Arquivo da tag: Pedagogia de Paulo Freire

Extensión universitaria y Terapia Comunitaria Integrativa

Creo que me debo a mí mismo un comentario aunque sea breve, sobre algo que me quedó de la mesa redonda de ayer, sobre extensión universitaria y TCI.

Comprender el origen de esta acción es imprescindible para que mantenga la finalidad para la cual fue creada.

Saber que nace como una acción libertadora, esto es, una práctica cuyo objetivo es ayudar a que las personas se perciban como tales, y como sujetos de una historia que las incluye y no meramente se les impone de arriba abajo.

Ver el panorama de las universidades brasileñas en las que la TCI está inserta como actividad de extensión, tuvo y tiene el poder de animarme, alegrarme y tranquilizarme, esperanzando.

Saber que esta acción también sucede en otras universidades del mundo hispánico, refuerza estos sentimentos positivos.

La lucha por abrir la universidad y ponerla el servicio de la población como un todo, construyendo sujetos conscientes y activos, sigue siendo el eje de una educación libertadora.

La mesa redonda a que me refiero, fue parte de las actividades precongreso de TCI, que sucederá en Brasilia del 1 al 4 de setiembre de 2023.

Agenda de rodas de Terapia Comunitária Integrativa on line – Janeiro de 2023

A TCI é uma ação cidadã voluntária e gratuita. Ela visa (1) construir vínculos sociais solidários positivos, construtivos, potenciando a capacidade resiliente das pessoas e comunidades, bem como (2) proporcionar um senso de pertencimento.

As reuniões costumam ocorrer onde as pessoas se encontram naturalmente. Uma praça, uma associação de moradoras ou moradores, uma igreja, etc. Durante a pandemia, passaram a ser realizadas estas rodas também no formato on line.

Veja aqui: AGENDA JANEIRO23 TCI ON-LINE ABRATECOM APSBRA MS IIgbm

Fonte: ABRATECOM – Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa

¡Cuente su historia!

Desde muy temprano comprendí la necesidad de escribir. Contar mi historia. Lo que iba viviendo, lo que iba viendo.

Sigo viendo la importancia de escribir, contar nuestra historia. Qué es lo que aprendí, qué es lo que voy comprendiendo. Inclusive en las capacitaciones en Terapia Comunitaria Integrativa, siempre les digo a las y los participantes, que escriban. Que cuenten su historia.

He tenido la satisfacción de publicar en Consciência, algunas reflexiones de participantes de rondas de TCI (Círculos de escucha, etc). Aquí va una: https://revistaconsciencia.com/las-bases-de-lo-que-soy/ Voz plural. Sentimientos compartidos.

Experiencias que comprueban que no hay nadie que sepa más que las demás personas: Hay saberes diferentes, complementarios. Cuando me abro a esta pluralidad, crezco y aparezco. Me fortalezco. Solo, tiendo a cerrar mi mundo.

En fin, compañeras y compañeros. ¡Vamos juntas y juntos!

Como vejo a Terapia Comunitária Integrativa enquanto prática de cuidado?

(Antes de responder, espero que a pergunta chegue ao seu lugar, ao lugar que sou. Então não será uma resposta automática.

Como o que eu faço se insere na minha história de vida?

Quando tento responder à pergunta que me foi feita, vem esta outra pergunta. Então é toda a minha história de vida que vem à tona.)

Vejo a TCI como uma prática de cuidado, nos seguintes sentidos. O primeiro e mais importante, é uma prática de acolhimento. A pessoa é aceita num espaço de acolhimento, é escutada com atenção, e não recebe conselhos, nem interpretações, análises ou prescrições e nem sermões.

A pessoa se escuta e se vê na roda de TCI. Sabe de si na escuta das outras pessoas.

O segundo aspecto, é que vejo a TCI como uma prática de inclusão social. A través do acolhimento, a pessoa sabe de si, sabe que tem um lugar, um pertencimento. Ela passa a saber que não está só, que tem recursos comunitários ao seu dispor.

Em terceiro lugar, e como consequência do anterior, a pessoa sabe que tem um valor. A sua experiência de vida, suas estratégias de superação, as suas dores resignificadas, as suas qualidades pessoais, são apreciadas e valorizadas, servindo para que outras pessoas também consigam compreender e superar os seus sofrimentos.

Desta forma, a TCI funciona como um espaço de recuperação de pessoas. Sendo que a sociedade mais abrangente e os padrões culturais dominantes, frequentemente tendem a pressionar no sentido da despersonalização, aqui se faz o caminho contrário. Recuperamos o nosso próprio rosto, o nosso sentido de viver, a nossa confiança em nós mesmos, mesmas, e na comunidade. O futuro se refaz como um lugar esperançador, e não apenas como algo incerto para o qual se avança sem qualquer ânimo nem estímulo.

Ao invés de meramente vegetarmos ou aguentarmos, a vida se torna outra vez (ou pela primeira vez) algo significativo.

A inclusão social e o cuidado começam comigo, com a própria pessoa, se estende a quem está por perto (família e comunidade), e até à humanidade que deixa de ser algo abstrato e distante.

A TCI não é uma prática caritativa nem assistencialista. É uma recuperação de pessoas que se processa horizontalmente, num espelhamento recíproco que têm um efeito libertador, de contenção e de potenciação da autoestima e da vontade de viver.

Finalmente, mas não menos importante, vejo a TCI como uma prática de recuperação total, integral da pessoa humana. Isto é, não se trata de privilegiar este ou aquele aspecto do ser que somos, mas a totalidade das nossas dimensões, num ato que propriamente pode ser qualificado de libertador e restaurador.

Todo o ser que eu sou, em todo seu complexo entrelaçamento, pode ser exercido e praticado no espaço terapêutico-comunitário. Não há um privilegiamento, mas uma interseção integrada e integradora de saberes e de dimensões de vida. A fé, a família, o senso comum, a academia, a piada, a risada, as canções, a poesia, a experiência cotidiana, tudo tem o seu lugar.

Não há hierarquizações opressoras nem domesticadoras. O natural se harmoniza, ou tende a se harmonizar, com o social.

Em um mundo em que frequentemente vemos a pressão das estruturas de poder e de dominação social e econômica, espremendo as pessoas, sufocando, tirando o ar, na TCI, ao contrário, a vida se recria em um clima de festa, de alegria, de reforço dos vínculos positivos que animam e dão esperança.

O cuidado comigo mesmo, neste momento da minha vida, está em primeiríssimo lugar. Amar a mim mesmo, aceitar o ser que sou de maneira irrestrita. Adotar a minha história de vida, pondo cada coisa no seu devido lugar, como numa biblioteca. Aprendendo a amassar e jogar fora o que não presta. Aprendendo a apagar, a deixar o lixo no lixo. E que venha a primavera, em cada estação, em todas as estações!

 

A Pedagogia de Paulo Freire e suas interfaces com a Terapia e a Literatura

Breves notas a partir da exposição, seguida de diálogo com seus interlocutores, feita pelo Prof. Marcelo Bezerra de Oliveira.

Nestes últimos dias de convalescença, após dez dias de experiência hospitalar, tive a oportunidade de “ler” (ouvir) duas preciosas elaborações investigativas com que nos brindaram o professor Ivonaldo Leite, em seu precioso texto sobre a densa contribuição dos anarquistas, no período compreendido entre o último quartel do século XIX e as primeiras décadas do século XX, e de uma exposição valiosa, feita pelo professor Marcelo Bezerra de Oliveira, sobre o tema-objeto do presente texto. Oportunamente voltarei a tecer comentários sobre o texto do professor Ivonaldo Leite.

Neste 4 de maio próximo passado, tive a oportunidade de acompanhar virtualmente a exposição do Prof. Marcelo Bezerra de Oliveira, filósofo também dedicado à teoria do conhecimento de Paulo Freire, atendendo ele a mais um convite do Grupo de filósofos e filósofas Clínicos, do qual ele próprio faz parte, com o objetivo de expor as principais interfaces da Pedagogia radical freireana com a própria Filosofia Clínica, com a Terapia e com a Literatura.

Pressupondo nos seus interlocutores conhecimento prévio sobre dados biobibliográficos sobre Paulo Freire, professor Marcelo já apresenta Paulo Freire em seu trabalho no SESI em Pernambuco (Recife e adjacências), na segunda metade dos anos 50, mais precisamente ao final da década, coincidindo com a gestão de Miguel Arraes, à frente do Governo. Situa-o já como um pedagogo perspicaz, voltado para o acompanhamento e animação dos Círculos de Cultura junto às populações periféricas da área metropolitana de Recife. Já então, transparece seu trabalho brilhante, no âmbito da educação, voltado para o processo de Alfabetização daquelas populações, com características peculiares:

-Inspira-se na Pedagogia radical centrada tanto no inacabamento, quanto nas potencialidades dos Humanos. Uma pedagogia que se alimenta na vocação ontológica dos humanos a “ser mais”;

– É marcada pel concepção, e sobretudo pelo exercício da horizontalidade do trabalho pedagógico, em que educandos se sentem também educadores, e educadores comportando-se também como educandos;

– Trata-se de um trabalho movido pela Dialogicidade, ou seja, a convicção de que todos os que participam desse espaço educativo tenham direito a pronunciarem sua palavra;

– É uma experiência marcada, a cada passo e a cada momento, por um despertar e por um estímulo contínuos, no sentido de que os participantes exercitam a consciência de si e do mundo, não apenas como seres inconclusos, mas também como seres de marcantes potencialidades;

– Nesta experiência, o papel do Educador/Educadora não é o de “facilitar” o processo de aprendizagem, mas o de problematizá-lo perante os Educandos/Educandas;

– Trata-se de uma Pedagogia que antes de se preocupar com a “leitura da palavra”, exercita a “leitura de mundo”.

O Grupo de Filósofos e Filósofas Clínicos, também integrado pelo professor Marcelo, ocupa-se fundamentalmente de exercitar o pensar filosófico aplicado a situações clínicas, em que o Filósofo Clínico dialoga horizontalmente com o partilhante, tendo como objetivo um enfrentamento exitoso de situações existenciais disfuncionais por parte do partilhante. Dá-se aí uma experiência terapêutica, na força libertadora do conhecimento: – como preconizava o grande poeta cubano José Martí, “O conhecimento liberta”.

Meus primeiros contatos com a Filosofia Clínica em situação terapêutica me remeteram a outra bela experiência coletiva: Terapia Comunitária Integrativa (TCI), criada e liderada pelo Psiquiatra e Antropólogo Adalberto Barreto (também cursou Filosofia e Teologia) com sua rede de formadores e formadoras (da qual também fazem parte o Sociólogo Rolando Lazarte, a Enfermeira Maria Oliveira Filha, e a Pedagoga Ana Vigarani, entre tantas outras pessoas). Trabalhando inspirados na Pedagogia de Paulo Freire. A TCI organiza-se ao modo de um movimento tendo no “ethos” comunitário sua força de inspiração, atuando no Brasil e na América Latina, e em alguns países europeus. A quem interessar possa, sugiro o site https://www.adalbertobarretocursos.com/ .

Neste sentido, vale a pena um olhar crítico, para a trágica conjuntura brasileira atual, em que um segmento minoritário de nossa sociedade teima em manter-se refém no obscurantismo, no negacionismo, fazendo vistas grossas a evidências históricas, fazendo-nos retroceder a tempos tenebrosos.

No que diz respeito à Literatura, o professor Marcelo, de há muito, lidando com este campo, explicita com propriedade a força terapêutica do saber literário, um campo marcado pela riqueza da transversalidade com uma infinita gama de campos de saber – populares, artísticos, filosóficos, científicos…

Tanto em sua exposição inicial, como no momento de diálogo com os demais participantes, o professor Marcelo, também se ocupou de explicitar algumas fontes do pensamento freireano, tendo sempre o cuidado de não identificar o pensamento de Freire com qualquer uma das fontes em que bebeu, a medida que, ao longo de sua produção, sempre fez questão de, sem jamais negar nenhuma delas, exercitar sua autonomia frente às mesmas. Dentre as diversas fontes em que se inspirou Paulo Freire, o professor Marcelo destacou a alteridade recolhida do pensamento de Martim Buber “Eu e Tu”, enquanto um dos participantes da sessão acrescentou o nome de Emmanuel Lévinas, o Existencialismo, inclusive o de Gabriel Marcel (destacando seu aporte quanto à “A consciência fanatizada”) e seu diálogo com o marxismo, especialmente com Marx. De minha parte – sobre o tema já tive a oportunidade de escrever alguns artigos, inclusive https://revistaconsciencia.com/rastreando-fontes-da-utopia-freireana-marcas-cristas-e-marxianas-do-legado-de-paulo-freire-por-alder-julio-ferreira-calado/ – entendo terem sido o marxismo – Marx, Gramsci, … -, e a Teologia da Libertação as fontes principais de sua Pedagogia.

Graças ao professor Marcelo Bezerra de Oliveira, inclusive enriquecido pelos instigantes questionamentos compartilhados pelos seus interlocutores (Filósofos/Filósofas Clínicos) bem como por dois textos que ele previamente disponibilizou aos participantes, nos oportunizou uma reflexão crítica de grande atualidade, inspirada nas teses gnosiológicas de Paulo Freire, em suas interconexões com a Filosofia Clínica, a Terapia e a Literatura.

 

João Pessoa, 10 de maio de 2022.

Educação Popular (PDF)

Apresento aqui o livro intitulado como acima, em que a leitora e o leitor poderão ter uma sucinta ideia de como os meus trabalhos e escritos se desenvolvem e se articulam, tendo sempre a preocupação central de lançar um olhar sobre o momento presente, problematizando a realidade contemporânea, para assim, fazer emergir o “inédito viável”, ou seja, o futuro a construir.

Compreender criticamente o hoje para construir coletivamente o amanhã, sem perder de vista o passado, é um movimento instituinte do meu pensamento, que constantemente ressalta a importância da “memória histórica” e a característica ontológica da realidade social, em sintonia com o que assinalou Eduardo Galeano ao nos lembrar que: “A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi e contra o que foi, anuncia o que será”.

Faço uma síntese meticulosa entre o legado cristão humanista e o pensamento crítico de influência marxiana. Dessa forma, as minhas contribuições desenvolvem-se com uma forte vinculação com as classes populares e na reflexão sobre os desafios dos movimentos sociais populares (do campo e da cidade) e dos movimentos sindicais diante das adversidades e contradições dos grupos políticos de esquerda frente ao avanço neoliberal. Mantendo sempre uma perspectiva histórica, trato de lançar “luzes” a respeito das situações-limites enfrentadas pelos setores cristãos
progressistas e as contribuições da Teologia da Libertação.

Leia o texto na íntegra:

Clique para acessar o Educa%C3%A7%C3%A3o-Popular_AlderJulioFerreiraCalado_EditoraCCTA-UFPB-2020.pdf

 

Uma percuciente, atualizada e heurística leitura do pensamento freireano

Concisas anotações sobre o livro de Marcelo Bezerra Oliveira. “A Teoria do Conhecimento em Paulo Freire: pressupostos gnosiológicos da Pedagogia do Oprimido”

Justamente neste período que se situa entre as comemorações dos 50 anos da publicação do livro “Pedagogia do Oprimido”(2018) e o ano (2021) em que vamos comemorar os cem anos do natalício de Paulo Freire, eis que o filósofo Marcelo Bezerra Oliveira nos brinda com a publicação do seu mais recente livro intitulado “A Teoria do Conhecimento em Paulo Freire: pressupostos gnosiológicos da Pedagogia do Oprimido”. ( São Paulo , Edição própria, 2020).

Estamos diante de uma pesquisa  de fôlego, elaborada de forma cuidadosa e percuciente, tematizando os fundamentos epistemológicos do pensamento de Paulo Freire. O autor já havia apresentado em 1988 sua Dissertação de Mestrado à UFPE, sob orientação do professor Michel Zaidan. Ao revisitar este seu trabalho ainda não publicado, em que se debruça sobre a mesma temática, se lança à feliz aventura de, partindo dela, reescrevê-la. Pelo que podemos depreender de sua Dissertação, não hesitamos avaliá-la como uma contribuição notável às pesquisas e estudos sobre o percurso epistemológico perseguido por Paulo Freire. Sucede que a iniciativa de Marcelo B Oliveira resultou em um profundo salto de qualidade, relativamente ao seu trabalho inicial. Diríamos que o autor, ao retomar o tema de sua Dissertação, dispõe-se a aprofundar qualitativamente sua investigação, permitindo-nos interpretá-la como uma valiosa Tese, cuja qualidade não sofre qualquer interferência, pelo fato de não ter passado pelas bancas da Academia.

A iniciativa do autor condiz muito bem com seu perfil de pesquisador cioso de sua autonomia, não apenas quanto a este episódio. Eis por que, antes de nos debruçarmos mais diretamente sobre o seu livro, permitimo-nos fornecer breves linhas sobre seu perfil biobibliográfico.

Singularidades de um filósofo

Resulta insólito, em uma época em que grassa a tendência do academicismo, sob um clima de cultura à fogueira das vaidades, aparecer um filósofo que aprecie o exercício de filosofar, atendo-se  às correntezas subterrâneas. Assim, tem-se mostrado a figura do filósofo Marcelo B. Oliveira. 

Diferentemente do que sói acontecer a figuras convencionais de filósofos, Marcelo B. Oliveira, em sua já considerável produção filosófico-literária, não tem investido em uma estratégia de publicidade de sua obra. Tem preferido exercitar sua produção, por vias próprias sem recorrer a editoras famosas, não obstante a qualidade de sua produção literária e filosófica. De sua lavra já podemos contar com algumas dezenas de livros versando sobre te

 mas diversificados, em especial no âmbito da filosofia  e da poesia, dentre as quais: Folhas e Flores em Poemas, O Encanto dos livros, Pensamento e Poesia, História Rimada das Filosofias, Poetofilosofia, . Para além  de livros, tem também escrito dezenas de folhetos de cordel, tematizando uma diversidade  de situações humanas, inclusive no campo hagiográfico.

Parece-me relevante e oportuno sinalizar aspectos que caracterizam este autor, a partir mesmo de sua auto-apresentação:

“Nasci em 1955, no sertão de Pernambuco. Fui graduado em Filosofia pela UNISINOS, em 1978, e titulado com mestre pela UFPE, em 1988.

Dedico-me ao estudo e elaboração de textos filosóficos e poéticos.

Não escrevo para satisfazer exigência do mercado  editorial, mas unicamente pelo prazer do conhecimento. Por isso gosto de afirmar que sou um pensador independente. Poetizo com liberdade para poder  contestar a decadência da mentalidade dominante, que transformou os livros em simples mercadoria para  consumo.

Estou fora do mercado e não tenho nenhum interesse em escrever para fazer sucesso de venda. O mercado funciona como a censura  de hoje.  A autonomia é minha marca e o meu estilo.

Nesta perspectiva, publiquei também O Encanto dos livros, em edição particular.”

Publicou, ainda, os seguintes textos:                 

– O Encanto dos livros

-Folhas e Flores e poemas

-Pensamento e poesia

-História rimada das filosofias- (Cordel )

-Voos poéticos

-Filosofia popular

-Momentos

-Poetofilosofia

De sua produção filosófica-literária, cumpre destacar algumas qualidades nelas observáveis.  Uma  primeira  que percorre toda sua produção – diz respeito ao  processo de humanização, em uma perspectiva freireana. Assume como seu principal horizonte a  busca incessante de horizonte libertador , no qual os seres humanos se aplicam a desenvolver suas mais distintas potencialidades, em especial a de responderem, a sua vocaçação à Liberdade. Não é por acaso, sua incursão, ainda em fins dos anos 80, pela investigação sobre o legado freireano, da qual resultou sua Dissertação de mestrado, versando sobre a teoria do conhecimento em Paulo Freire, focando mais precisamente os pressupostos gnosiológicos da “Pedagogia do Oprimido”. Pesquisa de fôlego que, a justo título, o autor acaba de converter em livro. A quem deseje apreciar a fecundidade do conhecimento freireano desenvolvido por Marcelo, recomendo a leitura de seu livro recém- publicado, para o que me permito indicar seus contatos: Facebook; literato.20@hotmail.com

Outra característica de sua obra sublinha a importância do quotidiano, chão no qual os mesmos seres humanos – mulheres e homens – empenham-se em plantar sementes existenciais demandando o mesmo horizonte humanizador. Sua condição de poeta  lhe confere um condimento todo especial: nas páginas por ele produzidas, é capaz de ativar os diversos sentidos humanos voltados à percepção e à fruição de detalhes – que não raro nos passam imperceptíveis – , que fascinam pelo seu potencial de penetração no coração humano.

Como prometido, restringi-me a fornecer brevíssimos traços deste filósofo, cuja contribuição segue à contra corrente da lógica de mercado, razão por que entendo como oportuno destacar algumas de suas características, no intuito de expressar reconhecimento e de estimular uma aproximação mais ampla deste autor que prima pela autonomia em um contexto ameaçado pelo pensamento único. 

Anotações em torno de seu mais recente livro

Pontos axiais que recolhemos desta leitura heurística do legado freireano

Impacta-nos, em primeiro lugar, a retumbante atualidade diante da qual o autor nos lança.Resulta confortante,nesta quadra histórica tenebrosa,a iniciativa proposta pelo autor,ao nos proporcionar uma instigante refontização das energias comunicadas pelo legado de Paulo Freire.  Marcelo B.Oliveira nos permite revisitar um Paulo Freire, em sua inteireza,vivo e vivificante, a ressurgir esplendoroso. Permite-nos reexperienciar sua ética, sua estética, sua poética.Mas do que mergulhar no universo vocabular freireano, o autor se empenha, com êxito, em dissecar a figura de Paulo Freire, especialmente como um genial produtor de cultura, de conhecimento, situando-o, a justo título, como um filósofo da História, a partir de sua notável contribuição gnosiológica.

Marcelo B de Oliveira não exita em apresentar-nos um Paulo Freire multidimensional, retratado em sua diversidade, costurada por um fio condutor que atravessa seu percurso existencial, partindo de um exaustivo exercício analítico da teoria do conhecimento presente na obra freireana, e calcado em sólidos fundamentos teórico-metodológicos, Marcelo Bezerra Oliveira faz- nos passear longamente pelos caminhos freireanos, sempre lastreado em uma notável diversidade de autores e autoras nos quais busca trazer à tona relevantes elementos de sua trajetória gnosiológica, sempre conectada a outras dimensões que, não sendo alvo específico da pesquisa, se relacionam dinamicamente com abordagem ensaiada.

Como sói acontecer em espaços destinados à introdução de uma Dissertação, ou de uma Tese, também aí recolhemos uma visão de conjunto do que pretende focar o autor. Tanto na introdução quanto nos capítulos, sentimos eloquente a preocupação do autor em nos apresentar um Paulo Freire bem contextualizado, bem caracterizado, inclusive em sua reiterada vontade de, mais do que repeti-lo ou reeditá-lo vir a ser também reinventado. Neste sentido, do começo ao final do livro, podemos perceber o empenho do autor em dialogar como um interlocutor à altura com Paulo Freire com outras figuras que sobre ele também exerceram influência ou apresentaram afinidades eletivas de relevância. Desde a introdução, antes mesmo, já nos esclarecimentos, Marcelo Oliveira emite sinais de refletir criticamente múltiplos traços da teoria do conhecimento em Paulo Freire embora sublinhando mais fortemente sua “Pedagogia do Oprimido”, em verdade, vai mais longe o empenho do autor, em nos fazer percorrer muitos outros de seus trabalhos – uma vintena -, o que demonstra a qualidade de sua análise. Ao mesmo tempo, sempre ao modo freireano, ocupa-se em nos trazer presentes as linhas- mestras da conjuntura sociocultural, em que Paulo Freire esteve a desenvolver seus trabalhos. Inquietação tanto mais valiosa, quanto o autor seguidamente nos remete à situação presente, lembrando suas aproximações e seus distanciamentos , de modo bem fundamentado.

Não se limitando recorrer aos clássicos,como representantes das correntes mencionadas,também dialoga com diversos dos respectivos representantes,na contemporaneidade.Percorre obras fundamentais de Carlos Alberto Torres, Enrique Dussel, Moacir Gadotti, Álvaro Vieira Pinto,Roland Corbisier,Helder Câmara, Ernane Fiori, Manfredo Berger, Vanilda Paiva- para mencionar apenas alguns de uma extensa lista. 

Não surpreende, destarte, o leque de conceitos e categorias de ( ou associadas a) universo vocabular frereano, resultantes de tão fecundo e instigante diálogo de saberes. Em inúmeras passagens deste livro, deparamo-nos com conceitos e categorias tais como: “Transculturalidade”, “Intransitivação”, “Anadialética” (Enrique Dussel),”Interconscientização”(Freire) “Transitivação” (Freire) “Diálogo” (Freire)” “Inacabamento” (Freire)”,

 Totalidade” (Heegel/ Marx)”, Ser mais” /”Ser para si” (Hegel), “Conscientização” (Freire)…

Ainda no tocante à sua estratégia teórico-metodológica, ou à sua abordagem teórico-conceitual,cumpre bem ressaltar um outro traço não menos relevante em sua pesquisa: o exercício da interdisciplinaridade, bem como da “transdisciplinaridade”.

Em consequência de tal abordagem, o autor cuida de trazer à tona, sempre de modo interconectado, todo um conjunto de saberes disciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares, graças ao que faz apelo seja à Filosofia ,seja ao campo científico ( Antropologia, Sociologia, Pedagogia, Ciência da Linguagem), bem como dos saberes populares, dos saberes artísticos, dos saberes religiosos, dos saberes técnicos…

É assim que prossegue, em sua análise percuciente dos traços epistemológicos da pedagogia freireana. Ao fazê-lo, empenha-se em destacar um amplo conjunto de elementos gnosiológicos observáveis na obra de Paulo Freire.

Na elaboração teórica do conhecimento, exercitada por Paulo Freire, vêm à tona marcas relevantes, a exemplo de sua universalidade. Justamente por ter percorrido esses caminhos acima resumidos, é que Paulo Freire se mostra como um arguto Pensador, cujo filosofar transpõe barreiras e limites regionais, logrando, estender-se a uma escala mundial, à medida que seu estilo de filosofar se radica, antes de tudo, no chão da história, no cotidiano dos humanos, em sua relação entre si e com o mundo. Destaca, ainda, o cuidado de Freire em reconhecer o inacabamento dos humanos, sem ignorar suas enormes potencialidades.

É da consciência de seu inacabamento, que os seres humanos passam a galgar, de modo processual, patamares mais elevados, em seu processo de humanização.

Seu senso de universalidade fundamenta-se em sua disposição e auto-vigilância de não reconhecer, entre os humanos, qualquer superioridade de natureza cultural, ou de outras qualidades características dos humanos e dos contextos sócio-culturais respectivos.É, também assim, que refuta radicalmente qualquer legitimidade a pretensões de superioridade, tais como o eurocentrismo ou mesmo as categorias historicamente disseminadas, tais como expressas pelo conceito “primeiro mundo / segundo mundo/terceiro mundo “… ainda que, em várias de suas linhas, acabe recorrendo a semelhantes expressões, tem consciência de sua imprecisão. O mesmo se dá, em relação a tantos outros conceitos e categorias, como no caso das relações sociais de gênero. Reconhece as críticas a ele dirigidas pelas mulheres, por pretender e por utilizar o termo “homem”como capaz de abarcar o conjunto dos humanos, inclusive das mulheres. reconhecimento que se pode observar em passagens como a que ocorre em seu “Pedagogia da Esperança”, em que Freire trata de fazer uma releitura da “Pedagogia do Oprimido”, mais de 20 anos depois da publicação deste último.

O livro também da prova dá capacidade de seu autor, de exercitar uma leitura aguçada de outras categorias freireanas.É, por exemplo, o caso do conceito “diálogo”. Diferentemente do entendimento conferido por figuras de referência da filosofia grega, a exemplo de Platão, em Paulo Freire o sentido de Diálogo traz uma conotação radicalmente distinta à medida que se trata de um exercício entre interlocutores situados no mesmo plano de igualdade e dignidade de tal sorte que um não se situe em plano hierárquico em relação ao outro, em que ambas as partes se ponham na condição de aprendizes uma da outra, em que um polo desta relação não se suponha acima da condição dialogante do outro polo, em que ambos ou ambas busquem intercambiar experiências capazes de inspirar o outro ao outro inspirados em suas respectivas situações existenciais. Trata-se de um exercício de comunhão, como Freire sugeria em seu conhecido livro “extensão ou comunicação ? “tal sentido de diálogo provoca verdadeira revolução na qualidade das relações sociais e intersubjetivas.

Outro elemento gnosiológico sublinhado pelo autor, em sua análise da teoria do conhecimento em Paulo Freire, corresponde à profunda ressignificação que este autor confere a uma adequada avaliação das relações e dos significados entre os saberes humanos (filosófico, científico, técnico, popular, artístico, religioso… ) aqui, também, se observa um salto qualitativo revolucionário na ressignificação dos termos dessas relações, de modo a refletir sua reconhecida dimensão de universalidade, à medida que empreende uma justa e equitativa avaliação entre diversidade de saberes, sem deixar de reconhecer as especificidades de cada um deles, mas entendendo os complementares, ante a totalidade do conhecimento da realidade.

Desde o primeiro Capítulo, sem qualquer hiato com o que foi exposto na introdução, trata de induzir-nos a várias dimensões gnosiológicas presentes na obra freireana, não sem relacioná-las a múltiplas contribuições, no mesmo campo gnosiológico, com os quais Paulo Freire apresenta afinidades relevantes, com umas mais do que com outras. É, sobretudo, no segundo capítulo que o autor passa a aprofundar diferentes liames do pensamento freireano com outras contribuições com as quais se percebe um diálogo explícito ou implícito. O autor cuida, então, de fazer um percurso por uma série de correntes – cerca de 7 -, buscando trazer à tona elementos significativos de interlocução com a obra de Paulo Freire Permite-nos, assim, passear por várias correntes de pensamento, bem como seus respectivos representantes mais reconhecidos, que, de alguma forma, apresentam sintonia gnosiológica. O Legado da obra freireana neste sentido, rememora, a justo título, várias correntes de pensamento, tais como o Marxismo, a Fenomenologia,o Existencialismo, o Personalismo, A fenomenologia, a filosofia da linguagem, a Teologia da Libertação e outros enfoques antropológicos que Paulo Freire, em sua obra, toma como referência ou alvo de interlocução.

No caso específico da corrente marxista, acentua sobretudo a própria figura de Marx, ainda que não descuidando de outras expressões desta corrente, A exemplo de Antonio gramsci, de Marcuse e outros. Quanto à corrente fenomenológica, traz- nos à cena vários representantes, inclusive Heidegger. Quanto a corrente existencialista, também sublinha a importância de figuras como Jean-Paul Sartre, trazendo-nos algumas de suas obras, tais como “questão de método”, como referência de diálogo implícito com Freire relativamente a teologia da libertação, apresenta-nos várias figuras de destaque: Gustavo Gutiérrez, Leonardo Boff, José Comblin, Frei Betto, Luiz Alberto Gomes de Souza, entre outros. Quanto a outras correntes como a corrente do personalismo e do humanismo, discorre com representantes tais como Mounier, Eric from e outros.

Uma marca substantiva do modo freireano de elaboração gnosiológica reside no lugar privilegiado que ele atribui à busca da verdade, demonstrando seu incondicional apreço à esta busca, como, a justo título, assinala Marcelo B. Oliveira. Freire também se vale da Tese II, das onze que Marx contrapõe ao pensamento de Feuerbach de que não é pelo discurso, mas pela prática que se obtém o critério de comprovação da verdade.  Agrada-nos ter isto presente, sobretudo nesses tempos de “pós-verdade”, de constantes “fake news” e outras estratégias do tipo. 

 

A Pedagogia freireana também dialoga fortemente com Gramsci, inclusive no que toca ao reconhecimento de todo o ser humano como ser que exercita o filosofar, não sendo este apanágio de eruditos. Daí a qualidade do diálogo que freire empreende também com as pessoas mais simples. Isto se estende diretamente ao processo educativo, no qual educadores e educandos aprendem uns com os outros, a partir de suas experiências concretas, de seus saberes prévios. Trata-se do reconhecimento da dimensão discente de todo educador, de toda educadora, bem como da dimensão docente dos educandos e educandas. 

 

Freire ainda se mostra inspirado em Gramsci sob outros aspectos, um deles tem a ver com o compromisso de todo educador, de toda educadora em compartilhar seus saberes com os estudantes, comprometendo-se e buscando fazê-los passar de um patamar inicial de conhecimento a outro mais elevado. Em outra tese de Marx a terceira dirigida em contraposição a Feuerbach, tem a ver com o compromisso de todo verdadeiro educador, de toda educadora de estar sempre em processo de educação, educando-se e reeducando-se.  

 

Do ponto de vista da linguagem, Marcelo B. Oliveira chama a atenção para uma qualidade fundamental do educador, da educadora: a de cultivar uma linguagem compreensível pelos educandos e educandas, de modo a desfazer-se de jargões ininteligíveis tão frequentes nos meios acadêmicos. Tal compromisso constitui uma condição para que o educador, a educadora se aproxime cada vez mais da gente simples e dela nunca se distancie, sob pena de não lhe ser fiel, nos compromissos mais relevantes relevantes.

 

Estes breves registros nos sirvam para expressar um reconhecimento público do trabalho do filósofo Marcelo B. Oliveira, cuja análise dos fundamentos da teoria do conhecimento em Paulo Freire se reveste de um caráter percuciente e heurístico, à altura dos bons interlocutores freireanos. 

 

João Pessoa, 1 de julho de 2020.

Un país para todos

La vida da muchas vueltas. La situación que se está viviendo en Brasil, donde una presidenta honesta corre el riesgo de ser destituida sin que haya cometido ningún delito que justifique tamaña ruptura del orden institucional garantizado por la constitución, despierta en mí ecos de situaciones parecidas vividas en el pasado.

Así también, vienen a mí sensaciones y sentimientos, pensamientos, parecidos a los que tuve también a partir de esas situaciones del pasado que el presente llama de nuevo. Uno vuelve a involucrarse con las calles. Volver a la calle como un lugar donde se defienden los derechos sociales, los derechos de las mayorías, el orden constitucional.

Volver a mirar el país como una totalidad de la cual uno forma parte, no sólo físicamente, sino emocionalmente, integralmente. Un país es más que una nación. Es el lugar donde uno se plantó, donde echó raíces.

Estos días de crisis, de manifestaciones de la derecha fascista y de esa masa amorfa de la cual se nutre, plagada de prejuicios anticomunistas, antipetistas, antinegros, antiindios, antimujeres, antihomosexuales, a uno evidentemente lo ponen en pie de guerra.

Mis memorias vuelven a flote. Uno se vuelve a mezclar con personas que pertenecen a los distintos segmentos de esta ciudadanía diversa y plural que ha ido ganando aires de gente, lugar de gente, en buena medida gracias al trabajo de los gobiernos nacionales del PT.

Ciertamente, hay todo un laborioso trabajo colectivo que ha venido convergiendo en esta dirección de la construcción de un país para todos. La imagen de un país para todos. La construcción del SUS-Sistema Único de Salud, el movimiento antimanicomial, los movimientos de trabajadores rurales, que reivindican incansablemente tierra para trabajar.

Son quienes producen la comida que comemos, y no sólo no tienen tierra, sino que los matan sin piedad, como a los indos, a los negros, a los jóvenes pobres en las periferias urbanas, a las mujeres que enfrentan la cruel y criminal cultura machista.

Toda esta marea social, tiene mucha alegría, mucha energía, mucha disposición no sólo de apoyar al gobierno de Dima Rousseff, sino más aún, lo que es de lejos mucho más importante, seguir construyendo desde abajo y a muchas manos, una sociedad más justa, porque más respetuosa de las diferencias. Una sociedad capaz de crecer con los diferentes.

La diferencia es lo que nos caracteriza, a los humanos. Sin ella, somos masa. La masa no piensa. La masa es conducida por los dueños del poder, llevada de aquí para allá. Alguien le dice a la masa lo que pasa, alguien le dice a la masa lo que debe pensar, lo que debe sentir, lo que debe hacer. La masa es la negación del ser, la negación de la autenticidad, la negación de la autonomía.

Estos días de crisis, han puesto al desnudo una prensa partidista, claramente antipopular y antisocial, al servicio de la explotación y de la alienación. A ella se asocia, peligrosamente, el poder económico y financiero, las oligarquías partidarias, las iglesias fundamentalistas, un poder judicial acobardado, omiso y servil, y una policía federal peligrosamente autonomizada.

Este cuadro despierta la movilización popular a lo largo y a lo ancho de Brasil para fortalecer los lazos solidarios entre los distintos movimientos que luchan y trabajan por la preservación de la república más allá de lo jurídico, hacia lo social, lo comunitario, lo personal, lo propiamente humano.

Es necesario que nos demos las manos, fortaleciendo una visión, una imagen de país unificado, fuerte y en movimiento. Una pedagogía de la liberación, como la que elaboró y practicó Paulo Freire, en dirección a un ser humano autónomo, capaz de saber quién es y qué quiere.

Aquí es donde me permito ver la enorme fuerza potencial de colaboración en esta bella tarea colectiva (una “poesía social,” como dice el Papa Francisco al referirse a los movimientos sociales), de la Terapia Comunitaria Integrativa, un trabajo de base que se viene realizando en casi todo el territorio brasileño, por lo que tiene de creación de espacios de libertad y desalienación. Sumar, a partir de personas liberadas, que se expanden en colectivos menores, como ondas en el agua.

Hay más lugar

En la Terapia Comunitaria Integrativa tenemos una oportunidad para recuperar la noción del ser que somos.

Hay más lugar. Hay más espacio. Esta es la sensación que vengo sintiendo de manera muy fuerte. Hay más lugar. Hay más espacio. Hay más lugar, más allá de las ideologías y de las creencias. Más allá del prejuicio y la crítica. Más allá de las programaciones y las proyecciones. Más allá del pasado que presiona al presente.

Más allá de las exigencias, más allá de las procupaciones. Más allá del miedo. Hay más lugar. Hay un espacio. Hay un lugar. Esto lo vengo experimentando ya desde hace algún tiempo. Lo he venido registrando en mis escritos. Y lo he vivenciado más fuertemente, a partir de algunas experiencias.

La más reciente, el encuentro de Terapia Comunitaria Integrativa realizado en el Comedor Universitario de la Universidad Nacional de Cuyo, el lunes pasado, 27 de julio de 2015. Viene a mí aquél momento, esas personas todas reunidas alrededor de la sala. Las hablas de cada una. El dolor de acompañar a un padre enfermo. Los sentimientos de fragilidad.

El ahora como algo que hay que aceptar. Hay que aprender a convivir con lo que está aquí, el presente. Soltar. Dejar. Aflojar. No exigirse tanto. No exigir tanto. Algo intangible se repuso en mí a partir de este encuentro. Respiro mejor. Ya no me siento tan solo. Me siento integrado en una experiencia colectiva.

Gente de los bairros y de la universidad. Gente que, como yo, se enfrenta con los mismos dilemas que nos tocan a todos los seres humanos. Me siento mejor desde ese entonces. Algo se recompuso em mí, se viene recomponiendo. Vengo reuniéndome. Vengo recuperando el ser que soy, la persona que soy. Esto recibe un empuje inigualable, un estímulo considerable, en cada encuentro de Terapia Comunitaria Integrativa.

En ese juego de reflejos en el que me reconozco en tu historia, recompongo mi lugar en el mundo y adentro de mí mismo. Algo en mí está donde debe estar, y está de la forma como debe estar. Me acuerdo que yo también fui un trabajador. Yo también tuve que obedecer a horarios y a clientes prepotentes. También tuve que sobrevivir a las presiones de tener que agradar.

Tener que agradar desagradándome. Por eso ahora celebro este espacio. Siento que hay más lugar, y esto me alegra. Respiro mejor. Tuve que sobrevivir a las presiones de tener que agradar al punto de tener que ser perfecto. Una locura. No existe algo como la perfección. No soy perfecto. Soy humano. Y de esto me acuerdo cuando participo de los encuentros de Terapia Comunitaria Integrativa.