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Israel vai investigar a si próprio e as conclusões serão censuradas

Seria cômico, se não fosse trágico.

Ao admitirem desfecho farsesco para o caso do ataque à flotilha de ajuda humanitária a Gaza, a Organização das Nações Unidas e os países mais influentes do mundo, EUA à frente, acabam de jogar no lixo mais uma oportunidade de impor aos piratas israelenses o respeito pelo Direito internacional.

Num episódio inquestionável, claríssimo, gritante de chacina em alto mar, cometida por militares israelenses armados até os dentes contra civis de várias nacionalidades que se defendiam com estilingues, não só deixaram de aplicar sanções imediatas ao brutal agressor — o que havia, ainda, para se averiguar? –, como abdicaram até mesmo de uma investigação internacional do episódio.

Os homicidas determinaram que só seriam investigados por seus pares, e esta aberração jurídica e moral foi aceita pelos poderosos do planeta!

Para completar a pantomima, os magnânimos carrascos admitiram que dois estrangeiros integrem a comissão especial constituída para tentar, em vão, salvar as aparências.

Então, serão cinco os investigadores: três israelenses, o prêmio Nobel da Paz David Trimble – um dos articuladores do acordo de paz na Irlanda do Norte de 1998 – e o promotor militar aposentado canadense Ken Watkin.

Podemos até admitir que façam honestamente seu trabalho.

No entanto, está antecipadamente vetada a apresentação ao público e à comunidade internacional de qualquer conclusão que “possa causar dano substancial à segurança nacional [de Israel…], as relações internacionais, o bem-estar ou a privacidade de qualquer indivíduo ou os métodos operacionais confidenciais de entidades autorizadas”.

Ou seja, esses homens de reputação, para fazerem jus à dita cuja, deverão concluir o óbvio ululante:

  • que Israel agiu com bestialidade extrema, ao abordar em alto mar embarcações de outro país;
  • ao invadi-las da forma mais truculenta;
  • ao assassinar nove civis e ferir muitos outros;
  • ao sequestrar os sobreviventes, rebocando-os ao seu território;
  • ao roubar equipamentos que portavam;
  • ao mantê-los em cativeiro sem nenhuma autoridade para tanto;
  • e, finalmente, ao despachá-los para onde decidiram ao invés de soltá-los para ir aonde quisessem.

No entanto, tudo isso ficará em segredo, assim como o nome dos culpados por esses crimes.

E, como todos sabemos da dificuldade em disciplinar Israel, tal relatório (com as partes inócuas divulgadas e o que realmente importa mantido em segredo) vai produzir efeito nenhum, já que nem cobranças da opinião pública haverá.

Afinal, sequer o contundente Relatório Goldstone teve as consequências que se impunham, embora haja concluído e informado ao mundo que Israel perpetrou massacres dantescos em Gaza, na virada de 2008 para 2009.

Depois desta, a ONU também deixou de existir. Só falta enterrarem.

A Liga das Nações acabou por ter sido impotente para conter Hitler.

A ONU acabou por ter sido impotente para conter Israel.

Simples assim.

Xeque a Obama

Em tempos de Copa do Mundo, o resultado do último confronto entre Israel e pacifistas foi uma goleada. O estado judeu atacou de forma destrambelhada a flotilha de ajuda humanitária a Gaza e ficou com a defesa tão exposta que os adversários marcaram gols à vontade.
O mundo inteiro já chegou a conclusões definitivas:

  • Israel cometeu óbvios crimes ao abordar o comboio em águas internacionais, ao assassinar pelo menos nove estrangeiros no curso de uma ação ilegal, ao agredir vários outros, ao sequestrar os sobreviventes, ao mantê-los presos por alguns dias e ao despachá-los para onde não optaram por ir;
  • o bloqueio do Gueto de Gaza (em tudo e por tudo semelhante ao Gueto de Varsóvia…) é criminoso e aberrante, devendo ser levantado o quanto antes.

A alegação de que os assassinos israelenses estariam exercendo legítima defesa, ao encherem de balas vítimas que não portavam armas de fogo, é risível.

Nem que a flotilha tivesse invadido seu território faria sentido, pois o emprego desmedido de força salta aos olhos.

Em alto mar, então, nem há o que discutir. Os coitados tinham todo direito de reagir ao ataque de piratas; e estes, nenhum de acrescentar uma atrocidade a uma ilegalidade.

Houve quem levantasse uma questão cabível: o que Israel fez foi uma ação pirata ou um ato de guerra?

Como a embarcação atacada tinha bandeira turca, formalmente o segundo enquadramento é o mais correto.

Mas, como se tratava de uma missão humanitária internacional, a agressão de Israel se deu contra o mundo civilizado como um todo, e não especificamente contra a Turquia. Considero que andou certo o governo turco ao não levar o episódio às últimas consequências, declarando guerra a Israel, como poderia ter feito.

Agora, o estado judeu, também de forma risível, nega-se a aceitar a participação de outras nações ou organismos na investigação do episódio.

Pretende fazê-la sozinho, com o propósito de acobertamento, claro. A Turquia está certíssima em interpretar tal atitude como uma admissão de culpa.

Pelos mesmos motivos expostos acima, o país formalmente agredido tem todo direito formal de liderar as investigações. O pleito da Turquia procede.

Mas, como o ataque se deu em águas internacionais e a vítima foi uma missão humanitária integrada por cidadãos de vários países, a investigação deveria competir mesmo é à ONU.

Continua valendo o que eu afirmei na semana passada:

“Respaldado no poder econômico e de mídia de judeus do mundo inteiro, Israel aplica, há décadas, a lei do mais forte.

“A ONU terá de agir da mesma maneira, se quiser ser respeitada: fazendo valer a força maior de que teoricamente dispõe.

“Para começar, exigindo o imediato levantamento do bloqueio israelense a Gaza.

“Depois, impondo a rigorosa apuração desse episódio de pirataria em alto mar, seguida da não menos rigorosa punição dos responsáveis.”

Não tenho dúvidas de que um relatório elaborado pela ONU condenará Israel de forma tão enfática quanto o fez o de Richard Goldstone, sobre o genocídio praticado contra os palestinos de Gaza na virada de 2008 para 2009.

Nem de que será aprovado, como sempre, por esmagadora maioria.

Mas, produzir efeitos concretos é outra história.

Como assinalou o colunista Jânio de Freitas, em dia inspirado (A cara e a alma):

“Se há mais de quatro décadas nenhuma das tantas e diferentes tentativas de pacificação da área prosperou, (…) é bastante lógico que o fundamento do problema esteja em um fator influente sobre toda a área ou sobre partes decisivas dela.

“Tal fator existe. Tem cara e tem alma. Sua cara é o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, uma cara cínica, apta a adotar ares de seriedade e de cumprimento compungido do dever, quando põe em prática os atos mais abjetos. Sua alma é de testa de ferro, de guarda-costas matador, de agente duplo, de traficante.

“Tais características do Conselho de Segurança ativam-se a cada vez que um dos seus cinco integrantes permanentes [EUA, Rússia, França, Inglaterra e China] invoca o direito de veto a uma resolução proposta por um dos 15 membros…

“(…) Dominante, há mais de 40 anos a direita belicista de Israel não precisa pensar em conter suas ambições territoriais e de dominação; nem em possíveis fórmulas de convívios sem beligerância na região, respeito aos acordos internacionais sobre práticas toleradas e crimes de guerra, violações de direitos, respeito a fronteiras e a águas internacionais.

“Israel é uma população dividida em relação ao que o país faz, mas é um país de mãos livres para fazer o que quiser. E faz, implícita e explicitamente autorizado pela assegurada cobertura da maior potência mundial”.

Então, em última análise, é Barack Obama quem decidirá se Israel vai ou não continuar cometendo impunemente as piores truculências.

Obama terá de optar entre suas conveniências políticas domésticas, num país em que o apoio dos judeus ricos e da mídia que eles controlam decide eleições, e o respeito à Justiça e ao Direito nas relações internacionais. Nem mais, nem menos.

Temo que ainda não seja desta vez que os EUA dirão: “Sim, nós podemos… ser justos“.

Ataque a agência da ONU com arma química é caso de punição disciplinar?

Deu na BBC Brasil: Israel pune oficiais por uso de fósforo branco durante ofensiva em Gaza.

Como tardia e insuficiente satisfação à opinião pública internacional, o Exército de Israel comunicou à Organização das Nações Unidas haver aplicado punição disciplinar a um general de brigada e um comandente de divisão por terem “arriscado vidas humanas” ao autorizarem a utilização de armamentos com fósforo branco no bombardeio do bairro de Tel El Hawa.
O episódio se deu em 15/01/2009, durante os massacres israelenses na Faixa de Gaza — aquela campanha singular na história militar, que terminou com 1.434 palestinos mortos e apenas 13 baixas do lado dos agressores…

Eis os trechos mais significativos do despacho da agência noticiosa britânica:

“É a primeira vez que Israel admite a utilização de fósforo branco, armamento proibido pelas leis internacionais, contra civis na Faixa de Gaza.

“É a primeira vez que o Exército israelense anuncia a punição de comandantes militares por atos cometidos durante a ofensiva.

“Antes do envio do documento à ONU, a versão do Exército israelense era de que o fósforo branco teria sido utilizado apenas para fins de ‘dificultar a visibilidade das tropas pelo inimigo’ e não diretamente contra civis.

“O armamento, que cria uma especie de ‘cortina de fumaça’, é altamente perigoso quando atinge pessoas pois gera queimaduras profundas.

“No caso mencionado no relatório do Exército israelense, projéteis com fósforo branco atingiram a sede da Agencia de Refugiados da ONU (UNRWA) na cidade de Gaza, deixando vários civis feridos e provocando um incêndio no local”.

Salta aos olhos que punições disciplinares são simplesmente risíveis face à gravidade do crime cometido pelos militares israelenses, além de deixarem a impressão (para não dizermos certeza) de que tudo não passa da velha artimanha de tapar o sol com a peneira, produzindo dois bodes expiatórios para levarem a culpa de decisões que envolveram toda a cadeia de comando.

Alguma resposta Israel tinha de dar à acusação frontal do Relatório Goldstone. Deu essa. E seus porta-vozes militares correram a trombetear que “o documento enviado à ONU demonstra que o Exército israelense não tem o que esconder”.

Para os leitores entenderem ainda melhor o tema em pauta, eis alguns trechos do artigo que escrevi no final de setembro, quando a lebre foi levantada: Investigadores da ONU concluem: Israel massacrou civis em Gaza:

“Os genocídios e atrocidades perpetrados por Israel durante sua campanha de intimidação dos palestinos em dezembro/2008 e janeiro/2009 foram veementemente condenados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, em relatório [recém] divulgado.

“Segundo o documento, a ofensiva de Israel foi direcionada contra ‘o povo de Gaza em conjunto’, configurando ‘uma política de castigo’.

“Mais: ‘Israel não adotou as precauções requeridas pelo direito internacional para limitar o número de civis mortos ou feridos nem os danos materiais’.

“Portanto, o estado judeu ‘cometeu crimes de guerra e, possivelmente, contra a humanidade’.

“A missão recomendou à Assembleia Geral da ONU que promova uma discussão urgente sobre o emprego do fósforo branco, que foi usado indiscriminadamente pelos israelenses contra a população civil de Gaza. A utilização militar do fósforo branco é proibida tanto pela Convenção de Genebra quanto pela Convenção de Armas Químicas”.

Aliás, seria educativo indagarmos ao Exército israelense se o general de brigada e o comandante de divisão, únicos culpados, fabricaram pessoalmente os armamentos com fósforo branco, que jamais deveriam estar disponíveis no arsenal de uma nação civilizada.

Os judeus errantes do 3º milênio

O judeu errante é um personagem mítico das tradições orais cristãs: um trabalhador de cortume ou oficina de sapateiro que teria hostlizado Jesus Cristo, quando passava carregando sua cruz. Como consequência, foi condenado a vagar pelo mundo até o fim dos tempos, sem nunca morrer.

Hoje, os judeus errantes são os representantes do estado de Israel: estão condenados a vagar pelo mundo sem receberem acolhida amistosa em lugar nenhum, fugindo da justiça, como réprobos da civilização, em decorrência dos massacres perpetrados contra os palestinos.

O paralelo me ocorreu ao ler que uma delegação de militares israelenses adiou visita ao Reino Unido porque seus integrantes temiam ser presos e acusados desses crimes.

Não estou inventando nem exagerando. O próprio vice-chanceler de Israel, Danny Ayalon, afirmou:

“Os militares foram convidados ao Reino Unido, porém permanecerão em Israel até que tenhamos 100% de certeza de que não serão objeto de denúncias judiciais naquele país”.

O vice-ministro acrescentou que tentará convencer a procuradora geral britânica Patricia Janet Scotand da conveniência de reformar o princípio de competência universal incluído na legislação britânica, habilitando os juízes do Reino Unido a ordenarem a prisão de personalidades estrangeiras envolvidas com crimes de guerra ou contra a humanidade.

Pressionando descaradamente uma democracia, qual reles lobista, Ayalon insinuou que os interesses britânicos poderão ser alvos de retaliações:

“Esta legislação dá margem a todo tipo de equívocos. (…) Organizações terroristas como o Hamas a utilizam atualmente para tomar como reféns as democracias. É preciso acabar com esta situação absurda, que afeta as excelentes relações bilaterais israelo-britânicas [grifo meu]”.

O que está por trás dessas pouco diplomáticas declarações é a ordem de prisão (aceita por um tribunal londrino no mês passado) contra Tzipi Livni, ex-chanceler e líder do partido de oposição Kadima — um dos carrascos responsáveis pelos genocídios natalinos de um ano atrás na faixa de Gaza, quando o pogrom israelense deixou um saldo de 1.434 palestinos trucidados (incluindo 189 crianças e menores de 15 anos), contra apenas 13 agressores mortos.

Os próprios soldados israelenses, envergonhados e enojados, andaram denunciando as atrocidades que seu estado cometeu.

E o Conselho de Direitos Humanos da ONU publicou relatório no qual acusou Israel de ter usado força desproporcional e violado o direito humanitário internacional, cometendo “crimes de guerra e, possivelmente, contra a humanidade”.

Até tenistas de Israel tiveram de disputar a Copa Davis com os portões fechados, para serem preservados de possíveis manifestações de repúdio dos cidadãos suecos.

A pergunta final é: até quando os dirigentes atuais do estado judeu continuarão espezinhando as nobres tradições de um povo que já nos deu Marx, Freud, Trotsky, Einstein, Kafka, Proust, os kibutzim, o Bund, etc.?

O sionista e o humanista

Dificilmente uma troca de mensagens consegue fixar com tanta clareza duas posições, como esta que mantive com um defensor de Israel, habituado a intervir nos vários espaços da Internet em que o estado judeu sofra quaisquer críticas.

O Sr. Samuel Groissman escreveu ao editor-chefe de O Rebate, José Milbs, queixando-se de 3 textos de colunistas (dentre os 30 que tinham chamadas na página inicial, afora os lincados dos blogues dos 63 colunistas…) cujas posições, a seu ver, seriam “antissemitas”.

Acusou o site-jornal de estar inteiramente dedicado à propaganda antissemita e insinuou represálias, sem especificar quais seriam.

Como autor de um dos textos que motivaram sua reação extremamente exagerada e intimidatória, respondi-lhe, seguindo-se sua tréplica e minha resposta final.

Leiam e avaliem:

Sr. Samuel,

tomo a liberdade de informar-lhe que é totalmente equivocada a referência a meu artigo Anistia Internacional acusa: Israel monopoliza água potável em Gaza como antissemita. Nada mais distante da realidade. Não tenho preconceito contra nenhum país, povo, raça ou religião.

Sou, isto sim, um defensor dos direitos humanos. E, como tal, levo a sério e geralmente repercuto as denúncias da Anistia Internacional, do Human Rights Watch, do Conselho de Direitos Humanos da ONU, etc.

O que está descrito no Relatório Goldstone (vale dizer, resultado de uma investigação conduzida por um judeu) horroriza qualquer pessoa civilizada. Fosse qual fosse o estado que praticasse aqueles horrores, receberia de mim a mesma desaprovação.

Idem esse tratamento desigual que é imposto aos palestinos de Gaza, quanto ao acesso à água potável. Fez-me lembrar os guetos estadunidenses e o apartheid da África do Sul.

Como já disse em artigos, os judeus civilizados deveriam, em vez de tentarem quebrar os espelhos, mudar a realidade que eles refletem. Israel só recuperará sua boa imagem e credibilidade se alterar drasticamente essas práticas. Cabe convencer disto o governo atual, que tem, infelizmente, caminhado na direção oposta.

Um bom começo seria acatar o Relatório Goldstone e punir os responsáveis por essa campanha militar paradoxal em que morreram 1.400 de um lado e 13 do outro. Isso é o balanço final de um massacre, não de uma guerra.

De resto, tive amigos judeus idealistas, que me descreveram pormenorizadamente a experiência dos kibutzim, sonho que inspirou os melhores de vocês.

Confesso que fiquei sensibilizado. Até gostaria de ter participado de um empreendimento desses, se minha vida houvesse tomado outro rumo.

Mas, passei a mocidade lutando contra a ditadura militar (os nazistas daqui). Sofri e perdi amigos queridos nessa luta desigual.

Fiquei chocado ao ver o Sr. ameaçando nosso bom José Milbs, deixando de atentar para o fato de que o jornal O Rebate é uma tribuna que acolhe colaboradores de vários perfis políticos e ideológicos, sem impor-lhes restrições. A internet tem muito esta característica de abrir espaço para todas as posições.

Então, os textos de que o Sr. se queixa são de total responsabilidade dos seus autores. O Milbs nem sequer sabia sobre que assunto versariam, antes de os receber.

Com certeza, o Sr. encontrará maior quantidade de artigos, e mais contundentes, condenando o governo golpista de Honduras, p. ex. Tudo depende dos assuntos que estejam em evidência naquela semana. É para tais temas que os colunistas se voltam.

Por que não escreve o Sr. também um artigo, defendendo suas idéias e contestando os colunistas? Decerto será publicado.

Ou, se preferir, escreva a cada colunista que lhe desagradar, expondo sua discordância. Será bem mais apropriado.

Mas, pretender a imposição de uma espécie de censura prévia a um veículo de Internet é meio exagerado, não?

Conto com seu bom senso.

Atenciosamente,

CELSO LUNGARETTI

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Celso Lungaretti

Eu que tomo a liberdade de informar que quem está equivodado é vc. Antissemitismo não é só o nazismo como demonstração aberta de ódio. O antissemitismo também se esconde em coisas imperceptíveis aos olhos de um gói, mas muito claras para um judeu.

Israel é um país soberano e merece todo o respeito. Israel não roubou água. Simplesmente Israel descobriu água e por esse mérito faz uso deste recurso. Os palestinos odeiam os judeus por seu islamismo fanático e cego. Querem roubar os judeus, tirar-lhes o que pertence e os exterminar. Israel tem todo o direito de se defender e isso o fará com certeza. Esqueça a idéia de que Israel irá se intimidar com ameaças internacionais como do Irã por exemplo. Israel irá se defender quando for preciso e até atacar caso necessário. É um direito legítimo de um país que transformou uma terra árida em um país de primeiro mundo, coisa que os palestinos acomodados e ignorantes não foram capazes.

Como diria meu amigo virtual Enoch, se o palestino quer água, que beba mijo. Cansou essa história de apoiar um povo que retribui ajuda com ódio.

Estou de olho na internet em tudo que é site e comunidade que divulga material antissemita. Ao descobrir o site deste jornal comecei a dar uma atenção especial. O que me chamou a atenção no jornaleco do Sr José Milbs foi a incrível quantidade de artigos falando só de Israel e sempre em tom condenatório. Essa semana ao abrir o site me deparei com 3 textos antissemitas entre outros de assuntos diversos. Se fosse uma coisa padrão, tipo o que outros jornais publicam e de vez em quando, aí era até desculpável, mas tanta notícia anti-Israel e em tão pouco tempo faz parecer uma tsunami. Fica caracterizada a intenção de praticar crime de ódio, com apologia ao antissemitismo e ao terrorismo islâmico. Tá na cara que é panfletagem pura. E não tente negar, pois nos textos que podem ser classificados claramente como antissemitas encontrei termos ofensivos, exigindo o fim do estado de Israel, exaltação à “causa palestina”, incentivo pela visita do terrorista ASNOdinejad ao Brasil, comparação entre sionismo e nazismo e ofensas diretas contra Israel, entre outras. O jornal em questão virou espaço aberto para pregação nazista e seus jornalistas são criminosos. E tudo indica que é algo intencional, não sendo algo que passa despercebido e na maior inocencia. É antissemitismo puro e consciente de que está sendo feita propaganda de ódio.

Como jornalista deve saber que informação é algo importante e requer responsabilidade. Não tenho que escrever artigos para combater o antissemitismo, pois isso é serviço de vcs jornalistas. São vcs que devem sempre investigar e encontrar todos os lados de uma questão, não acreditando somente numa versão distorcida. Isso ao ser publicado divulga uma opinião contrária ao que chamamos verdade e honestidade. O jornaleco do Sr José Milbs não tem direito de formar a opinião pública com mentiras sobre um estado soberano e legítimo que enfrenta com coragem e bravura seus inimigos. E ainda tem idiotas que preferem apoiar os criminosos nessa história.

Só para ter uma idéia, se fosse em Israel este jornal seria fechado rapidamente e seus jornalistas processados, condenados e presos. Isso inclui o Sr Celso Lungaretti, que fez questão de no final citar que foi preso político. Lá em Israel seria preso novamente, mas por justa causa. Mas aqui é Brasil, país da impunidade, e mesmo com tantos recursos naturais vive na pobreza, bem diferente de Israel que de um solo seco e arenoso construiu uma nação moderna e próspera. Isso em apenas 6 décadas! E não pense que estou te ameaçando, apenas lhe informando como são as coisas num país como Israel, que é a única democracia no Oriente Médio, cujos filhos estão entre os ganhadores do prêmio Nobel.

Devolvo seu conselho sobre bom senso. E busquem informações mais confiáveis antes de publicar mentiras.

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Sr. Samuel,

respondi com educação a sua mensagem inicial ao editor de O Rebate, na esperança de receber a contrapartida e ver encerrado este assunto desagradável.

Lamentavelmente, o Sr. insiste em se fazer exemplo vivo do que o seu povo tem de pior: arrogância, autovitimização e falta de compaixão.

Comecemos pela última: o Sr. se dá conta do absurdo que profere, ao recomendar que, onde a água é escassa, outros seres humanos bebam mijo?

Desde quando a água “pertence” aos israelenses?! Recurso indispensável para nossa sobrevivência, a água é patrimônio comum dos seres humanos, sempre foi, sempre será, pouco importando quem a “descobriu”.

A Anistia Internacional, principal ONG de defesa dos direitos humanos no planeta, denuncia que os primeiros a monopolizam para encherem suas piscinas, enquanto os segundos não têm nem sequer o suficiente para as necessidades de seus velhos, mulheres e crianças. E o Sr. tem a petulância de afirmar que Israel estaria exercendo um “direito legítimo”!

Recriminarmos tamanha falta de humanidade não é “islamismo fanático e cego”, mas, simplesmente, espírito de solidariedade e de justiça.

Cada vez que são flagrados cometendo genocídios ou oprimindo outros povos, os judeus entoam a ladainha surrada: “antissemitismo!”, “lembrem-se das 6 milhões de vítimas do nazismo!”.

Lembramo-nos, sim, e lamentamos imensamente tudo aquilo que os judeus sofreram há mais de seis décadas. Mas, recusamo-nos a oferecer-lhes um crédito para compensação eterna.

Os nazistas responderam pelo que fizeram nos tribunais — não só o de Nuremberg, mas também as cortes israelenses para os quais foram conduzidos depois de sequestrados em outras nações.

Já não chegam os atos de pirataria cometidos em nome da vingança (pois Justiça, entre os civilizados, se faz pelos caminhos legais)?! Os judeus querem, ainda, que fechemos os olhos a toda e qualquer incidência nas mesmas práticas que eles próprios sofreram no passado?

Repito: quando uma campanha militar termina com 13 baixas de um lado e 1.400 do outro, não houve guerra, mas sim massacre. O estado de Israel, em pleno ano de 2009, reproduziu em menor escala os extermínios nazistas. Não há tergiversação nenhuma capaz de confundir esta verdade óbvia.

Nem será com clichês já desmoralizados pelo excesso de uso que o Sr. conseguirá desqualificar a conclusão inequívoca que as pessoas decentes tiraram, no mundo inteiro, desta lamentável regressão à lei do mais forte. Ou seja, pura e simplesmente, à barbárie.

Quanto à arrogância, ela perpassa todo o seu texto, Sr. Samuel.

Ora o Sr. diz que os palestinos são “acomodados e ignorantes”, ora trata com o mesmo desprezo a Nação e o povo brasileiros, “país da impunidade”, “bem diferente de Israel”, “com tantos recursos naturais vive na pobreza”, etc.

Ora diz que O Rebate é um “jornaleco”, ora que seus colunistas são “criminosos” e “idiotas”.

Chega a ponto de afirmar que, em Israel, eu seria preso – e com “justa causa”! Então, é este o tratamento reservado, no país que o Sr. tão furiosamente defende, para quem nada mais fez do que expor argumentos e opiniões?

Novamente, fica a dúvida: tirando a escala em que foram exercidas, qual a diferença, afinal, entre as práticas que o Sr. recomenda/endossa e as da Alemanha de Hitler?

E é porque o Brasil é mesmo bem diferente de Israel, tanto quanto da Alemanha hitlerista, que o Sr. não conseguirá censurar O Rebate, nem intimidar seus colunistas.

Não porque aqui seja o “país da impunidade”, mas por levarmos a sério alguns preceitos que o Sr. e o estado de Israel parecem ter esquecido. Tais como:

“Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos (…), sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.”

“Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”

“Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Presumo que o Sr. nem imagine do que estou falando: são artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Aquele papelucho que Israel acredita não ter serventia nenhuma na faixa de Gaza…

Sem mais (mesmo!),

CELSO LUNGARETTI

======== POST SCRIPTUM (03/11/2009) ========

Depois que encerrei, em todos os sentidos, o debate com o Sr. Samuel Groissman, ele continuou mandando respostas, sem se dar conta de que, nas polêmicas virtuais, não é a última palavra que conta, e sim a mais verdadeira.

Nada acrescentou de importante, além de acentuar seus delírios persecutórios (“O mundo inteiro é antissemita”) e de resvalar para a calúnia pura e simples (“um texto de SUA AUTORIA… diz ‘Pelo fim do Estado Racista de Israel'”).

Tal palavra-de-ordem, na verdade, NÃO CONSTA DE NENHUM DOS MEUS TEXTOS, até porque não escrevo panfletos e exortações bombásticas.

Também disse que, se minha casa tivesse piscina, com certeza eu a estarei enchendo com água potável. Errou duas vezes:

  • considero uma infamia desperdiçar recurso tão nobre numa piscina, em regiões onde a água é escassa;
  • mesmo no Brasil, não tenho, nem quereria ter, piscina própria, pois me bastam as coletivas.

E fim de papo.

Israel é o IV Reich

Os judeus criaram os kibutzim.
Para os jovens, explico: tratou-se da experiência temporariamente mais bem sucedida, em todos os tempos, de comunidades coletivas voluntárias, praticantes do igualitarismo — na linha do que Marx e Engels classificaram como “socialismo utópico”.
O verbete da Wikipedia, neste caso, é rigorosamente correto:

“Combinando o socialismo e o sionismo no sionismo trabalhista, os kibutzim são uma experiência única israelita e parte de um um dos maiores movimentos comunais seculares na história. Os kibutzim foram fundados numa altura em que a lavoura individual não era prática. Forçados pela necessidade de uma vida comunal e inspirados pela sua ideologia socialista, os membros do kibutz desenvolveram um modo de vida comunal que atraiu interesse de todo o mundo.

“Enquanto que os kibutzim foram durante várias gerações comunidades utópicas, hoje, eles são pouco diferentes das empresas capitalistas às quais supostamente seriam uma alternativa. Hoje, em alguns kibutzim há uma comunidade comunitária e são adicionalmente contratados trabalhadores que vivem fora da esfera comunitária e que recebem um salário, como em qualquer empresa normal”.

O BUND E A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA – Os judeus também desempenharam papel relevante no movimento socialista, principalmente por meio do Bund, que existiu entre as décadas de 1890 e 1930 na Europa.

Vale a pena lembrarmos como eles contribuíram para a revolução soviética, aproveitando um excelente artigo de Saul Kirschbaum, responsável pelo Programa de Pós-Graduação em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas da USP :

“A crescente urbanização e proletarização dos judeus, que deixavam para trás suas aldeias empobrecidas em busca de novas perspectivas de vida, fez emergir o movimento socialista judaico na segunda metade da década de 1870. Nos dez anos que se seguiram, desenvolveu-se a luta organizada dos trabalhadores pela melhoria de suas condições. Associações de operários organizaram greves em várias cidades da região de assentamento judaico. Representantes da intelligentsia, em sua maioria estudantes, começaram a formar círculos de trabalhadores para a disseminação de idéias socialistas.

“Aglutinando todos esses esforços, a idéia de que os judeus em geral e os trabalhadores judeus em particular tinham seus próprios interesses, e por isso precisavam de uma organização própria para atingir seus propósitos, disseminou-se rapidamente entre os ativistas. Por fim, representantes dos círculos socialistas reuniram-se em Vilna em outubro de 1897 para fundar a União Geral dos Trabalhadores Judeus na Lituânia, Polônia e Rússia, conhecida em ídiche como Der Bund. O Bund não se via somente como uma organização política, e devotou grande parte de sua atividade à luta sindical. Seu programa, formulado no primeiro encontro, via como objetivo principal a guerra contra a autocracia czarista.

“O Bund também não se considerava um partido separado, mas parte da socialdemocracia russa, que existia na forma de grupos e associações dispersos. Por causa de sua força, o Bund teve papel decisivo na criação, em março de 1898, do Partido Socialdemocrata de toda a Rússia, que viria a tornar-se o Partido Comunista.

“As atividades do Bund cresceram e sua influência sobre o público judeu aumentou depois que começou a organizar unidades de autodefesa no período dos pogroms de 1903 a 1907. Desempenhou papel ativo na revolução de 1905, quando tinha atingido 35 mil membros.

“Mas o Bund não foi o único partido a atuar entre as massas judaicas. A extensa atividade política que se seguiu à fracassada revolução de 1905 permitiu a ação de outros três partidos judaicos: o Partido Sionista Socialista dos Trabalhadores, (…) o Partido Judaico Socialista dos Trabalhadores (…) e finalmente o Partido Socialdemocrata dos Trabalhadores.

“A revolução que irrompeu na Rússia no início de 1917 pôs fim ao regime czarista e implantou uma república chefiada por um governo provisório. O novo governo aboliu as discriminações e outorgou aos judeus plena igualdade de direitos. Os partidos judeus, que tinham restringido ou mesmo totalmente suspendido suas atividades durante o período reacionário que se seguiu a 1907, despertaram para grande atividade. Após a proibição imposta durante os anos de guerra sobre todas as publicações em caracteres hebraicos, as editoras em hebraico e ídiche retomaram suas atividades, e surgiram dúzias de periódicos e jornais.

“…a Revolução Soviética provou ser possível uma abordagem nova e bem-sucedida para os conflitos nacionais, por meio da criação de um estado multinacional – uma nova forma de diferentes povos conviverem num mesmo território sobre uma base de igualdade nacional. Abordagem que, na época em que vivemos, parece ter sido esquecida e negligenciada em toda parte.”

DE MÉDICO A MONSTRO – Durante longo tempo, a propaganda reacionária apresentou o movimento socialista internacional como uma conspiração judaica para dominar o mundo.

Na segunda metade do século passado, entretanto, Israel viveu sua transição de Dr. Jeckill para Mr. Hide. Virou ponta-de-lança do imperialismo no Oriente Médio, responsável por genocídios e atrocidades que lhe valeram centenas de condenações inócuas da ONU.

Até chegar ao que é hoje: um estado militarizado, mero bunker, a desempenhar o melancólico papel de vanguarda do retrocesso e do obscurantismo.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, acaba de determinar ao seu gabinete que estude a possibilidade de propor alterações à legislação de guerra internacional a fim de adaptá-la à necessidade de “conter a expansão do terrorismo no mundo”.

Uma tese que conhecemos muito bem, pois martelada dia e noite nos sites e correntes de e-mails das viúvas da ditadura: a de que o combate ao terrorismo justifica violações dos direitos humanos. Eufemismos à parte, esta é a essência da proposta do premiê israelense.

E, se os totalitários daqui tudo fazem para salvar de punições aqueles que cometeram crimes em seu nome, os de lá não ficam atrás: Netanyahu determinou também a criação de uma comissão para defender as autoridades de Israel das acusações de crimes de guerra que lhes possam ser feitas por tribunais internacionais.

Ou seja, face ao repúdio universal dos massacres que perpetrou em Gaza na última virada de ano, Israel se prepara para radicalizar sua posição: defenderá genocidas, ao invés de os punir, como qualquer nação civilizada faria; e quer mudar as leis da guerra, para que passem a considerar lícitas e justificadas campanhas em que morrem 1.400 de um lado e 13 do outro.

Israel não tem mais nada a ver com os ideais que inspiraram os kibutzim e o Bund.

Está mais para um IV Reich. Nazista, como o anterior.

Jacobinos à esquerda e piratas à direita

Segundo a Época, Hamas comemora e Israel rejeita aprovação do relatório Goldstone.

Eis a reação do Hamas:

“Taher al-Nunu, porta-voz do Hamas em Gaza, disse que o grupo agradece aos países que votaram a favor da aprovação do relatório. ‘Damos as boas-vindas à arrasadora votação do relatório, que deve ser levado imediatamente ao tribunal internacional para crimes de guerra, a fim de que sejam processados os líderes da ocupação israelense por seus horrendos crimes’, disse Nunu.

“O dirigente do Hamas Mahmoud Zahar disse à ‘Al-Aqsa TV’ – vinculada ao grupo islâmico palestino – que (…) o Hamas, inicialmente, rejeitou o relatório (…) ‘porque igualava as vítimas com aos carrascos’.

“Porém, Zahar afirmou que, após a decisão desta sexta-feira (16), acredita que o relatório ‘ofereça ao Hamas e à outra parte (Israel) a oportunidade de apresentar evidências e provas’. ‘Pedimos a criação de um comitê independente que prepare a defesa de nossa posição’, disse.

Eis a reação de Israel:

“…afirma um comunicado divulgado pelo Ministério de Assuntos Exteriores israelense… [tratar-se de uma] ‘resolução injusta, que ignora os ataques assassinos cometidos pelo Hamas e por outras organizações terroristas contra civis israelenses’.

“‘Esta resolução dá ânimo às organizações terroristas no mundo todo e menospreza a paz global’, diz o documento israelense.

“Além disso, Israel adverte que ‘continuará exercitando seu direito à defesa própria e de tomar ações para proteger as vidas de seus cidadãos’.

A última afirmação é a mais significativa: Israel hasteia a bandeira pirata e, arrogantemente, proclama que continuará ignorando a ONU, os tribunais internacionais e quaisquer instituições que se oponham ao primado da lei do mais forte.

Já não é nem mais o “olho por olho, dente por dente” dos tempos bíblicos que inspira o estado judeu, mas sim as práticas do homem de Neanderthal. Israel regrediu à mais primitiva barbárie.

FILHOS DE ROBESPIERRE
E este episódio é emblemático também para aferirmos quão miope e inconsequente é o posicionamento de uma pseudo-esquerda virtual, cuja inspiração nem de longe é o humanista Marx, que sonhou com um mundo no qual cada trabalhador pudesse desenvolver livremente suas potencialidades, tornando-se até grande pensador ou artista maior, pois estaria liberto dos grilhões da necessidade.

Não, eles são filhos de Robespierre, o cortador de cabeças. Trocam também a política, que pressupõe diálogo e concessões mútuas, pelas soluções de força. Exatamente como Israel, só que com o sinal trocado.

Então, tomando conhecimento da aprovação do relatório Goldstone, de imediato a avaliei como emblemática da rejeição cada vez maior da comunidade das nações aos genocídios e atrocidades israelenses.

E fiz um artigo para repercuti-lo, pois sabia que a imprensa subserviente a Israel lançaria fogo pesado contra o relatório, a ONU e a verdade histórica.

No Centro de Mídia Independente, entretanto, houve comentários ao meu artigo que ignoraram tudo que esse fato político trazia de positivo e só atentaram para o aspecto secundário de que a ação do Hamas também era recriminada. P. ex.:

“…a condenação ao partido do HAMAS, diga-se de passagem, eleito pelo POVO palestino só podia partir de uma organização que outrora se chamou ‘liga das nações’.

“Digo e reafirmo, o Hamas Foi eleito e reeleito pelo nobre povo palestino!

“Aqueles que dizem que o Hamas é o culpado, ou provocador das mazelas do povo palestino, só repetem o discurso do opressor [grifo meu]”.

Num apelo à racionalidade inexistente nesses (parafraseando Marcuse) homens unidimensionais de esquerda , expliquei:

“…o Relatório Goldstone não poderia omitir que as insensatas provocações do Hamas forneceram pretexto para o banho de sangue que Israel desencadeou. Caso contrário, ficaria exposto a acusações de parcialidade.

“Mas, o documento deixa bem claro que a culpa de cada lado é inversamente proporcional ao número de mortes: para cada israelense, 100 palestinos”.

Em português tão tortuoso quanto a linha de raciocínio, veio a resposta:

“Quando se denuncia (sic) os crimes do Estado terrorista de Israel logo vêm (sic) a desculpa da existência do Hamas, ora, o Hamas só existe devido ao roubo das terras de seus legítimos donos, ou seja, os palestinos. Portanto, estes têm todo o direito de lutar contra os invasores sionistas, que com o apoio [grifo meu] da subserviente ONU, vêm ao longo do tempo cometendo todos os tipos de atrocidades e crimes de guerra… “

Cansado de tanta obtusidade, desabafei:

“O que está em causa não é o Hamas, É ISRAEL!

“O puxão de orelhas no Hamas era obrigatório, até porque não lhe cabia mesmo ficar disparando aqueles foguetes de baixo poder destrutivo mas muito dano político adverso (verdadeiros bumerangues!).

“Brincou com a vida dos palestinos e criou a situação que deu a Israel pretexto para massacrar os cidadãos do seu povo, incluindo velhos, mulheres e crianças.

“Mas o documento coloca muito mais peso nas acusações contra Israel, por ter retaliado de forma genocida, com uma reação exageradíssima em relação à ação.

“Temos mais é de aproveitar o principal dessa condenação para esclarecer as pessoas desinformadas, divulgando-a o máximo possível, ao invés de nos preocuparmos com o que foi secundário e sem verdadeira importância política.

“A direita sabe o que faz: tenta minimizá-la e colocá-la sob suspeição.

“Nós, não. Ficamos obcecados com uma única árvore e não percebemos a floresta por trás dela”.

É, agora está oficialmente expresso, a avaliação que o próprio Hamas faz do relatório: de início o repudiou, mas depois caiu em si e percebeu que lhe proporcionava um enorme ganho moral e político.

Tanto que tudo fez para que fosse colocado o quanto antes em votação e agora agradece efusivamente aos países que garantiram sua aprovação.