Hoje, conclui-se a leitura do capítulo sexto do Evangelho de João, sobre o discurso sobre o Pão da Vida, pronunciado por Jesus, no contexto do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Ao final daquele discurso, desaparece o grande entusiasmo experimentado no dia anterior, pelo fato de que Jesus dissera ser o Pão que descera do céu, e que dava a Sua carne como alimento, e o Seu sangue como bebida, aludindo assim claramente ao sacrifício de Sua própria vida. Tais palavras provocaram decepção para o povo, julgando-as indignas de um Messias. Assim, alguns olhavam Jesus como um Messias que deveria falar e agir, de modo que sua missão tivesse sucesso imediato, razão por que se chocavam pelo modo de entender o discurso do Messias. Por fim, seus discípulos não conseguiam aceitar aquela linguagem inquietante do Mestre.
A passagem de hoje aponta o desapontamento deles: “Esta palavra é dura”, diziam, “Quem pode escutá-la?” Na verdade, eles compreenderam bem as palavras de Jesus. De modo tão bem, que não querem escutar a palavra de Jesus, porque se trata de um discurso que põe em crise sua mentalidade. As palavras de Jesus sempre nos põem em crise. Em crise, por exemplo, frente ao espírito do mundo, frente ao mundanismo.
Mas, Jesus oferece a chave para a superação da dificuldade. Uma chave feita de três elementos: Primeiro, sua origem divina. Ele desceu do céu (…). Segundo: Suas palavras só podem ser compreendidas pela ação do Espírito Saanto, que nos dá a vida.É o próprio Espírito Santo Quem nos faz entender a Jesus. Terceiro: a verdadeira causa da não compreensão de Suas palavras é a falta de fé: “Entre vocês há alguns que não crêem”, disse Jesus. De fato, desde então, “muitos dos Seus discípulos”, diz o Evangelho, “voltaram atrás”.
Diante de tal decepção, Jesus não alivia nem atenua Suas palavras. Antes, exige que se faça uma escolha precisa: ficar com Ele ou d´Ele nos separar. E diz aos discípulos: “Vocês também querem ir embora?” Aí Pedro faz sua confissão de fé, em nome dos outros apóstolos: “Senhor, a quem iremos? Tu tens palavra de vida eterna.” Pedro não diz: “Para onde vamos?”, mas “A quem iremos?” O problema de fundo não é ir embora e abandonar a obra iniciada, mas “para quem ir?”
A partir desta pergunta de Pedro, compreendemos que a fidelidade a Deus é questão de fidelidade a uma Pessoa, com a qual nos cabe caminhar juntos pelo mesmo caminho. Esta Pessoa é Jesus.
Tudo quanto conseguirmos acumular no mundo não sacia nossa sede de infinito. Temos necessidade de estar com Ele, de nos nutrir à Sua mesa, com Suas Palavras de vida eterna. Crer em Jesus significa fazer d´Ele o centro, o sentido de nossa vida. Cristo não é um elemento acessório. É o Pão vivo, é o alimento indispensável. Ligar-nos a Ele, e com Ele termos uma verdadeira relação de fé e de amor não significa estarmos presos, mas profundamente livres, a caminho.
Cada um de nós deve perguntar-se agora: “Quem é Jesus para mim?” “É um nome? É uma idéia? É apenas um personagem histórico?” Ou será realmente aquela Pessoa que me ama, que dá Sua vida por mim, que caminha comigo? Para você, quem é Jesus? Você está com Jesus? Busca conhece-Lo em Sua Palavra? Você lê o Evangelho, todos os dias, uma passagem do Evangelho, para conhecer a Jesus? Você carrega no bolso ou numa bolsa um pequeno exemplar do Evangelho, para lê-lo por onde você anda? Porque quato mais com Ele estamos , mais aumenta o desejo de com Ele permanecer.
E agora, vou lhes fazer gentilmente um pedido: vamos fazer um instante de silêncio. E cada um de nós, em seu coração, faça para si mesmo a pergunta: “Quem é Jesus para mim?” E cada qual respnda, em silêncio, em seu coração: “Quem é Jesus para mim?”
Que a Virgem Maria nos ajude sempre a caminhar em direção a Jesus, a fim de experimentarmos a liberdade que Ele nos oferece, e nos permita desvincular nossas escolhas das inconsistências mundanas, também do medo.