
O Estado brasileiro tem um ano para indenizar cada uma das 128 vítimas resgatadas durante fiscalizações do Ministério Público do Trabalho na Fazenda Brasil Verde, no sul do Pará, nos anos de 1997 e 2000. Somente nessa fazenda, mais de 300 trabalhadores foram resgatados, entre 1989 e 2002. Em 1988, houve uma denúncia da prática de trabalho escravo na Fazenda Brasil Verde, no Pará, e o desaparecimento de dois adolescentes que teriam tentado fugir.
Os irmãos Quagliato são os maiores pecuaristas do Brasil, com redes como o supermercado “Pão de Açúcar” chegando a até 12% de todas as compras do setor junto aos Quagliato.
Ainda segundo a Corte, o Poder Judiciário é cúmplice da discriminação desses trabalhadores escravizados. As reparações são de cerca de US$ 5 milhões, a não ser que a Advocacia Geral da União (AGU) entre com ação instando que os empregadores paguem pelas indenizações. Mais na Conjur aqui.
O caso foi levado à OEA pelo Centro pela Justiça e o Direito Internacional (Cejil) e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) porque NINGUÉM foi punido, e o Estado brasileiro ainda negou perante a Corte internacional a existência de trabalho escravo.
Do El País: “(…) Na escravidão histórica do Brasil, o custo de conseguir um escravo negro era alto, fazendo com que ele fosse considerado um investimento a ser amortizado com o passar dos anos. Os ‘novos’ escravocratas não precisam investir muito para conseguir mão de obra. Basta o boca a boca em uma cidade pobre como Barras, com o anúncio de uma “oportunidade de emprego”, e vários trabalhadores farão fila para segui-los.Todos compartilhando as mesmas características: homens entre 15 e 40 anos de idade, em sua maioria negros ou pardos, oriundos dos estados mais pobres do país e sem qualificação.” Matéria em http://bit.ly/2hE5NvI.
Da Exame: “(…) Com quase 80 anos, o primogênito dos Quagliato é sofisticado, urbano e acostumado a circular nos bastidores da política local. Gosta de roupas de grife e de viajar pelo exterior. É casado com Marly, prima da rainha Silvia, da Suécia. Entre os encontros de família dos quais participou estão as bodas de prata da rainha e do rei Carlos Gustavo, em 2001, ocasião em que uma festa para nobres ocupou um castelo medieval e o palácio real em Estocolmo.” Mais em http://abr.ai/2hEgyOG
A matéria da CPT: http://bit.ly/2hE6Vzt.
Jornalista, 40, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.