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Pátria

Affonso Romano de SantAnnaGostaria de partilhar com as leitoras e leitores, uma frase de Hermann Hesse no seu livro Caminhada, e trechos de um poema de Affonso Romano de Sant’Anna intitulado Que país é este?
A frase de Hermann Hesse: “Pátria não é á nem cá. É onde você está, ou em lugar nenhum.” Obviamente esta frase faz parte de um texto, e fora de contexto as suas ressonâncias serão outras. Mas acredito que e mera consideração do que o autor de Siddhartha nos diz nessas poucas palavras, possa ser de utilidade nos dias de hoje. “Pátria não é lá nem cá. É onde você está ou m lugar nenhum.” Li esta frase no contexto do livro Caminhada, em que o autor de Jogo das contas de vidro reúne escritos breves e poemas ilustrados por aquarelas dele próprio. O motivo de que que esteja hoje partilhando esta frase, que necessariamente deverá remeter à leitura do texto de que faz parte, é um certo incômodo com ideias de nacionalismo que muito facilmente escondem interesses de dominação. Hermann Hesse, que se viu obrigado a emigrar da sua terra natal devido às suas ideias e posições pacifistas, continua sendo um referencial forte para quem esteja em busca da sua libertação interior.
O trecho do poema de Affonso Romano de Sant’ Anna Que país é este? chegou às minhas mãos em 1980, no tempo em que morei no Rio de Janeiro. Foi presente de um exilado argentino que me precedera e de quem guardo boas recordações, pela hospitalidade e solidariedade. O gesto e o poema, foram uma espécie de introdução a um país que me acolheu e pelo qual fui gerando, ao longo dos anos, um imenso carinho. Lá vai:
Que País É Este?
1
Uma coisa é um país,
outra um ajuntamento.
Uma coisa é um país,
outra um regimento.
Uma coisa é um país,
outra o confinamento.
Mas já soube datas, guerras, estátuas
usei caderno “Avante”
— e desfilei de tênis para o ditador.
Vinha de um “berço esplêndido” para um “futuro radioso”
e éramos maiores em tudo
— discursando rios e pretensão.
Uma coisa é um país,
outra um fingimento.
Uma coisa é um país,
outra um monumento.
Uma coisa é um país,
outra o aviltamento.
(…)
2
Há 500 anos caçamos índios e operários,
há 500 anos queimamos árvores e hereges,
há 500 anos estupramos livros e mulheres,
há 500 anos sugamos negras e aluguéis.
Há 500 anos dizemos:
que o futuro a Deus pertence,
que Deus nasceu na Bahia,
que São Jorge é que é guerreiro,
que do amanhã ninguém sabe,
que conosco ninguém pode,
que quem não pode sacode.
Há 500 anos somos pretos de alma branca,
não somos nada violentos,
quem espera sempre alcança
e quem não chora não mama
ou quem tem padrinho vivo
não morre nunca pagão.
Há 500 anos propalamos:
este é o país do futuro,
antes tarde do que nunca,
mais vale quem Deus ajuda
e a Europa ainda se curva.
Há 500 anos
somos raposas verdes
colhendo uvas com os olhos,
semeamos promessa e vento
com tempestades na boca,
sonhamos a paz da Suécia
com suíças militares,
vendemos siris na estrada
e papagaios em Haia,
senzalamos casas-grandes
e sobradamos mocambos,
bebemos cachaça e brahma
joaquim silvério e derrama,
a polícia nos dispersa
e o futebol nos conclama,
cantamos salve-rainhas
e salve-se quem puder,
pois Jesus Cristo nos mata
num carnaval de mulatas.
(…)
Foto: Affonso Romano de Sant’Anna

Você conhece os “heróis da pátria”?

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HERÓIS DA PÁTRIA. O projeto de lei 7403 de 2002 de autoria do governo federal, atualmente na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, propõe “inscrever o nome do Barão do Rio Branco no Livro dos Heróis da Pátria”.

Pergunta: Você sabia que existe um “Livro dos Heróis da Pátria”? Atualmente, possui 10 nomes, clique aqui para saber quais são.

A referência de alguns é merecida, mas não a todos. Avalie você.

A esse respeito, declarou o dramaturgo alemão Bertolt Brecht: “Infeliz o país que precisa de heróis”.

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CHARGE. Reconciliação palestina na mira de Israel. Do Carlos Latuff

Identidade

No se puede conversar con el preconcepto. Desde el lado argentino, kirchneristas quieren porque quieren convencerme de que Kirchner fue una especie de líder que movilizó a los jóvenes a participar en la política, que Argentina está mejor después de Kirchner, y que quien no quiere a Kirchner es una especie de gorila, reaccionario y burgués. No me convence. Nunca me van a convencer si no me dan razones. Del lado de acá, del lado brasileño, el preconcepto antinordestino, asociado a la victoria de Dilma Rousseff, en quien acredito, en buen portuñol. No soy nordestino de nacimiento, pero por destino, camino con nordestinos y nordestinas hace años. Argentino, nordestino, brasileño. Me busco y no me encuentro, te cuento. Me busco en la madeja de prejuicos que apuestan en la imbecilidad humana y sigo apostando en un instinto tenaz, mendocino, muy mío, argentino del interior, nordestino, paraibano, de seguir apostando en el amor. Y si te parece piegas y no sabés lo que es piegas, te falta estrada, pibe, te falta. Como Hermann Hesse, continuo pensando: Pátria não é lá nem cá, é onde você está, ou em lugar nenhum.

Artistas pobres, estúdios modestos, relações profundas com a pirataria e a informalidade, direto da periferia:

Dica de @deangelis, texto do perfil no YouTube, vídeo na plataforma Vimeo.

Gravado entre os anos de 2006 e 2008, com recursos próprios e sem o auxílio de leis de incentivo e renúncia fiscal, o documentário Brega S/A fala sobre a cena tecnobrega de Belém do Pará. Feito por artistas pobres, gravado em estúdios modestos e com relações profundas com a pirataria e a informalidade, o tecnobrega é a trilha sonora da periferia da cidade, uma espécie de adaptação digital da música romântica dos anos 70 e 80.

No filme vemos qual a relação entre o tecnobrega e a popularização da tecnologia a partir do final da década de 90, bem como a maneira como esse estilo musical se associou à pirataria para criar uma rede de distribuição alternativa ao modelo proposto pelas grandes gravadoras.

Entre os principais personagens estão o MC de tecnobrega Marcos Maderito, o “Garoto Alucinado”, inventor do ‘eletromelody’ e que afirma manter contato com os espíritos de Cazuza e Renato Russo; DJ Maluquinho, uma espécie de Iggy Pop brega da periferia de Belém que jamais lançou um disco por uma gravadora e fatura milhares de reais por mês; e os DJs Dinho, Ellysson e Juninho, ídolos das aparelhagens, enormes sistemas de som que realizam festas itinerantes pelos bairros mais pobres da cidade.

Brega S/A: ficha técnica
Direção, roteiro e edição: Vladimir Cunha e Gustavo Godinho
Direção de fotografia: Gustavo Godinho
Produção executiva: Priscilla Brasil, Vladimir Cunha e Gustavo Godinho
Produção: Teo Mesquita
Assistente de direção: Rafael Guedes
Auxiliar de produção: Carlos Lobo e Bruno Régis
Som direto: Fábio Carvalho
Uma produção Greenvision Filmes

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FALANDO NISSO, o @partidopiratabr realiza seu Encontro Nacional nos dias 13, 14 15 de novembro em Brasília ou em São Paulo, saiba mais em http://is.gd/bp82P

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UMA DAS ESTRELAS desse ritmo, se você quiser conferir, é o DJ Cremoso, “a maionese do brega” 😉

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Chuvas em excesso este ano no Brasil são atípicas, diz Organização Meteorológica Mundial

2010 tem sido um ano atípico em relação ao volume de chuvas no Brasil, principalmente nas regiões sul e sudeste do país. A afirmação é do diretor-geral do Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil, Inmet, Antônio Divino Moura, que também ocupa o cargo de 3º vice-presidente da Organização Meteorológica Mundial, a OMM.

Moura afirmou, em entrevista à Rádio ONU: “Nós temos por exemplo várias medições na cidade do Rio de Janeiro, em regiões típicas como Tijuca, Santa Teresa e Copacabana, com mais de 200 milímetros de chuvas em 24 horas. Para se ter uma ideia 200 milímetros significa que, num quadrado de um metro por um metro, choveu de 20 a 200 litros de água. É uma coisa enorme, uma quantidade muito grande”.

Antônio Divino Moura ressaltou que as condições do solo associadas à ocupação irregular e à topografia da cidade, que tem muitos morros, encostas e bueiros com lixo, provocaram a recente tragédia na capital fluminense e em Niterói. O representante da OMM enfatizou que há uma tendência no litoral sul e sudeste do Brasil de aumento de chuvas, devido às alterações climáticas, baseado em dados dos últimos 50 anos. (Original em http://migre.me/wxde)

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UNESCO
. Fundo Internacional para a diversidade cultural recebe propostas até 30 de junho de 2010. Saiba mais em http://migre.me/wxcB

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SEM ÉTICA E SEM CARÁTER. A estupidez e falta de senso ético do @jornal_nacional atacando o MST não tem limites! Vergonhoso o tipo de jornalismo que se faz por ali.

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UÉ, O QUE É QUE TEM?

Um telejornal que não falo mais o nome reclamou que Hugo Chávez participou de juramento público de cidadãos pela Pátria. Eles cederiam, acusam os “jornalistas”, até mesmo suas próprias vidas.

Que é um pouco, não sei se eles lembraram, o que diz nosso hino:

“[…] Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.”

É bonito isso, mas nesse telejornalão ninguém gosta do país não. Eles são mais Paris, Nova Iorque, sabe como é.

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BRASIL TELECOM PROVOCA INFARTO EM USUÁRIO. “A Justiça do Rio Grande do Sul decidiu que a Brasil Telecom, empresa de telefonia, terá que indenizar a família de um homem que teve um enfarto e morreu após enfrentar uma longa espera para ser atendido pelo call center da operadora (…) A família contou que foram três meses tentando cancelar o serviço de banda larga, o BR Turbo. Na noite em que o marido de Elaine Bulling teve o enfarte a espera havia sido de 45 minutos” @ Leia em http://migre.me/wvjR

Hermann Hesse

Pátria não é lá nem cá, é onde você está, ou em lugar nenhum.