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Fortaleza

Me siento medio sin espacio. Sin lugar.

No puedo estar sin lugar, ya que yo soy mi proprio espacio y lugar. Soy el aire que respiro y los sentimientos que me habitan.

Las redes de que formo parte. Personas que quiero y me quieren, y que pueblan mi existir.

Me vuelvo hacia mí mismo. Veo los proyectos en que estoy involucrado. Personal y colectivamente. Comunitariamente.

Miro la persona que soy. Los valores que me constituyen. Todo es provisorio, y sin embargo esa provisoriedad es eterna. La poesía me recuerda.

Me reconstruyo y enraízo en estas anotaciones. Aquí soy yo en todas mis dimensiones. Mis actos cotidianos me contienen por entero.

Cuidar de una planta, leer un libro, escuchar a alguien, observar el mundo alrededor, mi historia de vida, la conversación con Dios, todo me alimenta y fortalece. Así encuentro fuerzas para proseguir.

Comprendo que las personas que me rodean tienen sus propios mundos e intereses. Trato de ver en cada persona la suma de esfuerzos que la mantiene en pie.

Entonces juzgo menos. Exijo menos. Acepto más. Busco la armonía que me integra a todo lo que existe. Por increíble que pueda parecer, mi fragilidad es mi fortaleza.

Y

Ayer pasé algún tiempo dando una mirada a los textos que supongo podrían llegar a componer un libro que estoy imaginando. Un libro que vengo construyendo. Esta tarea siempre tiene la virtud de devolverme algunas sensaciones que aprecio mucho. Una de ellas, un sentimiento de unidad en la diversidad, ya que se trata de escritos que fueron producidos en momentos diferentes, y por lo tanto, traducen experiencias singulares.

La sensación de unidad viene dada sobre todo, por el hecho de que actualmente, vengo experimentando un sentimiento de estar sindo uno, de ser uno con mi historia, mis raíces, mi familia, mi trayectoria vital. Mi estar aquí, es cada vez más, el de alguien que es uno consigo mismo y con todo lo que lo rodea. Y también la sensación de unidad, es porque buena parte de mis escritos se refiere a experiencias y prácticas que conducen a lo uno, a lo que es entero, a lo que no tiene ni soporta división (como decía mi madre Gita Lazarte en uno de sus escritos).

Estas prácticas se sitúan en lo cotidiano, el vivir diario, tanto como en la convivencia familiar, la Terapia Comunitaria Integrativa, el arte (pintura y escritura, dibujo), la contemplación de lo bello, la poesía, la literatura, la oración, la vida espiritual, la salud mental comunitaria, es decir, los campos o esferas en los que vivo y actúo.

Integração literária

Nunca irei me cansar de enfatizar o quanto devo à interação com algumas pessoas que leem os meus textos, e que se dão ao trabalho de se comunicarem com o autor. Este feedback, este retorno, realimenta a construção coletiva de espaços de integração, de libertação de prisões mentais e emocionais.

O capitalismo exacerba os distanciamentos, exagera as diferenças no que elas têm de oposição entre as pessoas, entre os modos de pensar, entre as culturas. A nossa caminhada vai no sentido contrário. Sempre admirei os autores e as autoras (sempre há que aclarar) que me incluíam nos seus relatos, nos seus livros.

Eu podia me ver nas narrativas de Ray Bradbury e de Howard Philips Lovecraft, da mesma forma que me sentia incluído, sobre tudo, nas canções dos Beatles. Com o decorrer do tempo, fui desenvolvendo a escrita como forma de integração em mim mesmo, de mim mesmo, e no mundo, com o mundo em volta.

Quebrando a separatividade, de maneira lúdica, dialógica, construtiva. Isto não foi muito bem visto na academia, onde a mediocracia e o apego ao poder e ao dinheiro prevalecem, com raras exceções, gerando estilos comunicacionais excludentes, restritos, um certo linguajar que os ghettos corporativos alegam ser científico.

A cientificidade nada tem a ver com a exclusão. Ao contrário. Nas avançadas da ciência, as visões e formas de conhecimento confluem. O saber científico e as cosmovisões religiosas convergem, para além das tentativas de privatização excludente.

O saber popular, a sabedoria das pessoas comuns (e todos somos pessoas comuns) e os saberes artísticos, práticos, etc, são outras tantas avenidas que confluem para proporcionar aos seres humanos, formas de apropriação do mundo que possam conduzir a uma vida mais feliz, mais plena, mais cooperativa. Na escrita se da a mesma coisa.

Há quem escreva para não ser compreendido ou compreendida. E nas relações pessoais também: há quem faça questão de não ser compreendido ou compreendida. Por isso, sempre admirei e gostei, gostei mesmo e continuo gostando, cada vez mais, da escrita includente, dialógica.

A que se estabelece desde a horizontalidade dos saberes. A que constrói espaços de interação em que as diferenças sejam (ou possam vir a ser) enriquecedoras, e não necessariamente dissociadoras.

Não concebo a minha vida sem os livros que li, sem os livros que a minha mãe nos lia quando pequenos. Esses livros foram me dando a certeza de que eu tinha um lugar no mundo, de que eu podia e posso ser. Tal como as canções dos Beatles.

Foto: Julio Cortázar

Conectando

Sempre quis, ao escrever, encontrar espaços com os leitores e leitoras. Criar espaços em comum, portas, pontes, quem sabe escadas, veredas, que nos possibilitassem irmos construindo dimensões de aproximação tão necessárias à vida.

O mundo em que vivemos por vezes distancia muito as pessoas. Muitas vezes vivemos pensando que estamos totalmente sós, isolados ou isoladas, que ninguém se parece conosco, que ninguém se importa com o que nos acontece, com a nossa vida.

Ao longo destes anos de prática da escrita, essas distâncias foram sendo abolidas, mas não para criar uma espécie de nulidade sem personalidade, um espaço de apagamento das diferenças, e sim o oposto: um lugar de crescimento com as diferenças.

Sempre admirei e seguirei admirando sempre, aqueles escritores e escritoras que foram me trazendo para este espaço comunitário criado na leitura-escritura. Há autores e autoras que me foram incluindo.

Fui perdendo a estranheza de mim mesmo, tanto ao encontrar pedaços de mim, aspectos essenciais do meu ser, em distintos livros, e inclusive em revistas entrevistas, etc, que nesta longa caminhada posso dizer, com toda franqueza, que devo a minha existência, em algum sentido muito verdadeiro, aos livros que fui lendo ao longo da minha vida.

Agora que escrevo estas linhas, é como se se recompusesse dentro de mim, toda essa vasta plêiade de textos dentro dos quais fui vendo que havia pedaços de mim. Fui me vendo ali, desde aquelas histórias infantis que a minha mãe nos lia desde pequenos, até os primeiros contos que recebi do meu pai, das minhas avós, os livros que o meu tio Ramón escrevia.

Ia me vendo ali, fui me vendo, sigo me buscando. Sei que estou por aí, em algum lugar nas páginas de algum livro, de muitos livros, dos livros que fui lendo e escrevendo ao longo da minha vida, todos os dias. Hoje não me preocupa tanto vir a publicar em papel o que vou escrevendo, embora seja sempre uma grande satisfação, poder entregar a pessoas queridas, amigos e familiares, algum novo livro que possa ter escrito.

Alegra-me muito poder partilhar meus escritos com um público vasto de leitoras e leitores que, se quiserem, poderão imprimir, como já foi feito por uma amiga muito recordada, estas anotações que vão trazendo a vida, que vão nos trazendo, a você e a mim, a todos nós, para um lugar comunitário feito a muitas mãos.

Isto é de grande valor, pois perdemos então a sensação do desgarramento, tão doída. Tão doida, também, pois que o que nos une é tanto mais, que vale a pena que sigamos construindo pontes, abrindo buracos nas paredes, costurando espaços de comunicação e de comunhão por estes meios que a escrita possibilita, e que estão ao alcance de todo ser humano, uma vez que todos e todas estamos constantemente escrevendo, na eterna escrita indecifrável da vida.

Ubicación

A veces uno se involucra en cosas con las cuales no tiene nada que ver. Se pone a criticar los actos ajenos, como si nos cupiera el papel de jueces. No hay duda de que hay hechos condenables. Pero si yo me pongo a condenar, me condeno.

Mi vida no puede ser, no es una condena. Yo soy una persona que ha nacido y renace constantemente. Sé que esto es fruto de un trabajo constante en mi interior y en la red de relaciones de que formo parte.

Pero estos días pasados me puse a querer criticar las actitudes de personas que en el presente o en el pasado, actuaron o actúan de maneras que no me agradan en absoluto. Eso no es lo mío, ya salí de ese lugar, por lo menos, espero que no me vuelva a poner en la actitud de quien quiere salvar al mundo.

Hay un solo mundo que puedo conformar a mi imagen y semejanza: es mi propio mundo, el lugar que soy yo mismo. Ese lugar es sagrado, es el terreno de mi construcción interna y personal, y también comunitaria y social, pues de ese centro emana como me relaciono conmigo mismo y con Dios, con las personas del círculo más próximo, de mi familia y amigos, y con las personas con quienes me voy encontrando por ahí en la vida.

En ese lugar que soy yo, desde ese lugar que soy yo, existe el mundo. Allí se crea mi mundo, el mundo que está en el mundo y el mundo en que soy yo mismo para mí mismo.

No hay nadie que pueda estar en mi lugar, sino yo mismo. Y si salgo de allí para tratar de corregir a los demás, queda vacío mi lugar y esto es malísimo: queda una sensación de abandono, de errancia, que substituye a la plenitud de estar en mi propio lugar, de ser lo que soy.

Escrevendo

Às vezes gostarias de pôr algumas letras no papel. Dizer alguma coisa, não sabes o que. Te comunicas com pessoas que moram longe ou perto. Algumas, conheces pessoalmente, e outras, por estes escritos que vem e vão, que voam, que saem para o ar.

Quantas conversas, quantos tecidos feitos nestas trocas de palavras, neste ofício de comunicar o que vais vendo, o que vais vivendo, o que vais aprendendo. Deixas as letras irem indo, e tu vais indo também com elas.

Indo nesse vai-vem da vida que vai como ondas, que vem como um mar que busca a beira, como uma montanha que se alça para o ceú, como uma nuvem que passa. Escreves para reter o dia, para reter a vida, para fixar algo que se move, para imortalizar um instante, uma sensação.

As palavras vão formando um casulo e por ele andas, quando andas pela sala e também quando andas pelas calçadas, quando andas pelas ruas e vês as pessoas e os carros e os ônibus e o movimento da cidade.

E também quando passeias pelo campo, pelo sertão, as casinhas ao longe, telhados vermelhos, palmeiras, algum animal pastando, as águas de alguma lagoa. Tudo está fixo na memória do tempo.

Escreves para ter um lugar no mundo, escreves para te ver no meio das pessoas, na história, para te identificar no fluxo da vida que anda e para e torna a andar, a se movimentar, eternamente.