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Casos de violência no Rio: Carlos Henrique Ribeiro da Silva, do Complexo da Maré (Vila do Pinheiro)

No dia 03 de julho de 2005, uma operação da Polícia Militar, no Complexo da Maré, resultou na morte de Carlos Henrique Ribeiro da Silva. Neste dia, por volta das 23h, policiais militares entraram na favela utilizando como meio de transporte o veículo blindado conhecido como “Caveirão”. Sem saírem do veículo, os policiais efetuaram disparos em direção ao parque de diversões local.

Naquele momento, o parque e a quadra de esportes local estavam sendo utilizados para a realização de uma Festa Junina: as crianças que dançavam quadrilha correram ao ouvirem os disparos das armas de fogo, assim como as outras crianças que brincavam no parque e os adultos que participavam da festa.

O tumulto deixou muitas crianças feridas e perdidas de suas mães. Os disparos dos policiais provocaram a morte de Carlos Henrique da Silva, de 11 anos, além de atingirem seu pai, Carlos Alberto. Carlos Henrique estava sentado no banco de trás do carro que foi atingido pelos tiros de fuzil disparados pelos policiais.

Carlos Alberto, ainda com o projétil alojado na cabeça, segurou o filho no colo, retirou-o do carro e o exibiu para os policiais, dizendo: “Olha só o que vocês fizeram, vocês mataram meu filho”. Leia sobre o caso clicando no título.

Casos de violência no Rio: Juliano de Jesus Leôncio (Vidigal)

No dia 25 de agosto de 2005, uma operação do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar), na favela do Vidigal, resultou na morte de Juliano de Jesus Leôncio. Por volta das 18 horas, mais de uma viatura do BOPE chegou no Vidigal e policiais entraram na favela atirando.

Os moradores tiveram que subir a favela correndo, largando as bolsas que carregavam pelo caminho, na tentativa de fugirem dos tiros. A rua estava cheia porque, nesse horário, muitas pessoas estão voltando do trabalho e crianças voltando da escola.

Juliano se dirigia para casa a pé quando se deparou com a correria dos moradores e, sem saber o quê acontecia, também correu. Foi atingido por um tiro na perna e caiu. Enquanto ele estava caído, policiais se aproximaram dele e, depois de um breve interrogatório, terminaram a execução, conforme o relato do pai de Juliano:

“Deram um tiro na perna dele, nisso ele caiu e começaram a fazer um monte de pergunta pra ele. ‘Cadê os caras? Você sabe quem é’, ‘Perdeu’, ‘Vai entregar todo mundo!’, e ele gritando, desesperadamente: ‘Não sei de nada, to indo pra casa da minha mãe’, nisso, logo após eles [os policiais] pegaram e deram mais dois tiros no menino, que foi no queixo e outro no pulmão. Aí depois disso, eles pegaram o menino e botaram dentro de um saco, arrastaram ele pela escada e botaram dentro do carro deles, da própria Blazer do BOPE”. Leia mais sobre o caso clicando no título.

Casos de violência no Rio: Eduardo Neves (Complexo do Lins)

No dia 15 de setembro de 2005 por volta das 10h da manhã, os policiais do 3o BPM entraram no Complexo do Lins pela Rua Maria Luiza. Uma viatura seguiu pela Rua Sincora e a outra viatura seguiu pela Rua Engenheiro Eufrásio Borges. Eduardo Magno Neves, de 33 anos, desempregado, se encontrava nesta mesma Rua, quando foi atingido pelos policiais.

A vitima já ferida (com um tiro na perna) tentou se esconder atrás da caixa d’água de uma casa próxima. Então estes mesmos policiais o encontraram através do rastro de sangue e o executaram no local. Após o ocorrido, levando o corpo para o Hospital Salgado Filho.

Os familiares entraram com uma queixa contra os policiais na 23a DP (Méier). Os policiais alegam que já encontraram a vitima ferida pois já havia um confronto, porém os moradores alegam que não havia nenhuma troca de tiros.

Até agora o processo não evoluiu em nada. Um grande problema é que testemunhas afirmam que a vítima teria inicialmente levado um tiro na perna antes de se esconder, porém o laudo cadavérico não consta este fato, isto descrito pela inspetora já que a família ainda não teve acesso a este. Outro grande problema foi que na delegacia o registro foi feito com o nome da vítima errado, com o nome de “Eduardo Magno Alves”. Leia outros casos clicando no título.

Ônibus 174 no projeto Cineoteca em Mesquita

No dia 12 de junho de 2000 o país foi paralisado por quatro horas. Transmitido ao vivo por várias emissoras de televisão, o drama do seqüestro do ônibus 174 foi acompanhado por milhões de brasileiros. Neste dia, na linha de frente estava o então Capitão do BOPE André Batista, que posteriormente foi co-autor do livro “Elite da Tropa”, que deu origem ao filme “Tropa de Elite”.

“Ônibus 174” e o Major PM André Batista serão o filme e o convidado do projeto “Cineoteca – Cidadania na Tela”, promovido pelo grupo Cochicho na Coxia no dia 30 de agosto, a partir das 19 horas na Biblioteca Comunitária Oscar Romero em Mesquita. Esta terceira edição do “Cineoteca” também terá a participação no debate da socióloga Lene de Oliveira, coordenadora da ONG de direitos humanos ComCausa, que atua na Baixada Fluminense. Saiba mais clicando no título.

Casos de violência no Rio: Pedro Bento Pessoa (Caju)

No dia 30 de setembro de 2005, uma incursão da Polícia Militar na favela do Caju resultou na morte de Pedro Bento Pessoa. Por volta das cinco horas da tarde, Sr. Pedro estava fazendo compras num bar localizado perto de sua casa, num beco onde as crianças ficam brincando. Ao sair do bar, Sr. Pedro foi atingido por tiros disparados pelos policiais, que logo apareceram a pé no local que a vítima estava caída.

Uma testemunha tentou socorrer Sr. Pedro, mas os policiais deram tiros pra cima e impediram o socorro. Em seguida, chamaram uma viatura para levar a vítima para o hospital. Sr. Pedro tinha 75 anos, era aposentado e costumava brincar muito com as crianças que moram no beco e todas elas presenciaram o assassinato. Uma dessas crianças, filho de uma das testemunhas, não quer mais morar na casa da mãe, no Caju.

Os policiais levaram a vítima, já acompanhada por seu filho, para o Hospital Geral de Bonsucesso. Enquanto a operação estava sendo realizada, o filho de Sr. Pedro estava em casa e ouviu o barulho de três ou quatro tiros, mas não sabia o quê estava acontecendo. Os mesmos policiais que realizaram tal incursão levaram o filho da vítima para a 17a Delegacia da Polícia Civil (São Cristóvão) para depor e no caminho foram dando a sua própria versão do ocorrido. Segundo os policiais, Sr. Pedro havia morrido após ser atingido por um tiro disparado por traficantes locais que pretendiam atingir a polícia.

Somente na Delegacia o filho soube o que realmente havia acontecido através das testemunhas. Foi feito o registro de ocorrência e uma das testemunhas do episódio prestou depoimento. O filho da vítima afirma ter medo de denunciar a violência policial, por saber que muitos familiares de vítimas de violência recebem ameaças freqüentes de policiais, por lutarem por justiça. Clique no título para ler outros casos.

Casos de violência no Rio: Rafael Borges Ferreira e Lindomar Viana da Silva (Acari)

No dia 26 de dezembro de 2005, 16 horas, os jovens Rafael Borges Ferreira, 16 anos, e Lindomar Viana da Silva, 20 anos, voltavam na moto deste último de Irajá. Na entrada da favela de Acari, na Rua do Viaduto, sob o Viaduto de Coelho Neto foram interpelados por dois policiais militares, soldado Flávio Henrique Ferreira da Silva e cabo Flávio Pinheiro que saíram de uma viatura e ordenarem que parassem.

Ao parar a moto os dois jovens foram alvejados e mortos pela bala de um só tiro de fuzil, que atravessou a nuca de Rafael, que estava na garupa, e ao mesmo tempo a cabeça de Lindomar. Já caídos e mortos os jovens tiveram seus pertences revistados por um dos policiais que procurava armas, drogas, mas nada encontrou.

O duplo assassinato foi presenciado por dezenas de pessoas, mas só uma se apresentou e na 39ª DP testemunhou que, não só os rapazes foram executados a sangue frio, como os policiais tentaram “plantar” nos cadáveres dos rapazes dois revólveres 38. Leia o caso inteiro clicando no título.

Secretário de Segurança confirma participação de policiais no crime contra equipe de reportagem

Juliana Castro do UOL Notícias – O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, confirmou que os milicianos responsáveis pela tortura de uma repórter, um fotógrafo e o motorista do jornal carioca “O Dia” foram identificados e confirmou a participação de policiais militares no crime. A equipe fazia uma matéria especial sobre a atuação da milícia na favela Batan, na zona oeste do Rio, quando foram descobertos e torturados por mais de sete horas no último dia 14.

Em entrevista coletiva neste domingo (1), na sede da secretaria, Beltrame se negou a dar mais detalhes para não interferir nas investigações. “A polícia trabalha e não pode se precipitar a dizer qualquer coisa nesse sentido”, afirmou o secretário. Íntegra da matéria do UOL clicando no título.

Tim, em vão

Ivson Alves, do Coleguinhas – A tortura a que foram submetidos os colegas de O Dia por uma milícia (=polícia + bombeiros) demonstra mais do que o desapreço desses bandidos pelo direito à informação, como bradam os jornais hoje (de resto, não tenho notícia de bandido que jamais tenha defendido a liberdade de expressão).

Deixa claramente exposto que as direções de redação continuam desrespeitando os mais elementares deveres de segurança que, como chefes, têm com seus subordinados. Mandar três pessoas ficarem andando por uma favela por duas semanas é de um irresponsabilidade que deveria fazer com que as famílias dos martirizados entrassem na justiça contra O Dia.

E tudo para quê? Para melhorar a vida dos pobres que moram na favela? É ruim, hein?! Direção de redação hoje liga pouco – para ser legal e não dizer nada – para isso. O que importa é aquele prêmio Esso ou Embratel, que vale moral com a alta administração do jornal, convites para as festas do dono e, de repente, um bônus legal no fim do ano.

O velho Tim parece que morreu em vão mesmo. (original no título)

Comentário: Sobre a tortura contra equipe do DIA

Marcelo Salles, Fazendo Media – Há cerca de um ano, o Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, concedeu entrevista coletiva sobre o esquema de patrulhamento durante o Jogos Pan-Americanos. A imprensa inteira estava lá. Lembro que os coleguinhas perguntaram bastante sobre os corredores viários que seriam monitorados, a composição de cada equipe da PM, a estratégia geral e etc.

Quando chegou minha vez, perguntei: “E o que o senhor está fazendo para combater as milícias?”. Beltrame deu uma resposta rápida. Em linhas gerais, disse apenas que estavam investigando. O secretário recebeu uma ajuda providencial de um repórter do Globo, que parece ter notado seu incômodo ao tratar do assunto e logo tratou de alternar a pauta: “Agora o senhor pode voltar a falar do patrulhamento?”. o que foi feito, naturalmente (…) Clique no título para ler mais.