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Uma jornada diferente

Ontem à noite foi uma jornada diferente. Lembravas dos rostos, dos sorrisos, dos gestos. A ida à pizzaria onde comemoramos a conclusão da primeira fase da formação em Terapia Comunitária em Lagoa Seca. O começo da roda desses dias. As falas. As lembranças. A vinda ao Brasil. As vindas para São Paulo, de Mendoza e do Nordeste. Tudo se costura. Agora esta etapa da formação chega ao seu fim. Em poucas horas, cada um, cada uma, tomará um rumo diferente. Um voltará para Cuité, outro para Uiraúna.

Outras e outros para outros destinos. O jardim central do centro Marista de Eventos. A conversa com Alex. Somos Igreja. Maria, Djair, Ana Vigarani, Lucineide. Camilla, Samilla, Mariana, Marina. Severina Ilza. As lembranças voltavam. Tudo gira e dá mais voltas. Vai se costurando a teia. Arimatéia. Fernanda. A outra Camila. Algum nome se te escapa. Mas não se escapa. Está aí. Alguma hora volta. Tudo volta, mas de outra maneira. Vai se costurando a teia. O sonho de ir ara Lisboa, conhecer irmãs e irmãos de Somos Igreja de outros países. Omar, Dom Fragoso. Deus costurando tudo. A noite, a lua, as estrelas. Os gatinhos do mato e a mãe brava a defendê-los, no jardim. Os gerânios floridos ao pé da janela.

Alder. Jesus. O caminho da luz. O caminho do amor. O caminho da Justiça. Deus encima, embaixo, ao redor. Por toda parte Deus. A estátua da virgem com a criança. Quantas vezes a viras, as meninas em volta tirando fotos. Arallinda. Tudo volta. Renata. Lorena. As brincadeiras. Os risos. Os abraços. A teia vai se tecendo. Paulo Freire. Adalberto Barreto. Antropologia cultural. As raízes, as origens, a família. As rejeições, os preconceitos. A resiliência, que transforma a carência em competência. Arturo, Leo.

Os filhos. As dores das quais brotarão flores um dia. Deixas tudo nas mãos de Deus e fazes a tua parte. Ricardo Brindeiro. Magdala. Jesus. Tudo gira e dá mais voltas. Argentina. Viagens. Malas. Bruno, Leila. Natalia, Carolina, Rodrigo, Leonardo. Deus costurando tudo. A teia vai sendo tecida. Poeta, filósofo, todos tem um lugar e tu também. Todos e todas tem um lugar na teia da vida, na teia da terapia. A estátua da virgem e da criança no jardim central. A viras de manhã, de tarde, de noite. À luz do sol e do farol. No amanhecer e ao entardecer. Vai se tecendo a teia da vida.

Autoconhecimento

Conheça a você mesmo, dizem que estava escrito no pórtico do Oráculo de Delfos. Muitas vezes ao longo da vida, somos levados a acumularmos saber sobre outros, sobre outras coisas, sobre coisas que não dizem respeito ao saber de si, ao saber sobre nós mesmos.

Quem conhece os demais é inteligente, diz o Tão Te King, o livro chinês escrito por Lao Tsé, quem conhece a si mesmo é sábio. O saber de nós mesmos nos remete para o singular, para essa individualidade única e irrepetível que somos cada um de nós.

Quando eu me conheço, separo o que não se me aplica, e fico com o que é meu. Sempre deverei estar fazendo isto, pois estarei cercado, como estive até aqui, ao longo da minha vida, de gente que dizia e diz saber muito de mim, sem saber.

Quando começo a me conhecer, como diz o aforisma oracular citado no começo destas linhas, começo a respirar fundo, me defronto com uma realidade singular, esta do ser que eu sou. Eu não sou um ser genérico, nem você é. Ninguém é um ser genérico, somos todos criaturas únicas e singulares, irrepetíveis.

No entanto, funcionamos como se devêssemos constantemente obedecer a padrões alheios, externos, que não se aplicam a nós mesmos, pois são fruto de generalizações. Um escritor escreve o script da sua própria vida.

Nos seus escritos, ele ou ela vai se tornando o artífice dos seus próprios atos, do seu próprio ser, que vai se revelando nos seus dizeres, nas palavras que dele ou dela saem. Assim, aos poucos, ele ou ela, vão se tornando cada vez mais quem são, esse ser sem irrepetível que cada um de nós é.

Então, você ira sabendo como é sua forma de pensar, e não a que lhe dizeram que você tinha. Você ira sabendo o que quer, e não o que cria querer. Aos poucos, muito lenta mas claramente, de forma muito definida, você irá jogando fora o que não lhe pertence, para ficar com aquilo único que sempre lhe pertenceu.