Lembrei de lugares de interior onde estivera, em diferentes ocasiões. San Genaro, na província de Santa Fé, na Argentina, onde moravam meus avós paternos. Cajazeiras, Souza, Patos, na Paraíba. Lugares de tempo parado. Lugares por onde você passa pelas calçadas, ou passava, e a sensação é, ou era, de que tinha muito pouça gente pelas ruas. É como se a rua fosse sua. Grilos, pássaros, insetos. À noite, as nuvens de mosquitos em volta das lâmpadas da praça. A água do poço. Os jardins com flores.
Hoje tive saudades desses interiores. Lugares onde estive muito pouco tempo, mas pude experimentar sensações muito boas, um silêncio, uma quietude, as pessoas sem pressa, com tempo para conversar, para lhe dar uma informação, para saber se você está bem, se necessita de alguma coisa. Lembro de Sousa, quando fomos fazer uma formação em Terapia Comunitária, no Centro de Formação de Professores, em 2009. Havia uns jardins interiores, com pergolados. As lajotas no piso.
Uma outra vez, em Patos, num antigo mosteiro então usado como local para hospedagem, outro evento na área de saúde mental comunitária. Outra vez, jardins internos. Habitações amplas. Silêncio. Uma quietude. Em Cajazeiras, um lago à cuja beira ficamos um tempo, à noite. Tempo parado. Lugares de tempo detido. A gente relembra destes lugares com saudade. Saudade de uma quietude que não se encontra nas grandes cidades.
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/