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Experiência com perguntas, e perguntas pela experiência


Tenho me dedicado e ainda me dedico a experimentar com perguntas, acerca de várias coisas ou assuntos: Quem sou eu? Como o que sou e o que faço se inserem na minha história de vida? O que é que isto tem a ver com a minha trajetória vital?

Hoje, em particular, me fiz esta pergunta: Como tem sido a minha experiência a este respeito? Esta pergunta me ajudou a ver uma diferença grande que existe entre eu me orientar pelas minhas crenças e suposições, ou eu me abrir para o exame da minha própria experiência.

A minha experiência me diz algumas coisas, mas as minhas crenças e suposições me dizem outras coisas. Eu posso escolher por que vou me orientar.

Uma pergunta abre um espaço. As perguntas abrem espaços, oferecem possibilidades.

Quando eu faço alguma pergunta para mim mesmo ou para outra pessoa, a gente pode duvidar, pode examinar, abre-se uma possibilidade.
Quando eu me pergunto: Como tem sido a minha experiência a este respeito, vem um feedback da realidade, não da mente. É uma matéria de uma natureza diferente.

Eu posso pensar que não gosto de gente ou de uma certa pessoa, ou que não gosto de fazer ginástica. Mas a minha experiência pode me dizer o contrário. É bom que eu saiba que posso contar com a minha experiência.

O campo das ideias e crenças é um espaço muito disputado pela dominação e o controle.

O campo da experiência, está mais na nossa mão. Podemos encontrar pela experiência e na experiência, um pouco mais de paz, um pouco mais de autonomia. E uma noção mais clara e mais livre sobre nós mesmos e sobre a nossa vida.

El poder libertador de la pregunta

Una pregunta abre un espacio. En la medida de que voy admitiendo más que no sé algunas cosas, puedo ir liberando espacio dentro de mí. Últimamente, he tenido la experiencia de verificar cuánto espacio interior se puede ir recuperando, al admitir algunas preguntas esenciales en mi vida.

Varias de ellas, originadas en la Terapia Comunitaria Integrativa creada por Adalberto Barreto. ¿Quién sos vos, vos sos quien sos, o quien los demás quieren que vos seas? ¿De donde viene tu fuerza? ¿Vos solamente has sufrido, o has crecido con tu sufrimiento?

Varias de estas preguntas son formuladas en encuentros de terapeutas comunitarios, otras, en vivencias de los cursos de Cuidando del cuidador. En todos los casos, lo que compruebo, es que importa más el espacio que la pregunta abre en la persona, que las eventuales respuestas que la persona pueda dar, o de hecho de.

No es que no importen las respuestas. Importan, sí, pero importa más el espacio que la pregunta abre. El espacio que la pregunta libera. Cuando uno tiene información sobre alguna cosa, cierra la puerta. Cuando hay una pregunta, o una duda, hay un espacio aberto.

En la medida en que yo pueda irme habituando a convivir más con las preguntas, más con la incerteza, más con el no saber, estaré más liviano, más apto para el caminhar por la vida. Las preguntas van generando un espacio interior.

Es como una mancha de aceite, como un movimiento interno que va desalojando prejuicios, va eliminando ideas falsas, saber ajeno internalizado. Los bloqueos que ocupaban mi espacio interior, van desaparecendo, voy pudiendo fluir mejor en el mundo.

No sé mucho sobre mí mismo, ni sobre la gente que me rodea, ni sobre el mundo o sobre Dios. Y este no saber, me abre a ese conocimiento sutil que la vida me va haciendo conocer. Es un saber tranquilo, que no ocupa lugar.

No me hace prepotente ni me distancia de la gente, ni de mí mismo ni del mundo. Me unifica sin que me de demasiada cuenta de ello. Me unifica conmigo mismo. Lo que antes estaba separado por la condena o por la culpa, es parte de lo que yo soy. Yo no soy solamente luz, nadie es solamente luz. Soy luz y sombra. Todos somos luz y sombra.

En la medida en que la semejanza entre lo que hay adentro y lo que hay afuera, se va mostrando más evidentemente, viene una especie de paz. Una especie de silencio. Y las preguntas, todas las preguntas, me van asemejando más a todo lo que me rodea, ese inmenso misterio irrespondibe, inexplicable.

Superando a vitimização

Você só tem sofrido, ou tem crescido com seu sofrimento? A pergunta se repete três vezes. Você só tem sofrido, ou tem crescido com seu sofrimento? Você só tem sofrido, ou tem crescido com seu sofrimento?

Quando a gente escuta esta pergunta, o importante não é tanto a resposta que se possa dar, de imediato ou depois. Nem sequer importa muito –na minha compreensão neste momento—se de fato a pergunta for respondida ou não. Importa, ao meu ver, o acolhimento da pergunta.

A Terapia Comunitária Integrativa começa com o acolhimento, nas rodas. Alguém nos recebe, alguém pergunta o nosso nome. Escutamos histórias de problemas, e tentativas de resolução, ou resoluções de fato, ou formas de aprendizado que as pessoas desenvolvem para conviver com o que não podem mudar, com o que não podem superar.

Mas agora, neste momento, ao que gostaria de continuar a me referir, é ao acolhimento da dor, do sofrimento. E o que este acolhimento é capaz de nos proporcionar. Pode parecer masoquismo que alguém diga que devemos acolher a dor.

Podemos estar acolhendo, em verdade, um fato doloroso ou muitos fatos dolorosos da nossa vida, no sentido de dizermos: sim, isto aconteceu. E eu fui capaz de sobreviver. Eu fui capaz de dar a volta for cima.

Ou: eu não estou podendo modificar algo na minha atual circunstância de vida, que me faz sofrer, e estou tendo que aprender a conviver com o que não posso modificar. Em todos os casos, saímos de uma postura de vítima, para uma de co-responsabilidade.

Eu tenho que conviver com algo que me faz sofrer e não posso modificar. Não posso modificar o fato, a circunstância, talvez, mas posso mudar a minha atitude interior. Posso ao invés de rechaçar pessoas com as quais devo conviver, e cujos atos ou atitudes me incomodam, olhando desde outro ponto de vista.

Isto não é para criar um conformismo, uma acomodação, mas para me libertar da reação, do reativismo, que me aprisiona. Voltando à pergunta do começo: cada pessoa tem dentro de si, um cabedal de recursos interiores que usou ao longo da sua vida, para chegar até onde está, para vir a se tornar a pessoa que é.

Ou, melhor dizendo, como Paulo Freire, a pessoa que estamos sendo. Esses recursos interiores são os que vão nos dando a certeza de que nós podemos. É o giro interior: eu pude, eu posso. Não que eu possa sozinho, nunca se é sozinho. Tudo se supera em comunidade, na união com outras pessoas.