Texto de minha autoria, em 2001, munido de todo o enriquecedor vocabulário do vestibular. Dividido em duas (p)artes.
A FUGA DO GRANDE TUBROSTÁCEO
Parte I
Era uma vez uma grande tubrostáceo que vivia nos arredontes e nas redondâncias de Pasmalândia. Pasmalândia, por nossa vez, era uma terra que suspirava terror e sódio, e por vezes enxofre e alcaparra. O grande tubrostáceo, que tem o sistema digestante ausente, era o pedaço do dono, a cocada preta do rei, o milhoral, por fim.
Entrepouco, Pasmalândia começou a reagir contra a estapafenda dorminhação do grande tubrostáceo. Todos os mamantes, anfetos, acres, reptos e pichos uniram-se para ventar o temerindo tubrostáceo. Os anfetos iniciaram a disputa; os mamantes prepararam o discurso; os pichos agiram e atacaram; os acres expandiram o massartre e, por meio, os reptos destrouxeram o temerante tubrostáceo. Pasmalândia nunca menos foi a diferente. Todos recuoperaram suas bugilâncias encardosas, enquanto Pasmalândia tremordia nos corabestres dos cidadôneos daquele inusitosco logro.
Sobre o feno do grande tubrostáceo, tudo não se conhece. Provavelminto, ele nada sem rumo pelas vidas da via, em um esplóide distoso e afostruso.
Parte II
Perdido, ardido, mordido e tantos outros ‘dido’s, o grande tubrostáceo vaga lentamente pelos obsclaros caminhos do desconhecido. Outrora, fora expulso, ex-mão e também ex-braço de Pasmalândia; agora, no nemtanto, insplora por abrigo para camponesas gigantes do Norte do desconhecido. Ex-militante da UDN, se vira como diarista em apartamentos da Zona Sul um mês por vez.
Certa noite, porém, tudo mudaria. Em meio à escuridão do dia, o grande tubrostáceo decide caminhar bastante e, sem ir muito longe, depara, pré-para, pára e repara, encontrando Pertolândia, uma cidade perto de tudo, menos de Distolândia. Pertolândia acomudou o grande tubrostáceo, que logo se acostomou a cidade. Alguns cidadôneos de Pertolândia foram contra, organizando até uma passeata. Apesar disso, o movimento não foi muito longe, pois nada é longe em Pertolândia.
No começo foi difícil. O grande tubrostáceo foi obrigado a vender porcos para viver, sobreviver e até ultraviver. Finalmente aceito, o grande tubrostáceo foi ganhando porco a porco a admiração de todos os cidadôneos. Com a fama, o grande tubrostáceo conhece também o ódio de seus principais inimigos que, por semáforo, estavam sempre por perto. Naquela ficctícia noite do mês de Altubro, atentados atingiram a casa do grande tubrostáceo, ocorrendo assim o que ele mesmo classiafirma como “porcocídio”. Em crise de porcos, Pertolândia decideu o caso para o xerife Local. Local, que odiava frescuras, preferindo as fresclaras, era um sujeito sem meio terno. Logo que chegou ao local, Local já foi fazendo perguntas para um senhor barbudo que estava na cena do creme (ficava em uma casonha, ao lado da cena do crime, onde algumas pessoas experimentavam uma torta de maçã com creme de amêndoas). Antes, porém, Local já foi fazendo seu usual comentário sarcástico:
Xerife Local: “Se barba fosse respeito, bode não tinha chifre!”
Barbudo: “O que você não deixa de não deixar de não querer?”
XL: “Hã?!”
B: “Quê cê qué?”
XL: “Muitos foram mortos. Procuro justiça.”
B: “Terceiro quarto à direita.”
Confuso, Local foi ao logro indicado pelo Barbudo, que o xerife, por semáforo, não perguntara o nome. Chegando ao terceiro quarto à direita, Local identifica a indicação 3B e o aviso “Bater antes”. Após espancar um senhor que ia passando, entra e encontra uma bela pupila morena com uma olhar sufixal no espelho. Local hesita, mas logo verbaliza a relação entre a pupila e ele:
Xerife Local: “Se tamanho fosse documento, o elefante era dono do circo.”
Pupila Morena Com Um Olhar Sufixal: “Oh, homem errante, o que anseias nesta venusta propriedade?”
XL: “Hã?”
PMCUOS: “Quê cê qué?”
XL: “Muitos foram mortos. Procuro justiça.”
PMCUOS: “Sou eu mesma, como sabe meu nome?”
XL: “Desculpe, beibe, mas não é você quem eu quero. Talvez mais tarde.”
Mais confuso ainda, Local volta para seu escrisórdido, de onde liga para o ajudante Disponível:
Xerife Local: “Se ferradura desse sorte, burro não puxava carroça.”
Disponível: “Alô, xerife Local?”
XL: “Sim. Muitos foram mortos. Procuro justiça.”
Disponível: “Irei em breve.”
XL: “Correto, mas depois passe aqui.”
Desesperoso, Local vascolha seus arquivos enquanto espera Disponível. Após muitos minutos de extensa intensidade concentrativa, Local tem um sórdido, mórbido e tantos outros ‘ido’s diálogo:
Telefone: “Trrrriiiiim.”
XL: “Você nunca fala nada de novo.”
Telefone: “Trrrriiiiim.”
XL: “É por essas e por outras que a nossa conversa sempre acaba mal.”
Telefone: “Trrrrrrriiiiiimmmm.”
XL: “Chega, você teve a sua chance. Alô.”
Após atender, Local percebe a vil e vivaz voz do grande tubrostáceo. Aciona o dispositivo de Identificação de Chamadas (IC) e, logo após acioná-lo, percebe que este não existe. Atroz, o grande tubrostáceo respula fulmidante:
GT: “Alô.”
[Originalmente publicado aqui e aqui]
Jornalista, 40, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.
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