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O PT poderia ter seguido outro caminho?

“(…) Lula e o PT tinham uma escolha: eles poderiam aceitar as ‘regras do jogo’ fundamentais, estabelecidas pelos sistemas de poder dominantes do mundo e tentar fazer o melhor possível dentro delas; ou eles poderiam rejeitar essas regras e sofrer as consequências.

As regras foram feitas de maneira a impedir a ameaça da democracia, submetendo os governos à disciplina do ‘parlamento virtual’ dos investidores e credores, os quais podem destruir uma economia de várias maneiras, entre elas com a fuga de capitais e ataques espetaculares às moedas, caso a política de governo for ‘irracional’ – ou seja, dedicada às escolas e à saúde em vez de ao lucro das empresas.

(…) Talvez fosse possível para Lula e o PT seguirem o segundo caminho, como a Argentina de certa maneira fez, e talvez tivesse tido sucesso. Mas os riscos para as pessoas do Brasil não seria desprezíveis, e deve-se pensar nisso com muito cuidado antes de recomendar essa escolha.

Minha impressão, se é que ela vale alguma coisa, é que isso podia ser feito. Mas essas não são propostas que podem ser feitas levianamente e certamente não podem ser feitas em termos doutrinários e ideológicos, sem uma consideração cuidadosa das consequências, no mundo tal como é, e não como gostaríamos que fosse.

(…) As medidas social-democratas instituídas pela pressão popular dentro de sistemas parlamentares atingiram, inquestionavelmente, resultados não insignificantes para pessoas reais que enfrentam problemas reais. Devemos, portanto, apoiar essas medidas, e se nos recursarmos, baseados em algum suposto princípio, podemos estar certos de que aqueles que tiveram as vidas melhoradas não vão nos levar a sério, e com razão.”

Noam Chomsky, 2004, disponível em “Notas sobre o anarquismo” (SP: Hedra, 2011), p.157-158.

Intelectuais australianos e Noam Chomsky apoiam Assange

Da AFP

SYDNEY — O renomado intelectual americano Noam Chomsky se uniu a um manifesto de jornalistas, advogados e escritores australianos para que a primeira-ministra da Austrália expresse um “apoio firme” ao fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, que tem nacionalidade australiana. “A retórica cada vez mais violenta contra Julian Assange gera graves preocupações com a segurança do fundador do WikiLeaks”, afirma a carta dirigida à chefe de Governo da Astrália, Julia Gillard.

“Pedimos que condene, em nome do governo australiano, as convocações de agressão física a Assange e que afirme publicamente que a senhora garantirá que Assange receba as proteções a que tem direito, mesmo que as ameaças venham de indivíduos ou Estados”, completa o texto, publicado no site do canal de televisão australiano ABC.

A carta foi escrita pelo professor Jeff Sparrow, da Universidade de Victoria, e por Lizzie O’Shea, advogada especializada na defesa dos direitos humanos. Segundo Sparrow, alguns convites de assinatura ao documento foram enviados e muitas figuras de expressão aderiram ao manifesto.

A equipe foi contactada por Noam Chomsky, linguista e professor no MIT (Massachusetts Institute of Technology). “Chomsky entrou em contato conosco porque, acredito, alguém enviou a mensagem para ele”, declarou Sparrow à AFP. “Acredito que a impressão de que Assange é tratado de forma injusta não se limita a Austrália”, completou.

Entre os signatários figuram o senador do Partido Verde Bob Brown e vários escritores australianos, como Raimond Gaita, Christos Tsiolkas e Helen Garner. Segundo a carta, uma declaração da primeira-ministra “não teria que criar controvérsia. É um simples compromisso a favor dos princípios democráticos e da lei”.

“Se não fizermos nada para evitar as incitações à violência contra Assange, um precedente perturbador terá sido estabelecido no mundo anglófono”, destaca o texto.

No fim de novembro, o governo australiano declarou, por meio do procurador-geral Robert McClelland, que apoiaria Washington no caso de ação judicial contra o WikiLeaks.

Movimento Libertem Gaza: uma coalizão que quer romper o bloqueio

Da AFP

O Movimento Libertem Gaza, responsável pela flotilha destinada ao território palestino que sofreu uma violenta abordagem por parte das forças israelenses na segunda-feira passada, é uma coalizão de organizações de apoio aos palestinos que tem como objetivo declarado “romper o bloqueio” a esse enclave.

“Queremos romper o bloqueio de Gaza”, indica o grupo em seu site. “Queremos reforçar a consciência internacional em relação ao fechamento da Faixa de Gaza, que a transforma em uma prisão, e pressionar a comunidade internacional para que (…) ponha fim a seu apoio à ocupação israelense”, acrescenta.

Esse enclave de 362 km2, onde se amontoam 1,5 milhão de palestinos, está submetido desde 2006 a um bloqueio israelense, à exceção de determinados produtos de primeira necessidade.

O bloqueio foi reforçado em junho de 2007, depois que o Hamas tomou o poder à força, expulsando o Fatah do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.

O Movimento Libertem Gaza, que possui representações em diversos países, com um grande escritório no Chipre, surgiu “no final de 2006, graças a uma ideia simples”, indicam os organizadores em seu portal na internet. “Em vez de esperar que o mundo agisse, nós iríamos a Gaza e colocaríamos diretamente à prova o bloqueio de Gaza”.

A primeira viagem foi organizada em agosto de 2008, e dois barcos de pesca, com 44 militantes a bordo, atracaram em Gaza.

A flotilha interceptada na segunda-feira era a nona travessia desse tipo e a primeira a transportar uma grande ajuda, de cerca de 10.000 toneladas.

No total, cinco comboios conseguiram chegar ao destino e quatro foram interceptados por Israel.

Este movimento é composto por militantes e organizações pró-palestinas de defesa dos Direitos Humanos, como o Movimento Internacional de Solidariedade, com o apoio de personalidades como o Prêmio Nobel da Paz 1976 Mairead Maguire e o intelectual judeu americano Noam Chomsky. Seus estatutos estabelecem que seus membros “aderem aos princípios da não-violência e da resistência não-violenta nas palavras e nos fatos”.

Embora Israel reconheça que este movimento inclui pacifistas, o acusa de ser integrado também por elementos favoráveis ao Hamas –considerado uma organização terrorista pelo Estado hebreu– e por outros islamitas que representam uma ameaça a sua segurança.

Chávez elogia luta de Noam Chomsky contra “hegemonia” dos EUA

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou nesta segunda-feira que o linguista Noam Chomsky é “um dos intelectuais que mais contribuiu na luta contra a hegemonia da elite que governa nos Estados Unidos”, ao receber o ensaísta americano no Palácio de Governo.

“Dou as mais calorosas boas-vindas (…), já era hora de nos visitar e de o povo venezuelano vê-lo e ouvi-lo diretamente”, disse Chávez a Chomsky na porta do palácio presidencial de Miraflores, no centro de Caracas.

O chefe de Estado venezuelano lembrou que “sempre” leva consigo “não um, mas vários” livros de Chomsky, professor emérito da Massachusetts Institute of Technology (MIT) dos Estados Unidos e considerado um dos intelectuais mais prestigiosos da esquerda internacional.

Chávez desejou longa vida a Chomsky para que, assim, “siga produzindo essas ideias maravilhosas que são nutrientes para os que lutam contra a hegemonia imperial e o modelo capitalista, que é uma verdadeira ameaça contra a espécie humana”.

Registra na Folha Online em 25/08, original aqui.