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Eleições 2022: ainda há uma possibilidade

Existe uma possibilidade de que que o Brasil volte à normalidade institucional quebrada pelo golpe de 2016 e pelas eleições fraudulentas de 2018.

Teremos aprendido, como coletividade, o valor do trabalho?

Ou ainda restam restos de imbecilidade entre nós?

Teremos aprendido o valor da leitura, do estudo, da reflexão?

Ou teremos perdido de vez a noção de realidade, de humanidade?

Perguntas. Perguntas.

Perguntas abrem espaços. Podemos sair do automatismo.

Podemos sair da idiotice.

Isto significa que podemos ter aprendido donde vêm a comida que comemos, se é que ainda comemos.

Podemos ter aprendido que as pessoas valem pelo trabalho, pelo que produzem, pelo que são capazes de gerar.

A imbecilidade coletiva nos precipitou na confusão, e dela resultou o que está aí.

Eleições 2022.

Há uma possibilidade.

Eleição é terreno movediço: centrar nela “a” saída é suicídio

Eleição é terreno movediço: centrar nela “a” saída é suicídio

 

O trabalho de Base é saída:

Retomá-lo é urgente, em novo estilo!

 

Derrotar Bolsonaro e o fascismo

Nos impõe combater a burguesia

 

Enfrentar “agrobusiness”, garimpeiros

A indústria de guerra, petróleo e mina

 

Vêm de longe as chacinas contra os pobres

A polícia e as milícias sempre à frente…

(cf. ver o livro A República das Milícias: Dos Esquadrões da Morte a Era Bolsonaro, de Bruno Paes Manso)

 

Dalagnol, Sérgio Moro, candidatos?

São agentes do Império a serviço…

 

Decisiva semana contra Aras:

PGR silente ante os crimes

 

Desperdiça seu tempo de aprendiz

Quem se torna indisposto à leitura

 

O exercício da crítica só se dá

A quem lê o real em várias fontes

 

Um longínquo asteroide a NASA alveja

Mas, quem cuida da climática-emergência?

 

O partido militar também responde

Pelo enorme desmonte do Brasil

 

Apoiar Sérgio Moro ou capetão

Dá na mesma: farinha do mesmo saco

https://www.youtube.com/watch?v=fXdyH-TsEMw&t=2s

 

Há ultraje maior pro povo negro

Do que ter o Camargo na Palmares?

 

O fascismo desponta em nossos dias:

É fecundo o ventre da besta fera…

 

Troca seis por meia dúzia quem votar

Sérgio Moro e Bolsonaro são do Império

 

Militar na política é desventura

Como são religiosos no Governo

 

Sérgio Moro afundou a economia

É uma farsa seu discurso anti-corrupto

https://www.redebrasilatual.com.br/economia/2021/04/livro-lava-jato-lei-ruina-economica-direitos-ascensao-extremista/

 

Quem espalha o terror pelas favelas

É o braço estatal da burguesia

 

Elegeram um tirano presidente

Ele agora corrói a democracia

 

Um acinte, a sentença de Noronha

Anulando o processo do amigo

 

O olhar da “justiça” não é cego

Seu processo tem capa: assim, decide

 

O Congresso é a nossa Casa Grande

Trata o povo como seus novos escravos

 

Os pretextos defensivos da Direita

Quase sempre ofendem a inteligência

 

CNN se diz independente

Fartamente mantida pelos Bancos

 

Eleitores brasileiros co-respondem

Pelo grave desmonte do Brasil

 

Também podem do mal se redimir

Se romperem com Moro e Bolsonaro

 

Formalismo jurídico inocenta

Quem tem culpa e condena inocentes

 

PGR descumpre seu papel:

Protegendo acusados, não vítimas

 

Variante pandêmica se avizinha

Desgoverno omite providências

 

Bolso – Moro, Bolso-Dória – mesmo projeto

Junto a outros, tentam em vão terceira via

 

Não existem três vias em disputas:

Mal há duas: L, B (e variantes)

 

Toda a dívida imposta pelo Império

Cobrarão os “de baixo” a seu tempo

https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia-e-Redes-Sociais/A-verdadeira-divida-externa-Fala-de-Guaicaipuro-Cautemoc/12/5650

 

As lições de Novembro, Dia 20

Energizam o lutar do Povo Negro

https://www.youtube.com/watch?v=1rj_1MYPC3M

 

João Pessoa, 29 de novembro de 2021

Persistência

Esta revista tornou-se um pedaço de mim. No meio a todos os vendavais da vida ela prossegue. Se parece com a fé, com a confiança no amanhã, a esperança que se aninha nos passos que vamos dando dia após dia, atrás dos nossos sonhos.

Mais além de tropeços ou escuridões, algo em nós persiste sempre. Os tempos atuais parecem assinalar um colapso da humanidade, mas a humanidade não colapsa. O que colapsa são as tentativas de destruir o que nos faz humanos. Isso é o que perece.

Por toda parte vejo sinais de resistência. As pessoas não se rendem. Não podemos nos render. A rendição é a morte. E a morte que advém da desistência é pior do que a morte corporal. Há algo em nós, humanos, que não cede nem diante das piores ameaças.

A pior das ameaças é a perda da fé. Não me refiro à fé que é crença, embora esta também seja uma fonte forte de persistência. Refiro-me à fé que aninha no próprio respirar, no olhar para os nossos filhos e filhas e saber que valeu a pena. Vale sempre a pena dar mais um passo.

Insistir na educação, na cultura, no estudo da história que nos põe o pé no chão. Caem os governos ilegais e inconstitucionais. Cai a mentira que se esconde na imbecilidade espalhada e tornada habitual. Nada poderá nos roubar o direito de persistir no empenho humanizador que se nutre do trabalho pessoal e comunitário que honra a vida.

Passam os vendavais que esvaziam a linguagem e a comunicação, instituindo a desconversa, a desabitação do presente, a banalização do tempo. Uma hora as pessoas acordam para o valor inestimável da vida. Esta revista é e continuará a ser uma trincheira de defesa do que é mais valioso.

Conhecimento

Sinto a necessidade de partilhar algumas reflexões sobre algo que me parece está se tornando (sempre foi, na verdade) um empecilho para o entendimento, para a comunicação interpessoal. Refiro-me ao fato de que muitas vezes confundimos conversar, trocar ideias, com um momento em que meramente deixamos vir a tona opiniões e pensamentos que sequer são nossos.
Esta prática é tão frequente que muitas vezes não nos damos conta de que acontece. E aí é que mora o perigo. A inconsciência, a desconexão, a irresponsabilidade, vêm se tornando cada vez mais notas características do fato comunicacional. Alguém diz uma coisa, o que lhe vêm a cabeça, e logo mais se arrepende e pede perdão. Me desculpe, eu não quis dizer isso.
As convicções ocupam o lugar da percepção, o que é perigosíssimo. Se as minhas convicções ocupam o lugar da minha percepção, eu fui sequestrado, eu me tornei um boneco, um repetidor de opiniões alheias, frequentemente oriundas da mídia, das redes sociais, do estado, das igrejas, etc. Opiniões que não são minhas.
O roubo da percepção, o roubo da linguagem, o sequestro da comunicação, configuram a alienação. Antigamente, na sociologia e na filosofia, estudávamos o “reducionismo”(*) como um dos obstáculos ao conhecimento. Hoje parece que o reducionismo tornou-se sinônimo de conhecimento, o que é uma barbaridade.
Quando eu reduzo o real à minha opinião ou versão do real, estou em um estado de perfeita ignorância. Pego um aspecto da realidade, um ponto de vista, uma mera opinião, como a verdade, e fecho o mundo a minha volta. Ideologização é o que está na moda.
Esta redução do real, a anulação da realidade e a sua substituição por pensamentos, ideias e imagens impostas pelos setores dominantes, muitas vezes é feita em nome de lutas setoriais que reivindicam um lugar ao sol, mas que reproduzem a cegueira e a ignorância que sustenta a dominação. Ignorância se combate com conhecimento, e conhecimento dá trabalho. Estudo, pesquisa, consulta à história, comparação de fontes, crítica, análise, recurso à experiência, responsabilidade, humildade…
 
(*) Reducionismo significa supor que toda a realidade ou uma determinada ordem de fenômenos pode ser explicada e depende apenas de um único fator causal. Uma versão bastante difundida desta perspectiva foi o reducionismo “marxista”, que supunha que tudo na sociedade capitalista dependia e podia ser explicado em função do fato básico da exploração dos/as trabalhadores/as. No meu livro Max Weber: ciência e valores, apresento uma visão caleidoscópica do conhecimento e da realidade, fundamentada no pluralismo causal.