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O que é que eu gosto, me deixa alegre? O que me faz sentir bem? O que me deixa triste ou até irritado?

São coisas diferentes, embora se pareçam, e muito. Vou começar com o que me faz sentir bem. A beleza. Em especial, a beleza das flores. Ver uma flor me deixa tranquilo e sereno. Me traz uma paz profunda. O mar, quando o vejo me aquieto também. Me sereno. Ver aquele verde ou prata extenso e em movimento quase quieto. Me guarda e me contém.

Que outras coisas me fazem sentir bem? Lembrar dos meus pais e dos meus irmãos, filhos e filhas, esposa e netos, nora e genro, etc. Família. Me aquieta e me traz uma sensação de aceitação e pertencimento. Lembrar em especial das minhas avós e tios, me traz um sentimento como de integração num tempo antigo e anterior. Uma segurança íntima e uma alegria profunda.

Também me sinto bem ao participar da comunidade. Ao ver que tenho um lugar num espaço de acolhimento. É um espaço de sentimentos que nos unem. Me sinto inserido numa força poderosa. Sou aceito como sou. Me destacam as qualidades. Me fazem ver o que tenho de bom. Me relembram quem sou.

Mais alguma coisa que me faz sentir bem? As canções. Um filme bom. Uma poesia. Um romance. A arte. Cantar. Escrever. Desenhar. Me sinto inserido na eternidade. Sim, a oração, a . A companhia e presença de Deus.

Agora vamos a coisas que me gostam e me deixam alegre. Sentir o vento e o sol. Sentir o chão sob os meus pés. Sentir a água na pele. A presença dela por perto. Na verdade, ela está sempre por perto, até quando não está. É o amor. Aqui as coisas começam a se misturar. E não têm nada não. É assim mesmo. Tudo está reunido em mim e ao meu redor.

E as coisas que me deixam irritado? Ser invadido ou me sentir invadido. Ser interrompido. Ser ignorado. Ser excluído. Ser pressionado ou criticado.

O que me deixa triste? A insensibilidade, a ignorância, a burrice, a manipulação, a mentira, a força bruta, a violência, a injustiça, a imbecilidade, a malandragem institucional, a delinquência profissional, a traição, a falsidade, a negação da história, a desmemoria, a claudicação.

(Inspirado nos dizeres do Setembro Amarelo)

Uma das coisas boas desta idade

É que já não há muita coisa a nos preocupar

Deixo você entrar

O medo já não me assusta mais

O mundo é novamente amigável

Um lugar por onde se pode transitar

Ir daqui pra lá

Não importa onde

E tudo sempre está bem

Sempre esteve bem

Ainda quando tudo parecia estar ou estava

Patas pa´rriba

Nunca a desordem é total

Há um âmbito em que tudo sempre está como deve ser

O âmbito íntimo e próximo

Por isso lhes digo e me digo

Digo e escuto

Para mim mesmo e de mi mesmo

Desfrutar da vida

Primeiro mandamento

Amar a sí

Primeiríssimo mandamento, em todo tempo

Gozar das coisas boas da vida

Um mar cintilante

A beleza em volta

O mero respirar

O canto das aves

O sol andando pelo céu

O céu interno

Onde reina o amor

O que mais?

Deixe que falem

Não é contra mim

Falam de si mesmos ou si mesmas

Não é comigo

Pressa é o que não têm mais

Pressa pra que?

Rir bem muito e com vontade

Menos mandamentos

Mais sentimentos

Colheita é agora

Mais prazer

Menos dever.

Inventividade e rebeldia no labor artístico: Incidência na Educação Física.

A despeito de ainda reinar certa insensibilidade, em considerável parcela da população, em relação à força transformadora das Artes, múltiplos são os sinais emblemáticos do potencial criativo e mobilizador das Artes, em suas diferentes manifestações. Com efeito, são copiosos os exemplos da força revolucionária das Artes, ao longo dos séculos e em  todos os espaços. A este respeito, vale a pena conferir a aula proferida pela professora Profª Arlenice Almeida da Silva, acerca da perspectiva Estética trabalhada pelo jovem György Lukács (cf. https://www.youtube.com/watch?v=w17h96CLjqE).

Nela, podemos perceber a singularidade do jovem Lukács em sua análise da Estética, das Artes. Para ele, a obra artística comporta certa autonomia, tanto em relação ao seu produtor, quanto a seu receptor…

Constitui parte integrante do processo de humanização o exercício indispensável das Artes, tanto em sua dimensão produtiva, quanto em sua dimensão receptiva (passiva). Com seres humanos, somos constantemente instados/vocacionados a exercitar, de algum modo, a produção e a fruição das Artes. Ainda que alguns humanos se sintam extraordinariamente tocados por algum tipo de Arte,  em verdade,  todos os humanos nos sentimos, de algum modo motivados a ensaiar, seja como produtor, seja como receptor ou simultaneamente pelas duas vias, algum tipo de manifestação artística, sob pena de não nos tornarmos protagonistas do processo de humanização.

As Artes, em geral, têm incidência, direta ou indireta, em nossa qualidade de vida, nas diferentes atividades  do quotidiano e em nosso processo formativo contínuo: desde o ambiente familiar, passando pelos espaços escolares, pelo ambiente de trabalho, nas atividades recreativas, na contemplação da Mãe-Natureza…

Nestas  linhas, sublinhamos particularmente a incidências do labor artístico na Educação Física. Inicialmente, cuidamos de trazer à tona a título de ilustração o potencial humanizador de diferentes Artes, ressaltando especialmente sua força  inventiva e propulsora  de rebeldia. Num segundo momento, ensaiamos realçar sua incidência especificamente na Educação Física.

Artes, inventividade, encantamento e rebeldia

Tendo em vista o público jovem constituir os destinatários especiais desta reflexão, entendemos didático iniciarmos ilustrando vários campos do  dia-a-dia nos quais a Arte se faz presente. De fato, tal é a presença das Artes em nosso quotidiano que nem chegamos a percebê-la suficientemente, em suas mais diferentes manifestações. Da arquitetura à música; da Literatura  à Pintura,  à Escultura, ao Teatro ao Desenho à Fotografia, ao Cinema, à Dança, às mais variadas formas de artesanato (no barros, na palha, no tecido, no ferro, na  madeira,  no vidro, nos materiais reciclados…). Independentemente de nossa eventual insensibilidade, temos  que reconhecer a relevância das Artes em nossa  processo de humanização. Sem as Artes, tendemos ao embrutecimento, à barbárie. Sirvam-nos de exemplo tantas atitudes que observamos em nossa sociedade, recheadas  de insensibilidade e obscurantismo… Basta ver a que nível a Política cultural vem sendo relegada,  após o Golpe de 2016, especialmente, a partir de 2018.

Estamos, pois, mergulhados no campo da Estética, que, ao lado de tantos outros, é uma das expressões do processo de humanização. Deste, além da Estética (portanto, do campo artístico, fazem parte diferentes   dimensões: Cósmica, social, econômica, política, cultural, a implicarem, por sua vez, distintos saberes e relações do quotidiano, relações sociais de gênero, de etnia, geracionais, de espacialidade, de referência à Mãe-Terra, ao sagrado, etc.  Como antes mencionado, nas linhas que seguem, nos detemos apenas nas relações estéticas, por meio das  Artes.

As Artes, por conseguintes, constituem o campo da Estética, por meio do  qual exercitamos a experiência do Belo, seja enquanto apreciadores, seja enquanto produtores. Graças à fluição do Belo, e, portanto, das Artes, recobramos o sentido mais pleno da existência.

As Artes nos encantam, nos reanimam a existência, ao tempo em que nos propiciam e exercício da  criatividade, das  inventividade. É também por meio das Artes que, à medida que descobrimos coisas novas, novos  horizontes, nos sentimos igualmente interpelados e uma melhor exercício  de nossa visão de mundo, de sociedade e de seres humanos instados a constantes mudanças em busca de plenitude. E daí também resulta um sentimento de rebeldia perante as atrocidades que desfiguram o Belo, contribuindo para um processo de desumanização.

A incidência das Artes na Educação Física

Entre as inúmeras  manifestações das Artes em nossa existência, elas também incidem na concepção e prática da cultura do corpo, também chamada de Educação Física. E isto se dá em vários modos, tanto positivo quanto negativamente. A Educação Física pode ser entendida como uma expressão – dentre outras – do processo de humanização, também inspirado nas Artes, a incidir no exercício bio-Psico-Social, de modo conectado com  outras dimensões.

É assim que, no plano estritamente biológico, a Educação Física se mostra eficaz  – especialmente quando inspirada pelas Artes – na manutenção e desenvolvimento não apenas da  saúde, como também de todo processo humano.  Há dimensão biológica conecta-se o desenvolvimento psíquico à medida que proporciona condições mais  favoráveis  à manutenção e aprimoramento da saúde mental, o que alude ao conhecido  “Mens Sana in corpore  sano”.

Tanto a dimensão biológica quanto a dimensão psíquica precisam  não apenas de interagirem entre si , mas também guardam estreita conexão com o social, o mundo circundante, sem o qual se inviabilizam tanto o desenvolvimento biológico quanto psíquico. A dimensão social remete diretamente as condições de sociabilidade em que se vive. Por ex., numa sociedade marcada pelos valores capitalistas, neo-liberais, observa-se a tendência  dominante a uma cisão entre o biológico, o psíquico e o social, de tal modo que o comportamento dominante passa a  ser o de  uma super-estimação do biológico (do corpo desconectado das outras  dimensões), em detrimento da unidade das três  dimensões. Na prática, isto traduz a  ideologia dominante de super exaltação das qualidades   estritamente  biológicas, com pretensão a expressar o Belo, ainda que em duvidosas condições de insanidade psicossocial.

Torna-se, por conseguinte, desafiador lidar com a cultura do corpo, de modo saudável e estético, exercitando-se estas dimensões para além da concepção mercantilista ou de mero valor de troca. Neste sentido, tão vazia se apresenta a estética do corpo, na concepção mercantilista que tradições teóricas longínquas, a exemplo do que se percebe inclusive no discurso platônico de Timeu, em que se sustenta a relação entre saúde corporal e saúde mental, pode se constatar uma deterioração do processo de humanização.

 

João Pessoa, 8 de setembro de 2022.

Atenção à beleza

Pode ser uma flor

O canto de um pássaro que nos alegra quando a tristeza vêm.

A recordação de pessoas amigas que nos habitam

O mundo à nossa volta.

Podemos escolher o que olhar

A atenção move a intenção

A intenção move os desejos, gera decisões, escolhas, caminhos.

Está nas nossas mãos.

Que a nossa vida seja cada vez mais nossa!

El Papa a los payasos y acróbatas en el Aula Pablo VI: “La belleza conduce a Dios”

Por Salvatore Cernuzio

Al final de la audiencia general, Francisco sonrió y aplaudió la actuación de los artistas del Circo Ronny Roller, una antigua familia de circo italiana, apreciando el duro entrenamiento que hay detrás del encanto de este espectáculo

Payasos, tragafuegos, bailarines, acróbatas, malabaristas, y luego luces y música con clásicos de la canción italiana como “La Strada”, “O’ Sole mio”, “O’ Sarracino”, o “The Trooper” de Iron Maiden. Un grupo de artistas del Circo Ronny Roller ha actuado esta mañana en el Aula Pablo VI ante el Papa Francisco al final de la audiencia general de los miércoles. El Pontífice observó las distintas actuaciones, aplaudiendo y sonriendo, y agradeció a los chicos y chicas del circo que hayan montado este espectáculo: “Es un espectáculo que nos pone en contacto con la belleza, y la belleza nos eleva, siempre, la belleza nos hace ir más allá”, dijo. “Y la belleza es una forma de ir al Señor. Gracias: gracias por este programa. Gracias. De nuevo, en el momento de los saludos, Francisco volvió a agradecer a los artistas del Rony Roller esta actividad: “Es curioso, detrás de lo que han dado, esta belleza, hay horas y horas y horas de formación, de trabajo para acabar haciendo un espectáculo como este”.

La “tradición” de los artistas de circo en la Sala Pablo VI

Los Rony Roller -una familia histórica en el panorama circense italiano, que lleva produciendo espectáculos desde los años 30, llevando este tipo de arte a todo el mundo, incluidos los Estados Unidos y Rusia- no es el primer circo que actúa ante el Papa en el Aula Pablo VI. Casi una tradición que se renueva de año en año. El año pasado, el 8 de enero de 2020, los artistas circenses del “Circo Aqua” de Cuba actuaron ante Francisco. Especializados en juegos y espectáculos acuáticos, el circo carecía obviamente de la materia prima del agua, y presentó espectáculos musicales y acrobáticos a los fieles reunidos en el Aula Vaticana. En esa ocasión, el Papa se permitió “participar” en las actuaciones lanzando un aro a un artista.

La atención de la Iglesia

En años anteriores, otros artistas de circo habían llevado su arte al Papa. En diciembre de 2010, el entonces Consejo Pontificio para los Emigrantes e Itinerantes les dedicó todo un congreso pastoral internacional a ellos y a todos los artistas de circo. Se celebró en Roma sobre el tema “Circos y parques de atracciones: “catedrales” de la fe y la tradición, signos de esperanza en un mundo globalizado” y su objetivo era familiarizar a las Iglesias locales con la pastoral de los trabajadores del circo y de las ferias, para fomentar una mayor atención a los problemas actuales que afectan a las personas involucradas en los espectáculos itinerantes.

Vea aquí:

Fuente: Vatican News

A arte de ser feliz

Por Cecília Meireles

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava história. Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que ouvisse, não entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu que não participava do auditório imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava história. Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que ouvisse, não entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu que não participava do auditório imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

In: Cecília Meireles, Escolha o seu sonho (4a. ed. Rio de Janeiro: Global Editora, 2016)

Fonte: Revista Prosa, verso e arte