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Cuba encerra 2013 com menor taxa de mortalidade infantil da história

Ilha caribenha se mantém como um dos melhores países do mundo. Índice é melhor do que no Canadá, EUA e Reino Unido; muito melhor do que no Brasil; e similar a países como Suíça, Dinamarca e Áustria.

Além do baixo índice de mortalidade infantil, Cuba também registra bons níveis educacionais. Foto: Wikicommons/Site do Opera Mundi

Do Ópera Mundi
Cuba terminou 2013 com uma taxa de mortalidade infantil de 4,2 por cada mil nascidos vivos, o número mais baixo da história da ilha, informaram nesta quinta-feira (02/01) os veículos de imprensa oficial do país.
A primeira vez que os cubanos registraram taxa inferior a 5, foi 2008, com 4,7. Desde então, os índices foram 4,8 em 2008, 4,5 em 2010, 4,9 em 2011 e 4,6 em 2012.
De acordo com a ONU, a média mundial de mortalidade infantil no ano passado era de 48 para cada mil nascidos. No Brasil, em 2012, esse índice era de 12,9. A dos Estados Unidos, por sua vez, era de 7 mortes para cada mil nascimentos. Veja o último informe completo da ONU aqui.
O jornal Granma destacou hoje que o resultado coloca a ilha “entre as primeiras nações do mundo” neste quesito. Segundo números oficiais, oito das 15 províncias cubanas atingiram indicadores menores que a taxa nacional de 4,2, em 2013. Neste ano, foram registrados 125.830 nascimentos, 156 a mais que no ano anterior.
Segundo dados do ministério de Saúde Pública do país, as principais causas de morte de crianças no país estão relacionadas a anomalias congênitas, infecções e afecções perinatais.
Com relação às mães, em 2013 foram registrados 26 óbitos relacionados diretamente com gravidez, parto e pós-parto, uma taxa de 20,7 mulheres para cada 100 mil nascimentos, também a mais baixa da história de Cuba.
(com Agência Efe)

Exclusivo: informações concretas sobre Cuba!


Depois de dar uma navegada pela Internet, vejo-me na obrigação de divulgar informações concretas sobre Cuba, independente de qualquer debate sobre regimes políticos que possamos ter.
Fontes: dados oficiais, jornalistas independentes e minhas próprias checagens, após visitar o país e conversar com gente comum por duas semanas:
01. Ninguém é obrigado a ser o que quer que seja. Como em qualquer país do mundo, o governo cria incentivos para determinadas categorias, porém sem qualquer obrigação ditatorial.
02. Desde 14 de de janeiro de 2013, os cidadãos cubanos podem sair do país sem qualquer autorização prévia ou carta-convite (e antes também podiam, mediante solicitação). Como ocorre com centenas de outros países, sair é fácil, o difícil é ter país que aceite. Os mesmos países que criticam a suposta falta de liberdade quase nunca aceitam estrangeiros. Os que são aceitos servem a interesses políticos específicos. Olha-se antes o trabalhador e quase nunca o ser humano.
03. Salários em Cuba são, sim, todos pagos pelo governo, por ser este um regime socialista, marxista-leninista. Sem julgamento pró ou contra, é um sistema relativamente simples de entender: o governo media todas as relações salariais com o argumento de impedir a mais-valia. Discorde-se, OK, porém é só isso. Esta relação é regida por legislação que pode mudar, de acordo com o desejo da população, que elege seus representantes para o Legislativo.
04. Cuba possui um regime política parecidíssimo com o regime dos EUA, por exemplo, entre outras democracias. Os cidadãos não votam diretamente em seus representantes. Nos EUA, votam em “colégios eleitorais”. Em Cuba, nos delegados da Assembleia Nacional de Poder Popular. E possui também Judiciário, como qualquer país do mundo. Como em qualquer democracia do mundo, há excessos, acertos, erros, violações de direitos, avanços etc.
05. O maior problema de Cuba — de longe — chama-se “embargo econômico”. Todos concordam com isso — cubanos, conhecedores da história da ilha, 99% dos países da ONU que há décadas condenam a prática na Assembleia Geral. Faltam recursos na ilha por causa do embargo criminoso. A mesma ação, se realizada por qualquer motivo que seja contra os EUA ou qualquer outro país desenvolvido e em desenvolvimento, seria facilmente questionada na Organização Mundial do Comércio e em poucos meses seria derrubada. Curiosamente, no caso de Cuba, há 40 anos as organizações internacionais nada fazem além de publicar “moções de repúdio” ou resoluções. Inúteis.
06. Não existe “fuga em massa” de cubanos. Existem, certamente, pessoas que aproveitam a proximidade com os EUA (dá, de fato, pra ir de barquinho, apesar de ser arriscado). Algo como Governador Valadares — cidade mineira já apelidada pelos próprios moradores de “Governador Valadólares”. Porém o número de pessoas é irrisório. É grosseiramente menor, proporcionalmente, do que o número de “fugas” do Brasil ou do Haiti para os EUA.
Existem milhões de migrantes no mundo — uma crise notavelmente global que é criada pelo excesso de fronteiras que barram pessoas mas não o capital ou as informações das agências de notícias. Mas as imagens dos cubanos fugindo recebem curiosamente um destaque todo especial da mídia estadunidense e, por tabela, da mídia corporativa. Com o destaque maior — que eu prefiro chamar pelo nome, manipulação — ficamos com a impressão de que estão todos fugindo que nem loucos. Vá a Cuba, converse com as pessoas e comprove o quão diferente é a realidade.
07. Cuba tem muitos problemas. Assim como o Brasil, os EUA, a Holanda. Cada país tem problemas específicos. Cuba tem os seus. Eles são discutidos abertamente em assembleias populares, no Legislativo, nas praças. E são promovidas mudanças de acordo com o debate público. Em Cuba há ainda os conselhos de bairros, extremamente ativos.
08. Cuba não está mergulhado na pobreza. Pelo contrário: o cubano comum sabe muito bem que, nas Américas, por exemplo, é o país com alguns dos melhores índices de desenvolvimento humano, segundo sucessivos relatórios das Nações Unidas. E as pessoas em Cuba possuem um ritmo mais tranquilo, notavelmente diferente da neurose capitalista de trabalho-trabalho-trabalho. O que é um fator de felicidade para muitos, opino eu.
09. O cubano sabe muito sobre o mundo. Vá a Cuba, escolha 10 cubanos em qualquer parte do país e comprove isso.
10. Cuba tem igualmente pessoas extremamente críticas ao regime. E estas pessoas fazem piadas dos “críticos” celebrados pelo Ocidente, como Yoani Sánchez. Estes em geral são ricos e vivem de apoio externo, pagos para falar o que falam sem qualquer grau de racionalidade ou compromisso com o povo.
11. Cubanos são seres humanos (é difícil acreditar, eu sei, mas é verdade!). Vá a Cuba e comprove por si próprio. Há revolucionários, trabalhadores comuns, bêbados, fanfarrões, consumistas, viciados em novelas etc. O governo — como qualquer governo do mundo — tem suas preferências. O partido cubano prefere os revolucionários, os não consumistas, entre outros critérios gerais muito bem definidos.
12. Cuba tem apenas um partido. Segundo centenas de análises de sociólogos renomados e ativistas políticos, incluindo diversos estadunidenses, os EUA também.
13. Cuba tem aproximadamente 11 milhões de pessoas. Menos do que o Estado do Rio de Janeiro. Então, bicho, relaxa. É só mais um país. Nada demais. Nada de menos também.
14. Incomoda o regime cubano? Sério? A Coreia do Norte mantendo campos de concentração em 2013, os EUA vigiando o mundo, a República Democrática do Congo à beira de uma nova guerra civil, Mali e República Centro-Africana tentando formar um governo central, a Somália tentando existir, a Síria em chamas, o Iraque explodindo após 10 anos da invasão criminosa de Bush, a Turquia pegando fogo, o Haiti afundado em problemas estruturais, alguns países da Oceania e da África com gente perseguindo e matando “bruxas”, Israel promovendo um regime de apartheid em pleno século 21, o Irã executando opositores em praça pública, o talibã perseguindo mulheres progressistas, a Rússia perseguindo gays, diversos governos no Oriente Médio promovendo o silêncio e o terror a suas populações, governos dos EUA e Reino Unido punindo e perseguindo cidadãos que denunciam grosseiras violações dos direitos humanos — e você aí preocupado(a) com Cuba? Sério?
15. O que mais estiver “obscuro”, dada a nova onda de informações falsas circulando, me proponho a tentar responder. O que eu souber, obviamente. O que eu não souber, não tiver a menor ideia e não tiver como sequer pesquisar ou perguntar para amigos cubanos, vou responder “Sei lá”.
_______________________
Comente pelo Facebook em http://on.fb.me/1dIV0qo
Importante observação de Leila Jinkings: “Gostaria de sugerir, no entanto: 1) que você poderia colocar os EEUU como produtores de guerras, destruidores de países, sabe. Eles vigiam os cidadãos, pra poder criar o clima de terror que tem sido a prática deles. Eles são os maiores terroristas do planeta, matam milhares todos os dias. 2) a questão das eleições. As eleições em Cuba não tem nada a ver com partidos. Qualquer cidadão que represente uma corrente, um setor, pode concorrer sem ser filiado a partido nenhum. O partido é independente de eleições.”

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Depois de dar uma navegada pela Internet, vejo-me na obrigação de divulgar informações concretas sobre Cuba, independente de qualquer debate sobre regimes políticos que possamos ter.

Fontes: dados oficiais, jornalistas independentes e minhas próprias checagens, após visitar o país e conversar com gente comum por duas semanas:

01. Ninguém é obrigado a ser o que quer que seja. Como em qualquer país do mundo, o governo cria incentivos para determinadas categorias, porém sem qualquer obrigação ditatorial.

02. Desde 14 de de janeiro de 2013, os cidadãos cubanos podem sair do país sem qualquer autorização prévia ou carta-convite (e antes também podiam, mediante solicitação). Como ocorre com centenas de outros países, sair é fácil, o difícil é ter país que aceite. Os mesmos países que criticam a suposta falta de liberdade quase nunca aceitam estrangeiros. Os que são aceitos servem a interesses políticos específicos. Olha-se antes o trabalhador e quase nunca o ser humano.

03. Salários em Cuba são, sim, todos pagos pelo governo, por ser este um regime socialista, marxista-leninista. Sem julgamento pró ou contra, é um sistema relativamente simples de entender: o governo media todas as relações salariais com o argumento de impedir a mais-valia. Discorde-se, OK, porém é só isso. Esta relação é regida por legislação que pode mudar, de acordo com o desejo da população, que elege seus representantes para o Legislativo.

04. Cuba possui um regime política parecidíssimo com o regime dos EUA, por exemplo, entre outras democracias. Os cidadãos não votam diretamente em seus representantes. Nos EUA, votam em “colégios eleitorais”. Em Cuba, nos delegados da Assembleia Nacional de Poder Popular. E possui também Judiciário, como qualquer país do mundo. Como em qualquer democracia do mundo, há excessos, acertos, erros, violações de direitos, avanços etc.

05. O maior problema de Cuba — de longe — chama-se “embargo econômico”. Todos concordam com isso — cubanos, conhecedores da história da ilha, 99% dos países da ONU que há décadas condenam a prática na Assembleia Geral. Faltam recursos na ilha por causa do embargo criminoso. A mesma ação, se realizada por qualquer motivo que seja contra os EUA ou qualquer outro país desenvolvido e em desenvolvimento, seria facilmente questionada na Organização Mundial do Comércio e em poucos meses seria derrubada. Curiosamente, no caso de Cuba, há 40 anos as organizações internacionais nada fazem além de publicar “moções de repúdio” ou resoluções. Inúteis.

06. Não existe “fuga em massa” de cubanos. Existem, certamente, pessoas que aproveitam a proximidade com os EUA (dá, de fato, pra ir de barquinho, apesar de ser arriscado). Algo como Governador Valadares — cidade mineira já apelidada pelos próprios moradores de “Governador Valadólares”. Porém o número de pessoas é irrisório. É grosseiramente menor, proporcionalmente, do que o número de “fugas” do Brasil ou do Haiti para os EUA.

Existem milhões de migrantes no mundo — uma crise notavelmente global que é criada pelo excesso de fronteiras que barram pessoas mas não o capital ou as informações das agências de notícias. Mas as imagens dos cubanos fugindo recebem curiosamente um destaque todo especial da mídia estadunidense e, por tabela, da mídia corporativa. Com o destaque maior — que eu prefiro chamar pelo nome, manipulação — ficamos com a impressão de que estão todos fugindo que nem loucos. Vá a Cuba, converse com as pessoas e comprove o quão diferente é a realidade.

07. Cuba tem muitos problemas. Assim como o Brasil, os EUA, a Holanda. Cada país tem problemas específicos. Cuba tem os seus. Eles são discutidos abertamente em assembleias populares, no Legislativo, nas praças. E são promovidas mudanças de acordo com o debate público. Em Cuba há ainda os conselhos de bairros, extremamente ativos.

08. Cuba não está mergulhado na pobreza. Pelo contrário: o cubano comum sabe muito bem que, nas Américas, por exemplo, é o país com alguns dos melhores índices de desenvolvimento humano, segundo sucessivos relatórios das Nações Unidas. E as pessoas em Cuba possuem um ritmo mais tranquilo, notavelmente diferente da neurose capitalista de trabalho-trabalho-trabalho. O que é um fator de felicidade para muitos, opino eu.

09. O cubano sabe muito sobre o mundo. Vá a Cuba, escolha 10 cubanos em qualquer parte do país e comprove isso.

10. Cuba tem igualmente pessoas extremamente críticas ao regime. E estas pessoas fazem piadas dos “críticos” celebrados pelo Ocidente, como Yoani Sánchez. Estes em geral são ricos e vivem de apoio externo, pagos para falar o que falam sem qualquer grau de racionalidade ou compromisso com o povo.

11. Cubanos são seres humanos (é difícil acreditar, eu sei, mas é verdade!). Vá a Cuba e comprove por si próprio. Há revolucionários, trabalhadores comuns, bêbados, fanfarrões, consumistas, viciados em novelas etc. O governo — como qualquer governo do mundo — tem suas preferências. O partido cubano prefere os revolucionários, os não consumistas, entre outros critérios gerais muito bem definidos.

12. Cuba tem apenas um partido. Segundo centenas de análises de sociólogos renomados e ativistas políticos, incluindo diversos estadunidenses, os EUA também.

13. Cuba tem aproximadamente 11 milhões de pessoas. Menos do que o Estado do Rio de Janeiro. Então, bicho, relaxa. É só mais um país. Nada demais. Nada de menos também.

14. Incomoda o regime cubano? Sério? A Coreia do Norte mantendo campos de concentração em 2013, os EUA vigiando o mundo, a República Democrática do Congo à beira de uma nova guerra civil, Mali e República Centro-Africana tentando formar um governo central, a Somália tentando existir, a Síria em chamas, o Iraque explodindo após 10 anos da invasão criminosa de Bush, a Turquia pegando fogo, o Haiti afundado em problemas estruturais, alguns países da Oceania e da África com gente perseguindo e matando “bruxas”, Israel promovendo um regime de apartheid em pleno século 21, o Irã executando opositores em praça pública, o talibã perseguindo mulheres progressistas, a Rússia perseguindo gays, diversos governos no Oriente Médio promovendo o silêncio e o terror a suas populações, governos dos EUA e Reino Unido punindo e perseguindo cidadãos que denunciam grosseiras violações dos direitos humanos — e você aí preocupado(a) com Cuba? Sério?

15. O que mais estiver “obscuro”, dada a nova onda de informações falsas circulando, me proponho a tentar responder. O que eu souber, obviamente. O que eu não souber, não tiver a menor ideia e não tiver como sequer pesquisar ou perguntar para amigos cubanos, vou responder “Sei lá”.

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Importante observação de Leila Jinkings: “Gostaria de sugerir, no entanto: 1) que você poderia colocar os EEUU como produtores de guerras, destruidores de países, sabe. Eles vigiam os cidadãos, pra poder criar o clima de terror que tem sido a prática deles. Eles são os maiores terroristas do planeta, matam milhares todos os dias. 2) a questão das eleições. As eleições em Cuba não tem nada a ver com partidos. Qualquer cidadão que represente uma corrente, um setor, pode concorrer sem ser filiado a partido nenhum. O partido é independente de eleições.”

Exclusivo: informações concretas sobre Cuba!

Depois de dar uma navegada pela Internet, vejo-me na obrigação de divulgar informações concretas sobre Cuba, independente de qualquer debate sobre regimes políticos que possamos ter.

Fontes: dados oficiais, jornalistas independentes e minhas próprias checagens, após visitar o país e conversar com gente comum por duas semanas:

01. Ninguém é obrigado a ser o que quer que seja. Como em qualquer país do mundo, o governo cria incentivos para determinadas categorias, porém sem qualquer obrigação ditatorial.

02. Desde 14 de de janeiro de 2013, os cidadãos cubanos podem sair do país sem qualquer autorização prévia ou carta-convite (e antes também podiam, mediante solicitação). Como ocorre com centenas de outros países, sair é fácil, o difícil é ter país que aceite. Os mesmos países que criticam a suposta falta de liberdade quase nunca aceitam estrangeiros. Os que são aceitos servem a interesses políticos específicos. Olha-se antes o trabalhador e quase nunca o ser humano.

03. Salários em Cuba são, sim, todos pagos pelo governo, por ser este um regime socialista, marxista-leninista. Sem julgamento pró ou contra, é um sistema relativamente simples de entender: o governo media todas as relações salariais com o argumento de impedir a mais-valia. Discorde-se, OK, porém é só isso. Esta relação é regida por legislação que pode mudar, de acordo com o desejo da população, que elege seus representantes para o Legislativo.

04. Cuba possui um regime política parecidíssimo com o regime dos EUA, por exemplo, entre outras democracias. Os cidadãos não votam diretamente em seus representantes. Nos EUA, votam em “colégios eleitorais”. Em Cuba, nos delegados da Assembleia Nacional de Poder Popular. E possui também Judiciário, como qualquer país do mundo. Como em qualquer democracia do mundo, há excessos, acertos, erros, violações de direitos, avanços etc.

05. O maior problema de Cuba — de longe — chama-se “embargo econômico”. Todos concordam com isso — cubanos, conhecedores da história da ilha, 99% dos países da ONU que há décadas condenam a prática na Assembleia Geral. Faltam recursos na ilha por causa do embargo criminoso. A mesma ação, se realizada por qualquer motivo que seja contra os EUA ou qualquer outro país desenvolvido e em desenvolvimento, seria facilmente questionada na Organização Mundial do Comércio e em poucos meses seria derrubada. Curiosamente, no caso de Cuba, há 40 anos as organizações internacionais nada fazem além de publicar “moções de repúdio” ou resoluções. Inúteis.

06. Não existe “fuga em massa” de cubanos. Existem, certamente, pessoas que aproveitam a proximidade com os EUA (dá, de fato, pra ir de barquinho, apesar de ser arriscado). Algo como Governador Valadares — cidade mineira já apelidada pelos próprios moradores de “Governador Valadólares”. Porém o número de pessoas é irrisório. É grosseiramente menor, proporcionalmente, do que o número de “fugas” do Brasil ou do Haiti para os EUA.

Existem milhões de migrantes no mundo — uma crise notavelmente global que é criada pelo excesso de fronteiras que barram pessoas mas não o capital ou as informações das agências de notícias. Mas as imagens dos cubanos fugindo recebem curiosamente um destaque todo especial da mídia estadunidense e, por tabela, da mídia corporativa. Com o destaque maior — que eu prefiro chamar pelo nome, manipulação — ficamos com a impressão de que estão todos fugindo que nem loucos. Vá a Cuba, converse com as pessoas e comprove o quão diferente é a realidade.

07. Cuba tem muitos problemas. Assim como o Brasil, os EUA, a Holanda. Cada país tem problemas específicos. Cuba tem os seus. Eles são discutidos abertamente em assembleias populares, no Legislativo, nas praças. E são promovidas mudanças de acordo com o debate público. Em Cuba há ainda os conselhos de bairros, extremamente ativos.

08. Cuba não está mergulhado na pobreza. Pelo contrário: o cubano comum sabe muito bem que, nas Américas, por exemplo, é o país com alguns dos melhores índices de desenvolvimento humano, segundo sucessivos relatórios das Nações Unidas. E as pessoas em Cuba possuem um ritmo mais tranquilo, notavelmente diferente da neurose capitalista de trabalho-trabalho-trabalho. O que é um fator de felicidade para muitos, opino eu.

09. O cubano sabe muito sobre o mundo. Vá a Cuba, escolha 10 cubanos em qualquer parte do país e comprove isso.

10. Cuba tem igualmente pessoas extremamente críticas ao regime. E estas pessoas fazem piadas dos “críticos” celebrados pelo Ocidente, como Yoani Sánchez. Estes em geral são ricos e vivem de apoio externo, pagos para falar o que falam sem qualquer grau de racionalidade ou compromisso com o povo.

11. Cubanos são seres humanos (é difícil acreditar, eu sei, mas é verdade!). Vá a Cuba e comprove por si próprio. Há revolucionários, trabalhadores comuns, bêbados, fanfarrões, consumistas, viciados em novelas etc. O governo — como qualquer governo do mundo — tem suas preferências. O partido cubano prefere os revolucionários, os não consumistas, entre outros critérios gerais muito bem definidos.

12. Cuba tem apenas um partido. Segundo centenas de análises de sociólogos renomados e ativistas políticos, incluindo diversos estadunidenses, os EUA também.

13. Cuba tem aproximadamente 11 milhões de pessoas. Menos do que o Estado do Rio de Janeiro. Então, bicho, relaxa. É só mais um país. Nada demais. Nada de menos também.

14. Incomoda o regime cubano? Sério? A Coreia do Norte mantendo campos de concentração em 2013, os EUA vigiando o mundo, a República Democrática do Congo à beira de uma nova guerra civil, Mali e República Centro-Africana tentando formar um governo central, a Somália tentando existir, a Síria em chamas, o Iraque explodindo após 10 anos da invasão criminosa de Bush, a Turquia pegando fogo, o Haiti afundado em problemas estruturais, alguns países da Oceania e da África com gente perseguindo e matando “bruxas”, Israel promovendo um regime de apartheid em pleno século 21, o Irã executando opositores em praça pública, o talibã perseguindo mulheres progressistas, a Rússia perseguindo gays, diversos governos no Oriente Médio promovendo o silêncio e o terror a suas populações, governos dos EUA e Reino Unido punindo e perseguindo cidadãos que denunciam grosseiras violações dos direitos humanos — e você aí preocupado(a) com Cuba? Sério?

15. O que mais estiver “obscuro”, dada a nova onda de informações falsas circulando, me proponho a tentar responder. O que eu souber, obviamente. O que eu não souber, não tiver a menor ideia e não tiver como sequer pesquisar ou perguntar para amigos cubanos, vou responder “Sei lá”.

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Importante observação de Leila Jinkings: “Gostaria de sugerir, no entanto: 1) que você poderia colocar os EEUU como produtores de guerras, destruidores de países, sabe. Eles vigiam os cidadãos, pra poder criar o clima de terror que tem sido a prática deles. Eles são os maiores terroristas do planeta, matam milhares todos os dias. 2) a questão das eleições. As eleições em Cuba não tem nada a ver com partidos. Qualquer cidadão que represente uma corrente, um setor, pode concorrer sem ser filiado a partido nenhum. O partido é independente de eleições.”

Muita purpurina pro meu gosto

Há pouco mais de um mês, no dia 14 de janeiro, eu estava em Cuba. Para o país e seu povo não era um dia qualquer. Entrava em vigor a nova lei de migração, elaborada dentro da democracia cubana depois de anos de discussão (pra quem tem péssimas fontes jornalísticas, esclareço que há eleições e debates públicos por lá).

Uma das histórias mais curiosas que ouvimos aconteceu numa padaria. Uma conversa entre duas moças. Era uma segunda-feira, se não me engano.

Elas lamentavam que, apesar da nova lei, apenas dois países a aceitaram na condição de cubanas: o Haiti e a Rússia.

— E eu não quero ir nem pro Haiti nem pra Rússia, né menina! — destacou uma delas.

A história é mais ou menos a seguinte, no reino da fantasia em uma ilha muito distante:

O “mundo livre” ouve a “blogueira libertária” e pede “mudanças”. (A tal blogueira já morou na Suíça, curiosamente). Aí o “mundo livre” vê, com grande felicidade e pompa, a lei mudar — não precisa mais de autorização do governo cubano para sair.

E como o “mundo livre” comemora? (Corte aqui a fantasia e vamos pra realidade) Trata de não permitir que os cubanos entrem em seus países, porque o mundo real das políticas migratórios considera os cubanos cidadãos de segunda classe, assim como os haitianos, os dominicanos, os costariquenhos… Pode vir, claro, mas traga muito dinheiro e vá embora em três meses!

Uma realidade muito diferente essa de Cuba, não é mesmo?

Honestamente, é muita purpurina pro meu gosto. Eu, humildemente, penso que tenho mais o que fazer.

Muita purpurina pro meu gosto

Há pouco mais de um mês, no dia 14 de janeiro, eu estava em Cuba. Para o país e seu povo não era um dia qualquer. Entrava em vigor a nova lei de migração, elaborada dentro da democracia cubana depois de anos de discussão (pra quem tem péssimas fontes jornalísticas, esclareço que há eleições e debates públicos por lá).

Uma das histórias mais curiosas que ouvimos aconteceu numa padaria. Uma conversa entre duas moças. Era uma segunda-feira, se não me engano.

Elas lamentavam que, apesar da nova lei, apenas dois países a aceitaram na condição de cubanas: o Haiti e a Rússia.

— E eu não quero ir nem pro Haiti nem pra Rússia, né menina! — destacou uma delas.

A história é mais ou menos a seguinte, no reino da fantasia em uma ilha muito distante:

O “mundo livre” ouve a “blogueira libertária” e pede “mudanças”. (A tal blogueira já morou na Suíça, curiosamente). Aí o “mundo livre” vê, com grande felicidade e pompa, a lei mudar — não precisa mais de autorização do governo cubano para sair.

E como o “mundo livre” comemora? (Corte aqui a fantasia e vamos pra realidade) Trata de não permitir que os cubanos entrem em seus países, porque o mundo real das políticas migratórios considera os cubanos cidadãos de segunda classe, assim como os haitianos, os dominicanos, os costariquenhos… Pode vir, claro, mas traga muito dinheiro e vá embora em três meses!

Uma realidade muito diferente essa de Cuba, não é mesmo?

Honestamente, é muita purpurina pro meu gosto. Eu, humildemente, penso que tenho mais o que fazer.

Os cinco cubanos não são heróis mas, sem dúvida, injustiçados

Linchamentos judiciais devem ser sempre combatidos,
mas heroicizar agentes secretos é um exagero nocivo

O companheiro Jacob Blinder, principal divulgador das políticas bolivarianas em nosso país, pede-me que “aborde o tema dos Cinco Heróis cubanos, presos injustamente nos Estados Unidos”, pois, segundo ele, eu possuiria “grande penetração junto à opinião pública”.

 A última afirmação é exagerada, claro. “Grande penetração”, por enquanto, só tem quem dispõe das tribunas da grande imprensa, que estão cada vez mais fechadas para mim –tanto como profissional quanto como personagem histórico até hoje envolvido com os assuntos impactantes do noticiário.

 A existência do território livre da internet impede o  macartismo que não ousa dizer seu nome  de nos reduzir à invisibilidade –é o caso também do próprio Jacob, do Laerte Braga, do Rui Martins, do Carlos Lungarzo e de tantos outros articulistas de esquerda com trabalhos marcantes. Mas, confinados no espaço virtual, nossa defesa das boas causas repercute bem menos –e é isto que almeja o sistema.

 Quanto aos agentes da inteligência cubana presos nos Estados Unidos desde 1998, foram mesmo injustiçados, daí ser desejável que a presidente Dilma Rousseff interceda por eles junto a Barack Obama.

 No recente Fórum Social Mundial, o senador Eduardo Suplicy se comprometeu a tratar do assunto com Dilma e a fazer um pronunciamento no Senado; com a penetração que eu tiver, grande ou pequena, coloco-me inteiramente ao lado do Suplicy quanto a que eles devem ser libertados o quanto antes, para retornarem a seu país sem restrições de nenhuma espécie.

 Os EUA, que tanto faturam com o filão dos filmecos de tribunais, passam a vida estuprando a Justiça, como fizeram no Caso Sacco e Vanzetti: mesmo sabendo que os anarquistas italianos eram inocentes de um assalto com duas vítimas letais cometido por criminosos comuns, levaram até o fim a farsa judicial e até deram sumiço nas provas contra os verdadeiros culpados. [O governador do Massachussetts, 50 anos depois de sua execução, proclamou oficialmente a inocência de Sacco e Vanzetti.]

ACUSAÇÕES INVENTADAS PARA AGRAVAR O CASO

 

O que realmente havia contra os cinco era estarem espionando os exilados cubanos e tentando infiltrar-se nos seus círculos, para prevenir os atos de terrorismo que os gusanos  estabelecidos em Miami desfechavam contra Cuba. A resposta costumeira a tal delito é a mera expulsão.

 Mas as autoridades estadunidenses, com sua habitual tendenciosidade, agravaram o caso inventando outras acusações, que foram ruindo como castelos de cartas ao longo do tempo.

 O primeiro a ser solto, René Gonzales, encontra-se há quatro meses em regime de liberdade supervisionada; depois de haver passado 13 anos no cárcere, ainda ficará impedido de voltar ao seu país até outubro de 2014.

 Espero que, desta vez, os EUA não façam sua  mea culpa  só cinco décadas depois que eles tiverem morrido. A palhaçada já foi longe demais; tem de acabar.

 Só não concordo com o rótulo de  heróis  aplicado a policiais que vão dissimuladamente a outros países para atuarem como agentes infiltrados. Mesmo inexistindo sangue em suas mãos, fazem lembrar demais a Operação Condor, o assassinato de Orlando Letelier e outras abominações dos  anos de chumbo.

 Para mim, seja qual for o regime que a utilize e o fim objetivado, a espionagem é uma atividade vil.

 E, ao contrário dos utilitaristas (para os quais os fins justificam os meios), os revolucionários acreditamos, isto sim, na interação dialética entre fins e meios. Há expedientes que não podemos utilizar, mesmo que o inimigo os empregue contra nós, sob pena de aviltarmos nossos ideais.

 Para não deixar a impressão de que considero tralha cinematográfica a totalidade da produção de Hollywood, lembro um filme no qual o dilema foi bem  colocado: Perseguidor implacável (1971), o primeiro da série  Harry, o sujo.

O inspetor interpretado por Clint Eastwood baleia um sequestrador e, para obrigá-lo a confessar o local no qual mantém encarcerada uma adolescente ameaçada de morrer por asfixia, pisa em seu ferimento.

O grande diretor Don Siegel vai distanciando a câmara daquela cena hedionda, até que ambos se tornem pontinhos na tela; foi sua maneira de expressar o repúdio das pessoas civilizadas à tortura. E, adiante, ficamos sabendo que de nada adiantara, pois a jovem já estava morta.

Há sempre uma justificativa ou uma atenuante qualquer para se ultrapassar a fronteira entre a civilização e a barbárie, o certo e o errado, o digno e o indigno.

Então, a regra de ouro foi expressa pelo velho juiz protagonizado por Spencer Tracy, noutro filme que se constituiu em louvável exceção: Tribunal em Nuremberg (d. Stanley Kramer, 1961). Indagado sobre quando começou o desvirtuamento da Justiça alemã  sob o nazismo, ele responde: “Foi no dia em que o primeiro juiz condenou o primeiro réu que ele sabia ser inocente”.

É imperativo voltarmos a ser os que não abrem o precedente dúbio, ao qual segue-se a banalização da dubiedade. Por maior que seja o preço a pagar, cabe a nós personificarmos a alternativa à geléia geral na qual conveniências amorais e imorais são colocadas à frente dos princípios. Ou não haverá para o cidadão comum nenhum símbolo visível de que outro mundo seja possível.

Concluindo: os agentes secretos cubanos foram injustiçados, então têm de ser libertados e devemos nos mobilizar em favor de sua libertação.

Mas, não representam exemplos que devamos louvar e nos quais possamos nos espelhar. Muito pelo contrário.

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Malditos comunistas!

Em Cuba, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado. Pô, assim não vale! Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza. Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!

Por José Roberto Torero (*), na Carta Maior.

Acabaram os jogos Pan-Americanos e mais uma vez ficamos atrás de Cuba.

Mais uma vez!

Isso não está certo. Este paiseco tem apenas 11 milhões de habitantes e o nosso tem 192 milhões. Só a Grande São Paulo já tem mais gente que aquela ilhota.

Quanto à renda per capita, também ganhamos fácil. A deles foi de reles 4,1 mil dólares em 2006. A nossa: 10,2 mil dólares.

Pô, se possuímos 17 vezes mais gente do que eles e nossa renda per capita é quase 2,5 vezes maior, temos que ganhar 40 vezes mais medalhas que aqueles comunas.

Mas neste Pan eles ganharam 58 ouros e nós, apenas 48.

Alguma coisa está errada. Como eles podem ganhar do Brasil, o gigante da América do Sul, a sétima maior economia do mundo?

Já sei! É tudo para fazer propaganda comunista.

A prova é que, em 1959, ano da revolução, Cuba ficou apenas em oitavo lugar no Pan de Chicago. Doze anos depois, no Pan de Cáli, já estava em segundo lugar. Daí em diante, nunca caiu para terceiro. Nos jogos de Havana, em 1991, conseguiu até ficar em primeiro lugar, ganhando dos EUA por 140 a 130 medalhas de ouro.

Sim, é para fazer propaganda do comunismo que os cubanos se esforçam tanto no esporte. E também na saúde (eles têm um médico para cada 169 habitantes, enquanto o Brasil tem um para cada 600) e na educação (a taxa de alfabetização deles é de 99,8%). Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano de Cuba é 0,863, enquanto o nosso é 0,813.

Tudo para fazer propaganda comunista!

Aliás, eles têm nada menos do que trinta mil propagandistas vermelhos na cultura esportiva. Ou professores de educação física, se você preferir. Isso significa um professor para cada 348 habitantes. E logo haverá mais ainda, porque eles têm oito escolas de Educação Física de nível médio, uma faculdade de cultura física em cada província, um instituto de cultura física a nível nacional e uma Escola Internacional de Educação Física e Desportiva.

Há tantos e tão bons técnicos em Cuba que o país chega a exportar alguns. Nas Olimpíadas de Sydney, por um exemplo, havia 36 treinadores cubanos em equipes estrangeiras.

E existem tantos professores porque a Educação Física é matéria obrigatória dentro do sistema nacional de educação.

Até aí, tudo bem. No Brasil a Educação Física também é obrigatória.

A questão é que, se um cubano mostrar certo gosto pelo esporte, pode, gratuitamente, ir para uma das 87 Academias Desportivas Estaduais, para uma das 17 Escolas de Iniciação Desportiva Escolar (EIDE), para uma das 14 Escolas Superiores de Aperfeiçoamento Atlético (ESPA), e, finalmente, para um dos três Centros de Alto Rendimento.

Ou seja, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado.

Pô, assim não vale!

Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza.

Quero ver é eles ganharem tantas medalhas sendo como nós, um país onde a Educação Física nas escolas é, muitas vezes, apenas o horário do futebol para os meninos e da queimada para as meninas. Quero ver é eles ganharem medalhas com apoio estatal pífio, sem massificar o esporte, sem um aperfeiçoamento crescente e planejado.

Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!

Malditos comunistas…

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(*) José Roberto Torero é formado em Letras e Jornalismo pela USP, publicou 24 livros, entre eles O Chalaça (Prêmio Jabuti e Livro do ano em 1995), Pequenos Amores (Prêmio Jabuti 2004) e, mais recentemente, O Evangelho de Barrabás. É colunista de futebol na Folha de S.Paulo desde 1998. Escreveu também para o Jornal da Tarde e para a revista Placar. Dirigiu alguns curtas-metragens e o longa Como fazer um filme de amor. É roteirista de cinema e tevê, onde por oito anos escreveu o Retrato Falado.