Você é quem você é, ou quem os outros esperam que você seja?

Você é quem você é, ou quem os outros esperam que você seja? A pergunta se repete três vezes. Você é quem você é, ou quem os outros esperam que você seja? Você é quem você é, ou quem os outros esperam que você seja? Esta não é uma pergunta para ser respondida. É uma pergunta para ser acolhida, para ser escutada com a totalidade do nosso ser. Quando eu a escuto, quando eu recordo na minha mente e no meu coração esta pergunta, eu sei que eu sou quem eu sou. Eu não posso ser senão quem eu sou. E evidentemente que o Prof. Adalberto Barreto (1) sabe que é assim. Mas eu posso ter esquecido. Eu posso ter me confundido com fatos do meu passado, aos quais me colei e achei que eu fosse aquilo. Eu não sou aquilo.

Eu não sou o meu passado. Eu não sou os fatos dos quais saiu esta criatura que escreve estas coisas. Eu sou o que eu sou. E quando eu percebo que eu sou quem eu sou, há uma paz, há uma tranquilidade muito grande no meu ser. Porque verdadeiramente eu sou quem eu sou. E se eu me confundi no passado com alguns fatos do meu passado, no presente posso escutar novamente esta pergunta libertadora, e saber, sem sombra de dúvida, quem eu sou.

Eu entendo que esta pergunta pelo ser não indaga por uma resposta. Ela é uma resposta. Ela é a resposta, é a resposta libertadora, a resposta do ser autêntico que se acolhe a si mesmo e para si mesmo, na interioridade unitiva do ser. Quando eu percebo que eu sou o que eu sou, descanso de tentativas vãs de me tornar o que eu não sou, que geram rechaço por mim mesmo, geram auto-rejeição. Se eu sou este ser que é assim como é, está tudo bem.

Pode ser que ache que eu deveria ser melhor em algum aspecto, mas isto já gera algum barulho interno, gera alguma disconformidade com o que eu sou em verdade. Quando eu me aceito do jeito que sou, exatamente com as características todas que me constituem como a pessoa que eu sou, estou em paz. Posso mudar alguma coisa, alguma forma de agir, uma máscara social, mas isto tem um custo. Uma máscara exige esforço para ser mantida.

Um hábito mantido para agradar ou para se adaptar, pode gerar tensão, rechaço por nós mesmos. Pode até ser que seja necessário criar alguma adaptação para sobreviver em circunstâncias especiais. Mas isto deve gerar tensão, desconforto, barulho interior. Só o ser, o ser que é, é paz. É harmonia. Porque é unidade. E a unidade é simples, não é dois, não é dualidade.


(1) Adalberto Barreto é o criador da Terapia Comunitária Integrativa

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