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#MeuPrimeiroAssédio. E único

A violência contra as mulheres, bandeira que acredito ser atual, de todxs e em todo e qualquer lugar, ganha um novo fôlego com os dolorosos relatos sobre os ataques que experimentam as mulheres todos os dias.

O #MeuPrimeiroAssédio — calma, não pretendo aqui me vitimizar como homem coitado, roubar protagonismo etc — foi um único e marcante assédio: eu estava voltando, ainda muito jovem, de um jogo no Maracanã quando um homem, dentro de um carro próximo ao estádio, me ofereceu carona. Eu creio que era muito novo e acabei aceitando.

E lá estava eu dentro de um carro de um desconhecido, quando subitamente essa pessoa começa a colocar a mão na minha perna. E insiste. E volta a insistir. Depois de algum tempo — minha memória do fato não me permite dizer quanto –, eu me irrito com a “carona” e peço para ele parar o carro. Não fiz antes por impotência, e creio ter sido grande a minha sorte de a pessoa não querer insistir violentamente, apesar da minha fragilidade enquanto adolescente. Foi sorte mesmo, penso eu. Poderia ter saído daí alguma tragédia pessoal maior. Mas nada aconteceu de mais grave.

Por que eu decidi colocar esse relato aqui? Acredito que ele foi importante na minha vida. Não porque eu tenha algum trauma desse momento, pelo contrário: o sentimento de extrema vulnerabilidade e impotência que eu experimentei era algo completamente novo (ainda que um novo pesadelo). Era diferente do bullying, diferente do fracasso na escola. Era muito forte, só que diferente. E eu nunca mais tive que passar por isso. (calma, mãe!)

Talvez isso tenha me levado brutalmente para o lado dos direitos humanos, do ativismo. Vai saber. Acho que ajudou. Lendo os relatos esses dias, essa memória voltou muito forte e eu só conseguia ficar pensando o quanto é quase inútil para um homem que eventualmente viveu isso uma ou até mais vezes em sua vida tentar se colocar no lugar de quem vive isso diariamente, há séculos. Da dor extrema da violência de gênero sem um ombro ou política pública para ajudar.

O protagonismo da luta feminista é inequivocamente das mulheres, mas se colocar no lugar dos outros — mesmo que à força, como neste caso — nos torna seres humanos melhores. Seres humanos que não diminuem a luta feminista nem por um segundo. Já ajuda bastante, pelo menos, para não se tornar um desses babacas que usa um meio de comunicação qualquer para diminuir o feminismo.

Tentar se colocar no lugar das mulheres, mesmo que de modo ‘inútil’, faria com que, em uma geração, a violência contra as mulheres fosse o pior dos crimes, sob o qual nenhuma justificativa seria possível.

Ministério Público de SP lança campanha de apoio a projeto que criminaliza feminicídio

Brasil é o sétimo país no mundo que mais assassina mulheres: foram 43,7 mil apenas na última década. Apesar disso, homicídio de mulheres no Brasil ainda não recebe tratamento jurídico diferenciado.

Marcha das Vadias em São Paulo, em maio de 2013. Foto: Marcelo Camargo/Abr

O Brasil é o sétimo país no mundo que mais assassina mulheres: foram 43,7 mil apenas na última década. Apesar dessa realidade alarmante, o homicídio de mulheres no Brasil ainda não recebe tratamento jurídico diferenciado.
É por isso que, no próximo dia 7 de agosto, data em que a Lei Maria da Penha completa 8 anos, o Ministério Público do Estado de São Paulo lançará a Campanha “Senado: Inclua o Feminicídio no Código Penal”.
O evento será realizado às 9h30, no Plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda, e contará com o lançamento do abaixo-assinado eletrônico #LeidoFeminicídio, pela Change.org – maior plataforma de petições eletrônicas do mundo.
O ato, idealizado pelas Promotoras e Promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID) e dos Tribunais do Júri da Capital, pretende chamar profissionais, juristas, movimentos sociais e toda a sociedade civil, para o diálogo e a discussão sobre o Projeto de Lei (PL) nº 292/2013 (e respectiva Emenda nº 1 – CCJ) que tramita no Senado, visando à sua aprovação.
No PL, o feminicídio é definido como o assassinato de uma mulher por razões de gênero, sendo caracterizado em quatro circunstâncias: quando há violência doméstica e familiar; violência sexual; mutilação ou desfiguração da vítima; emprego de tortura ou qualquer meio cruel ou degradante – antes ou depois do assassinato.
O Brasil vive uma grave e preocupante crescente: os quase 2 mil assassinatos de mulheres anuais registrados durante a década de 80 deram lugar aos expressivos 4.465 casos confirmados em 2010, como mostra o “Mapa da Violência 2012 – Os Novos Padrões da Violência Homicida no Brasil”.
E quem são essas mulheres? Jovens, com idade entre 15 e 29 anos, assassinadas dentro de suas próprias casas (41% dos casos), geralmente por seus parceiros ou ex-parceiros.
Na América Latina, desde 2007, 12 países (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Nicarágua, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Panamá e Peru) já adotaram leis específicas para o feminicídio ou modificaram as leis vigentes para incorporar essa figura jurídica.
No Brasil, se o Projeto de Lei nº 292/2013 for aprovado, o homicídio de mulheres passará a ser considerado homicídio qualificado e, consequentemente, haverá o aumento da pena para quem o pratica: de 12 a 30 anos de prisão. Hoje, a pena aplicável é de 6 a 20 anos de reclusão.
Além disso, a inclusão do feminicídio no código penal brasileiro garantirá maior visibilidade a este tipo de crime, ampliando as possibilidades de estudá-lo em profundidade e de enfrentá-lo, inclusive por meio de políticas públicas específicas.
Lançamento da campanha “Senado: Inclua o Feminicídio no Código Penal”
Data: 7 de agosto de 2014
Horário: 9h30
Local: Plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda – Avenida Abraão Ribeiro, 313
Confirme pelo Facebook: www.facebook.com/events/271552229699537/
(Com informações do Ministério Público de SP e da ONU Mulheres)

Mães do Cárcere – Vergonha da justiça brasileira

Segundo dados do Ministério da Justiça (dezembro, 2010), há 36.573 mulheres presas, o que representa 7,4% do total de presos no Brasil.

A mulher presa no Brasil é em geral jovem, mãe solteira, afrodescendente e, na maioria dos casos, condenada por envolvimento com o tráfico de drogas.

Neste documentário da Pastoral Carcerária, é possível observar todo tipo de desrespeito a este segmento da população, em evidente violação das legislações nacional e internacional.

Parte 1:

Parte 2:

Conheça o trabalho da Pastoral Carcerária: www.carceraria.org.br

(Com dica, via twitter, do especialista em segurança Marcos Rolim)