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Kaká revela outra face de Dunga

Kaká, craque da seleção brasileira de futebol. Foto: FIFA
Kaká, craque da seleção brasileira de futebol. Foto: FIFA
Camisa 10 da Seleção diz que o técnico tem os seus motivos para ser mal-educado, garante que o comandante é outro na concentração, mas avisa: “Ninguém tem sangue de barata”. Por Marcos Paulo Lima, enviado especial, para o Correio Braziliense.

Johanesburgo — Do lado de fora, um monstro. No interior da concentração, um anjinho. Essas são as duas faces de Dunga reveladas ontem pelo meia Kaká, durante a entrevista de 33 minutos no hotel The Fairway, base da Seleção Brasileira na África do Sul durante a Copa do Mundo. “O Dunga é um cara que brinca, é muito tranquilo em relação ao grupo. Com a gente, as motivações dele são outras”, afirmou.

No início da conversa, Kaká tentou evitar comentários sobre os destemperos de Dunga após a vitória sobre a Costa do Marfim, domingo, no Estádio Soccer City. Depois, não resistiu e ponderou: “Não vi a entrevista, estava com vocês na zona mista e prefiro não comentar”. Em seguida, saiu em defesa do comandante e fez questão de revelar um outro lado de Dunga. “Cada um tem seus motivos para dar certas respostas, aquilo que acha que é melhor falar. O Dunga sofreu muito com as críticas, ele pode ter seus motivos para tomar essa atitude.”

Questionado sobre quem é o jogador mais “palhaço” da Seleção, Kaká foi direto: “Robinho”. Indagado se não há uma forma de deixar o Rei das Pedaladas no mesmo quarto de Dunga para injetar uma dose de humor no técnico, o craque deu um sorriso amarelo.

Modelo de comportamento da Seleção Brasileira na nova era do técnico Dunga, Kaká mostrou um outro lado não só da personalidade do técnico, mas também do elenco. Ao comentar a sua expulsão na partida de domingo, quando deu uma leve cotovelada no meia Keita, da Costa do Marfim, o camisa 10 disparou: “Apesar de esse grupo ser tranquilo, ninguém tem sangue de barata. Vocês viram o que aconteceu em campo e por que tivemos esse tipo de atitude. A Seleção não foi desonesta nem desrespeitou o rival sem a bola. Não tivemos nenhum tipo de problema e vocês nunca viram a Seleção ser violenta. Mas vocês nunca vão ver a Seleção retroceder em um confronto mais físico”.

Cuidadoso com as palavras, Kaká deixou até escapar duas vezes um palavrão para justificar a conduta pessoal e da Seleção. “Irritação seria se eu tivesse dado uma porrada em alguém, se tivesse dado um carrinho. Não é uma irritação de quem vai brigar com o adversário. É uma irritação de alguém que quer ganhar a partida de qualquer maneira”, avisou.

SÚMULA EVITA PUNIÇÃO
O cartão amarelo e o vermelho do árbritro francês Stephanne Lennoy, na vitória por 3 x 1 sobre a Costa do Marfim, não aumentarão a suspensão de Kaká no restante da Copa. “O relatório da Fifa já chegou e o que está escrito é bem simples: segundo cartão amarelo e expulsão. Eles tiveram coerência e não viram maldade no lance”, disse o jogador. Aliviado após o risco, o craque promete ser mais prudente na volta aos gramados. “Vou tomar mais cuidado, mas não sei o motivo do primeiro cartão amarelo. Em um momento importante como é a Copa do Mundo, nós temos que evitar esse tipo de coisa.”

FALA, KAKÁ!
“Cada um tem seus motivos para dar certas respostas, aquilo que acha que é melhor falar. O Dunga sofreu muito com as críticas, ele pode ter seus motivos para tomar essa atitude”

“O Dunga é um cara que brinca, é muito tranquilo em relação ao grupo. Com a gente, as motivações dele são outras”

Atacante pede respeito à sua religião

Johanesburgo — A entrevista do evangélico Kaká ocorria tranquilamente até ele ouvir uma pergunta de André Kfouri, repórter do canal por assinatura ESPN Brasil. Não tinha nada a ver com religião. O tema era a recuperação física, mas o meia não desperdiçou a oportunidade de falar contra o que definiu como perseguição pessoal.

“Há algum tempo, os canhões do teu pai têm me atingido, não para me criticar por motivos profissionais, mas por causa da minha fé em Jesus Cristo. Do mesmo jeito que respeito o Juca Kfouri como ateu, queria que ele me respeitasse por acreditar em Jesus Cristo. Milhões de pessoas acreditam em Jesus e ele precisa respeitar isso”, retrucou o membro da Igreja Renascer em Cristo.

O jornalista Juca Kfouri, pai de André, rebateu o jogador horas depois, em seu blog. “Critico sim o merchandising religioso que ele e outros jogadores da Seleção costumam fazer, tentando nos enfiar suas crenças goela abaixo. Um tal exagero que a Fifa tratou de proibir, depois do que houve na comemoração da Copa das Confederações. Mas não abri bateria alguma contra ele, provavelmente mal assessorado”, escreveu.

A pergunta que deu origem à polêmica era sobre o fato de Kaká supostamente estar jogando no sacrifício. “Sinto dores, mas não na região do púbis. Sinto dores como todos os outros jogadores sentem depois dos jogos. Não é algo que me atrapalhe”, garantiu, descartando a possibilidade de cirurgia após a Copa. “Não penso nisso no momento, até porque a maioria dos médicos não aconselha uma cirurgia. É algo que vou pensar depois da Copa, porque necessita de uma avaliação mais profunda.”

Irritado com as especulações sobre o seu condicionamento físico, Kaká fez questão de citar a última exibição como um exemplo de sua volta por cima. “Minha recuperação está sendo ótima. Contra a Costa do Marfim, consegui dar umas arrancadas características, fazer jogadas mais rápidas e isso me deixa confortável em campo”.

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