Um mundo

Ontem à noite assisti, na TV Senado, o senador Aluisio Mercadante, Eduardo Suplicy, outro senador, de oposição, discutindo a aceitação ou não da Venezuela de Hugo Chavez no Mercosul.

Aliás, a chave parecia estar aí, no presidente da Venezuela, e não na Venezuela propriamente dita.

Os argumentos pareciam, da parte de Mercadante, francamente favoráveis, por motivos econômicos (investimentos brasileiros lá, compras venezuelanas de produtos brasileiros) e políticos, entre outros. Outro ponto que o senador do PT alinhavou, foi o fato da oposição venezuelana ser a favor da incorporação do seu país ao bloco econômico do Mercosul.

Assim, segundo o seu raciocínio, não haveria razões ou motivos para o Brasil ser contra a incorporação da Venezuela a este bloco. Outro ponto que destacou, foi o fato de no Uruguay ter sido derrotada a opção anti-Mercosul, representada pela candidatura presidencial que não foi vitoriosa nas eleições e no Paraguay haver sido diminuído o coro de vozes anti-Mercosul.

A Argentina, o terceiro membro da coalizão de nações, foi mencionada também, como um país que, embora tenha tido e ainda tenha rixas alfandegárias ou de outro tipo com o Brasil, mesmo assim insiste no fortalecimento do processo de integração latino-americana.

E foi no fim do discurso, que o senador Aluízio Mercadante lembrou de palavras do pensador uruguaio José Enrique Rodó, a respeito da América do Sul como uma nação única, uma única pátria, uma nação incluindo todas as pessoas vivendo nesta região.

Enquanto ouvia e via o senador falando, citando frases de um pensador da geração romântica do Rio da Prata, da qual Esteban Echeverría e outros foram figuras marcantes, pensava que não tenho já, ou tenho muito pouco, entendimento do mundo atual.

Há uma parte minha que compreende, desde categorias do passado, o que se passa. Ali, cabem os conceitos de integração, nações, povos, balança comercial, oposições, partidos, governo, classes sociais.

Compreende, digo, ou compreendo, sem, no entanto compreender demasiado. Há um mundo em processo de fusão, ou sempre houve, se pensarmos nas fronteiras nacionais como fictícias desde o ponto de vista do capital, na visão de Marx, ou do mundo que Marx profetizou.

Mas também pensava, e penso ainda, que sei muito pouco do mundo real que está aí. Tenho conhecimento de pequenos processos, interações mais cara a cara.

O mundo das subculturas de Howard Becker e Irving Goffman.

O mundo das pessoas cujo nome e sobrenome conheces, embora nem sempre possas saber algo de verdade do que se passa dentro delas.

Os programas televisivos alertavam, e continuam a alertar, sobre as necessárias mudanças no comportamento das pessoas enquanto consumidoras, no que se refere ao aquecimento global e as mudanças climáticas como inundações, desertificação, espécies em extinção.

Mercadante termina seu discurso com palavras de Rodó, que sonhava uma América uma, unida, integrada, sem fronteiras internas, uma única nação.

O mundo tornou-se, se é que posso dizer isto com algum grau de segurança, uma nação única em embrião. Uma única bio-socio-noosfera, se pensarmos em Leonardo Boff e Teilhard de Chardin ou Ramón Pascual Muñoz Soler.

John Lennon, em Imagine, também pensa num mundo sem fronteiras: and the world be as one. E o mundo será um. Imagine all the people living for the world. Não saberia como terminar estas disquisições. Apenas agradecendo o tempo que tenhas dedicado à sua leitura. Obrigado.

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