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7º Hip Hop União d@s Man@s em Salvador

Idealizado pelo Grupo de Hip Hop R.B.F.(Rapaziada da Baixa Fria), acontecerá neste sábado (17/11), no Campus da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), no bairro do Cabula, a partir das 8h, a 7ª Edição do HIP HOP UNIÃO D@S MAN@S.

O evento ocorrerá com caráter de formação política, abrindo discussões pertinentes à profissionalização, políticas públicas e geração de trabalho e renda de agentes culturais primordialmente, direcionada para a promoção e divulgação da cultura Hip Hop, refletindo temas e capacitações nas áreas de Música Rap, Graffiti, Políticas públicas para a juventude e Produção Cultural. Contar ainda com mostra de vídeo, sarau de poesia, basquete, roda de breack, grafite ao vivo e um grande show em praça pública com os grupos R.B.F, Atitude Diferenciada, Opanijé, Um Conto e Munegrale.

O objetivo é fortalecer o intercâmbio e reunir anualmente no Bairro do Cabula, em Salvador, grupos e simpatizantes da cultura Hip Hop da cidade e região. É considerado um encontro regional de Hip Hop que vem trazendo resultados que fortalece os grupos e contribui para que a comunidade tenha contato direto com mais um elemento cultural que envolve um trabalho sério de conscientização do público em geral. Informações pelo telefone (71) 8876-4445 ou 3384-3590 (Aspre) e pelo email asprirbf@hotmail.com

Jovens indígenas do sul da Bahia participam do Plebiscito Vale

Os participantes do 3º Seminário Cultural da Juventude Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro, que ocorreu de 31/8 a 2/9, votaram durante todo o evento no Plebiscito Popular pela anulação do leilão que privatizou a Companhia Vale do Rio Doce. Estavam presentes mais de 300 pessoas entre jovens dos povos Pataxó Hã-Hã-Hãe, Tupinambá, Pataxó e Tuxá (BA), Tupinikim (ES) e Xukuru (PE); representantes da coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo e outras entidades parceiras.

Aproveitando o momento de discussões da realidade que agride os povos, o tema do Plebiscito foi incluído na pauta do seminário como forma de garantir a participação da juventude indígena nesta mobilização nacional. Segundo uma das organizadoras do evento, Aratiana Tupinambá, “realizar o Plebiscito no seminário foi uma forma de conscientizar os jovens da necessidade de estabelecermos lutas conjuntas com outros que sofrem as mesmas agressões que nós, povos indígenas, e também uma forma de ajudar os parentes Krenak de Minas Gerais que sofreram muito com a maneira como a Vale do Rio Doce invadiu as terras deles, e, como vimos no filme, também com os parentes indígenas do Pará e do Maranhão.”

A cédula usada na aldeia tinha quatro perguntas (sobre a privatização da Vale, dívida pública, reforma da previdência e energia elétrica) definidas pela coordenação nacional do Plebiscito. Os participantes da votação na aldeia avaliam que as outras três questões também atingem diretamente os povos indígenas.

Eles lembraram que o pagamento das dívidas tira recursos que poderiam ser aplicados nas aldeias. “A questão da energia elétrica tem atingido diretamente os nossos povos, a exemplo das construções de barragens para gerar energia, eles invadem nossos territórios, roubam as nossas águas e depois cobram um absurdo por este bem tão precioso”, comentou um dos votantes. Segundo Nailton Muniz, do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, “Agora mesmo, estão aí com um plano de construir uma barragem no Rio Pardo. Esta barragem vai invadir parte de nossas terras, se já não bastasse a briga que temos com os invasores de nossas terras, vamos agora ter que brigar contra estes que querem alagar e agredir ainda mais a nossa terra, que já se encontra bastante devastada pelos criadores de gado”.

Para a coordenação do seminário a idéia de colocar a votação do Plebiscito no evento foi muita boa, pois assim muitos jovens ficaram sabendo desta história cheia de irregularidades e desvios que o governo fez com um bem que pertence ao povo brasileiro.

Do Conselho Indigenista Missionário de Itabuna, da Serra do Padeiro (Buerarema), 2 de setembro de 2007.

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Lembre-se que você tem quatro opções de participação: (I) Um email de cada vez; (II) Resumo diário; (III) Email de compilação; (IV) Sem emails (acesso apenas online). Para cancelar, responda solicitando. [www.consciencia.net/agencia]

Transposição: posseiros fecham saída da retomada para a cidade de Pedra Branca (BA)

As retomadas de terras tradicionais realizadas pelos povos Tumbalalá e Truká seguem ocorrendo. As ações são em protesto à transposiçao do rio São Francisco e pela regularização das terras destes povos.

A liderança Maria José Tumbalalá informou que os posseiros que vivem na terra reivindicada por seu povo fizeram uma barreira na saída da cidade e impediram a passagem dos indígenas e até mesmo da imprensa durante a tarde. Há alguns minutos, após intervenção policial, a barreira foi desfeita.

Na terra dos Tumbalalá, vivem cerca de 450 posseiros. Muitos deles são agricultores atingidos por barragens que foram instalados em agrovilas pela Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco).

O grupo de mais de 300 Tumbalalá aguarda, ainda para esta quarta, a presença do administrador regional da Funai em Paulo Afonso, João Valadares. A Funai em Paulo Afonso informou, no meio da tarde, que o administrador já tinha saído com destino ao município de Pedra Branca, onde ocorre a retomada.

O povo Tumbalalá luta pelo seu reconhecimento étnico desde 1998. Em 2003, depois de 3 anos de reivindicações dos indígenas, a Funai montou um grupo de trabalho (GT) para a identificação deste grupo, mas os estudos ainda não foram concluídos.

Este povo de cerca de 3000 pessoas vive em pequenos aldeamentos. O maior deles é a aldeia de Nossa Senhora da Conceição do Pambu. As comunidades vivem em terras acima do nível do Rio, o que dificulta sua irrigação e a produção de alimentos. Depois que as barragens construídas no São Francisco destruíram a irrigação natural que fertilizava o solo, este povo tem ainda mais dificuldade para produzir. Alguns indígenas trabalham nas terras dos Truká, outros têm empregos nas cidades vizinhas.

Contatos
Maria José Tumbalalá – (87) 9993-7097; Cícero Tumbalalá (pedir pra chamar – o telefone é de Laidiane) – (87) 9101-8260

Manifesto dos povos indígenas da Bahia à sociedade brasileira

Nós, povos indígenas da Bahia, das etnias Pataxó, Tupinambá de Olivença, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Tuxá, Tumbalalá, Kaimbé e Pankararé, aqui representando os demais povos deste Estado. Estamos reunidos nesta capital para realizarmos vários atos públicos, manifestações em repúdio ao descaso das autoridades dos Governos Federais,  Estaduais e Municipais. Queremos com isto garantir aos nossos povos justiça e  defesa dos nossos direitos constitucionais.

A Terra

A terra é a nossa vida. Fonte e garantia de sobrevivência física e cultural destas e das futuras gerações. Por isso é urgente e necessário o cumprimento da Constituição Federal, que nos garante a demarcação de todas as nossas terras no prazo de cinco anos, após a promulgação da Constituição, ou seja, até o ano de 1993 o governo deveria ter regularizado as nossas terras.

Estamos no ano de 2004, o governo está atrasado, em mais de 11 anos, no cumprimento dos seus deveres para com os povos indígenas. Esta situação de desrespeito do Governo Federal tem incentivado os governos estaduais, também a não cumprir com seus deveres para com os povos indígenas. Aqui na Bahia, a situação está se tornando insustentável.  Nós queremos nesta manifestação pacifica, afirmar que a  nossa resistência e a nossa força é que nos mantém firme na luta neste Estado que não nos reconhece e não nos respeita.

Nós sabemos que os nossos direitos estão ameaçados  por muitos interesses  de grupos econômicos e políticos, que tem ganância em se apropriar de nossas terras e de nossas riquezas que soubemos resguardar durante séculos, apesar de todas as pressões que sempre fizeram contra as nossas comunidades. Inclusive conhecemos vários deputados de nosso Estado, que lutam para prejudicar a regularização de nossas terras, o atendimento diferenciado na saúde e na educação, e os outros direitos que temos. Eles chegam a incentivar a invasão de nossos territórios, a apropriação de nossas riquezas e a destruição de nossas culturas. Esses políticos estão se organizando de Norte a Sul do País, ameaçando e violentando as nossas comunidades.

Esses grupos além da violência e da mentira usam da chantagem e das barganhas de bens pessoais para causar divisões internas nas comunidades. Tais setores nunca aceitaram nossas conquistas no Congresso Nacional – Constituinte (1966-1988)- e nunca aceitaram o Capítulo dos Índios (artigos 231 e 232) da Constituição Federal, de 1988, que reconhece os direitos indígenas no Brasil. Articulam um movimento no Congresso Nacional com o objetivo de mudar estes artigos da Constituição que amparam os nossos direitos. Se isto vier a acontecer veremos, no governo Lula, a abertura definitiva de uma porta para o extermínio físico e cultural de todos os povos indígenas do Brasil, e com certeza nós os índios da Bahia seremos os primeiros desta lista.

Nos manifestamos preocupados com estas possibilidades e com este ataque dos nossos velhos inimigos e também daqueles que considerávamos nossos aliados, participamos ativamente da eleição deste novo Governo Federal, cheios de esperanças e sonhos, que aos poucos também vão sendo roubados, até os nossos sonhos estão roubando. O índice de violência nestes dois anos tem sido assustador, a criminalização de nossas lideranças tem aumentado, o descaso com a questão da saúde em nosso estado é lamentável, levando a morte muitos de nossos parentes, em especial os nossos troncos velhos, as ações da Justiça Federal, a exemplo da de Ilhéus, empossando fazendeiros em nossas terras causando o acirramento dos conflitos e o fortalecimento dos invasores de nossos territórios.

Unindo as nossas forças, solidários com outros companheiros e companheiras, também perseguidos e sofredores,  manifestamos a toda sociedade nacional as nossas bandeiras de luta:

A Violência:

  • A apuração dos assassinatos dos índios: Milton Saúba, Raimundo Sota, tentativa de homicídio contra Aurino Pereira Silva, Carlos Trajano, Romildo (Jonas), (Detinho) todo Pataxó Hã-Hã-Hãe do município de Pau-Brasil; Jambrinha, Silvio Cunha, João Gomes Nascimento, Maura Nascimento, Giberg Teixeira entre outros membros da comunidade Tupinambá de Olivença agredidos e sem providência tomadas até o momento;

  • Revogação da prisão preventiva contra a  nossa liderança Joel Braz, do povo Pataxó do extremo sul, processo que se encontra na Justiça Federal de Ilhéus. Várias lideranças receberam ameaças do fazendeiro Mauro Rossoni que é membro de uma associação e sindicato que foi criada especificamente para reprimir  as lideranças e as nossas lutas pela reconquista de nossas terras;

  • Providência imediata contra o administrador da vila de Olivença no município de Ilhéus, Srº Alcides Kruschevisnk, que constantemente vem ameaçando membros da comunidade Tupinambá de Olivença, denuncia já protocolada na Procuradoria de Ilhéus, assim como contra o condomínio de Águas de Olivença, onde o síndico de nome Boaventura colocou uma cerca impedindo o direito de ir e vir dos índios Tupinambá; Na localidade do Caí n´água foi colocado um muro impedindo  o aceso dos índios a uma nascente muito utilizada pelos mesmos;

  • A imediata intervenção do Senhor Procurador da República junto às autoridades competentes e a Policia Federal de Ilhéus no sentido de garantir uma fiscalização e atuação da mesma com o objetivo de coibir e evitar a entrada de bandidos fugitivos da justiça nos territórios indígenas em especial no território Tupinambá;

Demarcação/Regularização:

  • A imediata  regularização/desintrusão da TI indígena Caramuru-Catarina-Paragussu, de 54.100 hectares pertencentes ao povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, no sul da Bahia;

  • Agilização no processo de identificação e delimitação do Território do Povo Tupinambá de Olivença, nos município de Ilhéus, Una e Buerarema;

  • Regularização na situação do povo Tuxá, atingidos pela barragem de Itaparica e sem providências a mais de 15 anos;

  • Providências no sentido de garantir ao povo Tumbalalá suas terras e o imediato reassentamento dos trabalhadores que ocupavam e ocupam estas áreas;

  • A imediata demarcação do território do povo Pataxó do extremo sul, que aguarda resultado do relatório antropológico a mais de 04 anos. Solicitamos a intervenção da Procuradoria para apurar as responsabilidades e agilizar as providências;

  • Criação de Grupo Técnico para estudos antropológicos e identificação de território do povo Tupinambá de Belmonte;

  • Proceder levantamentos fundiários e de benfeitorias e agilizar as indenizações indispensáveis para viabilizar a reocuparão dos índios em áreas ainda intruzada pelos invasores de nossas terras;

Saúde:

  • Solicitamos a imediata intervenção do Ministério Público junto a Fundação Nacional de Saúde– Funasa, no sentido de apurar as diversas denuncias de omissão, descaso e desrespeito para com os nossos direitos mais básicos no setor da saúde, que tem levado as comunidades indígenas em toda Bahia à situação de calamidade pública. (Nesta manifestação vários documentos de diversas comunidades indígenas da Bahia, estão sendo entregues a direção Funasa neste Estado);

  • Garantia de uma saúde diferenciada como nos garante a Lei, com o aprimoramento do atendimento básico de saúde aos povos indígenas da Bahia, adequando a diversidade das etnias e suas condições específicas.

Educação:

  • Queremos uma intervenção das autoridades ligadas a educação na Bahia e do Ministério Público, no sentido de garantir uma educação diferenciada e apurar as denúncias de irregularidades praticadas por representantes municipais e outros, prejudicando em muito as atividades escolares nas aldeias, entre estas irregularidades podemos destacar: Atraso nos pagamentos dos professores e funcionários, falta da merenda escolar, falta e dificuldades no transporte dos alunos. Sem falar nas ameaças de invasores de nossas terras;

  • Regularização e construção de escolas, onde as mesmas funcionam de maneira precária. (casa de farinha, barcaças, de baixo de pé de arvore, etc);
  • A educação indígena da Bahia, tem que obedecer aos princípios constitucionais que nos garantem uma educação diferenciada, com o apoio aos nossos projetos de vida,e que tenha por fim, a implementação das iniciativas dos povos da Bahia, como também a nossa plena participação na formulação e no controle das ações de políticas públicas que são voltadas para as nossas comunidades;

Além destas bandeiras de luta queremos por fim destacar que repudiamos e não aceitaremos nenhuma ação voltada para as nossas aldeias que não estejam em consonâncias com as nossas lideranças e as comunidades, estas ações tem que ter o consentimento e a consulta prévia as comunidades. Não aceitamos imposições, como as que vêm sendo feitas pelo atual administrador da Funai em Paulo Afonso, Srº João Valadares.

Solicitamos apoio as atividades produtivas que venham possibilitar um desenvolvimento sustentável e que respeitem o nosso meio ambiente, como também a inclusão das comunidades indígenas nas diversas políticas públicas e governamentais. (projetos de auto-sustentação).

Em solidariedade aos nossos parentes em todo o Brasil pedimos que providências enérgicas e urgentes sejam tomadas no sentido de garantir os direitos e a integridade física do povo Cinta Larga (retirada dos garimpeiros e outros invasores de suas terras) e a imediata homologação da TI Raposa Serra do Sol do povo Makuxi, e um combate as mentiras e os ataques violentos que vêm, sofrendo todos os povos indígenas no Brasil, pelos ruralistas, garimpeiros, mineradoras, fazendeiros, madeireiros, governos antiindígenas, enfim, os verdadeiros inimigos dos povos indígenas.

Diante dos fatos expostos , nós povos indígenas do Estado da Bahia, exigimos que o governo federal e o governo estadual, dentro de suas competências, cumpram os compromissos assumidos com os povos indígenas.  E ao Ministério Público e aos nossos aliados, que nos ajude nas denúncias e na concretização e garantia de nossos direitos constitucionais e históricos.

Salvador, 28 de abril de 2004.

Povos:
Pataxó Hã-Hã-Hãe
Tupinambá de Olivença
Tupinambá de Belmonte
Tuxá
Tumbalalá
Pataxó do extremo sul
Pankararé
Kaimbé