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O Império do Ocidente é sempre certo: democrático, verdadeiro, humanitário…

O Império do Ocidente é sempre certo: democrático, verdadeiro, humanitário…

 

Ai do mundo, se não fosse o Império

Guardião dos valores celestiais

Humildade, família e outros mais

Combatente do mal – sistema sério

Busca a paz, mas a paz de cemitério

Suas línguas, presentes mundo afora

O Inglês, o francês, ontem e agora

Nada impostas, escolhidas de bom grado

Idiomas no mundo espalhados

Livre escolha do mundo que os adora.

 

Sempre foi bem armado, até os dentes

A concórdia, porém, é sua marca

Em dezenas de povos desembarca

Fascinados, os povos, certamente

Os acolhem em clima “caliente”

Seu saber é por eles acolhido

Qual farol de humanismo é trazido

De invenções científicas pioneiros

Asiáticos, chineses, embusteiros

Todo o mundo o tem qual seu ungido…

 

Na América Latina é similar

Ocidente cristão, de fé movido

Vêm salvar os selvagens, a seu pedido

Aportando a América vêm por mar

Suas riquezas a gerir, vêm ensinar

É preciso domar selvageria

Ensinar-lhe doutrina luzidia

Mas, em troca, exigiu suas riquezas

Ouro, prata, minérios, de forma ilesa

Batizando-os à força pra confrarias…

 

Ocidente continua a salvação

Contra a China e a Rússia, inimigas

Em defesa da Ucrânia assume a briga

Pois a Rússia e aliados são quem são

Fazem a guerra sem motivo. OTAN? Não!

Cem por cento a OTAN amplia espaço

Mas, jamais cometendo erro crasso

Mas somente pra levar Democracia

Para os povos da Ásia tão arredia

Ninguém erra, seguindo bem seus passos

 

Diferente do que fez com o outro lado

Desprezou os saberes do Oriente

Usurpando por vezes suas gentes

Omitindo seus feitos ordenados

Desdenhando também outros achados

De invenções preciosas tão sadias

Só retém de outros povos regalias…

‘Inda hoje fustiga orientais

Asiáticos e outros povos mais

O Ocidente só assim se mostraria?

 

Mas é certo que é denso seu legado

No terreno das Artes, da Cultura

Tudo isso por nós apreciado

A Ciência e a Literatura

Sua música se mostra bem madura

E na técnica, é bem reconhecido

Tudo isso nos faz dar-lhe sentido

Mas, sua dívida é enorme com o mundo

Um sem-número de embates bem profundos

Vamos ter um Ocidente convertido?

 

João Pessoa, 31 de maio de 2022

O Império se mostra vulnerável

O Império se mostra vulnerável

 

Avidez por vantagem chega ao ponto

De punir mortalmente quem a promove

Disto é fácil mostrar prova dos nove

É o caso das vacinas que aponto

Há país que já tem estoque pronto

Se julgando isento da Covid

Com os outros países não divide

A batalha comum contra este mal

Consequência parece algo banal

Novas cepas em seu revide

 

Se com Trump é pior, Biden alivia

Mas Império é o mesmo, continua

A mostrar seus dentes, face nua

E, em nome de falsa democracia

Guerra híbrida semeia, à revelia

Contra povos que buscam um consenso

Um diálogo de iguais – leal e denso

E o Império a teimar reinar “solito”

Contra ele os povos lançam um grito

Se dispondo a findar com seu ascenso

 

Superando domínio cruel, maldito

Mui amargos seus frutos em nossos dias

Um dos quais é o bloqueio que sentencia

Aumentando infortúnios e conflitos

E fazendo nossos povos mais aflitos

Determina mais caos na região

O esforço da ONU tem sido em vão

Por enquanto, o Império é quem manda

Apodrece, entretanto, sua banda

Sua palavra será a última? Não!

 

Cuba ,Irã, Venezuela e outros mais

Vêm sendo seus alvos prediletos

Por recusa em seguir seu alfabeto

E, no caso da Ilha, meio século faz

Violando as leis comerciais

Reclamadas na ONU sem efeito

Numerosos protestos são refeitos

Na Irlanda, também recentemente

Há consenso firmado em nossa gente

Bem unidos, vencemos o malfeito

 

Uma prática comum ao Ocidente

É ditar o que é democracia

Quanto mais impõe normas, mais desvia

É inútil bancar o prepotente

Tal sistema tem vários componentes

Em Direitos Humanos, o Império

Está longe de ser levado a sério

Quando tantos malfeitos vêm à tona

A tortura em Guantánamo detona

Seu poder de mentir é deletério

 

A cultura hipócrita expressa bem

O agir do Império ante as nações

Expropriam, torturam, se fingem bons

Violando direitos assim mantém

Uma áurea de Santo, ” gente do bem”

Sua pompa em ditar democracia

Desmascara-se, se esvai, se esvazia

Foi assim com  o Iraque e a Palestina

Seu agir que só guerras determina

Eis um monstro que entende de sangria

 

E com ares de bom, chama à conversa

Ao Alaska, a China comparece

Esperando que o embate entre os dois cesse

A postura do Império é reversa

Desrespeita o hóspede e o dispersa

Os Estados Unidos expõem fraqueza

Já que a estrela da China mentêm-se acesa

Dá-se mal o Império com a parceria

Entre a China e a Rússia – quem diria…

O Império do norte vira presa

 

Se o rumo a trilhar é libertário

Adesão automática a ninguém

Por igual, os caminhos são também

Ter presente importa o itinerário

Com os “de baixo” mostrando-nos solidários

Não se trata de troca de Império

Mesmo sendo algum menos deletério

Sempre agindo aguerridos contra o mal

Libertar os humanos do Capital!

Desafio que assumimos com critério

 

Na memória, na luta, na Utopia

Encontramos mais força e esperança

Quem espera lutando sempre alcança

Mutirão seja o lema que irradia

E encoraja a vencer as distopias

Inspirados na fonte do Bem Viver

Donde jorra a razão do nosso ser

Mãos à obra a tantas empreitadas

Que se espalham entre nós, consolidadas

Pois que veja quem tem olhos pra ver

 

Religião de Mercado é capciosa

É acólito eficaz do deus Mamon

Que pastores adoram como “bom”

Produz morte em quem segue sua prosa

Uma ínfima porção dela é que goza

Há centenas de igrejas diferentes

Muitas delas sugando corpos, mentes

Cumprimentos a quem o sono acorda

Do pescoço tirando mortal corda

Preferindo uma vida coerente

 

O cinismo do Império é desmedido

Democrata se diz, a toda hora

Mas, apoios garante – e sem demora

A governos tiranos, com chibata

De extrema direita a plutocratas

Tal insânia, em verdade, é o que retrata

Prova disto é o que vem acontecendo

Ameaça à Bolívia, sem remendos

Defendendo a golpista usurpadora

E à Justiça responde a senadora

 

O que é sólido também derrete, um dia

Água mole corrói a pedra dura

Vai minando a mais tosca ditadura

É o Povo, esta água, que avaria

Com tiranos só resta a sangria

O poder dos canhões mais deletérios

Povo unido é mais forte que o Império

Lá atrás, já dizia Figueiredo

Os canhões têm limite: caem tarde ou cedo

Ditadura não é regime sério!

 

João Pessoa, 29 de março de 2021