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Petrobrás, direitos sociais e hegemonia do modelo econômico neoliberal

Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

Sob o título “PETROBRÁS: REFLEXÕES SOBRE O DESMONTE ANUNCIADO”, concluiu-se o artigo dando ênfase à indispensabilidade de mobilizações populares de âmbito nacional, no resgate e revigoramento da PETROBRÁS e, em geral, na defesa de nossas instituições, onde se inserem os direitos e garantias individuais e coletivos assegurados pela Constituição.

Relativamente ao setor petróleo, é importante adicionar algumas considerações sobre a responsabilidade direta dos representantes da União, pelos vícios na administração da PETROBRÁS.

Em que pese a infrene ousadia de detentores do poder, atuais e anteriores, em afrontar a lei e pilares constitucionais, é importante ter sempre presente que a PETROBRÁS é patrimônio da Nação Brasileira; não é nem pode ser tida como propriedade “do governo” ou “de governo”, estrutura política transitória por excelência. Portanto, a nenhum governo é lícito, a seu exclusivo talante, alterar seu objeto social, afetar-lhe a estrutura, comprometer seu patrimônio, aliená-la ou liquidá-la.

Cabe ao Executivo federal do momento, ao representar ativa e passivamente o acionista controlador, no caso a União, orientar as atividades da PETROBRÁS respeitando seu relevante objeto social, tal qual, diante do clamor público, inspirou-se o legislador em 1953, no atendimento ao abastecimento nacional do petróleo, resguardadas, permanentemente, razões de ordem econômica e estratégica, sempre presentes.

A destinação específica da PETROBRÁS, como sociedade de economia mista, tal qual resume a Lei das Sociedades Anônimas, é o indispensável atendimento ao “interesse público que justifica a sua criação”. Coerentemente, dispõe a mesma lei: “O acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder”, constituindo uma das modalidades de exercício abusivo de poder “orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou lesivo ao interesse nacional, ou levá-la a favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em prejuízo da participação dos acionistas minoritários nos lucros ou no acervo da companhia, ou da economia nacional”.

Ainda pela pertinência ao tema, vale lembrar a regra contida na mesma lei, a balizar o dever primordial, a ser observado pelo acionista controlador em qualquer tipo de sociedade anônima: “O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender.”

No entanto, na esteira do truncado blefe Collor, os detentores do poder, do “tucanato” ao “petismo” (ambos com o apoio capitaneado pelo PMDB), vêm, por ação ou omissão, sistemática e despudoradamente, atropelando regras e princípios legais e constitucionais.

Não escapa sequer a própria Carta Magna de 1988, largamente conspurcada pela ação infamante de um desprestigiado Legislativo, em perfeita simbiose com governantes indignos, daqueles que, inebriados pelo poder e ambições pessoais, querem a Constituição e as leis adaptadas aos interesses do modelo econômico fundado na especulação financeira, como sempre resguardados os apetites e privilégios (mormente tributários) das poderosas minorias (1% concentrando 25% da riqueza nacional), dos “lobbies” que os sustentam.

Daí as privatizações do patrimônio empresarial e serviços públicos, afetando-lhes a destinação e a qualidade; a fragilização do monopólio do petróleo e o desmonte da PETROBRÁS; a “reforma” da Previdência e o malsinado “fator previdenciário”; as terceirizações de mão de obra nas atividades-fim dos setores privado e público; a crônica subtração de recursos para a educação e a saúde; o aviltamento das funções públicas; o desemprego e o subemprego, entre outros efeitos incompatíveis com o elevado escopo constitucional, oposto à prevalência do capital, por si só e a qualquer preço, como sustentáculo do desenvolvimento nacional: “A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”(art.193).

Em seus desvirtuados desígnios, os títeres do neoliberalismo apátrida esmeram-se em manter o povo, que neles confiou, enganado, desinformado quanto ao real significado do modelo econômico que vem imperando entre nós, gerador, pela sua própria natureza, de efeitos nocivos à justiça social, à preservação das nossas instituições, à soberania nacional. De conseguinte, à maioria do povo não é nítido sequer que, na nefasta prevalência da lógica do capital, o País, de costas para o desenvolvimento com justiça social, vem se situando entre os que ostentam os maiores índices de concentração de renda e os piores índices de desenvolvimento humano(IDH). Muito menos que, em prejuízo dos direitos sociais, – com destaque para a educação, a saúde, o trabalho, a moradia digna, a segurança e a previdência social- , quase 50% dos recursos orçamentários da União sejam destinados a juros e amortizações da ”Dívida Pública”, isto é, ao “mercado” especulativo.

Enquanto isso, ao menor sinal de risco para o “mercado”, novos sacrifícios, eufemisticamente apelidados de “reequilíbrio das contas do governo”, “austeridade financeira”, “ajuste fiscal” e outras baboseiras, são exigidos do povo, vítima e pagador único da elevada conta dos descalabros governamentais.

Urge que se dê um BASTA a esse dantesco cenário nacional. Os fatos estão aí, suficientemente contundentes para, a benefício da presente e das futuras gerações, sustentar o fim da degradação de condições de vida, do que nos vem sendo imposto em nome de um falso regime democrático. Para tanto, tenhamos sempre presente a primordial cláusula pétrea da Constituição: ”Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. Sobretudo diante da contumaz infidelidade de seus representantes políticos, densamente desacreditados, nada mais legítimo que o exercício direto do poder, mediante mobilizações pacíficas mas irreversíveis, tendo como objetivo fundamental e permanente o banimento do modelo econômico que prospera entre nós e não apenas das consequências decorrentes de sua adoção, por mais graves que sejam.

Esse ingente porém indispensável combate há de ser urgente mas não apressado, irrefletido, passível de enfraquecimento diante de astuciosas armadilhas, como, na disputa pelo poder, o imediato “impeachment” presidencial, como se não estivéssemos, com a sua adoção, tão somente trocando 6 por meia dúzia, legendas que têm em comum a improbidade na Administração Pública e a tutela do capital especulativo.

Afigura-se imprescindível que o minguado setor político restante, lideranças intelectuais e organizações sociais e classistas, efetivamente identificados com o humanismo, a ordem social, as prerrogativas da cidadania e o respeito às nossas instituições basilares, se unam em torno de uma edificante democracia representativa-participativa, partindo de uma inadiável cruzada, onde o objetivo primeiro seja o da convocação do povo para a construção consciente de um projeto político condizente com um país verdadeiramente soberano e respeitável.

Postos de lado sectarismos e a surrada repetição de estereótipos e “slogans” opacos, que essas pessoas e entidades, unidos em seus ideais e objetivos, abram suas vocações na reformulação de forças políticas capazes de vocalizar direitos e anseios das maiorias desassistidas, promovendo encontros cívicos onde, com firmeza e palavras de fácil compreensão, ponham em evidência as seguintes questões:

a) a verdadeira face do modelo econômico que vem prosperando entre nós, suas falcatruas e seus reais objetivos, e o comprometimento de autoridades federais, estaduais e municipais em ações lesivas à ordem social, para atender aos interesses do capital especulativo;

b) o viciado processo eleitoral, a partir da influência decisiva do poder financeiro e da atuação nefasta da mídia, aliada às fraudes nas pesquisas eleitorais;

c) o significado de ‘soberania política do povo’ e a essencialidade de ‘pôr em prática’ os direitos da cidadania;

d) a importância do voto consciente e do acompanhamento crítico da fidelidade dos eleitos às promessas de campanha; e) a imprescindibilidade de o povo mobilizar-se e manter-se mobilizado na defesa dos direitos individuais e coletivos, no rumo do progresso e da justiça social para a atual e futuras gerações.

O coordenado e eficiente exercício dessas e de ações do gênero tenderá a produzir, além de suas elevadas finalidades, um gradual reajustamento nas comprometidas hostes midiáticas e servir para identificar os que, de fato, se dispõem a colocar a mobilização cidadã acima de interesses pessoais ou corporativos.

Concluo por registrar que as considerações e proposições acima nada mais representam que um convite à reflexão e à atitude de tantos quantos, altruisticamente, rejeitam as ditaduras, ostensivas ou não, bem como o recurso às violências de toda ordem, sob a capa de um falso regime democrático.

Melhor saída do atoleiro em que estamos: nova eleição.

Marina Silva dificilmente diz coisas importantes, mas desta vez deu uma bola dentro:

…se de fato os recursos da Petrobras foram usados pela campanha da presidente e do vice-presidente, o correto é que ambos os indicados possam ter o processo anulado.

Então, ela defende a cassação do mandato de Dilma pelo Tribunal Superior Eleitoral ao invés do seu impedimento pelo Congresso Nacional.

Eu diria que, levando-se em conta o significado maior da Justiça e não apenas sua letra, Dilma tanto merece ser impedida por causa do estelionato eleitoral quanto cassada em função das muitas irregularidades e abusos de poder cometidos na campanha eleitoral de 2014, que vão desde o citado financiamento com recursos de origem criminosa até as pedaladas fiscais, que maquilaram o descontrole das contas públicas.

Mas, o estelionato eleitoral, embora gravíssimo por distorcer totalmente o resultado do pleito, não foi tipificado como motivo de impeachment pelos jenios que pariram a Constituição de 1988. E a percepção popular, por sinal equivocada, é de que o impedimento só se justificaria se Dilma tivesse também passado a mão na grana, o que ela não fez.

Havia, sim, o saque da Petrobrás por parte de um esquema criminoso, ela estava mais do que ciente disto mas preferiu olhar para o outro lado a fim de não se indispor com figuras poderosas do seu partido. Numa democracia de verdade, sendo ela presidente da República ou premiê, jamais escaparia da degola. Por aqui, prosperaria a versão simplista de golpe das elites e o País não reencontraria a paz.

Então, crime eleitoral seria uma forma mais branda de o País livrar-se de uma presidente de crassa incompetência, que agarra-se compulsivamente ao cargo mas não tem a mínima ideia do que fazer com ele nem oferece esperança alguma ao povo sofredor, daí estar nos arrastando para a mais terrível depressão econômica em todos os tempos.

Outra significativa vantagem: o descrédito de nosso sistema político aos olhos da cidadania é tamanho que, mais do que nunca, urge dar ao povo a certeza de que a remoção de Dilma atendeu aos interesses maiores dos brasileiros, sem que ninguém possa alegar de que se tratou apenas de uma armação em benefício do PMDB e do PSDB.

Pela via do TSE, uma nova eleição presidencial será realizada num prazo de 90 dias. Uma possibilidade que não deveria assustar o PT, pois poderia escalar seu melhor quadro para a disputa. E o Brasil ficaria sabendo se o prestígio de Lula sobreviveu aos escândalos de corrupção e ao catastrófico desempenho de sua pupila na Presidência.

Mas, parecem ser coisa nossa tanto a relutância em promover as mudanças mais necessárias e prementes –quase sempre postergadas até o elástico estar prestes a arrebentar– quanto a opção pelos pactos de elite nos grandes momentos, reduzindo o povo à condição de eterno coadjuvante.

Em 2014, o marqueteiro João Santana pareceu Goebbels redivivo.

Teríamos uma emancipação de verdade com os inconfidentes, mas acabamos ficando com uma independência pra inglês ver. Sairíamos da ditadura militar pela porta da frente com a aprovação da emenda das diretas-já, mas tivemos de nos resignar com o conluio que garantiu, num colégio eleitoral nauseabundo, a eleição de um presidente inofensivo e de um vice que, até a véspera, era capacho dos militares.

Faremos, pelo menos uma vez, a coisa certa, dando ao povo a chance de corrigir a besteira que cometeu em 2014, quando acreditou cegamente na máquina de propaganda dos discípulos de Goebbels?

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Para José Padilha, defender o governo é lutar pela escravidão.

Padilha pede “grandeza de espírito” 

Desde o primeiro momento avaliei Tropa de elite (2007) como um filme fascistoide, por banalizar a suprema abominação que é a tortura, heroicizando os criminosos fardados que a praticam contra delinquentes.

O próprio diretor e co-autor do roteiro, José Padilha, parece ter-se dado conta disto, pois o filme seguinte da série (2010), cujo título recebeu o significativo complemento de O inimigo agora é outro, foi uma espécie de autocrítica, com o tal capitão Nascimento se voltando contra os delinquentes maiores do País, os políticos. 

Os bandidos das ruas roubam, traficam, estupram e matam no varejo, enquanto os bandidos da Praça dos Três Poderes fazem a mesmíssima coisa com as esperanças de todo o povo brasileiro, praticando seus malefícios por atacado, em escala infinitamente maior.

E é o Padilha de 2010 que acaba de lançar o mais contundente libelo fundamentado (eu desconsidero aqueles que apenas vomitam insultos grosseiros)  contra a caricatura de si próprio que o Partido dos Trabalhadores se tornou ao trocar o digno projeto político transformador de 1980 por um indigno projeto de perpetuação no poder mediante quaisquer métodos e sob quaisquer bandeiras ideológicas.


A íntegra do artigo Trabalhar pela democracia pode ser acessada aqui. Eis os parágrafos finais, aqueles que pegam no breu 

O PT era médico em 1980…

…a democracia confere vantagens competitivas significativas para quem sabe aplicá-la, e não é à toa que as sociedades mais desenvolvidas têm aparatos legais destinados a preservar seu bom funcionamento. Monopólios, oligopólios e leis inadequadas para o financiamento de campanhas desvirtuam o processo democrático. Concentração de mídia e riqueza promove distorções nas campanhas eleitorais.

A corrupção é especialmente danosa. Nos países em que grupos políticos hegemônicos a praticam de forma sistêmica, cria-se um círculo vicioso. O sucesso eleitoral garante o vilipêndio dos recursos públicos e o vilipêndio dos recursos públicos garante o sucesso eleitoral.

Nesses países ocorrem dois fenômenos. Em primeiro lugar, há pouca alternância de poder. Em segundo, as alternâncias acontecem depois de crises econômicas agudas, quando o estrago da corrupção chega a tal ponto que nem as vantagens conferidas por ela garantem mais as próximas eleições.

mas, ao chegar ao poder, revelou seu lado monstro.

O custo social e institucional desse processo é elevado. Político que rouba para financiar campanha comete crime ainda mais grave do que o político que embolsa pixuleco. Fraude à democracia não é atenuante, é agravante.

Existem ainda formas indiretas de fraudar a democracia. Um governante que frauda a Lei de Responsabilidade Fiscal de um país, seja pela emissão descontrolada de moeda ou por artifícios contábeis, para ganhar eleições imputa o custo de sua campanha a toda a população.

Além de viciar o processo eleitoral e de gerar crises econômicas agudas, a impede que a democracia promova a correta avaliação das políticas públicas.

Por exemplo: ao votar no PT, os brasileiros escolheram manter a estatização da exploração do petróleo. Hoje, apesar de monopolista, a Petrobras tem uma dívida de R$ 500 bilhões e suas ações se desvalorizaram incrivelmente. Isso significa que o petróleo não pode ser estatizado? Não necessariamente, posto que o PT promoveu um tal nível de corrupção na Petrobras que é difícil separar os efeitos da estatização dos efeitos negativos da corrupção.

“…o PT promoveu um tal nível de corrupção na Petrobrás…”

Quando uma democracia se torna extremamente corrupta, como aconteceu no Brasil, o melhor que os agentes sociais podem fazer é colocar suas divergências ideológicas temporariamente de lado e unir forças para punir exemplarmente quem corrompeu o país e o processo eleitoral.

Defender políticos sabidamente corruptos por questões ideológicas –ou para não dar o braço a torcer– é trabalhar contra a democracia. Aqueles que não têm a grandeza de espírito para colocar a lisura do jogo democrático à frente das preferências ideológicas lutam pela escravidão pensando estar lutando pela liberdade.

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Petrobrás: reflexões sobre o desmonte anunciado

Nascida em 1953, como órgão executor do monopólio estatal do petróleo, a Petrobrás, é fruto de notável decisão política, respaldada em patriótica mobilização nacional: a campanha do “Petróleo É Nosso”. Seu vertiginoso crescimento foi obra não só de dirigentes íntegros e competentes, mas, sobretudo, da valorosa e proficiente dedicação de tantos quantos, em seus diferentes quadros, orgulhosamente “vestiam-lhe a camisa”, vários dos quais vieram a participar de sua Direção e na de subsidiárias.

Presenciamos a Companhia vencer desafios, crescer, funcional, estrutural e tecnologicamente. Propulsora do desenvolvimento nacional, não tardou a sua respeitabilidade aqui e no exterior. A primazia nas pesquisas em águas profundas, onde se insere o pré-sal, valeram-lhe várias premiações pela “OTC – Off-Shore Technology Conference”.

Presentes o adequado planejamento e a austeridade de seus empreendimentos, as aquisições imobiliárias, o suprimento de suas necessidades e a contratação de obras e serviços submetiam-se à plena e regular observância da legislação licitatória. Na construção e ampliação de onze refinarias, terminais, centenas de quilômetros de dutos, instalações de pesquisa e lavra, etc., a Petrobrás não teve como suporte legal, nem reclamou, condições especiais de contratação, como o “procedimento licitatório simplificado”, estabelecido, em afronta à Constituição, para, como regra, reger as contratações da Petrobrás – pela lei “tucana” 9.478/1997, até hoje em vigor, expediente esse propício a negociatas e irregularidades de todo gênero, como a Nação vem testemunhando.

No caso específico da Petrobrás, sociedade de economia mista e órgão da administração federal indireta controlada pela União, historicamente ímpar em importância e porte, hão de estar presentes o absoluto respeito à sua originária destinação institucional – voltada à defesa dos superiores interesses nacionais no complexo de atividades da estratégica e desafiante indústria do petróleo – e, por conseguinte, o extremo zelo, vigilância e austeridade no comprometimento da destinação do seu patrimônio, aqui incluídos seus haveres e sua notável experiência acumulada.

Mas não é isso que, há cerca de três décadas, vem acontecendo. Além da citada fraude licitatória como diretriz de governo no segmento petróleo, apenas alguns exemplos:

– A utilização do patrimônio da Petrobrás, com condições de credibilidade superiores às do País, para garantir empréstimos e outras operações no mercado financeiro internacional, gerando pesadas dificuldades e restrições no atendimento de seus compromissos e empreendimentos.

– A extinção das subsidiárias Interbrás, trade company então com pujante desempenho nas atividades de comércio internacional aqui e no exterior; Petromisa, responsável pelo aproveitamento de jazidas minerais em áreas de pesquisa e lavra de petróleo, e Petrofértil, cujo objeto social vinha sendo a “produção e comércio de fertilizantes, de suas matérias primas e de produtos correlatos, sua importação e exportação” (abrindo-se espaço, com a sua extinção, à nociva produção e preponderante utilização de agrotóxicos e transgênicos).

– A declaradamente danosa operação bilionária, em dólares, para a compra de refinaria em Pasadena, Estados Unidos, altamente lesiva aos cofres da Petrobrás.

– Os leilões de bacias de óleo e gás descobertas pela Petrobrás, viabilizados pela citada lei “tucana” 9.478/97, que revogou a lei 2004/1953, flexibilizou o estratégico monopólio estatal do petróleo e deu suporte ao desmonte da Petrobrás, notadamente em sua precípua função de órgão executor do monopólio.

– A criminosa entrega de Libra, valiosíssimo mega-campo petrolífero descoberto pela Petrobrás, situado em área do pré-sal, tendo como fonte inspiradora a mesma lei 9.478, cujos fundamentos básicos vêm sendo acolhidos pelos governos petistas que se seguiram.

– O projeto de lei PLS 131/2015, de autoria do senador “tucano” José Serra, visando a retirar da Petrobrás a condição de operadora única dos campos do pré-sal.

– A drástica redução de investimentos programados pela Petrobrás, da ordem de 40%, em diversas áreas de atuação, incluída a alienação de parte de seu acervo operacional – em jogo a BR Distribuidora e a Transpetro -, para cobrir o bilionário prejuízo financeiro causado por escandalosos atos de incúria e corrupção, envolvendo dirigentes, empreiteiras e políticos.

A esses delitos de lesa-pátria, que servem para “preparar” a privatização da Petrobrás, somam-se outras deletérias ações do gênero: (1) dando continuidade aos leilões de bacias petrolíferas; (2) nomeando para cargos de direção e administração, sem cogitar de capacidade profissional e idoneidade moral, representantes do nepotismo político ou “pelego”; (3) descuidando a manutenção e renovação dos seus quadros permanentes; (4) reduzindo-lhe ao máximo, pela via de galopante e irrestrita terceirização de mão-de-obra, a responsabilidade por encargos trabalhistas e previdenciários, bem como junto à Petros, pondo em sério risco o direito de seus assistidos atuais e futuros; (5) esbulhando-lhe o patrimônio de diversas formas; (6) conspirando para manchar-lhe a imagem perante a opinião pública.

As agressões que se abatem sobre a instituição Petrobrás, mergulhada em dantesco cenário nacional, se prestam ainda para denunciar, de forma aguda, a conjugação das causas do crônico infortúnio que nos vitima: o flagrante desrespeito à vontade expressa nas urnas, substituída por privilégios a minorias poderosas; ao desenvolvimento com justiça social; à dignidade do trabalhador, gerando o subemprego e o desemprego; à preservação dos direitos trabalhistas e previdenciários; ao princípio constitucional de moralidade na administração pública direta e indireta; aos ditames da Soberania Nacional, nas relações e negócios internacionais.

Urge extirpar do organismo social o vírus do desalento, da omissão acomodatícia, até porque, como é notório, cabe sempre ao cidadão comum pagar a elevada conta dos descalabros governamentais. A terapia contra as torpezas dos poderes públicos há de firmar-se na mobilização consciente, dirigida ao que, desde já, antes de eleições, podemos e devemos fazer, exigindo respeito aos direitos e anseios da atual e das futuras gerações.

Mobilização em torno de mentes e ideais sadios e patrióticos, como legítima via democrático-participativa, no banimento, efetivo e permanente, de práticas arbitrárias, criminosas, atentatórias às nossas instituições, à república e à democracia, perpetradas por infames atores reiteradamente aboletados sobretudo no Executivo e no Legislativo, mas também no Judiciário, por inapropriada ação ou traiçoeira omissão.

E, unidos na preservação de nossas instituições, lutar intransigentemente pela restauração, em sua integridade, do monopólio estatal do petróleo, bem como pelo resgate e revigoramento do seu originário órgão executor exclusivo, a nossa Petrobrás, começando por livrá-la dos crônicos vícios, – de responsabilidade direta dos representantes da União no governo – que vêm comprometendo seriamente sua gestão e sua estabilidade.

Petrobrás: Carta aberta à Leticia Fernandes e ao jornal O Globo

Por Michelle Daher Vieira em seu Facebook

Antes de tudo, gostaria de deixar bem claro que não estou falando em nome da Petrobras, nem em nome dos organizadores do movimento “Sou Petrobras”, nem em nome de ninguém que aparece nas fotos da matéria. Falo, exclusivamente, em meu nome e escrevo esta carta porque apareço em uma das fotos que ilustram a reportagem publicada no jornal O Globo do dia 15 de fevereiro, intitulada “Nova Rotina de Medo e Tensão”.

Fico imaginando como a dita jornalista sabe tão detalhadamente a respeito do nosso cotidiano de trabalho para escrever com tanta propriedade, como se tudo fosse a mais pura verdade, e afirmar com tamanha certeza de que vivemos uma rotina de medo, assombrados por boatos de demissões, que passamos o dia em silêncio na ponta das cadeiras atualizando os e-mails apreensivos a cada clique, que trabalhamos tensos com medo de receber e-mails com represálias, assim criando uma ideia, para quem lê, a respeito de como é o clima no dia a dia de trabalho dentro da Petrobras como se a mesma o estivesse vivendo.

Acho que tanta criatividade só pode ser baseada na própria realidade de trabalho da Letícia, que em sua rotina passa por todas estas experiências de terror e a utiliza para descrever a nossa como se vivêssemos a mesma experiência. Ameaças de demissão assombram o jornal em que ela trabalha, já tendo vários colegas sendo demitidos[1], a rotina de e-mails com represálias e determinando que tipo de informação deve ser publicada ou escondida devem ser rotina em seu trabalho[2], sempre na intenção de desinformar a população e transmitir só o que interessa, mantendo a população refém de informações mentirosas e distorcidas.

Fico impressionada com o conteúdo da matéria e não posso deixar de pensar como a Letícia não tem vergonha de a ter escrito e assinado. Com tantas coisas sérias acontecendo em nosso país ela está preocupada com o andar onde fica localizada a máquina que faz o café que nós tomamos e com a marca do papel higiênico que usamos. Mas dá para entender o porque disto, fica claro para quem lê o seu texto com um mínimo de senso crítico: o conteúdo é o que menos importa, o negócio do jornal é falar mal, é dar uma conotação negativa, denegrir a empresa na sua jornada diária de linchamento público da Petrobras. Não é de hoje que as Organizações Globo tem objetivo muito bem definido[3] em relação à Petrobras: entregar um patrimônio que pertence à população brasileira à interesses privados internacionais. É a este propósito que a Leticia Fernandes serve quando escreve sua matéria.

Leticia, não te vejo, nem você nem O Globo, se escandalizado com outros casos tão ou mais graves quanto o da Petrobras. O único escândalo que me lembro ter ganho as mesma proporção histérica nas páginas deste jornal foi o da AP 470, por que? Por que não revelam as provas escondidas no Inquérito 2474[4] e não foi falado nisto? Por que não leio nas páginas do jornal, onde você trabalha, sobre o escândalo do HSBC[5]? Quem são os protegidos? Por que o silêncio sobre a dívida da sonegação[6] da Globo que é tanto dinheiro, ou mais, do que os partidos “receberam” da corrupção na Petrobras? Por que não é divulgado que as investigações em torno do helicoca[7] foram paralisadas, abafadas e arquivadas, afinal o transporte de quase 500 quilos de cocaína deveria ser um escândalo, não? E o dinheiro usado para construção de certos aeroportos em fazendas privadas em Minas Gerais [8]? Afinal este dinheiro também veio dos cofres públicos e desviados do povo. Já está tudo esclarecido sobre isto? Por que não se fala mais nada? E o caso Alstom[9], por que as delações não valem? Por que não há um estardalhaço em torno deste assunto uma vez que foi surrupiado dos cofres públicos vultosas quantias em dinheiro? Por que você e seu jornal não se escandalizam com a prescrição e impunidade dos envolvidos no caso do Banestado[10] e a participação do famoso doleiro neste caso? Onde estão as manchetes sobre o desgoverno no Estado do Paraná[11]? Deixo estas perguntas como sugestão e matérias para você escrever já que anda tão sem assunto que precisou dar destaque sobre o cafezinho e o papel higiênico dos funcionários da Petrobras.

A você, Leticia, te escrevo para dizer que tenho muito orgulho de trabalhar na Petrobras, que farei o que estiver ao meu alcance para que uma empresa suja e golpista como a que você trabalha não atinja seu objetivo. Já você não deve ter tanto orgulho de trabalhar onde trabalha, que além de cercear o trabalho de seus jornalistas determinando “as verdades” que devem publicar, apoiou a Ditadura no Brasil[12], cresceu e chegou onde está graças a este apoio. Ao contrário da Petrobras, a empresa que você se esforça para denegrir a imagem, que chegou ao seu gigantismo graças a muito trabalho, pesquisa, desenvolvimento de tecnologia própria e trazendo desenvolvimento para todo o Brasil.

Quanto às demissões que estão ocorrendo, é muito triste que tantas pessoas percam seu trabalho, mas são funcionários de empresas prestadoras de serviço e não da Petrobras. Você não pode culpar a Petrobras por todas as mazelas do país, e nem esperar que ela sustente o Brasil, ou você não sabe que não existe estabilidade no trabalho no mundo dos negócios? Não sabe que todo negócio tem seu risco? Você culpa a Petrobras por tanta gente ter aberto negócios próximos onde haveria empreendimentos da empresa, mas a culpa disto é do mal planejamento de quem investiu. Todo planejamento para se abrir um negócio deveria conter os riscos envolvidos bem detalhados, sendo que o maior deles era não ficar pronta a unidade da Petrobras, que só pode ser culpada de ter planejado mal o seu próprio negócio, não o de terceiros. Imputar à Petrobras o fracasso de terceiros é de uma enorme desonestidade intelectual.

Quando fui posar para a foto, que aparece na reportagem, minha intenção não era apenas defender os empregados da injustiça e hostilidades que vem sofrendo sendo questionados sobre sua honestidade, porque quem faz isto só me dá pena pela demonstração de ignorância. Minha intenção era mostrar que a Petrobras é um patrimônio brasileiro, maior que tudo isto que está acontecendo, que não pode ser destruída por bandidos confessos que posam neste jornal como heróis, por juízes que agem por vaidade e estrelismos apoiados pelo estardalhaço e holofotes que vocês dão a eles, pelo mercado que só quer lucrar com especulação e nunca constrói nada de concreto e por um jornal repulsivo como O Globo que não tem compromisso com a verdade nem com o Brasil.

Por fim, digo que cada vez fica ainda mais evidente a necessidade de uma democratização da mídia, que proporcionará acesso a uma diversidade de informação maior à população que atualmente é refém de uma mídia que não tem respeito com o seu leitor e manipula a notícia em prol de seus interesses, no qual tudo que publica praticamente não é contestado por não haver outros veículos que o possa contradizer devido à concentração que hoje existe. Para não perder um poder deste tamanho vocês urram contra a reforma, que se faz cada vez mais urgente, dizendo ser censura ou contra a liberdade de imprensa, mas não é nada além de aplicar o que já está escrito na Constituição Federal[12], sendo a concentração de poder que algumas famílias, como a Marinho detém, totalmente inconstitucional.

Sendo assim, deixo registrado a minha repugnância em relação à matéria por você escrita, utilizando para ilustrá-la uma foto na qual eu estou presente com uma intenção radicalmente oposta a que ela foi utilizada por você.

Fontes:
[1] Demissões nas Organizações Globo:
http://www.conexaojornalismo.com.br/colunas/cultura/novasmidias/demissoes-do-globo-estao-relacionadas-a-processo-milionario-na-justica-67-36921
http://radiodeverdade.com/tag/demissoes-na-radio-globo/
http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/836519/?noticia=DEMISSOES+DENTRO+DA+REDE+GLOBO+PREOCUPAM+FUNCIONARIOS
http://www.portalimprensa.com.br/noticias/brasil/70198/o+globo+faz+cortes+na+redacao+demite+artur+xexeo+e+outros+jornalistas
http://blogs.odia.ig.com.br/leodias/2015/01/29/globo-inicia-demissoes-no-jornalismo/

[2] Exemplos de o que deve e não deve ser publicado
http://www.brasildefato.com.br/node/31315


http://www.conversaafiada.com.br/pig/2013/08/29/globo-censura-reporter-que-elogia-medicina-de-cuba/

[3] Objetivos
http://www.municipiosbaianos.com.br/noticia01.asp?tp=1&nID=15270
http://www.aepet.org.br/site/colunas/pagina/507/Prezado-a-companheiro-a-da-Petrobrs


PETROBRAS SOB ATAQUE DAS FORÇAS DE SEMPRE.
https://fichacorrida.wordpress.com/category/rede-globo-de-corrupcao/

[4] Inquérito 2474
http://www.cartacapital.com.br/politica/em-sigilo-ha-7-anos-inquerito-da-pf-sobre-mensalao-e-liberado-9314.html


http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/coluna/345927_ERRO+HISTORICO+NA+AP+470+
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/127938/Nassif-STF-vai-abrir-segredo-de-Joaquim-Barbosa.htm

[5] Escândalo do HSBC


http://economia.ig.com.br/2015-02-16/reino-unido-investiga-hsbc-por-fraude-financeira-franca-pode-abrir-julgamento.html
http://economia.estadao.com.br/blogs/descomplicador/hsbc-entenda-o-escandalo-de-lavagem-de-dinheiro-e-sonegacao/
http://economia.ig.com.br/2015-02-14/receita-esta-de-olho-em-correntistas-brasileiros-do-hsbc-na-suica.html
http://www.brasil247.com/pt/247/parana247/170281/Sonegação-no-HSBC-é-dez-vezes-maior-que-a-Lava-Jato.htm

[6] Sonegação Globo
http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=4664

Os documentos da sonegação!

Globo ordena que nome de FHC não seja relacionado à Lava Jato

“Injusto é pagar imposto no Brasil”: a 1ª reportagem da série do DCM sobre a sonegação da Globo


http://www.diariodocentrodomundo.com.br/como-o-processo-de-sonegacao-da-globo-sumiu-da-receita-e-sobreviveu-no-submundo-do-crime/

[7] Helicoca

Com vocês, nosso documentário: “Helicoca – O Helicóptero de 50 milhões de reais”

A sórdida campanha dos Marinho contra Graça Foster e a Petrobras

Um ano depois, o papel cada vez mais estranho da Polícia Federal no caso Helicoca


http://www.diariodocentrodomundo.com.br/categorias/helicoca/

[8] Aeroportos Mineiros

Por que a mídia não procura o primo de Aécio?


http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/07/1493571-aecio-neves-a-verdade-sobre-o-aeroporto.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/07/1488587-governo-de-minas-fez-aeroporto-em-terreno-de-tio-de-aecio.shtml

Tráfico de cocaína, familiares de Aécio e o aeroporto de Cláudio-MG


http://www.plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=82339
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/aecio-nomeou-desembargador-que-recebeu-propina-para-liberar-traficantes/

[9] Alstom
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/05/1281123-brasil-e-unico-que-nao-puniu-envolvidos-no-caso-alstom.shtml
http://tijolaco.com.br/blog/?p=24684

[10] Banestado
http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2014/11/o-caso-banestado-a-petrobras-e-o-feitico-do-tempo-9212.html
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/04/1267100-justica-anula-punicao-a-reus-do-escandalo-do-banestado.shtml
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-01-19/lentidao-da-justica-livrou-reus-no-caso-banestado-vinculado-a-lava-jato.html

[11] Beto Richa e o Paraná

Beto Richa quebrou o Paraná?


http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2015/02/curitiba-a-pauta-da-rebeliao-de-professores-que-o-noticiario-preferiu-ignorar-2274.html

[12] Globo e a Ditadura

Relembre: editorial de O Globo celebra golpe militar de 1964


http://www.brasildefato.com.br/node/25869
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/01/as-diretas-ja-e-o-crime-da-tv-globo.html

“Bom jornalismo”: Faz 30 anos, Globo apresentou comício como “festa de aniversário” de São Paulo

Inquérito 2474 já está na internet!

Fabio Venturini: No golpe dos empresários, a “mais beneficiada foi a Globo”

O assombroso silêncio no Brasil em torno do escândalo HSBC

Exclusivo: As entrevistas “ferozes” de O Globo com seus camaradas


http://www.diariodocentrodomundo.com.br/abrir-empresa-em-paraiso-fiscal-faz-parte-de-um-velho-modus-operandi-da-globo/

[12] CF/88
Diz o artigo 220 da Carta, no inciso II do parágrafo 3°:
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Já o parágrafo 5° diz:
Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
E o artigo 221. por sua vez, prescreve:
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

A ‘crise’ na Petrobrás

O jornal O Estado de S. Paulo anuncia: Novo presidente da Petrobrás não agrada exterior e ações em Wall Street despencam 9%.

Não restam mais dúvidas sobre quem manda nessa “crise”. A Petrobras é a maior petrolífera do mundo e ainda é brasileira. Sua produção cresce e bate recorde atrás de recorde. Mas tem jornal que não está nem aí pro setor produtivo (aquele que existe, com pessoas): o critério de grande parte da mídia é o mercado especulativo de ações e o que temos de fazer pra agradar gringo.

Estamos à venda na imprensa e o partido da ética, citado como idealizador dos esquemas de corrupção, o PSDB, já pressiona para privatizar o pré-sal. Pergunto: por que a sujeira na empresa, datada de pelo menos 1997, segundo a Polícia Federal, não apareceu antes? Mistérios que só piratas podem responder.

O seguinte trecho, citando a digníssima fonte conhecida como “mão invisível do mercado”, é de uma sinceridade ímpar nesse sentido:

“(…) Bendine é muito próximo ao Partido dos Trabalhadores (PT) e a expectativa dos investidores era por um nome mais “amigável ao mercado”, mais independente, avalia um gestor de um fundo que compra papéis da Petrobras e prefere não se identificar. Para ele, não pode ser descartado o risco de a empresa perder a classificação grau de investimento em ao menos uma das agências de classificação de risco nos próximos meses.”

Então anota aí: independente = amigo do mercado.

Mas, claro, se você quer entender essa crise a partir de quem efetivamente trabalha nesse país, que é o trabalhador, assista atentamente à entrevista abaixo e saiba o que está por “trás” (ou melhor, bem na nossa frente) desta “crise”:

Leia aqui o manifesto dos trabalhadores.

Sugestão de Dilma, a abduzida: “Não têm água? Bebam petróleo!”

A ficha ainda parece não ter caído para a presidenta Dilma Rousseff: como a Petrobrás derrete e encolhe a olhos vistos, mesmo que sobreviva ao tsunami da Operação Lava-Jato, nem remotamente disporá de recursos suficientes para a exploração do pré-sal.

Tão distante da realidade se mostram seus discursos ufanistas que ela dá a impressão de ter sido abduzida e de extraterrestres estarem controlando sua fala, quando diz que o Brasil deve usar os proventos da exploração do pré-sal como “passaporte” para melhorar a qualidade do nosso ensino.

Que proventos, cara pálida? Pois Dilma e o PT estão entre três opções que lhes são igualmente indigestas: ou congelam os planos relativos ao pré-sal, ou privatizam a Petrobrás, ou oferecem mais vantagens aos parceiros estrangeiros.

Isto, claro, dentro da ótica de que o pré-sal seja uma espécie de salvação da lavoura para o Brasil. Mas, será mesmo? Ou representa nossa prestimosa contribuição à marcha da insensatez?

A pergunta que não quer calar é: foi para que ele cravasse pregos no caixão da espécie humana que tanto ralamos, até conseguirmos levar um partido de esquerda ao poder? O sonho virou pesadelo?

Pois, só não vê quem não quer: o aquecimento global e as alterações climáticas já estão secando nossas torneiras, como um trailer das catástrofes terríveis que nos aguardam adiante. O petróleo é fóssil e ameaça tornar-nos, a todos, fósseis.

Vamos, por um punhado de dólares, agravar um quadro que já é dos mais agourentos? De que adiantará a melhora da qualidade do ensino, se não houver sobreviventes para aprenderem?

Talvez a Dilma, como a rainha Maria Antonieta, aponte esta solução imediata para os sedentos: “Não têm água? Bebam petróleo!”.

E mais tarde, quando estivermos sucumbindo à devastação global, complete: “Pelo menos, morremos educados!”.