Na semana passada, por conta da pendência com a TIM, fui à minha agência do Banco do Brasil para pegar um empréstimo de 6 mil reais, visto que a empresa onde trabalho terá de pagar o parcelamento até 31 de dezembro deste ano, quando acaba o orçamento anual. Como a dívida é minha, eu terei que pagar os 6 mil reais.
1. A minha primeira parada da semana foi no Banco do Brasil, agência Vila Isabel, na terça-feira (30/10/2011). Para minha surpresa, eu não poderia pegar empréstimo e nem mesmo ter um cartão de crédito por existir uma dívida em meu nome, de pouco mais de mil reais. Eu pedi informações sobre a suposta dívida, informando que não havia recebido cobrança a respeito. A gerente me informou que a dívida foi repassada (ou vendida?) e que não poderia retirá-la até que eu procurasse a referida empresa.
Eu pedi, então, informações sobre a empresa, demanda que demorou cerca de 20 minutos para ser respondida. Ao final deste tempo, a gerente me deu dados sobre um contrato de renegociação que eu teria feito e quebrado com esta empresa, de nome “Empreze Consultoria Empresarial Ltda”, em 2008, e que eu deveria procurar esta empresa para quitar minha dívida. Ela meu deu esta informação, dizendo para mim que “não poderia me dar este papel” (documento anexo). Ela disse ainda que a referida empresa terceirizada “não constava no sistema”, o que ela achava estranha.
A gerente me informou um telefone (0800-729-5353) para entrar em contato com a empresa terceirizada, informou que esta empresa poderia não estar cadastrada no sistema porque “andou mudando ultimamente”, mas o telefone estava errado. Mas neste telefone me informaram outros dois telefones (0800-644-3030, que não funciona, e 0800-600-7400, que até a presente data não consegui contato).
Eu perguntei para ela se, mesmo não sendo mais uma suposta dívida do Banco do Brasil, já que havia sido repassada para uma empresa terceirizada em 2008, eu não poderia tirar essa restrição. Esta demanda demorou mais 10 minutos, após uma consulta com algum superior. Eu questionei ainda o porquê de eu ter conseguido um empréstimo direto no caixa eletrônico depois de 2009, ou seja, depois desta suposta dívida, no mesmo Banco do Brasil, e ela não soube me informar.
A gerente do Banco do Brasil me informou também que, mesmo quitando esta dívida, ela conseguia ver uma restrição da Caixa Econômica Federal junto ao SERASA.
2. Fui então à Caixa Econômica Federal (CEF) no mesmo dia, na terça-feira 25 (anexo), para saber sobre a suposta dívida, outra que desconhecia. Igualmente, informei que não havia recebido cobrança a respeito. Eu fui cliente da CEF em 2006, na agência 3187, também em Vila Isabel, onde moram meu avô e minha mãe, as pessoas mais próximas da minha família. Como o banco estava muito cheio e eu precisava trabalhar, voltei na quinta-feira (27/10/2011) e consegui ser atendido (anexo).
Na CEF, eles confirmaram que havia um débito em meu nome. Eles informaram que havia um débito de cartão e um débito de cheque especial da conta corrente, “provavelmente” por resíduos que sobraram após o fechamento da conta. Diante do tempo decorrido (5 anos), eu pedi informações sobre os valores informados (cerca de 500 reais de débito, no total), pois reafirmei que não tinha recebido qualquer documentação a respeito e que, inclusive, havia fechado a conta na CEF sem encontrar qualquer problema.
A gerente disse que não poderia fornecer esta informação, nem mesmo um boleto para pagamento, e que a informação já havia sido passada para mim, verbalmente, dizendo que “esta informação eu estou te falando agora”. A gerente disse ainda que a dívida também havia sido passada para uma empresa terceirizada. A gerente não quis nem sequer me mostrar a tela, alegando ser uma “informação interna”, e negou me demonstrar o detalhamento da dívida.
Eu a perguntei, então, como faria para pagar a dívida, visto que não havia boleto ou informações descritivas sobre o que eu supostamente devia. A gerente surpreendentemente disse que eu poderia pagar ali mesmo, caso o fizesse naquele exato momento, e então ela passaria a informação “ali por trás” para o caixa, e que inclusive me daria “um desconto”, baixando a suposta dívida para cerca de R$ 350.
Diante da completa falta de informações, eu pedi então à gerente da CEF os contatos da empresa terceirizada, visto que eu precisaria saber o que estou pagando. Eu a informei que este é um direito meu, pelo que constava, segundo o código de defesa do consumidor. Ela então consulta alguém possivelmente em um cargo superior, que igualmente não quis me dar qualquer informação e confirmou todos os procedimentos da referida gerente.
Depois da minha insistência por informações mais precisas (até então ela só me informou o valor numérico do débito), a gerente me passou, então, um telefone da empresa terceirizada que, segundo ela, me cobraria pela suposta dívida do cartão de crédito (4001-4455), mas surpreendentemente não soube me informar qual telefone eu deveria contatar para saber mais sobre a dívida da conta corrente. Adicionalmente, me sugeriu ir no SERASA para me informar sobre tais débitos.
3. Eu me dirigi, então, ao SERASA (na Rua da Ajuda), na sexta-feira (28/10/2011), para saber mais sobre estas restrições para, então, pedir um empréstimo de R$ 6 mil, para pagar uma dívida com a TIM que é alvo de ação de minha autoria e sobre a qual não concordo, pois nem sequer utilizei o serviço que dizem me cobrar.
No SERASA, depois de um rápido atendimento, o atendente me deu uma nota (anexo) com uma descrição simples sobre duas dívidas, as duas da Caixa Econômica Federal, não constando portanto nem dívidas junto ao Banco do Brasil, nem descrições detalhadas sobre a dívida da CEF.
Eu perguntei se poderia ter acesso a mais detalhes da dívida junto à CEF e se ele conheceria outra empresa terceirizada para a qual deveria me reportar. O atendente me sugeriu ir apenas à agência correspondente da CEF para saber mais detalhes. Eu expliquei para ele, então, que já tinha feito isso, conforme relato acima, e então ele reconfirmou que, na opinião dele, era apenas lá que eu poderia obter essa informação e que eu poderia “pagar a dívida em juízo”.
4. Diante da completa falta de informações, e com o prazo de 31 de dezembro de 2012 para pagar uma dívida incompatível com meu salário e que, obviamente, eu nunca teria feito – até porque o serviço sobre o qual a TIM me cobra, de internet móvel, estava disponível no hotel onde eu estava, no Peru, não fazendo qualquer sentido fazê-lo pelo preço absurdo que me cobraram (clique aqui para detalhes) – eu decidi, juntamente com minha mãe, vender o nosso carro, que eu utilizava com mais frequência.
O nosso Gol City 1.0, em nome da minha mãe, foi vendido por 10 mil reais na própria sexta-feira (28/11/2011) por intermédio do marido de uma prima, sendo que cinco mil reais vão ser transferidos para ela e outros cinco mil reais para o pagamento da dívida com a TIM. Eu vou pagar outros mil reais e quitar a dívida com a empresa onde trabalho, responsável pela conta junto à TIM que eu estava utilizando em minha viagem ao Peru.
5. Com isso, após uma imensa dor de cabeça de 3 meses por conta de uma cobrança sem qualquer validade e conforme relato disponível aqui, totalmente absurda, eu tive que peregrinar por bancos e instituições de crédito, sem sucesso, e como último recurso tive de vender o carro, prejudicando extremamente meu dia a dia que envolve trabalho de 40 horas/semana, família e estudo de pós-graduação, em bairros distantes um do outro.
Jornalista, 41, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.
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