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A transfobia nossa de cada dia

Foto: reprodução

Que tipo de jornalismo doentio formula uma frase como “Romário foi flagrado/visto com uma travesti”.

Usariam esta formulação se fosse Romário e uma mulher? Se fosse Romário e um parente? Se fosse uma mulher famosa e um homem desconhecido? E daí?

Um alerta aos que ainda não se deram conta: pessoas trans são humanos, gente como qualquer outra, que sai, fica em casa e tem amigos, ficantes, namorados, casos e companheiros.

Romário pode não ser o político perfeito, porque este não existe, mas de uma coisa eu tenho certeza: ele incomoda muito “peixe” grande. E neguinho não perdoa.

As pessoas trans também incomodam, pela subversão que fazem do ideal de dois gêneros bem distintos, falsos que são. E aí é que neguinho não perdoa mesmo — aqui estamos falando do único casamento que não tem divórcio: a ignorância com a prepotência.

Leia o posicionamento do “baixinho” clicando aqui.

Delegacias do Rio incluem nome social de travestis e transexuais em Registros de Ocorrência

 

A chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha recebeu o superintendente e coordenador do Programa Estadual Rio Sem Homofobia, Cláudio Nascimento e cerca de quinze travestis e transexuais em seu gabinete na última segunda-feira (30), para cumprimetar as lideranças de travestis e transexuais pelo Dia Nacional da Visibilidade Trans e anunciar a inclusão do nome social nos registros de ocorrência das delegacias. A ação, em consonância com o conjunto de medidas do Programa Estadual Rio Sem Homofobia, proporcionará a composição de dados oficiais sobre homicídios e outros crimes praticados contra travestis e transexuais – população que mais sofre com a transfobia e discriminação.

Atividades também estão sendo realizadas em todo o estado do Rio a fim de celebrar uma das datas mais importantes da comunidade LGBT. A Superintendência de Direitos Individuais Coletivos e Difusos da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos e ONGs estão realizando atividades para celebrar a data, como seminários, jornadas, exibição de filmes e espetáculos.

“O Programa Estadual Rio sem Homofobia é um conjunto de políticas públicas para combater a homofobia e promover a cidadania LGBT. É importante lembrar que a comunidade de travestis e transexuais é a mais atingida pela intolerância e o ódio. Elas são xingadas, violentadas e carregam um estigma criminoso que deve ser revertido. Neste dia queremos esclarecer que travestis e transexuais também são cidadãs e possuem seus direitos, como todos nós!”, enfatiza o superintendente e coordenador do Programa Estadual Rio sem Homofobia, Cláudio Nascimento.

Estado reconhece outros direitos de travestis e transexuais

Em 8 de julho de 2011, o Governador Sérgio Cabral assinou o decreto de n.º 43.065 que dispõe sobre o direito ao uso do nome social por travestis e transexuais na administração direta e indireta do estado do RJ.

Um dos destaques da justificativa para o decreto foi que as políticas governamentais devem se orientar na promoção de políticas públicas e valores de respeito à paz, à diversidade e a não-discriminação por identidade de gênero e orientação sexual.

Grupo Arco-Íris reivindica providências para o caso de travesti assassinada no Jardim Botânico

Foi com grande pesar que o Grupo Arco-Íris recebeu a notícia do assassinato da travesti Thalia na noite do dia 22/5 (sábado) pelo estudante de Direito e lutador de jiu-jítsu Leonardo Loeser de Oliveira, 27. Infelizmente, a TRANSFOBIA (aversão e ódio de travestis e transexuais) é a expressão mais sangrenta dos crimes de discriminação contra a comunidade LGBT. O Grupo Arco-Íris une-se a Associação de Travestis e Transexuais do RJ (Astra-Rio) e outras organizações fluminenses para uma manifestação que será realizada no início de junho na Lapa.

“O assassinato de travestis e transexuais ainda é uma revoltante realidade de nosso estado. No entanto, o que mais nos entristece é o descaso das autoridades quando os crimes ocorrem com este segmento. A descaracterização de crime baseado na orientação sexual e na identidade de gênero é uma tentativa de ‘despolemizar’ um homicídio baseado na rejeição a homossexuais com requintes de crueldade”, explica a presidente do Grupo Arco-Íris, Gilza Rodrigues da Silva.

Leonardo Loeser de Oliveira

Segundo o portal de notícias das Organizações Globo, o G1, a delegada Tatiana Queiroz, da Divisão de Homicídios, diz “não se tratar de crimes de ódio contra homossexuais”. Entretanto, a história se repete. Somente em dois meses (abril e maio) sete travestis foram assassinadas no estado do Rio de Janeiro, nesta mesma conjuntura: prostituição acrescida de agressão de seus clientes e seguida de morte. Abaixo, seguem os dados coletados pela Astra-Rio:

 

Nome Social Nome Batismo Tipo de Crime Data Local
Baiana Ângelo da Costa Assassinada a tiros 13/04/2010 Zona Portuária do Rio de Janeiro
Dandara ——————— Assassinada a tiros 20/04/2010 Itaboraí – RJ
Ramona ——————— Espancamento 30/04/2010 Nova Iguaçu – RJ
Renata ——————— Espancamento 30/04/2010 Nova Iguaçu – RJ
Sheila ——————— Assassinada a tiros 05/05/2010 Nova Iguaçu – RJ
——————— Cesar Henrique Vendrame Espancamento 17/05/2010 Resende – RJ
Thalia José D B dos Santos Júnior Assassinada e carbonizada 23/05/2010 Jd. Botânico – Rio de Janeiro

 

 

O Grupo Arco-Íris, enquanto Organização mista de proteção e garantia dos direitos LGBT se solidariza com a luta de travestis e transexuais a fim de reverter esta conjuntura de desgraça e morte. Travestis são cidadãs e não devem ser tratadas como escória de uma sociedade que se diz democrática, mas que na verdade julga, humilha e mata em nome de uma moral higienista e elitizada.