A vida é mais

floresHá alguns fatos que não deveriam ser evocados, nem sequer indiretamente. A mera evocação acarreta uma revisiscência do ocorrido, e, em se tratando de fatos muito dolorosos, uma re-traumatização.
Entretanto, contudo, todavia, porém, há ocasiões em que também é impossível permanecer calado. Hoje é recordada na Argentina, a barbárie perpetrada pelas forças armadas, o empresariado, a cúpula eclesial, e vastos setores civis (certamente nada civilizados) a partir do 24 de março de 1976, contra a população argentina.
A covardia, a crueldade, a traição, deixam marcas indeléveis. O que ficou como uma tarefa para as gerações atuais de argentinos, é a ressignificação desse passado. Transformar a dor em flores. Fazer das emoções negativas como a raiva, o ódio, o desejo de vingança, uma força construtiva com a cor e a qualidade da vida.
Foi no contexto da rede da Terapia Comunitária Integrativa criada pelo Dr. Adalberto Barreto, que consegui igualar o ontem e o hoje. Esse ontem atroz que me assolava, poderia e deveria ser transmutado em força sanadora, em ação curativa, de caráter comunal e pessoal. Então pude ir voltando, e continuo voltando. Não que essas lembranças assustadoras tenham desaparecidao. Elas estão, mas vão virando outra coisa.
É como se este hoje em que vivo inserido em uma rede nacional e latino-americana de Terapia Comunitária Integrativa, uma rede de cuidado e de recuperação da vida humana, fosse a transmutação desse passado atroz que fora uma assombração durante muitos anos.

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