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A força da comunidade

Chegam de fora rumores de guerra, golpe de estado, violência, delinquência, abusos de todo tipo. Um cardápio repetitivo.

Olho para dentro e para perto, e vejo algo diferente. Um sorriso, uma mão estendida, uma palavra alentadora.

Põem-nos ou querem nos pôr para mudar o cenário macro. Deveria mudar, com certeza. Comida para toda a gente, escola acessível, serviço de saúde, emprego, salário, coisa e tal.

Mas o tempo é escasso. A vida não para. O que é que podemos fazer, de fato, para sermos felizes num cenário como este?

Voltarmo-nos para esse interior que sobrevive sob qualquer circunstância. O entorno próximo, em que acontece a vida cotidiana.

As pessoas reais e efetivas: essa pessoa que nos estimula a acreditarmos em nós, aquela outra que nos faz rir e é otimista, uma terceira que somente vê as nossas qualidades.

Comunidade, a vida mais perto. Não estou a pregar uma indiferença ou omissão diante do que se apresenta como mal inevitável. Nada disso.

Não poderia ser tirada uma conclusão mais diametralmente oposta aos meus princípios e trajetória de vida.

O que quero dizer e digo, é o seguinte: no meio a todas as adversidades, existe um espaço interno e próximo. Esse espaço é onde podemos refluir para encontrar forças para seguir adiante.

El golpe de estado de 1976 en Argentina

El golpe de estado de 1976 en Argentina

El genocidio

Los 30.000 desparecidos/as

La destrucción de la estrutura económica y social del país

La mentira, la traición, la cobardía

Recordar esos años es evocar talvez el más anómalo período de la historia argentina

La dificultad de las élites dominantes de convivir con la población de la cual viven

¿Qué quedó de todo aquello?

¿Qué pudimos aprender como pueblo, como país, como personas?

Mi experiencia personal es que la dictadura dejó una herencia que no debemos olvidar.

Los campos de concentración, los centros de tortura, las agresiones a las Madres de Plaza de Mayo, la venta de bebés de las madres desaparecidas, la entrega de las Malvinas a Inglaterra.

Esto no puede ni debe ser olvidado.

La educación, la valorización del trabajo, la concientización de los valores de la persona humana, deben seguir siendo los nortes que nos orienten como país y como ciudadanía.

Han cambiado las tecnologías de comunicación. El pensamento reflexivo es cada vez más escaso. La programación del comportamento está a la orden del día.

Tengo la impresión, sin embargo, que lo esencial permanece. La vida sigue siendo un transcurso breve entre dos momentos. Darle sentido a ese intervalo es ser capaces de habitar el presente totalmente.

El presente es el único tiempo que existe de hecho. Él contiene al pasado como memoria, como presencias, como lecciones que no debemos olvidar.

El futuro también está presente, si es que vivimos concientemente. Esta es la posibilidad que tenemos, como seres humanos. Adueñarnos de la vida, eternamente.

Los caminos son varios. Arte, trabajo, familia, amor. Lo que está cada vez más claro es que el dinero no puede substituir a los valores esenciales y supremos.

Haber aprendido esto me parece, hoy, haber aprendido lo que la sobrevivencia me enseñó.

 

 

Limites da desumanidade

A indignação diante da absolvição de um estuprador deve nos chamar a atenção para o perigo em que nos encontramos.

Quando a vida das pessoas é menosprezada pelo sistema judiciário, tanto quanto por elementos em tudo desprovidos de um mínimo senso de humanidade, devemos nos perguntar se não temos ultrapassado já há muito tempo o limite do aceitável.

Piadas preconceituosas contra pessoas LGBT e negras, humilhações e manuseio de mulheres nos ônibus, intromissão de supostos eclesiásticos tentando impedir o aborto de meninas violentadas por parentes. Qual é o limite do tolerável?

Quando as instituições e a mídia, bem como parte da população exibem comportamentos em tudo e por tudo opostos ao mínimo respeito devido à pessoa humana, é um sinal de alerta gravíssimo. Não se trata de dinheiro, posses, propriedade, investimentos. Trata-se de gente, pessoas.

Onde ficou a humanidade? A vida ganha sentido no cuidado da família,  no cultivo dos valores superiores: trabalho, educação, arte, fé, cultura, comunidade. Quebrados esses parâmetros entramos na barbárie.  Esta fronteira vêm sendo dissolvida insistentemente desde as classes dominantes e pela mídia venal.

A vida é uma sobrevivência. Uma luta em que a toda hora e em todo lugar temos que estar em estado de alerta prontos para defendê-la. Os recursos e estratégias para tal são diversos, e cada pessoa e comunidade é chamada a pô-los em prática, se é que ainda queremos prosseguir diante.

Convidamos leitoras e leitores a se aproximarem às rodas virtuais de Terapia Comunitária Integrativa. São espaços em que se quebra o silêncio imposto pelo medo e pela intimidação. Precisamos somar esforços para salvaguardar a integridade da vida humana.

Guerra e paz

Guerra e paz são estados internos. Tornamo-nos permeáveis à ação do inimigo a través do medo, da desconfiança, da insegurança. Em meio a situações de guerra, tudo se torna incerto. Mas temos um espaço interno, e muitas vezes também espaços próximos (família, amigos, colegas) em que é possível permanecermos em paz, seguros/as, tranquilos/as, confiantes.
Estas reflexões resultam da minha experiência ao longo dos anos em que vivi na Argentina. Quando eu era criança e jovem, a guerra era longe, as notícias vinham pelos jornais, rádio e TV. Depois, a guerra era contra nós, era no território nacional. Era o estado terrorista contra a população civil desarmada.
O que trato de resgatar, agora que se reinstala no país e no mundo um estado semelhante, é aquilo que a memória me traz. É possível sobreviver de maneira íntegra, mantendo a paz interior, não deixando que troquem o que percebemos e sentimos e queremos, por aquilo que nos querem impor desde os meios de manipulação e deformação.
Recordo que li em uma publicação da OPS-OMS datada creio de 1997 (La salud mental en el mundo), que toda guerra é travada na mente das pessoas. O livro se referia às situações de terrorismo de estado verificadas em vários países do mundo, dentre os quais também a Argentina.
Pude compreender então a realidade do ocorrido. O alvo do terrorismo de estado não são organizações revolucionárias, mas a população como um todo. Citava o estudo da OPS-OMS o fato de que apenas uma percentagem mínima das pessoas alvo da repressão ilegal na Argentina, tinham alguma vinculação com organizações revolucionárias.
São jogos de cena, manipulações de emoções e comportamentos para garantir a perpetuação de um estado desumano de submissão e dominação. Cabe portanto uma resistência humanizadora centrada no íntimo de cada pessoa e no âmbito comunitário, para fortalecer o potencial resiliente, conservar a alegria e a vontade de viver, fazer projetos e desfrutar da vida.

Felizmente

Llevo conmigo marcas

Deseos actitudes miedos

Que son reflejos ecos

De tiempos de ayer

Me toca diariamente encararlos

Mirarlos una y otra vez

Y darles otro significado

Para salir de la victimización, la rabia y el resentimiento que alimentan la violencia

Entonces puedo actuar con dulzura

Reírme con los contratiempos cotidianos

Dejar de ver enemigos o enemigas por todas partes

Vivir en paz

Dejar de esperar más reconocimiento

Que el de verme entero y de pie

Feliz y contento

Renazco en medio de gente como yo

Que se busca y se encuentra colectivamente

Comunitariamente

Cotidianamente

No pueden aunque insistan en querer deshumanizarnos

Basta que resistamos individual y colectivamente

Rehaciéndonos con arte, maña y decisión

Es una misión

Una vocación.

 

Insistencia

Mis hermanos Leo y Arturo me sostuvieron a lo largo de los años en que estuve al borde.

Me apoyaron con su compañía e incentivo. A que prosiguiera pintando y escribiendo. A que continuara estudiando y trabajando. Así pude atravesar todo ese tiempo oscuro en el que la luz parecía haber desaparecido para siempre. Hoy veo cómo este cariño y solicitud fraternales, fueron fundamentales para que yo consiguiera sobrevivir. Hubo otras manos, otros gestos solidarios, de dentro de mi familia y de gente alrededor.

A todos agradezco de corazón esta mañana de junio, en que veo el sol brillar de nuevo dentro de mí. Esto es lo que sostiene. Esto es la vida que sobrevive a todas las intemperies. Voy a seguir insistiendo en la recuperación total, definitiva y completa de mi verdadero ser. No me van a derrotar.

Nos roban el pensamiento, la percepción, las sensaciones y los sentimientos. Pero yo voy a seguir trabajando sin descanso hasta la liberación y la felicidad a que tengo derecho.

Agradecimento

Quarta-feira, 19 de agosto de 2015. Ponho a data e me admira estar aqui, escrevendo. Pode ser que seja éste o fato que tem me ajudado a chegar até aqui. Escrever tem ido costurando a minha história.

Tenho ido catando pedaços da minha trajetória, aparentemente ou realmente dispersos, e hoje posso ver que tem havido e continua a haver uma continuidade. Ainda as rupturas, as quebras, os extravios, tem tido e continuam a fazer sentido.

A redação não está lá aquelas coisas, mas é como está vindo. Até isso, poder escrever do jeito que vem, e não como alguém diz que você deveria escrever. Então, estava dizendo que me admira ainda estar por aqui.

Ainda vivo, e não apenas fisicamente — o que agradeço, de coração– mas também vivo por dentro. Continua a me admirar a vida que tive. Os começos, as primeiras lembranças.

A casinha pobre em que nascemos os três irmãos. Chão batido. Depois viriam outras batidas. A vida não é fácil para ninguém. E na altura da existência em que me encontro, o que prevalece é uma persistente sensação de admiração.

Admiração por ter estado em tantos lugares, tão diferentes entre si. Pessoas que encontrei, boas e más. Todo tipo de gente.

Milagres acontecidos, porque não posso qualificá-los de outra forma a não ser dizendo assim: milagres. Sobrevivência. Família. Solidariedade. Fé. Reconciliação. Construção. Recomeço. Tudo que é o viver.

E uma noite como ésta, exatamente esta noite, agradecer no silêncio do meu coração, cada instante dos muitos que tenho tido a graça de viver até aqui.

Gostaria que fossem muitos mais, mas não me cabe conjecturar sobre o tempo que poderá vir e espero que venha. Me basta agora, neste preciso momento, agradecer profundamente o fato de estar ainda vivo. Obrigado. Muito obrigado.