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A cor da vida

As cores da vida

Qual é a cor da vida?

Quais são as cores da vida?

Tenho pra mim que a vida tem várias cores

Amarelo e vermelho

Celeste, ou azul claro

Amarelo e vermelho em primeiro lugar

Amarelo é confiança, fé, família, solidariedade, criatividade

Vermelho é força.

Celeste (azul claro) é confiança. Despreocupação

Outras cores, todas as cores

Azul ultramar

Laranja

Marrom

Verde

Rosa

Sentir as cores

Encontrar nelas a cor da vida.

 

Ilustração: “O tecido do universo”

A vez do amor

Agora é a vez do amor

Agora é a nossa vez

A vez do amor é a nossa vez

É a vez da poesia e da canção

A vez da alegria e da celebração

A vez de desfrutar da vida até o último suspiro

Sim, é a nossa vez!

E quem ainda não tiver aprendido a amar e se amar

Vai ter que aprender que amar como viver

É uma vez

Apenas uma vez

Vida é amor

É só de ida

Justiça, educação

Deverão ser como a flor do dia

Embelezo da existência

Sem elas não há limites nem definição

Isto sim, isto não

Basta de burrice e bestialidade

Basta de mortes evitáveis

Livros sim, armas não!

Ilustração: “Garota de Ipanema.”

O valor da vida

Sinto muito se algumas ou muitas pessoas

Esqueceram das revistas

Ou preferem espaços

Onde as coisas já estão resolvidas.

Da nossa parte, cumprimos com um papel educativo

Suscitar a vida

Estimular a liberdade

Promover a criatividade

Sacudir entorpecimentos

Que poderiam nos levar a esquecer o valor da vida.

(Os dias passam, as horas vão passando

E neste passar, uma hora nos vamos também, como tanta gente querida já se foi

Façamos com que este dia, esta hora, agora

Brilhe a luz do esplendor que nos anima!)

Inventividade e rebeldia no labor artístico: Incidência na Educação Física.

A despeito de ainda reinar certa insensibilidade, em considerável parcela da população, em relação à força transformadora das Artes, múltiplos são os sinais emblemáticos do potencial criativo e mobilizador das Artes, em suas diferentes manifestações. Com efeito, são copiosos os exemplos da força revolucionária das Artes, ao longo dos séculos e em  todos os espaços. A este respeito, vale a pena conferir a aula proferida pela professora Profª Arlenice Almeida da Silva, acerca da perspectiva Estética trabalhada pelo jovem György Lukács (cf. https://www.youtube.com/watch?v=w17h96CLjqE).

Nela, podemos perceber a singularidade do jovem Lukács em sua análise da Estética, das Artes. Para ele, a obra artística comporta certa autonomia, tanto em relação ao seu produtor, quanto a seu receptor…

Constitui parte integrante do processo de humanização o exercício indispensável das Artes, tanto em sua dimensão produtiva, quanto em sua dimensão receptiva (passiva). Com seres humanos, somos constantemente instados/vocacionados a exercitar, de algum modo, a produção e a fruição das Artes. Ainda que alguns humanos se sintam extraordinariamente tocados por algum tipo de Arte,  em verdade,  todos os humanos nos sentimos, de algum modo motivados a ensaiar, seja como produtor, seja como receptor ou simultaneamente pelas duas vias, algum tipo de manifestação artística, sob pena de não nos tornarmos protagonistas do processo de humanização.

As Artes, em geral, têm incidência, direta ou indireta, em nossa qualidade de vida, nas diferentes atividades  do quotidiano e em nosso processo formativo contínuo: desde o ambiente familiar, passando pelos espaços escolares, pelo ambiente de trabalho, nas atividades recreativas, na contemplação da Mãe-Natureza…

Nestas  linhas, sublinhamos particularmente a incidências do labor artístico na Educação Física. Inicialmente, cuidamos de trazer à tona a título de ilustração o potencial humanizador de diferentes Artes, ressaltando especialmente sua força  inventiva e propulsora  de rebeldia. Num segundo momento, ensaiamos realçar sua incidência especificamente na Educação Física.

Artes, inventividade, encantamento e rebeldia

Tendo em vista o público jovem constituir os destinatários especiais desta reflexão, entendemos didático iniciarmos ilustrando vários campos do  dia-a-dia nos quais a Arte se faz presente. De fato, tal é a presença das Artes em nosso quotidiano que nem chegamos a percebê-la suficientemente, em suas mais diferentes manifestações. Da arquitetura à música; da Literatura  à Pintura,  à Escultura, ao Teatro ao Desenho à Fotografia, ao Cinema, à Dança, às mais variadas formas de artesanato (no barros, na palha, no tecido, no ferro, na  madeira,  no vidro, nos materiais reciclados…). Independentemente de nossa eventual insensibilidade, temos  que reconhecer a relevância das Artes em nossa  processo de humanização. Sem as Artes, tendemos ao embrutecimento, à barbárie. Sirvam-nos de exemplo tantas atitudes que observamos em nossa sociedade, recheadas  de insensibilidade e obscurantismo… Basta ver a que nível a Política cultural vem sendo relegada,  após o Golpe de 2016, especialmente, a partir de 2018.

Estamos, pois, mergulhados no campo da Estética, que, ao lado de tantos outros, é uma das expressões do processo de humanização. Deste, além da Estética (portanto, do campo artístico, fazem parte diferentes   dimensões: Cósmica, social, econômica, política, cultural, a implicarem, por sua vez, distintos saberes e relações do quotidiano, relações sociais de gênero, de etnia, geracionais, de espacialidade, de referência à Mãe-Terra, ao sagrado, etc.  Como antes mencionado, nas linhas que seguem, nos detemos apenas nas relações estéticas, por meio das  Artes.

As Artes, por conseguintes, constituem o campo da Estética, por meio do  qual exercitamos a experiência do Belo, seja enquanto apreciadores, seja enquanto produtores. Graças à fluição do Belo, e, portanto, das Artes, recobramos o sentido mais pleno da existência.

As Artes nos encantam, nos reanimam a existência, ao tempo em que nos propiciam e exercício da  criatividade, das  inventividade. É também por meio das Artes que, à medida que descobrimos coisas novas, novos  horizontes, nos sentimos igualmente interpelados e uma melhor exercício  de nossa visão de mundo, de sociedade e de seres humanos instados a constantes mudanças em busca de plenitude. E daí também resulta um sentimento de rebeldia perante as atrocidades que desfiguram o Belo, contribuindo para um processo de desumanização.

A incidência das Artes na Educação Física

Entre as inúmeras  manifestações das Artes em nossa existência, elas também incidem na concepção e prática da cultura do corpo, também chamada de Educação Física. E isto se dá em vários modos, tanto positivo quanto negativamente. A Educação Física pode ser entendida como uma expressão – dentre outras – do processo de humanização, também inspirado nas Artes, a incidir no exercício bio-Psico-Social, de modo conectado com  outras dimensões.

É assim que, no plano estritamente biológico, a Educação Física se mostra eficaz  – especialmente quando inspirada pelas Artes – na manutenção e desenvolvimento não apenas da  saúde, como também de todo processo humano.  Há dimensão biológica conecta-se o desenvolvimento psíquico à medida que proporciona condições mais  favoráveis  à manutenção e aprimoramento da saúde mental, o que alude ao conhecido  “Mens Sana in corpore  sano”.

Tanto a dimensão biológica quanto a dimensão psíquica precisam  não apenas de interagirem entre si , mas também guardam estreita conexão com o social, o mundo circundante, sem o qual se inviabilizam tanto o desenvolvimento biológico quanto psíquico. A dimensão social remete diretamente as condições de sociabilidade em que se vive. Por ex., numa sociedade marcada pelos valores capitalistas, neo-liberais, observa-se a tendência  dominante a uma cisão entre o biológico, o psíquico e o social, de tal modo que o comportamento dominante passa a  ser o de  uma super-estimação do biológico (do corpo desconectado das outras  dimensões), em detrimento da unidade das três  dimensões. Na prática, isto traduz a  ideologia dominante de super exaltação das qualidades   estritamente  biológicas, com pretensão a expressar o Belo, ainda que em duvidosas condições de insanidade psicossocial.

Torna-se, por conseguinte, desafiador lidar com a cultura do corpo, de modo saudável e estético, exercitando-se estas dimensões para além da concepção mercantilista ou de mero valor de troca. Neste sentido, tão vazia se apresenta a estética do corpo, na concepção mercantilista que tradições teóricas longínquas, a exemplo do que se percebe inclusive no discurso platônico de Timeu, em que se sustenta a relação entre saúde corporal e saúde mental, pode se constatar uma deterioração do processo de humanização.

 

João Pessoa, 8 de setembro de 2022.

Um tributo ao repente e seus poetas

Um tributo ao repente e seus poetas

 

O universo da Arte é multiforme

Pois o belo comporta muitas faces

Eu duvido que isto tu negasses

O Repente exige talento enorme

Harmonia requer: nada é disforme

O Repente é poesia nordestina

A exemplo do Cordel, com que combina

Têm raízes ibéricas, européias

Que aqui floresceram como veias

Circulando belezas femininas

 

Propagando notícias qual jornais

Sendo escrito, Cordel, oral Repente

O Cordel, segue sendo atraente

Do Poeta o Repente exige mais

Em verdade, “milagres” ele faz

O Repente é oral, requer talento

Repentista nenhum pode ser lento

Sua poesia se faz, bem instantânea

Se gravada, vira até uma coletânea

Se eu pensar, vem mais forte que o vento

 

Pra deleite de quem quer ouvir mais

Com excelência, o Repente resplandece

No universo das Artes, com “finesse”

O Repetente glosado beleza traz

O povão o aprecia, na rua, pertinaz

É cantado por dupla de grande porte

Vila Nova, Oliveira, dando o Norte

Evocando os Batistas do Egito

Na peleja,  seu par deixam aflito

Referência eles são, bastante forte

O Repente tem gêneros diversos:

Tem sextilhas, septilhas, tem oitavas

E as décimas, o poeta também crava

Respeitantes ao número de versos

Que tipo de estrofes vêm imersos

De Seis versos, de sete, oito ou dez

Na peleja, o Repente dá revés…

O Martelo e o Mourão estão na área

O Repente tem belas faces, várias

O improviso não permite rodapés

 

As estrofes decassílabas têm acento

Na terceira, na sexta e na décima

Do contrário, a estrutura fica péssima

Tornaria o verso não isento

De chacota, ao calor de tais eventos

Na sextilha e septilha, por sua vez

Elas têm específicas suas leis:

Na terceira e na sétima, recaia a tônica

E assim, a poesia faz-se eufônica

Agradando aos ouvidos: nota dez!

 

Do Repente a gigantes rendo loa

Aos Batistas, irmãos, lá do Egito

Homenagem lhes presto por seus ditos

Vila Nova, Amâncio, Oliveira

Salve, Pinto de Monteiro, gente boa

E Daudeth o nordeste tematiza

Destacando suas praias, sua brisa

Cada Estado com seus próprios atributos

Ressaltando seus filhos mais argutos

O nordeste na cultura se enraíza

 

Repentistas Mulheres temos tantas

A brilhar, recorrendo a própria luz

Ante os homens, seu valor não se reduz

Com Mocinha de Passira também canta

Minervina Ferreira – que garganta!

Atuando em gêneros diversos

Fabiana e Lucinha, com seus versos

Na Peleja, Mourão, quebra-cabeça

Cantam livres, ao machismo sendo avessas

Feminismo na luta está imerso

 

João Pessoa, 12 de julho de 2022

Ilustração: Girassóis (Rolando Lazarte)

Eixos

Há dias em que apenas posso registrar o essencial

O fundamental

Aquilo em que a vida consiste

O pertencimento que dá uma sensação de segurança e paz

Acolhimento

A identidade que redescubro quando escuto outras pessoas

O passado que finalmente passa e se vai

Vêm a plenitude da vida

A ascensão do dia a dia

A subida que me aproxima do sublime

Somente esta vivência intensa e plena

Pode me dar a força para permanecer de pé

E prosseguir na caminhada

Subindo, sempre a subir

Escutar com o coração, falar com o coração,

Repõe a minha humanidade

A vida não pode ser cancelada

A vida não é cancelada

Não existe algo tal como o cancelamento da vida

O que há é uma potenciação que joga o passado para atrás

Quanto mais nos empenhamos em intensificar os nossos elos com o presente

Criar, amar, construir coletivamente, fazer o bem, partilhar

Desfrutar da vida como um dom divino

Eis o que deve cada vez mais demandar o nosso esforço, centramento, ação e atenção.