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Lula: “Bom dia, Brasil; boa tarde, Brasil; boa noite, Brasil!”

Um discurso emocionado de Lula encerrou as comemorações do aniversário de 43 anos do PT, na noite de segunda-feira (13), em Brasília, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, onde se reuniram lideranças do partido, aliados e milhares de militantes vindos de diferentes cantos do Brasil (veja no vídeo a seguir a íntegra do evento). 

Em vários momentos, o presidente discursou com a voz embargada e lágrimas nos olhos, como quando lembrou da solidariedade que recebeu da militância no momento mais crítico da história do partido: o de sua prisão injusta em 2018.

“Eu quero agradecer aquela vigília porque, sem ela, eu não estaria aqui. Pessoas que eu não conhecia e se dispuseram, durante 580 dias, a enfrentar chuva, sol, provocação. Era bom dia, Lula; boa tarde, Lula; boa noite, Lula. Pois hoje eu quero desejar, em liberdade e presidente da República: bom dia, Brasil; boa tarde, Brasil; boa noite, Brasil. Pois voltamos para governar com respeito aos mais pobres e para recuperar a democracia em toda a sua essência”, bradou.

“Existimos para melhorar a vida do nosso povo” 

Foram vários os momentos em que Lula chorou e fez chorar. Lembrou a dificuldade que foi criar o PT em 1980 e mantê-lo de pé desde então. Homenageou companheiros que já se foram e lamentou a situação difícil e indigna dos brasileiros provocada pelos seis anos que se seguiram após o golpe de 2016.

Lula também pediu para estar nas orações de todos, porque ainda deseja viver muito mais. “A vida é o dom mais importante que Deus nos deu e nós temos que aproveitá-la da melhor forma possível. E a melhor maneira é a gente ter uma causa, uma razão para viver. E qual razão melhor do que a gente contribuir para melhorar a vida do povo brasileiro? Do que garantir que aqueles índios ianomâmis não morram? Do que fazer com que não tenha mais crianças e pessoas dormindo debaixo de viadutos?”

Mudar essa situação é a razão pela qual o PT existe, lembrou Lula. “A razão da nossa existência é melhorar a qualidade de vida do nosso povo. Não é a gente viver bem, a gente ganhar as coisas. É a gente repartir. Felicidade, ou a gente reparte, ou a gente perde, porque não é possível a gente ser feliz sozinho. Por isso temos de estender a mão às pessoas que mais necessitam da gente. Por isso temos de ter um olhar mais meigo, mais fraterno, mais carinhoso com essas pessoas”, disse.

Galeria de fotos:

“Não tem dificuldade que a gente não possa vencer” 

Lula disse que voltou a governar para fazer ainda mais do que ele e Dilma fizeram em 13 anos. “Nós temos 13 anos de governo, um dos melhores momentos da história desse país foi no meu governo, quando banqueiro ganhou, empresário ganhou e trabalhador ganhou. Mas agora eles lamentam que o Lula vai voltar”, indignou-se. 

E prosseguiu, mais uma vez emocionado: “Vai voltar o Lula que a Dona Lindu pariu para governar este país da forma que precisa ser governado. É esse Lula, que sabe que não pode se esquecer das suas origens, de onde veio, da quantidade de anos que viveu em casa enchendo de água, repartindo espaço com rato e barata. Esse Lula que veio hoje é o Lula que passou fome e comeu pão pela primeira vez aos 7 anos. Esse Lula veio, junto com vocês, para mudar este país e não permitir que uma criança mais possa morrer de fome”.

É o compromisso com o povo e a teimosia em brigar por uma vida melhor para homens, mulheres e crianças que fez o PT se transformar no maior partido de esquerda da América Latina, ressaltou. “E falo isso não para a gente ficar de nariz empinado, mas para sermos humildes. Não vamos ser egoístas. Não vamos rezar só por nós, vamos rezar pelos outros. Não sejamos egoístas, não vamos comer sozinhos, vamos repartir nossa comida.” 

E concluiu dizendo que carrega o Partido dos Trabalhadores em seu sangue. “Eu tenho, em cada célula do meu corpo, esse partido. Eu faço as coisas com prazer porque eu acredito. Quando eu vejo catadores de papel, hoje, dentro do Palácio do Planalto fazendo discurso, eu tenho esperança. Eu tenho esperança de que não tem dificuldade que a gente não possa vencer. É só a gente querer e ter disposição de brigar. Vamos brigar pelo nosso partido e pelo povo brasileiro.” 

 

Gleisi e Dilma enaltecem Lula e a militância

Antes de Lula, falaram a ex-presidenta Dilma Roussef e a presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). As duas enalteceram a história do partido, a liderança fundamental de Lula e a força da militância.

Leia aqui a íntegra do discurso de Gleisi Hoffmann

Dilma disse que sua previsão ao sofrer o golpe em 2016 — a de que o Partido dos Trabalhadores voltaria — só se realizou porque Lula foi um líder que não fugiu e enfrentou as dificuldades de cabeça erguida.

 

“Muitas pessoas aconselharam o presidente a ir embora do país. Mas por que seis anos depois nós voltamos? Porque teve uma liderança que, na hora, não fugiu da raia, que encarou e enfrentou. Eu sei e muitos aqui sabem, não é fácil ir para a prisão. O presidente foi, foi com a cabeça erguida, e por isso nós conseguimos voltar. O ‘voltaremos’ se realizou.”

Além disso, a militância também exerceu um papel fundamental. “Nós sabemos que, em alguns momentos da vida, é preciso ter coragem. E nós tivemos coragem. Cada um de nós aqui presente, em vários momentos, foi ameaçado, se sentiu oprimido e resistiu e lutou e teimou”, reconheceu.

 

Já Gleisi lembrou que a força do PT está na sua origem popular. “O PT nasceu lutando por liberdade e democracia, num tempo em que o Brasil era oprimido pela ditadura. Nasceu para dar voz à imensa maioria silenciada pela violência e pela miséria. Nossa força brotou nos sindicatos de trabalhadores urbanos e rurais, nas comunidades eclesiais de base, recebendo a importante contribuição de notáveis militantes políticos e intelectuais comprometidos com os ideais de igualdade e justiça social.” 

Fonte: PT (14/02/2023)

Na memória do aniversário natalício de Helder Camara

Nesta mesma data, 7 de fevereiro de 1909, há 104 anos, nascia Helder Camara que se tornaria exemplo de fé cristã, solidária com toda a humanidade e de uma espiritualidade libertadora. Nestes dias, nos entristece ver grande parte das Igrejas cristãs apoiar projetos de sociedade opressiva e claramente contrários ao projeto divino de Paz e Justiça para este mundo. Mesmo a parte das Igrejas menos fechadas ainda ficam presas a uma compreensão da fé predominantemente ritual. Consideram a dimensão social transformadora apenas uma linha de pastoral e muitas vezes considerada como menos importante e marginal ao núcleo central da fé. 

A realidade que estamos vivendo no Brasil pede muito de nós, cristãos e cristãs, principalmente pessoas comprometidas com as Pastorais. De certa forma, está exigindo que, com urgência,  suscitemos e possamos desenvolver alguma iniciativa que expresse duas posturas ou atitudes:

1º – A reafirmação atualizada e mais profunda do compromisso de inserção no mundo dos pobres e de solidariedade com os grupos oprimidos (classe trabalhadora). Para o enorme grupo de cristãos/ãs, descomprometidos/as com a justiça social e ligados/as à Teologia ou espiritualidade da prosperidade, é preciso deixar claro que, para nós, ser cristão/ã significa ser discípulo/a do profeta Jesus de Nazaré e testemunha do reino de Deus, como projeto divino de Justiça, Paz e cuidado com a Mãe Terra, nossa casa comum. Nossa opção é a fé como profecia do reino de Deus e não fazer da Igreja uma religião cada vez mais ritual.

2º – Fazer com que nossas Igrejas sejam lugar de diálogo, espaço de comunhão universal. Portanto, ao mesmo tempo que tomamos posição clara pela profecia evangélica, temos de abrir nossas comunidades cada vez mais a serem pontes de diálogo e de construção de uma reconciliação social que o Brasil tem urgência e o presidente Lula tem pedido em várias de suas falas desde o seu discurso na noite em que foi eleito e também o discurso no Planalto na tarde de 1 de janeiro, depois de sua posse no Congresso.

Com estas duas preocupações que se tornam prioridade hoje, pensamos em aproveitar o aniversário da chegada de Dom Helder Camara como arcebispo católico no Recife (12 de abril de 1964) e provocar por parte de ministros e grupos de Igrejas cristãs e aberto a pessoas de outras religiões o começo de um processo de formação e aprofundamento para renovarmos e atualizarmos o famoso Pacto das Catacumbas, assinado por 42 bispos católicos de todo o mundo, liderados por Dom Helder Camara em novembro de 1965, durante o Concílio, pacto renovado na mesma Igreja das Catacumbas de Domitila, em Roma, durante o Sínodo da Amazônia (outubro de 2019) e desta vez como Pacto de cuidado com a Casa Comum.

Pensamos que devemos atualizar este pacto, na linha de reafirmar nosso compromisso de amor e solidariedade com o mundo dos pobres e cuidado com a ecologia integral, encontrando formas de viver isso de forma que colabore para a construção de uma reconciliação nacional e uma unidade popular na refundação do Brasil agora.

A ideia é lançar isso aqui no Recife no sábado 15 de abril em uma tenda junto com sofredores de rua e os irmãos que trabalham com eles e elas e ir propondo que o assunto seja discutido pelos mais diferentes grupos religiosos no Brasil, de modo a suscitar um aprofundamento da dimensão profética da fé nas diversas Igrejas e religiões, assim como uma renovação do compromisso de inserção social e política na linha libertadora.

Pensamos um texto breve que possa servir para ser aprofundado e se necessário transformado. Cada grupo pode fazer o seu texto próprio. O importante não é tanto ter um texto comum para o Pacto e sim a partir deste texto ou de outro semelhante, expressar concretamente a que cada grupo se compromete e como quer atualizá-lo para este momento brasileiro: renovar o compromisso de inserção junto ao povo empobrecido e no cuidado com a mãe-Terra.

Talvez seja possível encontrar uma forma de sugerir celebrações que ocorram na mesma ocasião em todo o Brasil, uma ideia seria, por exemplo, aproveitar a Semana da Pátria e o Grito dos Excluídos/as neste ano.

 

 

Vejam um primeiro texto que surgiu para ser um primeiro roteiro a ser discutido:

 

Por um novo Pacto das Catacumbas 

(texto provisório a ser modificado e pensado para Recife)

 

“Em nome de Deus, Pai e Mãe de todos os povos,

Maíra de tudo, excelso Tupã.

Em nome de Olorum, de todos os Orixás e dos Encantados da Mata,

Em nome do Amor Divino que se manifesta na irmandade de todos os seres humanos

Em nome de Jesus Cristo, irmão que quis ser Servidor de toda a humanidade,

testemunha do projeto divino de Justiça e Paz no mundo.

Em nome da aliança da libertação. Em nome da luz de toda a cultura

Em nome da morte vencida, em nome da Vida, nós nos reunimos no Amor!”

Com essas palavras que retomam e ampliam o cântico de entrada da chamada “Missa da Terra sem Males”, composta por Dom Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra e musicada por Martín Coplas, que há mais de 40 anos, fazia memória do martírio dos povos indígenas e testemunhava a comunhão do Cristo com todas as pessoas e comunidades oprimidas, invocamos o Espírito de Deus sobre nós, nossas Igrejas e comunidades de outras tradições religiosas, todos reunidos em nome do Amor Solidário que pede de nós compromisso social e político com a Paz e a Justiça eco-social.

Queremos renovar nossa fé como adesão ao projeto divino de Paz, Justiça e Cuidado com a mãe Terra e a partir da inserção no mundo dos grupos e comunidades mais empobrecidos da nossa cidade e do mundo.

No dia 16 de novembro de 1965, na Igreja das Catacumbas de Domitila em Roma, animados por Dom Helder e outros pastores, 42 bispos católicos da América Latina e do mundo assinaram o Pacto das Catacumbas e assumiram o compromisso de inserção amorosa e solidária com todas as pessoas vítimas da pobreza injusta e das opressões de um mundo organizado em função do lucro e da competição.

Em 20 de outubro de 2019, durante o Sínodo para a Amazônia em Roma, novamente mais de 40 bispos e muitos outros e outras participantes do Sínodo, inclusive representantes de Igrejas evangélicas e também líderes  de povos originários, renovaram o Pacto, desta vez incluindo a defesa da Terra e das águas no “Pacto das Catacumbas pela Casa Comum. Por uma Igreja com rosto amazônico, pobre e servidora, profética e samaritana”.

Neste início de 2023, a sociedade civil brasileira é chamada a colaborar com o governo para transformar as estruturas sociais que fazem do Brasil um dos países do mundo campeões em desigualdade social. As pesquisas revelam que entre os dez brasileiros mais ricos do mundo, dois se dizem pastores de Igrejas cristãs e vemos que muitos ministros e grupos cristãos, pentecostais, evangélicos e também católicos continuam dando um testemunho de um Deus que não é Amor e legitima o ódio, a violência e as discriminações sociais.

Diante disso,  fazemos memória da vida e da profecia do servo de Deus, Helder Camara e queremos renovar nosso compromisso de fé e  assinar um novo Pacto das Catacumbas. Assim, reafirmamos como atual e convocadora para todos nós a proposta que Dom Helder Camara e os bispos, reunidos na 2ª Conferência geral do episcopado latino-americano, em Medellín, (1968) puseram no documento 5 das Conclusões de Medellín: “Que se apresente cada vez mais nítido, na América Latina, o rosto de uma Igreja autenticamente pobre, missionária e pascal, desligada de todo o poder temporal e corajosamente comprometida na libertação de todo o ser humano e de toda a humanidade” (Medellin. 5, 15 a).

Hoje, lembrando o Pacto das Catacumbas pela Casa Comum, acrescentamos ao compromisso com a libertação de todo ser humano e da humanidade, o compromisso do cuidado com a mãe-Terra, as águas e toda a Casa Comum. O Espírito de Deus, que nos inspira este compromisso nos dê força e luz para cumprirmos e dele dar testemunho pelo nosso modo de viver,

Amém, Shalom, Axé, Aleluia, Awuerê.

 

Penso que este texto deva ser estudado, aprofundado por cada grupo, cada Igreja, cada organização e assim a gente aproveite esse processo da elaboração do novo Pacto como ocasião de formação e aprofundamento.

Vejam se podemos produzir material de formação e de aprofundamento ao menos dessas quatro questões (coloco como pergunta, mas são temas a serem estudados).

1 – Por que e em que consiste para nós a inserção amorosa no mundo dos pobres? Como devemos e podemos expressar isso comunitariamente?

2 – Por que, em que consiste e como expressar nossa comunhão com as religiões de matriz africana e as espiritualidades dos povos originários?

3 –  Por que e em que deve consistir nosso compromisso com a Casa Comum?

4 – Por que e como atuarmos para o diálogo intercultural e político na construção de uma reconciliação das famílias e do povo brasileiro?

Seria possível pensarmos encontros de formação e lives ou mesmo aulas registradas em internet que aprofundem esses assuntos?

(07/02/2023)

É da mística que se nutre o militante. Energia vital de sua ação

Militante consciente não põe fora

A criança com água na bacia

 

Verdadeira República pressupõe

Que seus bens se repartam, com justiça

 

Militantes se movem pela Mìstica

Que os une, na ação transformadora

 

Decisiva energia subversiva

A nutrir militantes de raiz

 

Quais os frutos marcantes desta Mística?

Elencamos alguns, ilustrativos

 

Mantém firme e aceso o militante

Consequente e fiel ao compromisso

 

Cavoucando a memória, o fortalece

Colhe forças das lutas do passado

 

Organiza agenda, dia a dia

Em função de tarefas de mudança

 

Formação passa a ser prioridade

A memória a crítica e o compromisso

 

Outro fruto da Mística se revela

Na ação solidária com os “de baixo”

 

Militantes se indignam bravamente

Combatendo a opressão de qualquer tipo

 

Despertando nos pobres a consciência

Do papel que é seu, de resistirem

 

Vem da Mística, também um forte apelo

A fazer-se a leitura do real

 

A leitura bem feita induz à ação

Por mudança geral e da pessoa

 

Emergência climática prioriza

Combater capital, fator maior

 

“Tem pra todos”?, pergunta o militante

Recusando ceder a privilégios

 

Se o SUS é conquista coletiva

A saúde privada é contra-senso

 

Se transporte coletivo é ecológico

Opção militante é o coletivo

 

Ao lutar pelos pobres do País

Tal combate o estende a todo o mundo

 

Sua arma da crítica é contundente

Dia a dia, ele usa desde si

 

Democrata República não se faz

Sob a égide do vil Capitalismo

 

É nos útil também saber os frutos

Da ausência da Mística em nossas lutas

 

Um primeiro é o desprezo pela Ética:

Nos tornam relapsos com os valores

 

O discurso passa a ser a própria “essência”

Relaxamos com a prática, mais e mais

 

João Pessoa, 6 de dezembro de 2022

Indignemo-nos! E mãos à obra!

Indignemo-nos mais e avancemos 

Superando a barbárie – o Capital

O seu Deus deletério e tão letal

Em canoa lançada ao mar, sem remos

Nos movendo a fazer o que não cremos

Contra tão desigual modo de vida

Pois mantê-lo seria suicida

Moradores de rua sem direitos

Sem que planos urbanos sejam feitos

É pra isso que a História nos convida?

Insurjamo-nos contra quem devasta

De mil formas, o Planeta e seus viventes

Agrobusiness, garimpos que ferozmente

Envenenam solos, rios, em área vasta

A quem mata a floreta, demos basta!

Levantemo-nos também contra banqueiros

Que bem mais que a COVID são coveiros

De milhares de óbitos, no País

Protegidos por leis demais servis

É urgente enquadrar os embusteiros!

Gigantescas empresas combatamos

De armamento, agrotóxico, petroleiras

De remédios inúteis, trapaceiras

Controlando o consumo em vários ramos

E também produção controlar vamos

Tendo claro que o Estado as legaliza

Basta ver o que dizem as pesquisas

E o Congresso entreguista lhes é sujeito

Tantos votos comprados fazem efeito

Um sistema de morte não se alisa!

Quê dizer de um País como o Brasil?

Um gigante produtor de alimentos

Cujo povo faminto em passos lentos

A procura de osso e lixo vil

Pois as suas riquezas, gere um covil

Quê dizer de uma Câmara de vendidos

Que, eleitos, parecem mais bandidos

Representam a si mesmos, não ao Povo

É urgente forjar o mundo novo

Superando falsários carcomidos

Neste chão do país, rastejam à toa

Periféricos, pretos, favelados

Grande parte com processos não julgados

Governantes impunes, numa “boa”

PGR protege, agindo à toa

E se fosse um Governo de Esquerda

Que fizesse um por cento dessas perdas?

Outro golpe teria já curtido

Nós estamos cercados de bandidos

De gravata, sendo as massas ‘inda lerdas

Que dizer de uma Câmara que permite

Que seu chefe Arthur Lira se aposse

De poderes que ferem nada “doce”

Usam as metas do povo qual dinamite

Em favor de si próprios, da elite

Expulsando os pobres do orçamento

E livrando de impostos os opulentos

Conivente, a Justiça bem mais faz

Em favor dos “de cima”, dos boçais

No final, só protegem os avarentos.

A COVID escancara veias abertas

As enormes distâncias sociais

Entre o Povo e a elite de boçais

Nas mãos destes, riquezas encobertas

Povo vive de migalhas, de “ofertas”

Que dizer da maldade monstruosa

Do montante da “dívida” nebulosa

Que ao país do abismo põe à frente

Que do PIB consome parte ingente

Já foi paga esta dívida impiedosa.

Indignemo-nos contra os tais eleitos

Que declaram ser nossos representantes

E da vida do Povo tão distante

A transporte de luxo são afeitos

Pra subir, sempre dão um certo jeito

Quando o Povo vai a pé, metrô lotado

Se adoece, só o SUS tem do seu lado

É a pública, a escola que frequenta

Por que não nova Lei não se inventa

A gestores e Povo, o mesmo lado

A barbárie em Moïse perpetrada

É frequente ao que é feito a pobres, pretos

Que são alvo de quem os torna “gueto”

Nossa gente é vítima dessa toada

Pela casta burguesa liderada

Os “de baixo”, porém, resistem fortes

Sem cederem a qualquer pacto de morte

Pelas ruas e praças dizem “não!”

Nossa luta jamais será em vão

Combatendo essas forças desalmadas

Gasolina chegando a mais de dez

E a política de preços continua

Isto muda com nosso povo na rua

Procurando retomar a sua vez

Pois já basta o quanto Moro fez

Em sequência dos golpistas de dezoito

Desmontando o Brasil, com gesto afoito

Já é tempo de fazer justiça ao povo

Empenhemo-nos num horizonte novo

Superemos o trauma de dezoito.

João Pessoa, 02 de fevereiro de 2022

A casa comum como palavra do Papa Francisco: para uma igreja povo de Deus

Por Pe. Hermínio Canova, Alder Júlio Ferreira Calado, Gedeon José de Oliveira

Somos nó de relações. “Deus, deve usá-lo só no singular e só com relação ao todo universal e omni-abrangente. O todo é mais do que a soma de suas  partes – transcendência, mas por outro lado está presente em cada uma delas – imanência” (Cirne Lima)

INTRODUÇÂO

Em sua encíclica de ecologia integral o Papa Francisco nos apresenta enquanto modelos interpretativos do tempo presente,  São Francisco, uma irmã, uma mãe, e a terra. quatro metáforas que podem ser sintetizadas em apenas uma, a saber a metáfora da condição de ser mãe. Trata-se do útero materno que assim, como a terra, gera a vida. Papa Francisco canta como o poeta bíblico Isaias, que mesmo em meio a tantos problemas, como as injustiças e corrupções, com os poderosos sufocando os mais pobres, tirando a sua dignidade, Isaias ainda consegue ver esperança: Deus vem ao encontro de seu povo e Mesmo sem esperar uma verdadeira conversão, quer perdoa-lo. Para isso é necessário mexer em toda a estrutura social, prometendo a vinda de um rei justo. “Eis que a jovem está gravida e dará à luz a um filho e dar-lhe á o nome de Emanuel” (Is 7,14). Assim, Papa Francisco é o Isaias de hoje, cujas palavras em torno da casa comum, inspira esperanças aos esperançados. O termo “comum” integra todas as dimensões da vida, enquanto que o termo comum-ismo, hoje em dia não corresponde a sua origem etimológica, de modo que se tornou uma palavra carregada de preconceitos e distorções.

A palavra comunismo vem do latim e significa “comum”. A palavra comuna, por exemplo, remete a cidades emancipadas na Idade Média e, em francês, significa comunidade local com autonomia administrativa. Experiências comunais, isto é, comunitárias, ocorreram em diversos períodos da história, como o cristianismo primitivo do século I, quando todos vendiam suas propriedades e os apóstolos repartiam o pão conforme a necessidade de cada um. Entretanto, essas experiências são anteriores à consolidação do capitalismo industrial, quando o conceito de comunismo como hoje conhecemos foi desenvolvido. A palavra “comum” de casa comum, não só propõe um olhar integral em favor da vida em suas-formas-de vida, mas também denuncia os mecanismos de desintegração fracionaria que põe em risco a vida do planeta. é importante salientar que o Papa Francisco quando escreve a Encíclica Laudauto si, a priori, ouviu vários seguimentos da sociedade, principalmente os movimentos sociais que tem como bandeira a luta a dignidade humana concomitante a preservação do meio ambiente. Assim, Papa Francisco da voz aos sem voz, de modo que a Encíclica é resultado da escuta daqueles que estão a margem do sistema mundo, mas que lutam esperançados por políticas públicas sociais e ambientais. Deste modo a reflexão em torno da casa comum diz respeito aos anseios de parte da população mediante crise ambiental. Esses escritos, também é resultado de patilha entre duas pessoas que em suas praticas cotidianas, trazem suas opções preferenciais pelos empobrecidos. Alder Júlio Calado (aldercalado@gmail.com) e Pe. Hermínio Casanova (hcanova46@gmail.com). Alder Júlio, é diácono permanente e professor aposentado da UFPB (Universidade Federal da Paraíba).  Licenciado em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Caruaru (1972), Mestrado em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (1979) e Doutorado em Anthropologie et Sociologie du Politique – Université de Paris VIII (1991). Alder Júlio, tem mais de cinquenta livros escritos, onde a presença fundamental das vítimas tem predominância desde várias perspectivas: na sociologia, na teologia, na educação e na filosofia. Isto evidencia uma unidade do ponto de vista do olhar acadêmico de Alder Júlio. O caráter de oprimido, é a unidade desenvolvida em seus livros. Padre Hermínio, é missionário italiano.  Apaixonado pelos trabalhadores rurais da Diocese de Joao Pessoa, já entrou em conflitos várias vezes com fazendeiros defendendo os interesses do homem e da mulher do campo. É responsável pela CPT, (Comissão Pastoral da Terra). Junto com Alder Júlio, promovem todo ano a Semana Teológica Pe. José Comblin, tematizando os principais problemas político-econômicos que afligem as comunidades mais carentes. Alder Júlio e Pe. Hermínio, traduzem as Encíclicas do Papa Francisco do Italiano para o português e em seus grupos refletem os documentos, de modo que a palavra do Papa Francisco tem importância para estes, mais do que a própria instituição igreja. Pois da parte da Igreja, pouco se fala das encíclicas, e o pouco que falam é de forma superficial e sem vínculo com a diocese.

Com estas palavras introdutórias, gostaríamos de prestigiar o Papa Francisco, como aquele que é a voz de uma mãe, a voz da terra, a voz de uma irmã e a voz de São Francisco. Para tanto, faremos uma síntese sobre o método da Laudato si. Em seguida desenvolveremos os aspectos que nos chamam atenção na encíclica em torno do racionalismo que de vários modos, tornou as relações humanas entre si e com a natureza, relações técnicas. Em seguida, abordaremos o contexto em que se encontra a política brasileira e o descaso com o meio ambiente e com os empobrecidos. Em meio a desesperança provocada pelas relações técnicas, trazemos uma leitura bíblica teológica que nos inspire a uma espiritualidade do engajamento desde da categoria do feminino, categoria essa, que se encontra no início da encíclica.  Por fim, concluiremos nossa homenagem com o sínodo da Amazônia por entender que se trata da materialidade profetizada pelo Papa Francisco na Encíclica Laudato si.

MÉTODO.

Quanto ao método: ver, julgar e agir

Trata-se protagonismo popular, luta e transformação indicam a orientação das práticas, assim como o “fazer com”, trabalhado conceitualmente como práxis e por vezes como o movimento permanente entre prática-teoria-prática. ver-julgar-agir se traduz por  ação-reflexão-ação, é considerado a lógica metodológica, permeada pela relação entre os saberes populares e o conhecimento historicamente acumulado, pela sistematização, pela pesquisa-ação participante e pelo diálogo, que orienta os métodos, técnicas e procedimentos, incluindo os processos avaliativos, dos múltiplos processos e práticas educativas que se instauraram na América Latina.

Na Carta Encíclica Laudato Sí (maio de 2015) o Papa Francisco assume corajosamente o método Ver, Julgar e Agir. Este método foi criado pela ação católica dos jovens operários da Europa nos anos 50, mas a partir do evento de Medellin (1968) e de Puebla (1979) se tornou o método de trabalho da pastoral popular e das atividades formativas da Igreja Latino-Americana.

O Ver corresponde ao capítulo III, onde é analisado o paradigma tecnocrático dominante como instrumento que o ser humano utiliza na sua ação no mundo: “A raiz humana da crise ecológica”. O Julgar é a reflexão desenvolvida nos capítulos IV, apresentando a novidade do discurso, “por uma Ecologia Integral”.

O Agir está em parte no capítulo V, e sobretudo no capítulo VI onde aparece a proposta de viver uma espiritualidade ecológica.

Pontos que são referendados desde o método.

Podemos perceber a intenção do Papa de se deixar conduzir por alguns princípios e valores na elaboração de uma análise, de um discernimento, e na consequente proposta de uma ação concreta. Na leitura da Introdução e do Capítulo I, descobrimos estes critérios ou luzes. Pelo menos dez critérios ou pressupostos metodológicos são os mais utilizados na Encíclica.

O cuidado, como essência da vida humana. Termo nascido e elaborado no Brasil e assumido pelo Papa; ver o título do documento “Laudato Sí: Sobre o cuidado da casa comum”.

– Casa comum; o termo foi proposto pela primeira vez pelo líder soviético Michael Gorbachov na elaboração da “Carta da Terra”.

A ciência. “assumir os melhores frutos da pesquisa científica atualmente disponível.” (n. 15). Na parte teórica, o Papa incorpora dados da nova cosmologia e da física quântica, pois tudo no universo é um nó de relações.

Os pobres e a fragilidade do Planeta. Esta relação é um eixo central do documento. (n. 16).

O novo paradigma da tecnologia: a tecnociência e a tecnocracia como novas formas de poder (n. 16).

– O antropocentrismo exacerbado.

– A busca de um novo estilo de vida (n. 16).

– A cultura do descarte (n. 20, 21 e 22).

– O clima como bem comum (n. 23-26).

– A questão da água (n. 27-30). “problema da qualidade da água disponível para os pobres.”.   “Uma mercadoria sujeita às leis do mercado”.

A perda da biodiversidade (n. 32-42).

A desigualdade planetária (n. 48-52). “O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto.” uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”, os refugiados do clima, os desempregados globais.

A admiração e o encanto: fraternidade e beleza, inteligência intelectual e inteligência sensível ou cordial.

LAUDATO SÍ COMO PALAVRA DO PAPA FRANCISCO (VER)

O método proposto, propicia meditar sobre a PALAVRA de esperança do Papa Francisco.  Em um mundo, onde a palavra se tornou técnica, quer dizer, submetido a ciência, a palavra do Papa Francisco, vai na contramão de um drama causado pela e através da política moderna.

O drama da vida é precisamente a experiencia histórica da violência dos totalitarismos ideológicos que produz a crise e o ocaso das pretensões da razão moderna. O iluminismo, no sentido mais amplo de pensamento em continuo progresso, tem por objetivo livrar os seres humanos do medo e torná-los senhores. Mas a terra inteiramente iluminada resplandece num cenário de triunfal desventura. Os sinais das desventuras, é a violência inaudita que se pode ver nos assassinatos de negros e negras, na depredação das florestas em função do agronegócio. Soma-se a essa realidade, as doenças provocadas pelo desenvolvimento tecnológico. Neste tempo de “noite branca”, o que triunfa parece ser a indiferença, a perda do gosto para procurar as razoes ultimas do viver e do morrer humano. Assim, a doença que mais se alastra é a falta de paixão pela vida e das suas formas-de-viver.

A pandemia espalhou dor pelo mundo e foi ainda mais rigorosa nas áreas pobres do globo, onde somou-se ao flagelo de antigas mazelas sociais.  No Brasil, por exemplo, o volume de críticas dirigidas por especialistas à gestão da crise realizada pelo Governo Federal evidencia problemas que colocam em xeque, não apenas o controle da doença, mas também a recuperação da economia. Do ponto de vista exclusivamente econômico, a crise elevou o desemprego e queimou pequenos capitais em volumes nunca vistos. Ao mesmo tempo, desabou o investimento, a arrecadação tributária e tornou instáveis os cenários econômico e político. Por fim, restou o trabalho precarizado como último recurso para muitos moradores das grandes cidades.

No Brasil, os 50% mais pobres em termos de renda têm apenas 10% da renda total, enquanto os 10% mais ricos têm mais de 50% do total. No que se refere à propriedade a situação é ainda pior: os 50% mais pobres detém 2% ou 3%, enquanto os 10% mais ricos detém entre 70% a 80% de tudo. A pobreza na América Latina, é um projeto político implementado por golpes. Um exemplo dentre muitos: logo após o golpe na Bolívia foi noticiado que o general que exigiu a renúncia do presidente Evo Morales.

Mas o golpe foi subcontinental, tendo começado com Honduras (2009),
Paraguai (2012), Brasil (2016), Bolívia (2019). E também outros países, utilizando metodologias um pouco diferentes, inclusive em combinação com processos eleitorais farsescos. Ao contrário da maioria dos países onde houve golpe, no Brasil promoveram a farsa do impeachment em 2016 e, em 2018, tiveram que gerar um processo farsa para impedir que o candidato favorito das eleições, participasse, pois poderia vencer o pleito, colocando o golpe na estaca zero. Bolsonaro, portanto, é cria de um golpe de Estado, mas também de uma fraude eleitoral. Ambos os processos contaram com a criminosa colaboração secreta de órgãos de inteligência norte-americanos, como agora está mais do que evidenciado.

O problema da segurança pública nos maiores centros urbanos do país, está intimamente ligado ao golpe de Estado no que se refere a crescente violência contra jovens negros. É inconteste que as forças da repressão numa comunidade de periferia, amedronta mais do que as gangues que lá se estabeleceram. Há um incentivo ao confronto e a consequência é a morte de inocentes. Às vezes se justifica essas mortes como vítimas de balas perdidas. Essas balas são perdidas para alguns, mas são certeiras para os pobres negros. A ordem é que nas favelas as forças de repressão do estado têm que agir com toda força possível, principalmente contra negros e pobres. Essa é uma forma eloquente de criminalizar os moradores das favelas. Trata-se de um projeto amplo para toda América Latina.

O que se vê na América Latina como um todo são regimes políticos com aparência de legalidade, mas que reprimem as forças populares e nacionalistas. No caso do Brasil, já vivemos sob uma ditadura, cujos poucos espaços democráticos vão sendo gradativamente espremidos. Especuladores estrangeiros retiraram R$ 87,3 bilhões da Bolsa brasileira entre 1º de janeiro e 17 de setembro. Este valor, quase o dobro dos R$ 44,5 bilhões que voaram durante todo o ano passado, significa a maior fuga de capitais da série, que começou em 2008.

TEOLOGIA FRANCISCANA DA ESPERANÇA (JULGAR)

É nesta desventura, da qual nos encontramos, que o Papa Francisco nos provoca a manter acesa a vela da esperança. Trata-se de palavra de vida inspirada no evangelho e no testemunho de São Francisco. Assim, as palavras do Papa Francisco apontam para o seu modo de viver.  As metáforas em torno das palavras Irmã (frater) mãe (útero) e terra, constituem mediações que o Papa Francisco utiliza para expressar sua experiencia evangélica em meio a violência da técnica. “A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que « geme e sofre as dores do parto» (Rm 8, 22). Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7)”.

À memória de Deus, viva e potente no Espírito, a fé do discípulo Papa Francisco não pode deixar de juntar a consciente assunção do presente. No Espírito o “hoje” dos homens é visitado e transformado para passar a ser o “hoje” de Deus, a hora da sua graça: por isso, “é dever de todo o povo de Deus, sobretudo dos pastores e dos teólogos, com a ajuda do Espírito Santo, escutar atentamente as palavras do Papa Francisco, discernir e interpretar os vários modos de falar do nosso tempo, e de sabê-los julgar à luz da Palavra de Deus, para que a verdade revelada seja entendida sempre mais a fundo, seja melhor compreendida e possa ser apresentada de forma mais adaptada”(Gaudium et  Spes, 44).

Os acontecimentos da história, enquanto habitados pelo Espírito que fala ao Seu povo, oferecem-se como “sinal do tempo”, ao qual deve corresponder compromisso da fé, que interpreta e atua em vista da nossa casa comum: “De fato, é necessário conhecer e compreender o mundo em que vivemos, bem como as suas expectativas, as suas aspirações e a sua índole frequentemente dramática” (Mt 16,2s; Lc 12,54-56). Ouvindo as inspirações do Papa Francisco, que brota o Sínodo do Amazonas.

O SINODO DO BRASIL (AGIR)

No site da UNISINOS (http://www.ihu.unisinos.br) no dia 30 de junho de 2020, noticiou o evento do Sínodo da seguinte forma: Nasce a Conferência Eclesial da Amazônia: “uma resposta oportuna aos gritos dos pobres e da irmã mãe Terra. O Sínodo é uma novidade, pois de caráter eclesial e não episcopal pode se tornar uma referência global do modo de ser igreja. Segundo artigo da UNISINOS, o sínodo é uma novidade do espírito. Trata-se da sinodalidade, uma maneira de ser Igreja que está sendo decisivamente promovida pelo Papa Francisco. Segundo Casto Ruiz (Professor da UNISINOS), “a boa nova sinodal com base na perspectiva eclesial, se realizou em uma nova figura jurídica-pastoral dentro da Igreja pelas quais os leigos e religiosas firmam parte parietalmente com os bispos”. Ainda outra novidade, é que não se trata de um país, mas de uma região (um bioma) que interliga diversos países. Trata-se de uma abordagem da fé, cujo conteúdo são as questões socioambientais. O Sínodo se torna então, o laboratório de um modelo de ser Igreja no século XXI.

O sínodo da Amazônia está intimamente ligado a laudato si do Papa Francisco. Trata-se da escuta da palavra do Papa desde a América Latina. São palavras que se faz numa atitude do auscutar como discípulos e discipulas. Auscutar, do latim, ausculto, significa dar ouvidos a, para torna possível o mostrar-se e o reconhecer da nostalgia profunda do útero materno que se preserva.  Entendemos como “útero materno” as experiências mutáveis da vida que emerge para a apreensão dirigida ao todo, ao rosto da vida, cheio de contradições, ao mesmo tempo vitalidade e lei, razão e arbitrariedade, mostrando sempre aspectos novos e, embora talvez clara nos pormenores, inteiramente enigmática na totalidade. A alma procura abarcar num todo as referências vitais e as experiências nelas radicadas, mas não consegue. O centro de todas as incompreensões são a geração, o nascimento, o desenvolvimento e a morte. O vivente sabe da morte e, no entanto, não pode compreendê-la. Desde o primeiro olhar lançado a um morto é a morte inapreensível para a vida, e aqui radica, em primeiro lugar, a nossa posição face ao mundo como perante algo de estranho e de terrível. (TILTHEY, Wilhelm. Teoria das concepções do mundo. Edições 70,1995. p. 114).

Não se escuta o simples barulho ou as ondas sonoras do que está sendo dito, mas o sentido originário de um Deus sem origem. Sendo assim, ao invés de ouvir, dá-se o ouvido. Se não fossem os obstáculos impostos pelas políticas de Estado, ouviríamos a terra dizer: vocês são meus filhos. Ouve-se no silêncio o que fala a terra, de modo que o calar fala mais alto. Neste sentido, auscultar é um modo de pensar a nossa casa.

O pensamento é propriamente pensamento quando se dá uma “auscuta” e nela se dá pertencimento a Deus, pois Deus já se destinou, se enviou, já foi admitido como Jesus Cristo. O pensamento é propriamente pensamento quando há um pertencimento ao Deus da vida, pertencimento ou apelo; quando o pensamento se faz desde o próprio Deus e esse apego pode ser também um amor ao querer. Então, o poder ser que é querer e querer somente isso. Querer é, portanto, deixar ser, deixar a coisa vingar desde a proveniência de uma essência e esse querer é amar; amar como querer é deixar ser, deixar a coisa ser, deixar vigorar. O poder da razão, não é o de ter domínio sobre a coisa: é deixar a coisa acontecer desde ela mesma. Poder como querer é justamente o deixar ser, portanto o possível, que é somente possível.

Fonte: Teologia Nordeste

(04-11-2021)

Esperança Brasil. Brasil Esperança

Como se faz um país?

Um país é feito de inúmeros fios de lealdade, filiação, amizade, pertencimento, respeito, sentimento, complementariedade.

Todo esse tecido fino foi sendo despedaçado com persistência maléfica, desde pelo menos 2013, quando o então derrotado candidato presidencial Aécio Neves (PSDB) decretou em rede nacional de televisão: “vamos tirar o PT do governo”.

Tiraram o PT do governo mediante o golpe de estado de 2016 e fizeram mais: trouxeram o Brasil de volta para o mapa da fome.

Instalaram um desgoverno genocida, que contraria em tudo os princípios internacionais dos Direitos Humanos. Apologia da tortura, também em rede nacional de TV, pelo atual presidente da República.

Ataques aos segmentos LGBT, aos pobres, aos trabalhadores, aos aposentados e aposentadas. Ataques à ciência, à educação, à saúde, às artes.

Tudo que é humano foi rebaixado a coisa vil.

Temos a possibilidade de restabelecer a democracia constitucional no país.

Vêm se configurando a construção da candidatura de Lula à presidência da República em 2022.

Isto poderá significar o retorno do Brasil à posição de país internacionalmente respeitado.

A esperança é o que move o dia a dia. É o que nos permite pensar que amanhã será outro dia. Temos o direito de ter de volta o que quiseram nos roubar.

Convidamos você a participar ativamente na reconstrução do Brasil. Some com esta iniciativa que irá lhe orgulhar!

 

 

“Já se sente, Lula presidente”: multidão recebeu ex-presidente em Buenos Aires

Por Fernanda Paixão

Visita do ex-presidente brasileiro dá apoio ao governo peronista em sua agenda de acordos com o FMI

A presença do ex-presidente Lula marcou a volta às ruas da mobilização do Dia da Democracia, em Buenos Aires, nesta sexta-feira (10). O evento começou às 15h na histórica Praça de Maio, símbolo de luta pelos direitos humanos. Com o lema “Democracia para sempre”, a mobilização reuniu milhares de pessoas.

Lula chegou ao país especialmente para a ocasião. No mesmo palco em que discursou o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, seguido da vice-presidenta Cristina Kirchner e do presidente Alberto Fernández, Lula enumerou as conquistas da chamada “década ganha”, assim como, os presidentes da região que impulsionaram agendas progressistas simultaneamente ao seu governo no Brasil, no início dos anos 2000.

“Foi quando expulsamos a ALCA e firmamos o Mercosul”, disse, seguido de efusivos aplausos. “Eu tive a oportunidade de junto com a companheira Cristina participarmos ativamente do G20 para tentar consertar a crise econômica mundial depois da quebra do sistema financeiro americano.”

“Venho aqui parar agradecer do fundo do meu coração a cada homem e mulher argentina que prestaram solidariedade a mim quando fui preso no Brasil”, disse Lula, destacando tratar-se da mesma perseguição que sofre também na Argentina, ainda hoje, Cristina Kirchner.

ula desembarcou no país na quinta-feira (9) com uma agenda oficial de dois dias. Incluiu uma reunião com o presidente Alberto Fernández e a entrega do prêmio Azucena Villaflor às mães da Praça de Maio e outras personalidades. O prêmio consiste em um reconhecimento entregue pelo governo da Argentina às defensoras e defensores dos Direitos Humanos.


Multidão se reúne na Praça de Maio, em Buenos Aires, para receber Lula, Pepe Mujica, Cristina Kirchner e Alberto Fernández no Dia da Democracia / Ricardo Stuckert

Por um acordo com o FMI

A Argentina passa por um novo período de intensa tentativa de negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI), algo nada amenizado pelas discordâncias internas da coalizão Frente de Todos (FdT) e, pontualmente, entre o presidente Alberto Fernández e a vice-presidenta Cristina Kirchner.

A presença de Lula, assim como a de Mujica, serviriam para apaziguar os humores e buscar apoio aos esforços do governo em cumprir o pagamento da dívida com o FMI, contraída pelo governo neoliberal de Mauricio Macri (Partido Republicano – PRO).

Na fala mais longa da noite, Cristina Kirchner dedicou duras críticas ao FMI e destacou que os governos progressistas na Argentina são os responsáveis por pagar as extraordinárias dívidas contraídas pelos governos liberais.

Como “o presentinho de 44 bilhões de dólares”, em referência à dívida deixada por Macri. “Precisamos que o Fundo nos ajude a recuperar milhares de milhões de dólares que foram parar nos paraísos fiscais”, ressaltou.

“O FMI viveu condicionando a democracia Argentina. Não é de agora. Lembro que, quando o presidente Alfonsín assumiu um dia como hoje, há 38 anos, e recebeu um país que tinha quintuplicado sua dívida externa, sem reservas no Banco Central, com investidas militares, com 30 mil desaparecidos”, afirmou Kirchner, mencionando os desaparecidos durante a última ditadura militar do país.

Como já havia afirmado na quinta-feira (9) em uma entrevista ao canal argentino IP, Lula analisa que a Argentina “deve chegar a um bom acordo com o FMI”, que não “asfixie o país” e viabilize seu crescimento.

Lula destacou seu agradecimento a Alberto Fernández, e prestou seu apoio ao presidente argentino para “qualquer situação”. “Ele ainda era candidato à presidência e foi me visitar na prisão”, relembrou Lula, e dirigiu-se a Fernández.

“Pode ter a certeza que, em qualquer situação – em qualquer situação – este senhor, que está hablando agora, com 76 anos de idade, mas com a energia de um jovem de 20, estará ao teu lado, para que você possa fazer o que for necessário para melhorar a vida do povo argentino”, finalizou Lula.

A multidão na Praça de Maio despediu o ex-presidente brasileiro em coro: “Se siente, se siente, Lula presidente!”

O canto é tradicional na Argentina e traz o significado de que já se “sente” que Lula será presidente. A tradução literal em português seria “já se sente, Lula presidente”.

“Veja, companheiro, sempre que cantaram isso pra mim, não erraram”, disse Kirchner ao petista.

 

Edição: Marina Duarte de Souza

Fonte: Brasil de Fato

(11-12-2021)

 

Pandemônio agrava pandemia: desemprego, inflação, fila do osso

Pandemia põe a nu o capital

Da saúde, ele faz mercadoria

 

Bolsonaro mais Bannon mais Fakhoury

só ilustram a barbárie, em todo o mundo

 

Militares silentes ante os crimes

E se fosse de esquerda o presidente?

 

O poder popular – Democracia –

É que arranca os tiranos dos seus tronos

 

A Direita é matriz neofascista:

dialoga sem mais, com sua extrema…

 

O escândalo “Prevent” mostra bem

Quão letal é a saúde privatista

 

Tem mil dias o Desgoverno, e qual seu saldo?

Dois milhões de famílias na miséria…

 

Familícia em Las Vegas joga fundo

Em tornar o Brasil grande cassino

 

Desgastado com o Führer, plutocratas

Articulam, em vão, terceira via

 

O dilema de Ciro causou espanto:

Escolher entre Haddad e Bolsonaro…

 

Dos mil dias do inferno Bolsonaro

CPI mostra os traços da barbárie

 

Quanto mais se propõe “terceira via”

Mais derretem seus próceres nas pesquisas

 

Se Angela Merkel se mantém ou vai embora

Pouco muda a dinâmica do sistema

 

É didático o papel da CPI

Desmascara os disfarces da Direita

 

Quem a “Folha” incumbiu de inquirir

O repórter do caso da “facada”?

 

Os fascistas agridem a Justiça

Mas a ela recorrem, a toda hora

 

Eleger nome certo a Presidente

Só prospera em Congresso de esquerda

 

Burguesia quer outro Bolsonaro:

Que se atenha tão só ao seu programa…

 

Não contente com o controle do Congresso

Financistas controlam a grande mídia

 

Grande mídia é partido da burguesia

Dispensando-a seus membros de eleger-se

 

Uma usina de “fakes”, a grande imprensa:

A serviço do grande Capital

 

Dando o “kit”, se evita internação

Eis a lógica da “Prevent”, na pandemia…

 

“Lealdade e obediência” é o lema

Da Prevent, inspirado no Nazismo

 

Descoberta escabrosa da Prevent:

também óbito é uma forma de dar alta…

 

Democrático, o Império Americano?

Basta ver o lugar que os pobres têm…

 

Desta via recursal tão abundante

Só os ricos conseguem usufruir…

 

Velho da Havan escancara, em grande escala

Quão perversa é a casa escravista

 

O Império Yankee está por trás

Da urdidura do golpe de 16…

 

Como a água que rompe a tenaz rocha

Povo em marcha derrota neofascistas

 

Nos inspire Francisco, o de Assis

Contra a sanha ecocida dos de cima!

 

A “República” doméstica Bolsonaro

Só atesta a vil saída da familícia…

 

Burguesia descumpre as próprias leis

Se e quando lhe convém: eis sua ética…

 

Karl Marx segue sendo atual:

Põe a nu as cloacas do sistema

 

Burguesia pariu a familícia:

Por excessos, ela busca afastá-la

 

O projeto Bolsonaro é devastar

O País: nossa gente, nossa Terra…

 

Se a série de crimes é infinita

A que deve-se tamanha impunidade?

 

Apesar dos desvios de Bolsonaro

Ele cumpre da “elite” sua pauta…

 

João Pessoa, 02 de outubro de 2021.

La finalidad de la vida no es la muerte, es la propia vida.

La finalidad de la vida no es la muerte. Es la propia vida.

Por donde se mire, el actual gobierno brasileño va en la dirección contraria. En la dirección de la superexplotación de la clase trabajadora. La violación sistemática y premeditada de los Derechos Humanos pone en evidencia que el actual gobierno es en todo semejante a una dictadura, o aún peor.

La fachada legal que lo disfraza no consigue, sin embargo, disimular su esencia. La muerte es su bandera. Su objetivo, la destrucción de la vida humana y ambiental. A menos que la ciudadanía en su conjunto se movilice de manera contínua y eficaz, esta guerra la habremos perdido.

Conviene mirar en detalle algunos de los factores que sustentan este estado de cosas. En primer lugar, el endiosamiento de la bestialidad. El actual presidente de la república defendió públicamente la tortura cuando, aún diputado, apoyó el golpe de estado de 2016.

Pero esto no es todo. La idiotez de negar la ciencia. La imbecilidad de promover la ignorancia como modo de vida. Es la negación de la negación. Es la nada como eje.

En segundo lugar, y como consecuencia de todo esto, el intento por estabelecer una sociedad excluyente, basada en el parasitismo, el robo, la mentira, la calumnia, la difamación, el engaño, la disimulación, el prejuicio negativo contra la población LGBT, el uso anómalo y atroz de la religión al servicio de la abominación.

Este es el programa que se viene ejecutando. Es un programa de muerte. Cuando decimos, al comienzo de estas líneas, que la finalidad de la vida es la propia vida, estamos diciendo algo claro y definido.

Nacemos para desarrollar a pleno todas nuestras capacidades creadoras. La educación, la familia, el arte, la cultura, la poesía, la literatura, la ciencia, el trabajo, la fé, son otras tantas ocasiones y espacios para ese florecimiento.

El trabajo en común, la construcción comunitaria, un sentimiento de país y de humanidad deben seguir orientándonos en esta hora desafiadora.