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Comentário: O Petróleo é nosso. E daí?

Gustavo Barreto, da redação

No cenário de debate sobre os rumos do Brasil e do mundo, há muitas “concordâncias” que ignoram a crítica saudável e podem criar supostos consensos. A campanha “O Petróleo é nosso” e suas variáveis contemporâneas, por exemplo, é oriundo do movimento social vinculado à economia política (que é ótimo, por sinal).

No entanto, como ficou visível durante o Fórum Social Mundial em Belém e em outros momentos que pude presenciar, ignora-se que o petróleo é por natureza poluidor e o aumento da sua produção está vinculado à ideia de que o Brasil precisa aumentar sua capacidade energética, o que é verdade se você é um capitalista interessado no aumento do PIB (nacional ou transnacional, tanto faz). Leia mais clicando aqui.

Este aumento da capacidade energética é, na visão de outros – que igualmente fazem parte do amplo leque de ativistas que formam os movimentos sociais ou entidades da sociedade civil -, uma falácia, já que isso atende apenas à demanda por consumo (por consequência do “crescimento econômico”).

Definitivamente eu não considero que a luta pela soberania nacional está vinculada à ideia de aumentar o consumo ou a capacidade energética, seja para o capital transnacional seja para o capital 100% nacional, ou mesmo para as empresas públicas ou mistas – caso da Petrobrás, público-privada, já que mais da metade dos lucros é revertido para “apostadores” das bolsas de valores.

Nada mais capitalista do que defender os interesses de uma determinada empresa, sua nacionalização ou transnacionalização. É preciso pensar, sempre que possível, quais os objetivos de cada setor produtivo, os incluindo num contexto mais amplo e checando se estão de acordo com a nossa responsabilidade efetivamente social e ambiental.

Do contrário, todos concordaremos com a visão restrita do governo brasileiro, cujo presidente insiste que, para combatermos a crise, precisamos comprar e comprar cada vez mais. Ignoram que a maior crise, como há muito se alerta, é a crise ambiental. Neste cenário, poderemos acabar com todas as madeireiras do Brasil e, mesmo assim, seremos engolidos pela busca desenfreada por energia.

Comentário: Um grampo com áudio, please. Só um

Por Luiz Carlos Azenha, do blog Vi O Mundo

Se, de fato, for o esquemão que imaginamos, está funcionando de novo: Veja faz uma acusação ao delegado Protógenes Queiroz baseada em supostas provas encontradas naquela ação da Polícia Federal contra o delegado, em que foram feitas apreensões de computadores e pen drives.

As informações são imediatamente “repercutidas” pelos jornalões. A manchete principal da Folha Online: “CPI dos Grampos deve apurar denúncia contra Protógenes”.

A CPI, que ia acabar sem indiciamento do delegado, repentinamente ganha nova vida. Quem é que vai se reunir para decidir o futuro dela? Michel Temer, Marcelo Itagiba e Raul Jungmann.

Ouvido pelo Estadão, Fernando Henrique Cardoso diz: “É o escutador-geral da República”. E dá apoio a Gilmar Mendes, lamentando o horror em que se converteu a bisbilhotagem generalizada. O tal “estado policial”.

E afirma:

Para FHC, Protógenes é uma pessoa com equilíbrio precário, porque “só o fato de estar ouvindo todo mundo sem ter razão para isso já o desqualifica”.

O mais curioso é que a reportagem de Veja diz que Protógenes teria investigado “a vida amorosa” de Dilma Rousseff. A ministra disse não acreditar que tenha sido espionada.

Na minha opinião, foi uma mensagem dos tucanos para a provável candidata petista. Da mesma forma que aquele jornalista, em nome de José Serra, escreveu: “Pó pará, governador”, numa alusão a Aécio Neves.

O delegado Protógenes nega que tenha feito o que a Veja diz que ele fez. Se ele de fato investigou tanta gente, eu gostaria de ouvir ao menos um grampo com áudio. Só um.

Comentário: Mainardi pedirá a cabeça de Jabor?

Por Altamiro Borges, de São Paulo

Karen Kupfer, da revista de fofocas Quem, da Rede Globo, publicou há poucos dias uma notinha reveladora sobre a relação promíscua entre jornalistas e políticos:

“Para comemorar o sucesso do programa Saia Justa, Suzana Villas Boas abriu sua casa no Alto de Pinheiros para uma festança daquelas. A turma de convidados, que também era recebida por Arnaldo Jabor, marido de Suzana, reuniu políticos, artistas e jornalistas. O candidato José Serra, para quem Suzana presta assessoria, foi prestigiá-la. Ficou um pouco e trocou idéias com alguns jornalistas”. Luís Frias, presidente do Grupo Folha, também participou da festança, “que ferveu na pista até o sol raiar”.

No mesmo período, a colunista Hildegard Angel escreveu no Jornal do Brasil outra nota curiosa: “Elmar Moreira, irmão de Edmar Moreira (o deputado dos demos que ficou famoso pelo castelo construído no interior mineiro), é casado com Ana Leitão, irmã de Miriam Leitão” – a jornalista da TV Globo famosa por seus palpites furados sobre economia, pela adoração ao deus-mercado e pela oposição doentia ao governo Lula. O interessante neste caso é que a colunista global, metida a sabe-tudo, nunca descreveu aos seus telespectadores os detalhes do luxuoso castelo demo. Leia mais clicando aqui.

Artista global com Kassab

Para encerrar a série sobre as relações indecentes entre jornalistas e políticos da direita, a sempre atenta Mônica Bergamo, uma das raras exceções do jornal Folha de S.Paulo, revelou no início de fevereiro: “O marido de Ana Maria Braga (estrela da TV Globo e do finado movimento golpista ‘Cansei’) é o mais novo colaborador da administração Gilberto Kassab (DEM-SP). Candidato derrotado à Câmara Municipal, Marcelo Frisoni vai assumir um cargo de ‘coordenação’ na Secretaria de Modernização, Gestão e Desburocratização” da prefeitura paulistana.

Dias antes, Bergamo foi ameaçada pelo marido brigão da artista global, que o irônico José Simão batizou de “Ana Ameba Brega”. Frisoni se irritou com a pergunta sobre o pagamento da pensão alimentícia para os dois filhos do seu casamento anterior: “Publica o que quiser. No dia seguinte, vou à redação dessa bosta de jornal e encho essa Mônica Bergamo de porrada na frente de todo mundo… A única pessoa que tentou ferrar comigo foi o Madrulha (ex-marido da apresentadora da TV Globo) e eu acabei com ele. Hoje ele é secretário de cachorro e não consegue mais nada”.

Cadê o “tribunal macartista” de Mainardi?

Deixando de lado as baixarias dos “famosos”, o que chama a atenção nestas notinhas é a relação obscena entre figurões da TV Globo e políticos da direita demo-tucana do país. Outra estrela da poderosa emissora, o filhinho de papai Diogo Mainardi, criou no início do mandato de Lula o seu “tribunal macartista mainardiano”, no qual promoveu abjeta cruzada contra alguns profissionais da imprensa. “A minha maior diversão é tentar adivinhar a que corrente do lulismo pertence cada jornalista”, explicou o troglodita na sua coluna de estréia na revista Veja, em dezembro de 2005.

Aos poucos, Mainardi dedurou alguns colunistas mais independentes. “Tereza Cruvinel é lulista. Dessas que fazem campanha de rua. Paulo Henrique Amorim pertence à outra raça de lulistas. É da raça dos aloprados, dos lulistas bolivarianos. Acha que a primeira tarefa do lulismo é quebrar a Globo e a Veja”, atacou. O caso mais famoso desta cruzada fascista foi o do jornalista Franklin Martins, acusado levianamente de possuir uma “cota de nomeações pessoais no serviço público”. Após longo bate-boca, a TV Globo preferiu apoiar o delator direitista e demitiu Franklin Martins.

Perguntar não ofende: Será que Mainardi, “difamador travestido de jornalista”, fará barulho agora contra seus amiguinhos da TV Globo que gozam das intimidades demo-tucanas. Pedirá a cabeça de Arnaldo Jabor, cuja esposa é assessora do presidenciável tucano José Serra, freqüentador de sua mansão? Criticará a “cota de nomeações pessoais no serviço público” da cansada Ana Maria Braga? Pedirá detalhes picantes do castelo dos demos à “ortodoxa” Miriam Porcão – ou melhor, Leitão? Ou todos juntos – Jabor, Leitão, Ana Maria Braga e o macartista Mainardi – fazem parte do esquemão montado pela TV Globo para viabilizar a vitória do tucano José Serra em 2010?

Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB – Partido Comunista do Brasil, autor do livro “Sindicalismo, resistência e alternativas” (Editora Anita Garibaldi)

Copa de 2014: outro corredor polonês às avessas?

É preocupante que haja uma redução de impostos para um evento orçado em R$ 100 bilhões (por baixo), enquanto as taxas de energia e de telefonia, por exemplo, continuam exorbitantes para os mais pobres. Por Gustavo Barreto (*), da redação Consciência.Net, no Rio de Janeiro. Leia mais clicando aqui.

Representantes dos ministérios do Esporte e da Fazenda, da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e do Comitê de Organização da Copa 2014 estudam uma proposta de isenções de tributos federais para a próxima Copa Mundial de Futebol, que será no Brasil. Haverá uma reunião em Brasília sobre o tema nesta terça (17), às 14h30.

O detalhe é que as isenções de tributos federais já fazem parte das 11 garantias governamentais exigidas das cidades candidatas a sediar a Copa 2014. Ou seja, o Governo Federal já prometera à Fifa tal medida.

É preocupante que haja uma redução de impostos para um evento deste porte, enquanto as taxas de energia e de telefonia, por exemplo, continuam exorbitantes para os mais pobres.

Há um sentimento, no meio desta disputa, de que estamos nos tornando um país desenvolvido, visto que diversos indicadores atestam esta realidade. É importante, no entanto, não confundir as coisas: temos condições para nos tornar uma grande potência, mas não será entregando nossa capacidade de gerar riquezas que chegaremos lá.

Há décadas que estes grandes eventos não contribuem em praticamente nada para o desenvolvimento local. Basta pegar o caso do Pan-americano no Rio de Janeiro, em 2007. Aqui, foi criado uma espécie de “corredor polonês” às avessas. Ou seja, aqueles que estivessem na rota do Pan poderiam desfrutar de uma cidade sempre muito hospitaleira e agradável, enquanto os próprios moradores de áreas mais pobres ouviram apenas as promessas de melhorias, que chegaram de forma tímida, a um custo financeiro exorbitante e até hoje com muitos problemas na sua prestação de contas.

Segundo Ralph Lima Terra, vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib), os dados preliminares indicam que será necessário investir, por baixo, R$ 100 bilhões em projetos e obras que viabilizem a realização do evento. Analistas esportivos ouvidos pelo jornal Gazeta Mercantil (12/09/2008) estimam que será necessário construir de 10 a 12 novos estádios.

Fica, então, a idéia: por que o governo não toma esta iniciativa como um “legado social” da Copa de 2014 e faz o mesmo tipo de proposta no caso de tarifas básicas de energia e telefonia para a parcela menos favorecida da população?

(*) Gustavo Barreto é radialista. Publicado também no Em Dia Com A Cidadania.

Cesare Battisti: Resposta ao editorial de “O Estado de S. Paulo”

Causa tristeza e decepção ver O Estado de S. Paulo posicionar-se como força auxiliar do revanchismo italiano, tomando partido contra o governo brasileiro e uma das mais nobres tradições deste país: a acolhida hospitaleira a perseguidos políticos de todos os países e orientações politico-ideológicas.

Ignorando por completo as consistentes justificativas do ministro da Justiça Tarso Genro para conceder refúgio humanitário a Cesare Battisti, o editorial “Decisão desastrada” (16/01) insistiu em desconsiderar o clima de histeria vingativa dominante na Itália no período subsequente ao assassinato de Aldo Moro — semelhante, p. ex., ao macartismo estadunidense.

Leia a análise de Celso Lungaretti clicando no título.

Nossa justiça é soberana

Rui Martins (*)

Será que houve uma boa reflexão por parte do autor do texto editorial Assunto da Itália (Folha de S. Paulo, 15/01), ao defender que o julgamento de Cesare Battisti feito no Exterior seria melhor que a decisão do nosso ministro Tarso Genro e que não devemos mexer no que a Justiça italiana já julgou?

Não lhe teria passado pela cabeça que isso corresponde a um atestado de sujeição ao mecanismo judiciário de outro país, a um absurdo autoreconhecimento de uma incapacidade de bem julgar, a uma nova formulação de Direito Internacional que mereceria nota zero na Faculdade do Largo de São Francisco?

Leia o texto na íntegra clicando no título.

Lula: decisão do Brasil sobre Battisti “é soberana”

Depois da corajosa atitude do ministro da Justiça Tarso Genro, concedendo refúgio humanitário ao perseguido político Cesare Battisti a despeito das intensas e descabidas pressões italianas, agora é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se posiciona de maneira irrepreensível, descartando qualquer recuo do seu governo em função de imposições estrangeiras: “A decisão do Brasil neste episódio é soberana”. Leia a matéria clicando no título.

Somos um país soberano ou uma república das bananas?

“Marinheiro, marinheiro
Quero ver você no mar
Eu também sou marinheiro
Eu também sei governar”
(“Arueira”, Geraldo Vandré)

Depois de desenvolver uma odiosa perseguição ao ex-militante revolucionário e hoje escritor Cesare Battisti através de dois continentes e pressionar intensamente o governo brasileiro para que o extraditasse, o Governo Berlusconi reagiu com extrema arrogância à decisão do ministro da Justiça Tarso Genro, de lhe conceder refúgio humanitário (…) Leia a análise de Celso Lungaretti clicando no título.

Decisão histórica e soberana: Brasil concede refúgio humanitário a Cesare Battisti

Celso Lungaretti

Numa decisão histórica e soberana, resistindo às fortes pressões do Governo Berlusconi, o ministro da Justiça Tarso Genro concedeu na tarde de ontem (13) refúgio humanitário ao perseguido político Cesare Battisti, que será libertado nesta quarta-feira, após quase 22 meses de prisão. Cesare adquiriu o direito de residir com sua esposa e duas filhas no Brasil, onde deverá continuar exercendo o ofício de escritor (…) Leia na íntegra clicando no título.