se afastar a partir da eleição de Luis Inácio Lula da Silva para a presidência da República.
Existe a massa dos alienados, das pessoas cuja opinião depende dos favores que obtém ou deixam de obter das autoridades. Há também os indiferentes, os apáticos, os que vendem o voto. Mas há uma grande maioria que começou a ser gente nestas últimas gestões governamentais do PT, e acredito que essa maioria fará sentir a sua força. A esperança está aí.

Doutor em sociologia (Universidade de São Paulo). Mestre em sociologia (IUPERJ). Licenciado em sociologia (Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, Argentina). Professor aposentado da UFPB. Terapeuta Comunitário Formador. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/