Arquivo da tag: Auto-conhecimento

Escribiendo

Algunas veces uno quisiera escribir algo, no tanto por tener algo que decir, sino más bien al contrario, por tener la necesidad de escuchar y escucharse. Mágico ritual este de escribir, que te pone en contacto contigo mismo o contigo misma, y con el mundo a tu alrededor. Después de ya muchos años en esta tarea u oficio (que muchas veces es solamente un juego, pero un juego en serio, de jugar de verdad, jugar a encontrarte y a establecer puentes) vas sintiendo que de a poco, has ido construyendo tu propio mundo. Vives en un mundo que vos mismo o vos misma has creado.

Esto es muy lindo. No tiene nada que ver con un aislamiento o autismo, más bien al contrario. El mundo es tuyo, pues de él te has ido apropiando de a poco. Cada vez que ponías una frase en un cuaderno o libreta, fuera para escribir un relato do lo ocurrido en el día, una fantasía, un sueño, o bien para escribir un artículo o un poema, fuiste abriendo puertas hacia ti mismo y hacia afuera. Como ya han pasado muchos años en este ejercicio, al mismo tiempo que has ido haciendo el mundo en que vives, pues otros y otras te han leído y te devuelven sus impresiones, también has ido disolviendo las falsas ideas sobre ti mismo y sobre el mundo.

Muchas veces uno suelta una frase tajante, y esto provoca algún lector, o al contrario, eres tenue, y alguien te provoca. Es un juego. No tienes por qué entrar en él si no quieres, puedes jugar y basta. Mucha memoria se ha ido juntando con el pasar del tiempo. Recuerdas textos leídos en tu juventud, la revolución, el cambio social y de la conciencia. Han pasado muchos años, y aunque este mundo actual te resulta en buena medida intransparente, tal vez lo sea porque ya no miras tanto desde el prejuicio y las ideas hechas, sino más bien desde una cierta simplificación de la mirada que a veces te muestra que las cosas no han cambiado tanto así. Nos sigue costando convivir con las personas diferentes.

No siempre podemos aprender con lo que nos contraría. Pero es un ejercicio de la vida, el intentar en las circunstancias que se presentan a cada momento, fluir. Hoy veo mucha gente que escribe criticando, y creo que hay muchas cosas que criticar: la indiferencia del gobierno en cuanto a las condiciones de trabajo y remuneración de los profesores universitarios, por ejemplo. O bien el descuido de la municipalidad en cuanto al arreglo que haga transitables las veredas de la ciudad, sin riesgo de que uno tropiece y se rompa la cabeza. Pero no basta la crítica. Es necesario cambiar en el sentido de irse haciendo más permeable a lo que hay, a lo que está. Yo creo que muchas veces le damos duro a lo que los demás deberían hacer, y no hacemos lo que está a nuestro alcance.

Escribir te va poniendo en el centro del juego. De pronto no te podés esconder, no de los demás, sino de ti mismo. Has ido construyendo como que un lugar para tí, y ese lugar te va llevando. Te has ido liberando en la escritura, en la literatura.

Em busca de si mesmo

Há alguns dias atrás, escrevi algumas anotações a respeito da busca de mim mesmo, da sensação de não estar de todo aqui, ou de não ser verdadeiramente eu mesmo, de sentir que estou a caminho, como querendo chegar mas ainda não chegando. Não era bem isso, mas algo parecido, alguma coisa assim desse estilo. Muitas vezes vale a pena insistir em algum tema que nos é muito importante, porque mesmo que o começo não seja uma ideia muito clara, e sim apenas uma noção vaga, podemos, no ir e vir de palavras e ideias, ir clareando alguma coisa. Dizia nesse escrito de dias atrás, que chamei de “Identidade”, que Julio Cortázar me dera muito consolo, pois ao ler o que ele disse de si mesmo, de ser alguém que desde pequeno soube não estar de todo onde deveria estar, um pouco mais à esquerda ou não sei mais para onde, mas não onde deveria estar, como os demais, explora o quanto essa estranheza fez por ele como literato, como poeta.

Nem sempre esse não estar de todo aí, que é o título da reflexão de Cortázar em “A volta ao dia em 80 mundos,” dá lugar à criação literária ou poética. Mas no caso dele, foi por esse corrimento, se assim posso me expressar, por essa sensação de não estar de todo aqui ou não ser verdadeiramente o que se esperava que ele fosse (isto é meu, não dele), que ele veio a se tornar quem foi. Quando li isto, senti um alivio bárbaro. Uma verdadeira sensação de consolo. Me vi refletido nele. E, ao partilhar meu escrito “Identidade” com pessoas amigas e da família, tive de volta um reflexo reforçador: essas pessoas de alguma maneira também sentiam que necessitaram, ao longo da sua vida, de um lugar para ser, de um lugar em si mesmos, que pudessem identificar com seu próprio eu.

Hoje caminhava de tarde pela beira mar, como costumo fazer muitas vezes, e pensava se a questão seria a de se encontrar, a de finalmente dizer, cheguei, te peguei, você é eu, alcançando o nosso verdadeiro ser, coisa que duvido que possa vir a acontecer um dia, ou se a coisa seria, mais bem, a de dizer: agora sei quem sou. Agora me conheço. Ambas as coisas me pareciam tão coincidentes que pareciam uma só. Cheguei, sei quem sou. Uma coisa só.

Andava pela beira mar, pessoas andando em uma e outra direção, os prédios de um lado, os coqueiros do outro, cachorros, crianças, tudo que é o cenário dessas horas da tarde quando todo mundo sai para passear um pouco, e pensava que estas reflexões iriam parecer uma cópia do texto de dias atrás, e pensava: pode ser, mas não tem nada não. O que é o que não se repete? Não se copia por copiar, mas para tentar encontrar algo a mais. Se encontrei ou não, você poderá dizer. Ou não.

O auto-conhecimento na terapia Comunitária

Hoje pensava que a terapia Comunitária pode e deve ser lida de muitas formas, não de uma só. Ou seja, ela é uma estratégia pela qual a história de vida de cada um, de cada uma, se torna uma história entre muitas, diferente de todas, mas entretecida com todas. É singular, mas se parece com todas elas. Isto pode parecer um paradoxo, mas é isto o que acontece quando você começa a trabalhar a sua história de vida na terapia Comunitária.

A sua vida, que lhe parecia tão diferente de todas, já tão marcada que não poderia mais ser refeita, é uma vida que pode ser moldada de novo, de acordo com a sua vontade, com a sua decisão de ser feliz, de ser um vencedor ou uma vencedora, de traçar o seu próprio destino e, enfim, de ser você mesmo ou você mesma, a pessoa que é você, e não a que você achava que era ou a que aos outros poderiam querer que você fosse.

Neste mergulho em nós mesmos, neste começar a saber quem somos, e a nos livrarmos de culpas e preconceitos (a melhor coisa que a alguém pode lhe ocorrer), começa a entrar ar na nossa vida, começamos a respirar de novo.

Muitas vezes tenho percebido como a nossa vida começa a mudar para melhor desde o momento em que passamos a nos integrar na teia da terapia, na teia da vida.

A gente começa a ser mais autônomo, e é um processo crescente, um processo no qual vamos nos alimentando das nossas próprias riquezas interiores, as nossas pérolas.

E quando nos encontramos num ambiente de simplicidade, sem estardalhaços, novos mergulhos, mais aprofundamento na vida interior, na solidariedade que nos une e que nos projeta, de maneira muito simples e eficiente, como agentes ativos na trama da vida, na construção de um mundo melhor que começa em cada um de nós.