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Servidores públicos federais repudiam proposta do governo: ‘Ajuste fiscal têm recaído sobre trabalhadores’

Servidores da Fiocruz e de outras áreas do governo federal protestam contra ajuste fiscal. Foto: Fernando Taylor
Servidores da Fiocruz e de outras áreas do governo federal protestam contra ajuste fiscal. Foto: Fernando Taylor

O Fórum das Entidades sindicais dos servidores públicos federais emitiu nesta segunda-feira (31) uma nota informando sobre as negociações entre o governo e os servidores públicos federais. Segundo o Fórum, a proposta do governo significaria uma “drástica redução no poder aquisitivo dos trabalhadores”. O governo federal propôs um reajuste plurianual de 21,3%, parcelado em quatro anos.

Os trabalhadores argumentam que as consequências do ajuste fiscal aplicado pelo governo têm recaído sobre os trabalhadores. “Cortes no orçamento dos serviços públicos, em especial nas áreas da saúde e da educação; demissões nas montadoras que receberam incentivos fiscais e redução de impostos do governo nos últimos anos, justamente para não demitir; medidas provisórias que atacam direitos previdenciários, bem como o endurecimento nas negociações com o funcionalismo, são exemplos de que são os trabalhadores que estão pagando a conta da crise. Enquanto isto, aumentam os lucros dos banqueiros e dos mega empresários, que continuam a bater recordes a cada ano”, disse a nota. Leia na íntegra abaixo:

“REAJUSTE EM QUATRO ANOS, NÃO!

O Fórum das Entidades sindicais dos servidores públicos federais, em reunião realizada no domingo, 30 de agosto, amplamente representativa, decidiu, por unanimidade, não aceitar a proposta de reajuste plurianual apresentada pelo governo (21,3% parcelado em quatro anos), por considerá-la insuficiente, vindo a público esclarecer à sociedade sobre a negociação em curso.

Tal decisão foi tomada após amplo debate no qual as entidades concluíram que a proposta apresentada pelo governo não considera as perdas dos servidores públicos federais nos últimos quatro anos. Além disso, a política econômica em curso não tem conseguido manter a inflação estável, aprofundando a corrosão salarial. Ainda, não há disposição do funcionalismo público federal em aceitar uma proposta que sequer cobre a inflação projetada pelos próprios indicadores oficiais, como também não considera as perdas passadas, o que significa uma drástica redução no poder aquisitivo dos trabalhadores.

A intransigência do atual governo nas mesas de negociação não se resume à apresentação de proposta rebaixada. Ações que visam a deslegitimar e pressionar os trabalhadores têm sido uma marca do governo, na medida em que ordenou o corte de ponto dos trabalhadores de categorias que estão em greve, tal como os trabalhadores do INSS. Tal postura não contribui para o avanço das negociações entre governo e funcionalismo, como também não ajuda a avançar nas negociações, ao condicionar o aceite do índice geral rebaixado (21,3% divididos em quatro anos) à negociação das pautas especificas das categorias que estão em campanha salarial neste momento.

As consequências do ajuste fiscal aplicado pelo governo têm recaído sobre os trabalhadores. Cortes no orçamento dos serviços públicos, em especial nas áreas da saúde e da educação; demissões nas montadoras que receberam incentivos fiscais e redução de impostos do governo nos últimos anos, justamente para não demitir; medidas provisórias que atacam direitos previdenciários, bem como o endurecimento nas negociações com o funcionalismo, são exemplos de que são os trabalhadores que estão pagando a conta da crise. Enquanto isto, aumentam os lucros dos banqueiros e dos mega empresários, que continuam a bater recordes a cada ano.

Diante deste cenário, o Fórum dos Servidores Federais unificou sua posição de não aceitação da proposta do governo, exigindo negociação real e imediata, pois o que se viu até agora foi a imposição unilateral de uma proposta rebaixada, que não encontra acordo em nenhuma das entidades que compõem o Fórum dos SPFs. Entretanto, nossa unidade não acontece somente em relação à negativa da proposta. Em uma só voz queremos dizer que continuaremos a lutar e a construir ações unitárias nas ruas deste país.

Queremos, ainda, demonstrar a nossa disposição em avançar nas negociações, cobrando do governo uma mudança de postura na mesa de negociação e melhorando a proposta em relação ao índice e ao tempo definido para os reajustes. A unidade dos servidores públicos, ampliada a cada dia, visa à prestação de serviços públicos de qualidade para a população brasileira, já tão penalizada com a alta carga tributária e a redução de direitos trabalhistas no país.

Por fim, lamentamos que o governo mantenha a postura intransigente na mesa de negociação, prolongando o conflito e as greves em curso e prejudicando a população brasileira, que quer ver restabelecidas as atividades dos serviços públicos, principalmente nas áreas da saúde e da educação.

FÓRUM DAS ENTIDADES DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS”

Trabalhadores da Fiocruz mantêm greve após propostas insuficientes do governo; em respeito à sociedade, serviços essenciais serão mantidos

Fiocruz: luta por direitos. Foto: Asfoc-SN

Os trabalhadores da Fiocruz, em Assembleia Geral na última quinta-feira (23), deliberaram pela continuidade da greve. A decisão de permanecer com as atividades paralisadas se deu após nova rodada de negociação com o governo na semana passada, quando voltou a apresentar propostas insuficientes nas pautas específica e geral do funcionalismo público federal.

Uma nova Assembleia, para decidir o rumo do movimento, será convocada 24 horas após a próxima reunião com a Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do Ministério do Planejamento (MPOG), ainda sem data definida.

Em respeito à sociedade, a paralisação na Fiocruz não afetará o compromisso dos trabalhadores com as atividades assistenciais, de emergência dos hospitais e de produção de vacinas e medicamentos que possam gerar perdas nas linhas já iniciadas. O atendimento nas Unidades de Assistência é considerado como atividade de greve e uma oportunidade de troca e esclarecimento àqueles que por direito são os nossos empregadores: a população.

A proposta de reajuste apresentada pelo governo é de 21,3%, parcelado em quatro anos. A categoria reivindica um índice de reposição de 27,3% em 2016, referente a perdas inflacionárias dos últimos anos.

Além da política salarial permanente com correção das distorções e reposição das perdas inflacionárias, a categoria cobra do governo em sua pauta geral a data-base em 1º de maio; direito de negociação coletiva (convenção 151 da OIT); paridade salarial entre ativos e aposentados; retirada dos projetos do Congresso Nacional que atacam os direitos dos servidores; aprovação imediata dos projetos de interesse dos trabalhadores; e isonomia salarial e de todos os benefícios entre os Poderes.

A Fiocruz é uma das mais respeitadas instituições do mundo, produzindo uma grande quantidade de medicamentos e vacinas e fornecendo outros serviços essenciais de saúde não só para os cidadãos vivendo no Brasil, mas para uma grande quantidade de países menos desenvolvidos.

Como se chegou ao índice pedido pelos trabalhadores: inflação de 2010 até o 1º semestre de 2016 com 2% de ganho real; cálculo chega a 48%; retira-se os 15,8% do acordo de 2012. Dados da Comissão formada pelo Dieese, Condsef e Sinal.

Confira mais sobra a #fiocruzemgreve em www.asfoc.fiocruz.br

Assembleia Legislativa do Paraná é ocupada por servidores que lutam para barrar “pacote de maldades”

Os servidores públicos do Paraná radicalizaram suas ações contra as medidas de arrocho que o governo de Beto Richa (PSDB) quer implementar no estado e decidiram ocupar no final da tarde de ontem (10) a Assembleia Legislativa. Centenas de pessoas acamparam no local e permanecem com a ocupação nesta quarta-feira (11).

O protesto fez com que a sessão que iria votar os projetos de lei que atacam direitos dos funcionários públicos fosse suspensa e até o momento sem nova data ou horário para ser retomada.

Participaram da ocupação trabalhadores em Educação do Estado do Paraná, servidores da saúde, estudantes, e outros segmentos do funcionalismo que são contra as medidas que atacam direitos.

Antes da ação que culminou com a ocupação, cerca de 20 mil servidores se manifestavam em frente a Assembleia Legislativa para impedir que fosse a voto as medidas.

O governador do Paraná de Beto Richa (PSDB) quer implementar medidas que mexem com a previdência, com a carreira do funcionalismo, e frontalmente com a autonomia das universidades, entre outros ataques. A CSP-Conlutas, a Assembleia Nacional de Estudantes Livre, o Movimento Mulheres em Luta, entre outras entidades ligadas à Central estão juntas a esses trabalhadores e apoiam essa iniciativa.

Greve continua Como parte da luta contra essas medidas, os trabalhadores em Educação do Paraná estão em greve desde segunda-feira (9), com adesão de 100% das escolas. Também os servidores da saúde estão parados e há um indicativo de adesão ao movimento paredista dos agentes penitenciários.

Fonte: CSP-Conlutas
http://cspconlutas.org.br/2015/02/assembleia-legislativa-do-parana-e-ocupada-por-servidores-publicos-que-lutam-para-barrar-pacote-de-maldades/

Nossos garis são verdadeiros heróis e merecem a pressão e a solidariedade da sociedade

Por Jean Wyllys (*)
Quando a reivindicação de uma categoria é justa, quando essa categoria está unida, determinada, acontece o que estamos vendo nas ruas da Cidade Maravilhosa. O Rio de Janeiro tem uma das piores distribuições de renda e uma burguesia com mentalidade ainda escravista. Um gari no Rio, trabalhando em condições insalubres, ganha muito pouco.
Todo mundo sabe que R$ 803,00, salário antes do reajuste de 9%, não faz jus aos que livram a cidade dos seus dejetos. Eles defendem que o piso vá de R$ 803,00 para R$ 1,200,00, mais adicional e outros direitos trabalhistas: o que pedem é tão pouco que a resposta do prefeito dá vergonha alheia; eles têm direito a muito mais!
A população está reclamando que pagam caro, que suas ruas estão imundas, que é um absurdo, mas não compra a briga. Não são poucos os que não veem problema em atacar a greve para defender um governo que os escraviza.
Será que quem se diz contra a paralisação e ataca o legítimo movimento de um grupo de homens e mulheres que ganha 803 reais por mês aceitaria fazer uma experiência de um dia na função? Ou acham que resolvem o problemas de salários defasados desde o governo de Cesar Maia somando um adicional de insalubridade para fingir que é maior do que realmente é?
A maioria que se posiciona contra os garis afirma que foi oportunismo da parte deles ter iniciado a greve justo durante o carnaval. Devem pensar: “Ah… que absurdo pararem de nos servir logo no carnaval, que é quando a gente mais gosta de emporcalhar a cidade”.
É também vergonhosa a postura do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio do Rio de Janeiro, que não tem apoio das bases. Seus dirigentes criminalizam os grevistas e, para dar fim aos atos, acertaram com a Prefeitura a demissão dos que não voltassem ao trabalho após a assinatura de um acordo que é apenas vantajoso para o lado dos mais fortes.
Ah, e ainda inventaram que há infiltração partidária na greve. Por acaso, como sempre, do PSOL. Quem me dera todos esses garis serem filiados ao PSOL! Eu teria muito orgulho disso! Mas quem fala em infiltração partidária esquece de falar das doações à campanha do prefeito de algumas lideranças do sindicato que hoje se colocam do lado dos patrões, da filiação de alguns deles a partidos da base governista, enfim… parece que aí não veem interesses políticos.
Enquanto isso, a Prefeitura não recebe os garis; prefere colocar escolta armada para forçar o trabalho dos que não estão no movimento por medo de perder seus empregos, já que foram anunciadas a demissão de 300 profissionais.
Escolta? Estão tratando garis como bandidos! Agora parece que todo aquele que protesta e exerce seus direitos constitucionais é um bandido no Rio de Janeiro.
Os garis afirmam estar sendo ameaçados caso não furem a greve. A Justiça do Trabalho também considera a greve ilegal. Como pode um gari, um serviçal invisível que tem “apenas” a função de limpar a nossa sujeira, reivindicar aumento? Gostaria de ver esses juízes tentando sustentar suas famílias com o salário de um gari…
De mal parecido, sofrem os professores do ensino público que também ganham um salário que mais parece piada de mau gosto para ajudar a construir o futuro do país, e a resposta do prefeito Eduardo Paes sempre é a mesma: bala de borracha! Gás lacrimogêneo! Ele já parece o policial do vídeo do Porta dos Fundos!
Nossos garis são verdadeiros heróis. Essa bravura merece ser valorizada com a pressão e a solidariedade da sociedade!

Greve dos garis: Eduardo Paes e sindicato são do mesmo grupo político; em vídeo, categoria denuncia intimidação

Garis protestam na Cinelândia, no Rio. Crédito da foto: Mídia Ninja.

É facilmente observável nas redes sociais – e a foto acima expõe isso de maneira ímpar – milhares de manifestações apoiam a intensa mobilização dos garis no Rio de Janeiro.
Como se fosse uma avestruz, o presidente da companhia de limpeza urbana da cidade (Comlurb), Vinícius Roriz, afirmou na TV: “No nosso entendimento, esta greve está acabada. O que vemos são grupos que discordam. A gente não pode chamar de greve porque não foi delegada pelo sindicato”.
Curiosamente, a mesma falta de sensibilidade fez com que Roriz pedisse para as pessoas guardassem lixo em casa. “Se a pessoa tem condições de guardar o lixo em casa, que o faça. Se não tiver jeito, tente acomodar de uma forma boa, num saco plástico bem fechado.”
Os garis estão em greve desde o sábado de Carnaval, no primeiro dia de março, e enfrentaram o sindicato, conforme noticiado por esta Gazeta de Notícias.
Como uma maneira de tentar esconder os problemas da cidade, a menos de 100 dias para o inicio da Copa do Mundo, Roriz admitiu que a Zona Sul – a área mais rica do Rio – “está praticamente normal”, acrescentando que “a situação mais complicada é na Zona Norte e na Zona Oeste”.
O humorista Rafucko divulgou nesta sexta-feira (7) uma análise de dois telejornais da Rede Globo – RJTV e Jornal Nacional – expondo a manipulação política da emissora contra a justa reivindicação da categoria de trabalhadores.
Análise de Rafucko

“É impressionante o tempo dedicado a ouvir o personagem mais importante nessa história: os próprios garis! Quando estiver nas ruas, pergunte você mesmo a um gari o que ele está achando da situação toda”, disse ele, que também gravou um vídeo executando sua proposta.

Segundo muitos dos garis ouvidos pela mídia independente, a adesão à greve – contra o sindicato pelego – é enorme. A Prefeitura está intimidando ilegalmente os trabalhadores, conforme denunciou o vídeo acima, gravado pelo Rafucko. As Organizações Globo e a Prefeitura do Rio trabalham juntas para pôr fim à greve.
Um dos membros da comissão de negociação também falou:

Pedro Torres, no Facebook, comentou a acusação do vice-presidente do Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro de que os grevistas “fazem parte de partidos políticos” e “a greve tem motivação política”.
“Com uma pesquisa de menos de 10 minutos no Google, se descobre que um membro da atual diretoria, o 1º Tesoureiro, Manoel Martins Meireles, foi candidato pelo PTB, partido da base do atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
Como se não bastasse, entre as doações recebidas pelo candidato, se destacam duas doações de R$ 10 mil, totalizando R$ 20 mil, de Luciano David de Araújo, presidente do sindicato”, disse ele (original aqui).
“Aí fica bem claro o porquê de o sindicato lutar tanto contra a própria categoria em prol do bom relacionamento com a prefeitura. Viva a greve dos garis! Abaixo o sindicato pelego!”, comentou Torres.
Quanto custa driblar uma greve?
Da Mídia Ninja

Foto: J. Élcio/Vidblog Vidigal

Grupos privados de vigilância e segurança começaram a acompanhar a coleta de lixo no Rio de Janeiro. A medida foi criada para intimidar e impedir que os trabalhadores deixem seus postos de trabalho e se juntem a greve.
Na foto, um carro da empresa paulista CTS foi fotografado em serviço no bairro de Copacabana, junto com uma van da Comlurb que levava uma equipe de reportagem da Prefeitura.
A Assessoria de Comunicação da Comlurb não quis comentar qual seria o valor despendido para contratar os serviços privados. A empresa CTS, no entanto, informou que o valor médio de contratação de um segurança em escolta é de R$ 110 reais por hora, sem contar os adicionais por fatores de risco.
Um segurança que escolte a coleta de um caminhão de lixo por 8 horas – tempo médio de duração de um turno – custaria pelo menos R$ 880,00. O valor equivale ao salário de um mês inteiro de trabalho de um gari.
* * *
A ‘ajuda política’ aos garis
Julia Maria Ferreira registra:
“Jornalista da Globo: Vocês estão recebendo alguma ajuda de partido?
Gari: A discussão aqui não é partidária, é piso salarial!
Jornalista da Globo: Então, vocês não estão recebendo nenhuma ajuda política?
Gari: Estamos sim! De professores, de médicos e de todo mundo que tá aqui apoiando, trazendo água e quentinha aqui. É essa a ajuda política que estamos recebendo.”
(Com informações do Jornal do Brasil)

Garis enfrentam o sindicato no Rio: 'Gari é que tem que decidir a situação de gari'

Por Akemi Nitahara, da Agência Brasil

Foto: Mídia Ninja

Após reunião que durou toda a tarde de nesta quarta-feira (5) com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPE-RJ), os cerca de 250 garis que aguardavam na frente do prédio da Companhia de Limpeza Urbana, na Tijuca, decidiram manter a greve deflagrada na sexta-feira (28). O grupo marcou para quinta-feira (6) às 10h reunião no mesmo local.
Dez garis grevistas se reuniram com representantes da DPE-RJ, que fez a intermediação das negociações com a prefeitura. De acordo com Ivair Oliveira, um dos garis que participou da reunião, 1.100 trabalhadores receberam aviso de demissão e o processo de desligamento vai continuar se a greve não for interrompida.
Garis fazem ato contra demissões em frente a Comlurb. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

“Nós brigamos lá dentro por todos os que receberam o comunicado de demissão, sem exceção. Vai sair um documento oficial regulamentando isso: os que receberam o comunicado de demissão não vão ser demitidos. Essa foi a nossa prioridade, porque eu, particularmente, não iria ficar satisfeito, ainda que a gente continuasse e tudo, se 1.100 famílias ficassem sem levar o seu pão para casa”, disse Oliveira.
Ele lembrou que o sindicato já assinou acordo coletivo da categoria e que, portanto, não há mais possibilidade de “lutar por aumento salarial no momento”.
Garis decidem manter greve, mesmo com acordo assinado. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

“Não há o amparo jurídico, nós conversamos com o defensor público, o defensor público viu, a gente viu, os advogados nossos estavam lá, não há amparo jurídico para a gente fazer essa negociação sem o sindicato, só que o sindicato já fez a besteira. Agora a gente vai decidir a categoria. Gari é que tem que decidir a situação de gari”.

O gari Samuel Teles, que estava na manifestação, acusou a Comlurb de perseguição aos grevistas. “Segundo a empresa, já estamos demitidos. Não só eu, como vários garis que estão sendo mandados embora sem nenhum tipo de justificativa, via texto, um texto até mal elaborado”. Ele mostrou a mensagem de texto recebida por vários trabalhadores, que diz: “Comlurb informa: compareça a [sic] sua gerência para tratar do seu desligamento”.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A jornalista Roberta Trindade divulgou em sua página a foto de um contra-cheque de um gari com dez anos de empresa (veja abaixo).



No Rio, Garis fazem nova assembleia nesta quinta, às 10h, para avaliar a greve

De acordo com o Jornal do Brasil cerca de mil trabalhadores se reuniram nesta quarta-feira (5) em frente à Comlurb para pressionar pelo atendimento de suas reivindicações e pela revogação das 300 demissões anunciadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro.
A direção da Comlurb aceitou se reunir com representantes dos garis que estão em greve e revogou as demissões.
Os garis não fecharam um acordo e anunciaram que a greve continuará, pelo menos, até esta quinta-feira (6), quando será realizada uma nova assembleia, às 10h. Membros da Defensoria Pública participaram da reunião. Não houve repressão policial.
Atualmente, o piso salarial dos garis é de R$ 803. A categoria reivindica reajuste para R$ 1.200,00, entre outros direitos. A Prefeitura insiste em pagar no máximo R$ 877.
A assembleia é popular, já que o sindicato estava negociando sem consultar a categoria.
(Com informações do Jornal do Brasil e Claudia Santiago)

Mantenham os garis. Demitam o prefeito Eduardo Paes

Por Leonardo Sakamoto (*)
Um protesto de garis bloqueou parte da avenida Vieira Souto, em Ipanema, no Rio de Janeiro, nesta terça (4) de carnaval.
Contrariando um acordo do sindicato com a empresa de limpeza pública (que concedeu 9% de reajuste mais adicional de insalubridade de 40%), parte da categoria manteve a paralisação. Defende que o piso vá de R$ 800,00 para R$ 1200,00, mais adicional e outros direitos.
Em meio a isso, a prefeitura anunciou a demissão de 300 garis que não voltaram ao trabalho. Justifica que os garis já tiveram 50% de ganho real nos últimos cinco anos. A greve foi considerada ilegal e abusiva pela Justiça do Trabalh0.
Algumas das atividades mais importantes e, ao mesmo, que mais sofrem preconceito são aquelas ligadas à limpeza pública – como varrição de ruas e coleta de lixo.
“Olha, se não estudar, vai virar gari!”
“Você quer ser alguém na vida ou quer ser gari?”
“Ai que dó daquele rapaz… Tinha tanto potencial e virou gari.”
Se fossemos uma sociedade justa, profissionais responsáveis pela nossa qualidade de vida e que, ainda por cima, exercem funções insalubres, como limpar a porcaria dos outros, receberiam um salário condizente com a importância e os riscos da função.
Mas não. Pagamos relativamente pouco a eles. E os consideramos o restolho da sociedade. São o exemplo do que não deu certo. Preconceito semelhante sofrem os catadores de materiais – responsáveis pelo milagre que faz do Brasil um dos países que mais reciclam no mundo.
Enquanto isso, fazemos patéticas comemorações quando ficamos sabendo de histórias de garis que se tornaram “alguém” através de muito esforço pessoal sem a “ajuda do Estado” e, hoje, são diretores de empresas. O que, por contraposição, faz com que os demais sejam enquadrados como “indolentes” que não se dedicaram o suficiente para deixar essa estigmatizada profissão.
“Ah, não estudou…” Se eu acreditasse no inferno, mandaria a pessoa que diz essa frase para o lugar toda vez que escuto essa aberração.
Qual o objetivo disso? Afirmar que as pessoas que desempenham determinada função não estudaram? Com base em que?
Ou defender que as pessoas deveriam ser diferenciadas, a priori, pela quantidade de anos estudo em detrimento à função ou quantidade de horas que entregam à sociedade?
De mal parecido, sofrem professores do ensino público que, apesar de muito estudarem muito, ganham um salário de titica para ajudar a construir o futuro do país. Além de serem tratados como lixo, apanhando da polícia e até de pais de alunos.
Quantos anos o bacharel em direito Eduardo Paes estudou? E qual a porcentagem de suas promessas de campanha foram devidamente cumpridas? E agora me diga a porcentagem de cumprimento de planejamento de limpeza de um gari. Se ele não faz o serviço, pode ser demitido. Já no caso de prefeitos, o tempo de tolerância é de quatro anos… Estou atacando a democracia? Não, apenas conclamando ao bom senso.
O governo municipal do Rio deveria aprender a negociar melhor ao invés de usar um instrumento como a demissão para enterrar reivindicações justas. Ao mesmo tempo, parte da sociedade carioca que está postando abobrinha sobre a paralisação deveria tomar vergonha na cara. “Terrorismo” não é parar de trabalhar para reivindicar. “Terrorismo” é fazer com que o restante da população fique contra um grupo de trabalhadores, enquanto as incompetências do poder público, acumuladas por vários prefeitos, não são devidamente debatidas.
Apoio os professores. Apoio os metalúrgicos de fábricas de automóveis. Apoio os controladores de vôo. Apoio os cobradores e motoristas de ônibus. Apoio os bancários. Apoio os residentes médicos. Apoio os garis. Apoio o santo direito de se conscientizarem, reconhecerem-se nos problemas, dizer não e entrar em greve até que a sociedade pressione e os patrões escutem.
Mesmo que a manifestação deles torne minha vida um absurdo.
Porque sujeira não é o entulho que se acumula nas ruas em pelo carnaval carioca. É a falta de respeito que muitos cultivam, dia após dia, com uma das mais essenciais profissões.

'Essas demissões foram uma covardia, mas nós não desistiremos', diz líder dos garis sobre 300 demissões da Comlurb

O movimento grevista afirma que o sindicato não representa a categoria e vinha negociando com a prefeitura do Rio de Janeiro sem as devidas consultas em assembleias. A matéria é de Flávia Villela, da Agência Brasil.

Garis protestam no Rio por melhores condições de trabalho. Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil

A Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb), da prefeitura, iniciou na manhã desta terça-feira (4) o processo de demissão de 300 funcionários que não compareceram ao trabalho para o turno das 19h de segunda-feira (3).
De acordo com a companhia, a demissão está prevista na Cláusula 65 do acordo firmado entre a companhia e o Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro. Quem voltou ao trabalho terá os dias parados abonados.
O acordo firmado na segunda-feira (3) entre a categoria e a Comlurb prevê 9% de aumento salarial para os cerca de 15 mil garis da cidade. O piso salarial inicial será R$ 874,79, mais 40% de adicional de insalubridade que elevará o salário para R$ 1.224,70.
Além do aumento salarial, o acordo estipula mais 1,68% no Plano de Cargos, Carreiras e Salários, com progressão horizontal, bônus de 100% na hora extra para quem trabalhar nos domingos e feriados, mantendo o direito à folga, como já é previsto em lei; plano odontológico, ampliação do prêmio do seguro de vida de R$ 6,3 mil para R$ 10 mil, aumento do vale-alimentação de R$ 12 para R$ 16, auxílio-creche para ambos os sexos e acordo de resultados possibilitando um 14º e 15º salários.
Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil

A empresa diz que, por lei, as duas partes tinham até o dia 31 de março para fechar um acordo, “mas tendo em vista o movimento de um grupo sem representatividade que vinha interferindo na rotina do trabalho de limpeza da Comlurb nos últimos dias, a companhia e o sindicato aceleraram as negociações e definiram itens importantes da pauta de reivindicações”.
O movimento grevista afirma que o sindicato não representa a categoria e vinha negociando com a prefeitura sem as devidas consultas em assembleias. Um dos porta-vozes da comissão de greve, Alexandre Paes, informou que um novo protesto está marcado para esta tarde na Central do Brasil, no centro da cidade.
“Essas demissões foram uma covardia, mas nós não desistiremos. Estamos aqui na Central do Brasil e vamos protestar e a greve vai continuar”, disse.
Os grevistas reivindicam aumento do salário, que atualmente é R$ 803 para R$ 1,2 mil, aumento do tíquete-refeição de R$ 12 para R$ 20 por dia, a volta do pagamento do triênio e do quinquênio, “que nos foram tirados” entre outras reivindicações, algumas já atendidas pela contra-proposta, como o auxílio-creche para ambos os sexos.