Assista à campanha do Greenpeace no Brasil sobre as pesquisas com alimentos transgênicos.
O vídeo do link acima deixa bem clara a posição do Greenpeace com relação às pesquisas com transgênicos que vêm sendo desenvolvidas em diversos países e, finalmente, também no Brasil. O problema é que, ao tratar a questão a partir de uma leitura extremamente sensacionalista e maniqueísta, a ONG internacional parece não querer estimular um real debate entre a sociedade civil sobre o tema.
O vídeo problematiza, por exemplo, uma questão muito importante com relação aos transgênicos, que é a formação de conglomerados de grandes empresas que desmantelam a produções dos pequenos proprietários rurais. No entanto, é preciso enxergar também uma questão de fundo que parece ser muito importante.
Hoje, mais da metade da produção de alimentos está nas mãos de multinacionais que podem jogar a bel-prazer com os preços flutuantes dos bens alimentícios, gerando crises como as que atravessamos agora e que atingem de forma contundente os setores mais pobres da população mundial. Todos sabemos – ou deveríamos saber – que o planeta tem capacidade de produzir alimentos suficientes para toda a população mundial e ainda mais. No entanto, justamente por conta do monopólio sobre a produção, a fome ainda persiste como consequência de uma política de distribuição planejada para ser injusta.
Nesse contexto, e levando também em conta as questões de mudança climática, já ficou claro que a transgenia está em vias de ser um fator fundamental para a geopolítica mundial. E os países que não investirem em pesquisas na área terão como única opção se colocarem à mercê dos grandes conglomerados internacionais. Em outras palavras, as campanhas promovidas por ONGs como o Greenpeace tentam embarreirar o desenvolvimento de pesquisa na área, desestimulando os investimentos nacionais e promovendo a criação de entraves jurídicos em um setor tão importante que é a alimentação. Hoje no Brasil, por exemplo, tornou-se tão oneroso patentear as novas descobertas resultantes de pesquisas promovidas por Universidades que estas instituições acabam se vendo forçadas a vendê-las a laboratórios extrangeiros que, ao final, serão os que vão patenteá-las. Resta a nós, então, mais uma vez (!), o papel de compradores de produtos feitos a partir de nossas matérias primas e até mesmo nossa tecnologia. Qualquer semelhança com o velho pacto colonial das aulas de história não é, obviamente, mera coincidência.
Na Europa, as campanhas do Greenpeace levaram à restrição, por exemplo, de importação de alimentos geneticamente modificados, o que desestimula ainda mais o desenvolvimentos de nossas pesquisas dentro da ordem agroexportadora. E, adivinhem só: estamos, ainda por cima, dando de bandeja aos países centrais a matéria prima para que eles desenvolvam pesquisas na área e possam, futuramente, nos explorar. Isso, vale a pena lembrar, quando não perdemos também pesquisadores que não encontram espaço para desenvolverem seus experimentos em pleno território nacional.
Por último, é interessante perceber também a incongruência da peça publicitária que, ao mesmo tempo em que afirma que não são conhecidos os efeitos da transgenia para a saúde humana, simboliza os alimentos geneticamente modificados como pequenos monstrinhos aterrorizantes. Vale mencionar que o processo de testes de risco com transgênicos na América Latina (especial destaque para Brasil e Argentina) leva cerca de sete anos – uma quantidade de tempo aparentemente considerável.
Não desejo, de forma alguma, levantar uma espécie de bandeira pró-transgênicos. Em primeiro lugar porque não julgo ter conhecimentos suficientes sobre a questão. Mas acredito ser importante tentar desmontar certos maniqueísmos naturalizados para que possamos problematizar e entender de verdade o cerne das questões que nos rodeam. É, por assim dizer, um convite ao debate contra a informação verticalizada.
Oi, bom dia.
Claro que o vídeo é um pequeno clipe, onde é impossível existir, em si, um debate mais sério. No entanto, pra mim ficou claro que que, em vez de tentar “embarreirar o desenvolvimento de pesquisa na área”, o Greenpeace (e os 100 países citados) querem mais pesquisas. É isso o que pedem: a liberação com responsabilidade.
As Universidades brasileiras não conseguem patentear produtos por conta da ausência de uma política pública na área de ciência e tecnologia, unida à falta de uma política industrial. A visão que predomina nos últimos anos é a da “força do mercado”, que possibilita justamente essa concentração.
O que ocorre na Europa é destacado no vídeo: o consumidor tem o direito de saber o que está comendo. Países como Argentina e Estados Unidos praticamente contaminaram toda a sua produção de soja, milho e outros produtos sem qualquer pesquisa prévia, causando diversos problemas de saúde pública.
O Greenpeace só consegue ser forte na Europa porque o nível educacional por lá, queiramos ou não, é maior. As pessoas pensam ao comer.
Parece-me que alguns assuntos foram confundidos. A política de exportação depende de um mecanismo complexo, dentro do jogo das relações internacionais, e o Brasil tem se posicionado de forma madura em órgãos como a Organização Mundial do Comércio (OMC) diante disso. Outro problema apontado, a fuga de cérebros, é um problema da área educacional, pois faltam mecanismos de manutenção e estímulo dos bons profissionais, que acabam por optar por outro país pelos incentivos que recebem.
Evidentemente que os “monstrinhos” são uma forma de chamar a atenção, mas ao meu ver contextualiza bem o “desconhecido”, pois não há garantia nenhuma do que pode acontecer quando misturamos genes diversos e usamos as pessoas como cobaias (ou, como se diz, “experimentação animal”, nesse caso com os humanos).
Os testes não são tão seguros assim e, como fica fácil observar no caso norte-americano, uma agência de fiscalização corrupta pode permitir que etapas sejam “queimadas” no processo de certificação de segurança alimentar.
A informação, nesse caso, não é nem um pouco verticalizada. As empresas que dominam o mercado mundial, duas ou três (no máximo), investem mais de 20% do seu faturamento global em publicidade e relações públicas. As ações não são apenas midiáticas: envolvem pequenos agricultores, atravessadores, pesquisadores universitários, jornalistas, formadores de opinião.
Particularmente quanto ao curioso interesse da Monsanto em “provar” na marra que os transgênicos fazem bem, existe uma documentação bastante consolidada, leia em http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2008/03/11/ult34u201215.jhtm
A Monsanto, sem nada poder fazer contra os fatos, tenta esconder tal situação.
Abraço
Lendo e observando várias analises e comentarios à respeito de produtos oriundos da ‘TRANSGENIA”,noto que ate agora, não apareceu ninguem ligando tudo isso, ao que acaba com o empurra-empurra, e a tentativa de ambos os lados, de comprovar o beneficio ou maleficio dos produtos em questão: Ônus da prova. pelo que conheço na area(relação de consumo), cabe sempre a quem produz(produtos ou serviços),a obrigação de comprovar a veracidade. E nesse caso, com o poder das empresas em “comprar” a verdade, é preciso muito cuidado, no emprego destes relatorios de biosegurança.Quem nesse “mato sem cachorro”, pode realmente dar um veredito seguro para todos.A unica maneira -dentro de uma discussão tão complexa, cheia de interesses obscuros de ambos os lados,europeus ou americanos, é impedir o consumo dos mesmos. Lógico que nao estamos lidando com um assunto entre amigos ou familia,reservados a um âmbito simplorio de bate-papo.Dou razão a principio, a qualquer tentativa de impedimento da circulação dos transgênicos, na “marra” ou com bons argumentos. A fome ,até hoje, não foi resolvida no mundo,através politicas governamentais ou privadas, pela ganância de poder, já desde os egipcios, que descobriram que ao se restringir o alimento (que se deram ao luxo), adquire-se um poder imenso sobre a populãção. A historia do “poder agricola”, se repete, e demonstra viva ainda, a falta de capacidade do ser humano, em promover o crescimento- que demanda obviamente, muito trabalho e paciência.
Continuando aqui o assunto anterior,depois de ouvir o sr Bush filho, dizendo que …’AQUELE QUE É CONTRA A TECNOLOGIA É A FAVOR DA FOME NO MUNDO”… e conhecendo a genética do “rapaz”, que em outro programa disse que é o senhor da guerra( num programa sobre a vida familiar de Ozzie Osborn ,integrante do Black Sabbath), devemos ser extremamente cuidadosos com os ouvidos e olhos!!