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Governo estadual fecha Parque Aquático Julio Delamare, no Rio

Parque Aquático Julio Delamare

Na manhã desta terça-feira (26), dezenas de pessoas assistidas por projetos sociais no Parque Aquático Julio Delamare – em sua maioria idosos e pessoas com deficiência – foram surpreendidas pela notícia de que este seria o último dia de atividade no local.

Os usuários afirmam que não haviam sido informados previamente e que não há qualquer garantia sobre a manutenção dos projetos sociais. Atletas de alto rendimento que treinam no parque foram informados somente na segunda (25) e não sabem onde poderão treinar com o fechamento.

A proposta de demolição do Julio Delamare se insere no processo de licitação de concessão à inciativa privada do Complexo do Maracanã, prevista para acontecer no dia 11 de abril.

Em janeiro, o governo do Estado fechou da noite para o dia o Estádio de Atletismo Célio de Barros sem avisar atletas, que ficaram por semanas sem local para treinar e ainda hoje não têm espaços adequados para treinamento.

No lugar dos equipamentos esportivos, o eventual concessionário construiria um estacionamento e um centro comercial com lojas e restaurantes.

O Parque Aquático Julio Delamare atende cerca de dez mil pessoas em projetos sociais vinculados ao Programa de Iniciação Desportiva (PID) da SUDERJ. São em sua maioria pessoas com deficiência e idosos que são encaminhados diretamente da rede pública de saúde para complementar seus tratamentos através de atividades físicas.

Os usuários do Parque Aquático foram informados por representantes da SUDERJ que devem se apresentar somente no dia 22 de abril na sede do clube América, na Tijuca, para verificar a possibilidade de remanejamento para outros clubes e piscinas.

Detalhes adicionais em http://comitepopulario.wordpress.com/

Nota pública sobre o Maracanã: Plebiscito e Museu do Índio – um alento e uma ameaça

O pedido de plebiscito sobre a concessão do Maracanã à iniciativa privada, encaminhado ontem à mesa diretora da ALERJ com a adesão de 33 deputados, é uma consequência evidente da mobilização popular contra este processo arbitrário de privatização, demolição e mau uso do dinheiro público que o governo do estado conduz, com indícios claros de favorecimento a determinados grupos empresariais. Foi fundamental, neste sentido, a demonstração de descontentamento de diversos grupos e das mais de 500 pessoas que semana passada lotaram o galpão onde o governo tentou realizar uma falsa audiência pública, que não pretendia colocar em discussão a gestão do Complexo do Maracanã, mas simplesmente legitimar um projeto que não levou em conta o interesse público e os direitos das pessoas que utilizam e se relacionam com aquele espaço.

A rápida adesão de um grande número de parlamentares de diferentes partidos e posições políticas à proposta de plebiscito evidenciou a força e a proporção que a manifestação em defesa de um processo democrático na reforma e na gestão do Maracanã alcançou. Todos os parlamentares presentes na tentativa de realização da audiência pública se manifestaram de forma veemente pelo cancelamento do evento e entraram em conjunto com uma representação junto ao Ministério Público pedindo a anulação de seu registro.

O Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas reafirma que não reconhece o evento da última quinta-feira (8) como uma audiência pública e apoia a realização de um plebiscito como forma de abrir verdadeiramente o debate sobre qual a natureza da gestão e do uso que o Estádio do Maracanã e as instalações de seu entorno devem ter. Por ser esta iniciativa uma resposta do Legislativo aos questionamentos feitos pelos movimentos da sociedade civil contra a entrega do Maracanã, afirmamos que estes movimentos estarão atentos a este processo, cobrando dos parlamentares a celeridade e o compromisso que o caso requer. Atletas, torcedores, professores, pais e alunos, indígenas, usuários do Complexo do Maracanã e cidadãos da cidade do Rio de Janeiro estarão de olho.

Por outro lado, lamentamos profundamente a decisão da presidente do TRF-2, desembargadora Maria Helena Cisne, que cassou as liminares que impediam a derrubada do prédio histórico do antigo Museu do Índio e o despejo dos indígenas que ocupam o espaço da Aldeia Maracanã. Não nos surpreenderá se o governo agir de forma precipitada, arbitrária e truculenta, aproveitando rapidamente a brecha jurídica e ignorando a necessidade de debate e negociação. Alertamos a todos sobre a iminência de uma ação de despejo e demolição no local e convocamos todos os militantes a se solidarizarem à luta dos indígenas participando da vigília que acontece no local e circulando esta informação ao maior número de pessoas.

Rio de Janeiro, 14 de novembro de 2012.

Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro

O esporte pede desculpa!

Cartolas brasileiros: um jogo sujo com sócios de peso como TV Globo, CBF e Corinthians

“Sou amigo do Ricardo Teixeira mesmo, sou amigo da Globo mesmo, apesar de ser gângster, não tenho problema não. Agora, eu vejo meu clube”, diz André Sanches, presidente do Corinthians em vídeo amador exibido pela Rede Record este ano.

Sanches, pra quem não sabe, era grande amigo do ex-dirigente mafioso Kia Joarabchian, denunciado pela Polícia Federal por lavagem internacional de dinheiro, entre outros crimes. (Acesse aqui matéria que conta toda a história)

Segundo fontes da reportagem, Kia ainda é o presidente de fato do clube paulista, enquanto Sanches é seu ‘laranja’.

(Vídeo de junho de 2011)

Remo vê legado do Pan-americano a caminho da sucata no Rio de Janeiro

Lanchas e catamarãs comprados para o Pan-2007 são tomados pelo mato no Rio de Janeiro Crédito da foto: ESPN.com.br

por Jean Pereira Santos, para o ESPN.com.br (Matéria de 17/fev/2009)

Você conhece a Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro? Se sim, ótimo! Se não, é melhor se interessar. Pois é lá, na zona oeste da Baía de Guanabara, que algumas embarcações compradas com dinheiro público, isto é, o seu dinheiro, para a prática do remo durante o Pan-americano de 2007 estão. Abandonadas feito lixo. Ou sucata, se preferir. Veja a sequência de fotos acima.

As imagens, registradas no início deste mês, comprovam a total falta de atenção com a qual o legado do Pan tem sido tratado. Os catamarãs e lanchas que você vê, cinco no total, sendo tomados pelo mato, tiveram seus motores retirados, custam – com motor – cerca de 10 mil dólares cada, segundo um praticante da modalidade que prefere não se identificar, e têm totais condições, ainda, de serem utilizados.

Assim como o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, o responsável pela Confederação Brasileira de Remo (CBR), Rodney Bernardes de Araújo, desde 1991 no poder, não fala. Prefere o silêncio à explicação. A reportagem tentou, em vão, durante toda a última semana agendar entrevista com Araújo, que transmitiu através de um auxiliar que não conversará com a imprensa sobre o assunto e também sobre as próximas eleições pesidenciais da entidade, previstas para março.

Diante da insistência do ESPN.com.br, a CBR divulgou, em seu site, uma nota oficial sobre o abandono das embarcações. Curto, o texto tenta em três itens (nos quais os dois primeiros apenas reproduzem o que já é de conhecimento público) tirar qualquer responsabilidade do órgão. “… os barcos apresentaram, na prática, alguns problemas de estrutura e navegação e foram recolhidos ao hangar da Fundação Polo Náutico da UFRJ, construtora dos mesmos, para os devidos reparos” (sic), afirma o documento em seu último número.

“Nós temos que saber quem é responsável por isso. Se não pertence à CBR [Confederação Brasileira de Remo], a quem pertence? Eu ouvi dizer que esses barcos foram doados para algum órgão do meio ambiente aqui do Rio”, afirma em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br Wilson Reeberg, candidato de oposição à presidência da entidade.

Contadada, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro negou atavés de seu departamento de comunicação ter qualquer envolvimento com o assunto. A reportagem também procurou o órgão estadual, mas não obteve sucesso no contato até o fechamento desse texto.

Reeberg também reitera que as lanchas e catamarãs a caminho de virarem sucata são de extrema qualidade e poderiam estar em pleno uso. “Não existe esse tipo de barco no país. E eles são extremamente úteis para regatas no Brasil inteiro”, encerrou.

Malditos comunistas!

Em Cuba, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado. Pô, assim não vale! Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza. Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!

Por José Roberto Torero (*), na Carta Maior.

Acabaram os jogos Pan-Americanos e mais uma vez ficamos atrás de Cuba.

Mais uma vez!

Isso não está certo. Este paiseco tem apenas 11 milhões de habitantes e o nosso tem 192 milhões. Só a Grande São Paulo já tem mais gente que aquela ilhota.

Quanto à renda per capita, também ganhamos fácil. A deles foi de reles 4,1 mil dólares em 2006. A nossa: 10,2 mil dólares.

Pô, se possuímos 17 vezes mais gente do que eles e nossa renda per capita é quase 2,5 vezes maior, temos que ganhar 40 vezes mais medalhas que aqueles comunas.

Mas neste Pan eles ganharam 58 ouros e nós, apenas 48.

Alguma coisa está errada. Como eles podem ganhar do Brasil, o gigante da América do Sul, a sétima maior economia do mundo?

Já sei! É tudo para fazer propaganda comunista.

A prova é que, em 1959, ano da revolução, Cuba ficou apenas em oitavo lugar no Pan de Chicago. Doze anos depois, no Pan de Cáli, já estava em segundo lugar. Daí em diante, nunca caiu para terceiro. Nos jogos de Havana, em 1991, conseguiu até ficar em primeiro lugar, ganhando dos EUA por 140 a 130 medalhas de ouro.

Sim, é para fazer propaganda do comunismo que os cubanos se esforçam tanto no esporte. E também na saúde (eles têm um médico para cada 169 habitantes, enquanto o Brasil tem um para cada 600) e na educação (a taxa de alfabetização deles é de 99,8%). Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano de Cuba é 0,863, enquanto o nosso é 0,813.

Tudo para fazer propaganda comunista!

Aliás, eles têm nada menos do que trinta mil propagandistas vermelhos na cultura esportiva. Ou professores de educação física, se você preferir. Isso significa um professor para cada 348 habitantes. E logo haverá mais ainda, porque eles têm oito escolas de Educação Física de nível médio, uma faculdade de cultura física em cada província, um instituto de cultura física a nível nacional e uma Escola Internacional de Educação Física e Desportiva.

Há tantos e tão bons técnicos em Cuba que o país chega a exportar alguns. Nas Olimpíadas de Sydney, por um exemplo, havia 36 treinadores cubanos em equipes estrangeiras.

E existem tantos professores porque a Educação Física é matéria obrigatória dentro do sistema nacional de educação.

Até aí, tudo bem. No Brasil a Educação Física também é obrigatória.

A questão é que, se um cubano mostrar certo gosto pelo esporte, pode, gratuitamente, ir para uma das 87 Academias Desportivas Estaduais, para uma das 17 Escolas de Iniciação Desportiva Escolar (EIDE), para uma das 14 Escolas Superiores de Aperfeiçoamento Atlético (ESPA), e, finalmente, para um dos três Centros de Alto Rendimento.

Ou seja, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado.

Pô, assim não vale!

Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza.

Quero ver é eles ganharem tantas medalhas sendo como nós, um país onde a Educação Física nas escolas é, muitas vezes, apenas o horário do futebol para os meninos e da queimada para as meninas. Quero ver é eles ganharem medalhas com apoio estatal pífio, sem massificar o esporte, sem um aperfeiçoamento crescente e planejado.

Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!

Malditos comunistas…

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(*) José Roberto Torero é formado em Letras e Jornalismo pela USP, publicou 24 livros, entre eles O Chalaça (Prêmio Jabuti e Livro do ano em 1995), Pequenos Amores (Prêmio Jabuti 2004) e, mais recentemente, O Evangelho de Barrabás. É colunista de futebol na Folha de S.Paulo desde 1998. Escreveu também para o Jornal da Tarde e para a revista Placar. Dirigiu alguns curtas-metragens e o longa Como fazer um filme de amor. É roteirista de cinema e tevê, onde por oito anos escreveu o Retrato Falado.