Ontem à noite, assistindo ao Jornal Nacional, não pude evitar a revolta.
Os terroristas e as terroristas de 8 de janeiro eram chamados e chamadas de “manifestantes”. Não terroristas, mas manifestantes.
Não é novidade a tarefa deliberada de confundir, ou tentar confundir, usando palavras equívocas.
A reportagem era também sobre militares que foram ouvidos a respeito do ataque à Praça dos Três Poderes.
No meio das notícias, nova reprodução das imagens das hordas fascistas atacando e destruindo os edifícios públicos.
Não acredito que seja eu a única pessoa revoltada com esta ação “jornalística” que mais uma vez falta com a verdade.
As coisas têm nome. Atacar as instituições é ataque às instituições, não é “manifestação.” O Brasil pagou um preço muito caro pelo uso equivocado das palavras, deliberadamente.
Ladrões prendendo Lula inocente. Corruptos validando eleições ilegítimas que empossaram alguém sem qualquer qualidade positiva, um defensor das armas, não dos livros nem da vida.
Saiba o que diz e o que ouve. Pense por si mesmo e por si mesma. Não acredite em qualquer coisa.
Desconhecer o resultado das eleições de 30 de outubro de 2022
Pedir ditadura
Fazer apologia da tortura
Não é certo nem é direito. Não é justo, e é punido pela lei, ou deveria
Caso houvesse justiça
Justiça é uma decisão, são ações, não declarações, não declamações
Foram 10 anos de minuciosa destruição do tecido social
Agressões à Presidenta Dilma Rousseff que ficaram impunes
Ataques a Lula que o levaram para uma prisão injusta
10 anos de minar as bases da sociedade
Não são manifestantes, não, não, não!
São nazifascistas!
Deve haver defesa da democracia, ou este inferno não terá fim
Não é justo. Não é certo.
Como se combate o nazi-fascismo?
Julgando e punindo os crimes contra a humanidade.
Sem punição os crimes tendem a se repetir
É imprescindível, é justo e necessário, que a justiça julgue e puna todos e cada um dos atentados contra o estado democrático de direito cometidos nestes últimos 10 anos.
Francisco disse na Audiência Geral que “muitas vezes o que é dito num programa na televisão, em alguma propaganda que é feita, toca o nosso coração e nos faz ir para aquela direção sem liberdade”. “Tenham cuidado com isso”, advertiu o Papa.
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o discernimento, na Audiência Geral desta quarta-feira (05/10). O tema do encontro semanal do Pontífice com os fiéis, na Praça São Pedro, foi “Os elementos do discernimento. Conhecer a si mesmo”.
Na catequese da semana passada, Francisco sublinhou a oração como “um elemento indispensável do discernimento, entendida como familiaridade e confidência com Deus. A oração com o coração aberto”, sublinhou o Papa. No encontro de hoje, o Papa ressaltou “que o bom discernimento exige também o conhecimento de si”. O discernimento envolve “memória, intelecto, vontade, afetos”. “Muitas vezes não sabemos discernir porque não nos conhecemos bem, e assim não sabemos o que realmente queremos”, sublinhou.
A seguir, Francisco citou um autor de espiritualidade que diz: «Cheguei à convicção de que o maior obstáculo para o verdadeiro discernimento (e para o verdadeiro crescimento na oração) não é a natureza intangível de Deus, mas a constatação de que não nos conhecemos suficientemente, e nem sequer queremos conhecer-nos como verdadeiramente somos. Quase todos nos escondemos por trás de uma máscara, não só perante os outros, mas também quando nos olhamos no espelho».
“Desativar o piloto automático”
Segundo Francisco, conhecer-se “implica um paciente trabalho de escavação interior. Requer a capacidade de parar, de “desativar o piloto automático”, de tomar consciência da nossa maneira de agir, dos sentimentos que nos habitam, dos pensamentos recorrentes que nos condicionam, muitas vezes sem que saibamos.
Também requer distinguir entre emoções e faculdades espirituais. “Sinto” não é a mesma coisa que “estou convencido”; “eu gostaria de” não é a mesma coisa que “eu quero”. Assim chegamos a reconhecer que a visão que temos de nós mesmos e da realidade é às vezes um pouco deturpada. Compreender isto é uma graça! Com efeito, muitas vezes pode acontecer que convicções erradas sobre a realidade, baseadas nas experiências do passado, nos influenciem fortemente, limitando a nossa liberdade de apostar naquilo que realmente conta na nossa vida”.
Vivendo na era da informática, sabemos como é importante conhecer as senhas para poder entrar nos programas em que se encontram as informações pessoais e preciosas. Até a vida espiritual tem as suas “senhas”: há palavras que tocam o coração, porque remetem para aquilo a que somos mais sensíveis. O tentador conhece bem estas palavras-chave, e é importante que também nós as conheçamos, para não nos encontrarmos onde não gostaríamos.
Conhecer as senhas do nosso coração
Segundo o Papa, “a tentação não sugere necessariamente coisas más, mas muitas vezes coisas desordenadas, apresentadas com uma importância excessiva. Deste modo, nos hipnotiza com a atratividade que tais coisas suscitam em nós, coisas bonitas, mas ilusórias, que não podem cumprir o que prometem, deixando-nos no final com uma sensação de vazio e de tristeza. A sensação de vazio e tristeza é um sinal de que tomamos uma estrada que não era certa, que nos desorientou”. As coisas desordenadas “podem ser o título de estudos, a carreira, os relacionamentos, tudo em si louvável, mas se não formos livres, corremos o risco de nutrir expectativas irreais, como por exemplo, a confirmação de nosso valor. Você, por exemplo, quando pensa num estudo que está fazendo, pensa nele somente para se promover, para seu próprio interesse, ou também para servir a comunidade? Ali, é possível ver qual é a intencionalidade de cada um de nós. Desse mal-entendido muitas vezes vem os maiores sofrimentos, pois nada disso pode ser a garantia da nossa dignidade”, sublinhou Francisco.
Por isso, queridos irmãos e irmãs é importante conhecer-nos, conhecer as senhas do nosso coração, aquilo a que somos mais sensíveis, para nos proteger de quem se apresenta com palavras persuasivas para nos manipular, mas também para reconhecer o que é realmente importante para nós, distinguindo-o das modas do momento ou de slogans vistosos e superficiais. Muitas vezes o que é dito num programa na televisão, em alguma propaganda que é feita, toca o nosso coração e nos faz ir para aquela direção sem liberdade. Tenham cuidado com isso: sou livre ou me deixo levar pelos sentimentos do momento, ou pelas provocações do momento?
O exame de consciência ajuda muito
O Papa ressaltou que “uma ajuda para isso é o exame de consciência, ou seja, um exame de consciência geral do dia. O que aconteceu no meu coração neste dia? Fazer um exame de consciência, ou seja, o bom hábito de reler com calma o que aconteceu no nosso dia, aprendendo a observar nas avaliações e escolhas aquilo a que damos mais importância, o que procuramos e porquê, e o que afinal encontramos. Aprender sobretudo a reconhecer o que sacia o meu coração. Pois somente o Senhor pode nos dar a confirmação de quanto valemos. Ele nos diz isto todos os dias da cruz: morreu por nós, para nos mostrar quão preciosos somos aos seus olhos. Não há obstáculo nem fracasso que possa impedir o seu terno abraço.
O exame de consciência ajuda muito, pois assim vemos que o nosso coração não é uma estrada onde passa de tudo e não sabemos. Não. Ver: o que passou hoje? O que aconteceu? O que me fez reagir? O que me deixou triste? O que me deixou alegre? O que foi ruim? Fiz mal aos outros? Ver o percurso dos sentimentos, das atrações no meu coração durante o dia.
“A oração e o conhecimento de nós mesmos nos permitem crescer na liberdade. São elementos básicos da existência cristã, elementos preciosos para encontrar o próprio lugar na vida”, concluiu o Papa.
A vida é uma luta. Extremamente desigual para os/as de baixo, para quem trabalha, quem cria. Os setores parasitários e privilegiados têm tudo ao seu favor menos a ética. Desfrutam de vantagens, imunidades, impunidade. Violam os Direitos Humanos como se de fato não pertencessem à raça humana.
Para os trabalhadores/as e para o povo, resta a miséria, a fome, a precariedade. Nada obriga a que esta situação se perpetue. Ao contrário, se quisermos efetivamente recuperar uma condição humana universal como está enunciado na Declaração dos Direitos Humanos, teremos um árduo trabalho pela frente.
Não se trata apenas de governos aberta e declaradamente nazistas, o que de per si já deveria ser um sinal de alerta internacional, mas de uma situação estrutural do sistema capitalista, que garante a continuidade da exclusão, miséria, fome e ignorância.
Em outras épocas havia uma ênfase no sentido de garantir o acesso da população à educação e à cultura. Deveremos empenhar todo o nosso esforço nessa direção.
Não podemos ficar de braços cruzados diante de uma situação em que as autoridades nacionais são abertamente a favor de crimes contra a humanidade como a tortura, a discriminação por orientação sexual, a perseguição a pessoas pela sua crença religiosa.
Trata-se de uma ditadura da pior espécie, um regime de terrorismo de estado alicerçado na ignorância e no preconceito, na perversão da linguagem e da comunicação, na inversão dos valores.
Árduos tempos, de esvaziamento das palavras. Desde o poder se impõem expressões avessas à realidade, que são aceitas acriticamente até por aquelas pessoas que acreditam ser críticas do sistema. Aliás, há que ver o que seja crítica, se uma postura real de dissidência, ou apenas uma postura.
Refiro-me agora pontualmente a termos como neoliberalismo (que não tem nada de novo nem de liberal) e reforma da previdência (que é desmonte, desvio, alguma outra coisa mas não reforma). Por uma dessas coincidências, lia uma crônica de Machado de Assis em que o autor girava em volta da expressão O que há de novo? Um texto de mais de cem anos atrás.
O que é que há de novo, realmente? Um sistema que nos rouba a percepção e o pensamento. Falamos o que impõem falar, a força de persistência, pressão ou medo, frequentemente uma combinação destas três coisas. Lembro de um texto de Julio Cortázar (Diario de Andrés Fava) em que diz: recuperar a palavra.
Falamos uma língua que não escolhemos, usamos palavras cujo significado ignoramos e nem nos damos o trabalho de pesquisar ou questionar. Desde muito jovem eu gostava e continuo a gostar de prestar atenção ao que é dito. É uma forma de evitar que nos queiram passar à perna. Intelectuais, jornalistas, elementos do poder, dispõem de um espaço sem igual para pressionar as consciências.
Mas há um espaço que deve ser ocupado: é o espaço da pessoa, a pessoa que cada um(a) de nós é. Isto começa com o reencontro da palavra. O que estou a dizer? O que estou a pensar? O que estou a fazer? O que quero? Para onde vou? Quais os meus valores? Quem sou?
Refazer o mundo é uma tarefa indispensável se queremos de fato sermos livres. Não há pior prisão do que aquela que não se percebe, aquele xadrez de grades invisíveis feito de crenças negativas, depreciativas, acovardadas, que nos deslegitimam e nos roubam a vida.
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/
O mundo inteiro resiste à chegada da real democratização dos sentidos, dos gestos e das práticas coletivas, viabilizado por um conjunto de plataformas que faz entrelaçar pessoas reais. Velharias institucionais, ferozmente politizadas e excludentes, como o poder judiciário, a igreja e a imprensa, vão sendo mantidos à fórceps, em suas estruturas viciadas, em que a covardia é o parâmetro moral mais evidente.
As instituições têm pânico ao novo e à soberania intelectual porque estão ainda baseadas em conceitos fortemente hierarquizados que, por sua vez, ignoram, subestimam e criminalizam a interação digital.
Eles vivem no século 19, gostam de frases em latim, de gramáticas, de dicionários e de filósofos europeus, de preferência mortos. Estigmatizam a cultura oriental e árabe e assoviam quando o assunto resvala no genocídio em curso do continente africano.
O mundo sangra, como já sangrou antes.
O instituto da concessão de prêmios honorários é também um corolário desse atraso cognitivo, com sua excessiva formalidade e sua lógica classista. A estética da premiação se arrasta como herança colonial, ração das vaidades, recompensa das domesticações.
A condescendência com que prêmios são rifados para aplacar a dor da falta de reconhecimento são prática risível do nosso tempo, infelizmente ainda pouco clara aos que se lambuzam em convenções para degustar restos de festa no coquetel tóxico da aceitação social.
O desdobramento óbvio desta prática heteronormativa é a estética da competição, que esmaga o pensamento político sobretudo do segmento autointitulado democrático. Militâncias a rodo acham uma ofensa pertencer à oposição e usam – com imenso orgulho – o verbo “perder” para significar um resultado eleitoral.
O texto jornalístico e as redes sociais
Esse período de transição entre o que morre e o que nasce também repercute na dimensão da produção textual. O formato consagrado do texto jornalístico, com suas decrépitas convenções seculares, chega a assustar pelo acanhamento estilístico.
Jornalistas gostam de seguir regras e têm orgulho disso. O trabalho de domesticação histórica nessa área do trabalho semi-braçal realmente foi bem feito, tenho de admitir.
No mundo da produção textual institucionalizada, a rigor, temos também o pânico ao novo, a fobia ao diferente e a execração da clarividência. A concepção semântica que por ali grassa faz ruborizar qualquer pesquisador iniciante no campo dos estudos da linguagem.
Desconhecem desdobramentos metonímicos, uso retórico do tempo verbal e protocolos persuasivos de encadeamento anafórico, nomes sofisticados para práticas absolutamente banais do faber discursivo, dominadas com facilidade por qualquer aluno do ensino médio.
Pior do que isso, esses processos de confecção textual estão presentes, mas como na justiça brasileira, eles são seletivos. Entender que ‘Academia Sueca” é desdobramento metonímico de ‘Prêmio Nobel’ pode ser ‘barrado’, enquanto aceitar ‘Paulo Guedes’ como referência de ‘ministério da economia’ é chancelado tranquilamente, sem uma gota de vaselina.
O gênero “artigo de opinião” também padece desses mesmos males e ocupa um momento técnico bastante limitador, ainda que haja, no meio deste imenso cativeiro, faíscas soberanas de encorajamento intelectual.
Há ainda o efeito colateral da massificação do sentido e do texto, via redes sociais. Sujeitos fragilizados pelas transversalidades do tempo e do esquecimento buscam ‘temas quentes’ e ‘polêmicos’ pela única e exclusiva razão do ‘alcance’ e da famigerada ‘monetização’. Não se trata de relevância, mas de efeito viral.
Isso tudo, diga-se, no circuito autodesignado “progressista”. Trata-se, miseravelmente, do mesmo protocolo observável nas hostes bolsonarianas e na comunicação de guerra de Steve Bannon: joga-se para a plateia, como o faz Luciano Huck, explorando a miséria humana, num espetáculo degradante de contemplação ‘freak’, cafona e vulgar.
Existem até aplicativos que oferecem as palavras mais “quentes” do momento, levando esse subjornalismo a entrar na ciranda do algoritmo ao mesmo tempo em que, hipocritamente, o critica.
A linguagem não é um compêndio de regras
Tudo isso é transitório e apenas desvela o sintoma máximo do colapso de sentidos que se alastra pelo mundo do comentário: a morte de uma linguagem.
Nessa transição, usa-se recursos obsoletos para reger textos-autópsia e roça-se métodos falsamente inovadores para mergulhar fundo na mediocridade da repetição incessante do mesmo.
É pilotar uma Ferrari como se fosse um fusca – com o perdão da analogia pequeno-burguesa.
Permita-me humildemente dizer: o usuário de rede, como sói acontecer com espécimes humanos, gosta de significado, não do significante – ou: o que nos torna humanos é o sentido, não sua forma bruta (que, isolada, é apenas um rastro formal e opaco).
Admitamos: a lalia jornalística se assustou com a pletora enunciativa das redes sociais. Um textão anônimo de Facebook é muito mais amplo, complexo e necessário do que um artigo bem comportado alçado ao panteão do colunismo de vitrine.
Toda essa injunção história do velho contra o novo é, a despeito de ser traumática e enfumaçada, saborosa. Pesquisadores da linguagem e do sujeito deitam e rolam com distúrbios, sintomas, cegueiras e autoindungências – por isso, gostamos de ver até a polida cena degradada da interpretação e confecção de texto, confinadas no mundinho do certo/errado.
O movimento de manada está muito mais associado àqueles que gozam de posições institucionais e estudo formal (os gloriosos ‘funcionários do mês’) do que à massa que busca sua significação histórica ‘sentindo’ os fenômenos sociais e tecnológicos que os cercam.
Essa institucionalidade pesada e obsoleta, que ainda perdura nas democracias, nos credos, nas corporações, na justiça e na imprensa, busca a todo custo negar o ‘novo’ (um ‘novo’ específico, sem dúvida) e taxá-lo como ameaça.
Percebe-se, a contento, que o mundo da normatização trata, concretamente, da perpetuação de poderes, não de seu estilhaçamento democrático, que dá voz à uma extensão social muito mais ampla e virtuosa (porque verdadeiramente coletiva e espontânea).
Um tutorial de youtuber sobre qualquer produto disponível no mercado, por exemplo, tem uma qualidade crítica e técnica infinitamente melhor do que qualquer manual de instrução – além da dimensão do afeto interlocutório, componente imprescindível a todo e qualquer processo de significação digno de atenção.
Essa é a dimensão da diferença entre um texto institucionalizado, ardendo a regras do ‘bom jornalismo’, e um mero tuíte que deflagra um fenômeno de sentido muito mais denso e corrosivo, não importando se para o bem ou para o mal.
Resta mencionar um exemplo político dessa convivência sempre turbulenta entre novo e velho e suas respectivas denegações. O movimento político que reveste o Brasil nesta janela histórica de 20 anos é exatamente decorrente desse fenômeno.
O efeito-Lula
A elite financeira brasileira, normativizada e severamente limitada nas suas formulações teóricas de turno, viu-se encurralada por um metalúrgico que ensinou um país inteiro a pensar com a própria cabeça.
Essa elite viu um trabalhador, sem o estudo formal, tornar-se o maior realizador de políticas para a ampliação do… Estudo formal (pode parecer paradoxal, mas não é).
Essa elite viu um torneiro-mecânico abrir uma fenda sutil na estrutura das democracias capitalistas e introduzir um elemento novo na discussão macroeconômica: o ser humano.
Essa elite viu um sindicalista ser o responsável pela maior expansão econômica de um país continental, associada à inclusão social e distribuição de renda – sem afetar os lucros dos bancos e dos grandes empresários.
Ora, diriam uns, por que esse ‘gênio’ da macroeconomia e inclusão social não taxou, então, esses ganhos estratosféricos do empresariado? Porque ele é mais gênio do que essa significação rasteira de ‘genialidade’, oriunda da semântica prejudicada de nossa elite, intelectualmente inerte de tão bem alimentada.
A resposta é: se se erodisse um milímetro o lucro desses empresários subdesenvolvidos, todo o processo de inclusão social, distribuição de renda e acúmulo soberano de capital estaria comprometido (eles são vingativos, como a história recente confirmou).
A genialidade de Lula atende pelo nome de ‘pacifismo’. Sem a domesticação do estudo formal, ele pôde ousar e impor uma lógica espontânea, intuitiva e consistente de orquestração gerencial (lembrando que a intuição não acontece se seu portador não estiver conectado às realidades sociais de turno).
Lula sempre foi e continua sendo o ‘novo’, a possibilidade real de se produzir sínteses virtuosas de maneira incessante, sobretudo por ele não ser um ente político que perambula dentro da caixinha infame do bom comportamento elitista.
No primeiro segundo que a tradução corrente das novas tecnologias de comunicação e produção de texto chegarem ao conhecimento de Lula, ele formulará uma nova política de inclusão, desta vez, não mais meramente social, mas sim ‘operacional’, para que cidadãos-usuários de rede usem todo o seu potencial para gerar riqueza e soberania.
Lula é um gerador nato de riqueza e soberania. Antes mesmo das redes sociais, ele sintetizou e vocalizou a voz de milhões em seu discurso, na forma e no conteúdo. Sua palavra reverbera não porque ele tem seguidores, mas porque sua voz é forjada no tecido mesmo da coletividade social em todo o seu espectro polifônico.
Por isso Lula viaja o país sem parar, por isso Lula conversa com todos sem cessar, por isso Lula resistiu a todos os golpes que lhe tentaram impingir.
Por isso, ele é o preso político mais importante do planeta e da história: porque essa prisão significa a resistência a novas práticas políticas que varrem os nichos autoproclamados e privilegiados de poder e, ainda, instalam o protagonismo insinuante e afetuoso do povo soberano.
Lula mostrou ao mundo o que, de fato, é democracia, em um momento, talvez, em que o próprio mundo não estivesse preparado para receber essa lição – o Brasil, nem se fala.
É por isso que o processo de libertação de Lula é o processo de libertação de todos nós, dessas amarras que nos empurram de volta para um passado violento, excludente e individualista.
Lula nos deu a liberdade em um momento em que não estávamos preparados para ela. Agora, ele nos oferece a possibilidade de liberdade plena, uma vez que poderemos nos libertar em conjunto: ele de uma pena injusta e nós, de um aprisionamento atávico, estrutural, classista e intelectual.
Não há parâmetros para a monumentalidade subscrita na biografia de Lula. Ela transborda humanidade por todos os poros, por todas as reentrâncias, por todas as imperfeições.
Lula é o maior professor da história deste país. Ele nos ensinou a ser gente.
Las personas son más que meros medios para la producción, el lucro, el mercado. Esto es lo que ha llevado a que fueran siendo generados a lo largo de la historia, medios para preservar la vida humana más allá del tiempo en que somos “útiles.”
Son los sistemas jubilatorios, las cajas de pensión. Actualmente, el llamado neoliberalismo, que no tiene nada de nuevo y mucho menos de liberal (es clara y puramente reaccionario, autoritario, conservador), viene destruyendo no sólo esta garantía de supervivencia sino los demás derechos sociales (educación, salud, habitación…) así como também los derechos laborales y los derechos humanos.
Claramente estamos en una circunstancia no sólo nacional sino más bien internacional, de recrudecimiento de las fuerzas destructivas que se han apoderado de la política, la economía, los medios de comunicación. No es solamente una “derecha” (término que también no tiene nada que ver con lo que designa, que es totalmente torcido) salvaje y atroz, completamente contraria a la democracia en su sentido más liviano, sino algo mucho peor.
Es el retroceso a etapas pre-humanas a las que no podemos ni debemos dejarnos llevar de manera alguna. Un mínimo conocimiento de la historia muestra que hay circunstancias en las que no hay otra alternativa como no sea la resistencia total, completa y definitiva.
Más allá de un cierto límite ya no habría más vida humana, sino solamente robotización. Es necesario que estemos atentos/as no solamente a las palabras y a lo que quieren significar, sino al propio significado y sentido de la vida. Quieren robarnos la vida, el bien más precioso. Esto no podemos ni debemos permitir.