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Lula recebe o prêmio Azucena Villaflor em Buenos Aires pela luta por direitos humanos e contra o Lawfare

O ex-presidente Lula (PT) recebeu no final da tarde desta sexta-feira (10) na Argentina o Prêmio Azucena Villaflor, por sua luta pelos direitos humanos e contra o lawfare. Participaram do evento, além do petista, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, a vice-presidente, Cristina Kirchner, e o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica.*

Veja na íntegra: https://fb.watch/9PxKa2fBAi/

O video que partilhamos aqui é de extrema importância. Tanto quanto no Brasil, na Argentina também houve e há quem negue que houve uma ditadura. Também na Argentina, os meios de comunicação exerceram e continuam a exercer um papel importantíssimo para a sustentação da dominação político-social. O monopólio dos meios de comunicação debe ser quebrado, para que a cidadania tenha a possibilidade de saber o quê é que esta a acontecer no seu próprio país e no mundo.

Os países que foram colonizados perpetuam a cultura da dominação e da exclusão, como bem podemos ler no livro de Darcy Ribeiro, O povo brasileiro. A formação e o sentido do Brasil O Povo Brasileiro e a formação e o sentido do Brasil – Darcy Ribeiro) Lula combateu e axclusão social, trazendo para dentro da sociedade brasileira, mais de 45 milhões de pessoas. Atualmente, a fome e o desemprego, a miséria e o descaso com os Direitos Humanos, novamente voltaram a assolar o Brasil.

Na Argentina não foi diferente. O ex-presidente Macri, que se permitiu agredir a memória e a história, duvidava que tivesse havido 30.000 pessoas desaparecidas na Argentina, durante a ditadura cívico-militar-eclesiástico-empresarial. Essas pessoas eram gente comum, que aos olhos do bando exterminador encabeçado por Videla, foram marcadas para morrer. Isto é comprovado pelo informe da OPS-OMS, La salud mental en el mundo (Washington: 1997)

A delinquência institucionalizada continua a matar jovens das periferias, negros e pobres, tanto na Argentina quanto no Brasil. Os movimentos de Direitos Humanos, como pode ser visto neste video do ato realizado no dia internacional dos Direitos Humanos, continuam atentos e vigilantes para denunciar e combater o genocídio da juventude. Lula é um símbolo de que é possível acabar com isso.

Basta de tortura, assassinatos e perseguições! Basta de racismo, homofobia e feminicídio. Basta de negacionismo. Basta de destruição da educação, a ciência e a cultura. Basta de genocídio no Brasil. As eleições vêm aí, e se você ama este país, tem a chance de devolver o que lhe foi roubado pelo golpe de estado de 2016 e pelas eleições fraudulentas de 2018. Pense. Reflita. Aja com consciência!

*Fonte: Brasil 247

 

Esencialmente recordar

Disolver el capitalismo antes de que nos disuelva

Deshacer la deshumanización mientras es posible

Rehacer la vida que insisten en robarnos a fuerza de mentiras y falsedad

Renacer cada día a la novedad del mundo

Permitirme ser yo mismo otra vez cada vez todas las veces

Dejar que la poesía y el lenguaje inclusivo

Me implanten definitivamente

En el movimento de la vida

Saber que el arte es mucho más que obras de arte

Es la capacidad de recuperarnos cada vez que nos destruyan

Permitir que el amor me siga mostrando esa realidad que no muere

Saber que la vida es hasta el final

No al descarte, no a la exclusión de lxs diferentes

Todxs somos diferentes

Comblin: o teólogo que adotou a América do Sul

José Comblin nasce em 1923, em Bruxelas. Primeiro dos cinco filhos de uma família simples, realiza sua formação básica em humanidades clássicas e, aos 17 anos, entra no Seminário Léon XIII (que havia sido criado pelo Cardeal Mercier para acolher de diferentes dioceses belgas os estudantes que mais se destacaram intelectualmente), concluindo aí os estudos de Filosofia.

Em 1944, começa seus estudos de Teologia em Malines, entre o Seminário Saint-Joseph e o Grande Seminário. Posteriormente realiza os estudos de doutorado em Teologia Bíblica na cidade de Louvain. Ordenado em 1947, é nomeado vigário em Bruxelas, na paróquia Sacré-Coeur, onde trabalha especialmente com os jovens. No período de 1950 a 1957, trabalha como professor de Escrituras Sagradas no CIBE (Centre d’instruction pour brancardiers ecclésiastiques) em Alost, instituição para jovens seminaristas e religiosos belgas que faziam o serviço militar em conjunto com os estudos teológicos.

No entanto, novos planos já eram pensados por Comblin. Em 1955, após a publicação da Encíclica Fidei Donum, atendendo ao pedido – por parte do Cardeal Van Roye – de padres que pudessem trabalhar como missionários, conhecendo a experiência de seu irmão André que era religioso dos Padres Brancos na África, e com um sentimento pessoal de falta de futuro para a Igreja na Europa, Comblin envia a primeira solicitação de partida para a América Latina. Não obtendo resposta, envia uma segunda solicitação em 1957, que foi finalmente aceita. Diferentemente do objetivo de Pio XII, que era enviar padres europeus à América Latina para lutar contra o comunismo, ele desejava antes fazer parte de uma Igreja na qual via ainda um futuro. E Comblin cumpre seu objetivo.

Requisitado para a Igreja de Campinas (São Paulo), Comblin inicia no Brasil, em 1957, sua caminhada como padre e teólogo pelo continente latino-americano. Passados os primeiros cinco anos, em que inicia ao mesmo tempo seu trabalho como professor no Seminário Menor em Campinas e na Escola de Teologia dos Dominicanos (Studium Theologicum dos Dominicanos) em São Paulo, recebe o convite de Marcos McGrath em 1962 para ser professor na Faculdade de Teologia de Santiago do Chile por três anos. Ao final desse período, convidado por D. Hélder Câmara, volta ao Brasil e, em 1965, chega ao Recife, onde desenvolverá trabalhos pastorais e acadêmicos como professor e coordenador do ITER (Instituto Teológico do Recife) até 1972, quando é impedido pelos militares de entrar no país. Por essa razão, retorna ao Chile e lá permanece até 1980, sendo expulso pelo regime de Augusto Pinochet. Dessa vez, regressa ao Brasil, onde se instalará até sua morte em 27 de março de 2011, residindo inicialmente no Estado da Paraíba (ligado à Arquidiocese de João Pessoa) e finalmente no Estado da Bahia, na Diocese de Barra.

Mais sobre Comblin

| Elementos de sua teologia
Prática de Comblin
Atualidade do pensamento de Comblin
Linha do Tempo
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Fonte: UNICAP-Universidade Católica de Pernambuco

Eternamente

Hoje a revista Consciência comemora seu aniversário. Nascida como um projeto de mídia livre, continua a ser um espaço de defesa dos direitos humanos, sociais e laborais.

Um lugar de partilha de visões de mundo diversas, com um horizonte comum: humanização.

Deixando de lado doutrinarismos ou partidismos, cultivamos a árdua tarefa de coexistir e trabalhar valorizando as diferenças complementares.

Valorizando ações micro e macro em que o eixo e o foco é a pessoa humana em toda sua complexa diversidade.

Resgatar as esferas do cotidiano, da arte e da cultura, como espaços de refazimento diante das pressões alienantes e mecanizadoras.

Continuaremos a trabalhar por um Brasil mais justo e includente, mais digno da sua tradição libertária.

Mais além de governos e partidos a vida prossegue, em espaços e inciativas mínimas, que nos resgatam da robotização. Parabéns para nós!

VIII Semana Teológica Pe. José Comblin

MEDELLÍN 50 ANOS: vocação e missão das Leigas e Leigos, na perspectiva da Tradição de Jesús

José Comblin no contexto de Medellín

O ano de 2018 vem despontando repleto de boas memórias subversivas, dentre as quais: as ressonâncias de meio século, desde o Maio de 1968 pelo mundo e no Brasil; meio século também desde a ousadia profética do Povo Negro dos Estados Unidos, animado pela figura emblemática do Pastor Martin Luther King; dos quarenta anos da realização na Paraíba do III Encontro Intereclesial das CEBs; e, não menos impactante, os 50 anos da Conferência de Medellín. Ressoa em nós, meio século após, a memória vivificante da Conferência Episcopal Latino-Americana de Medellín (Colômbia). De lá para cá, quantas lutas, quantas conquistas, quantas esperanças, e também quantos reveses experimentados pelo povo dos pobres, seja no âmbito de nossas sociedades latino-americanas e do Caribe, seja ao interno de nossa(s) Igreja(s) cristãs! Por outro lado, houve por bem a Igreja Católica no Brasil, dedicar o ano de 2018 como o Ano do Laicato. Neste contexto, é que nos dispomos a organizar a VIII SEMANA TEOLÓGICA Pe. JOSÉ COMBLIN (STPJC), iniciativa que segue firme, em sua oitava edição consecutiva. As STPJC, por meio de representantes de grupos e movimentos ligados à extensa rede de amigos e amigas do Padre José Comblin, seguem buscando manter vivo e frutuoso o denso legado deste “profeta da Liberdade”, nele também bebemos muito do espírito profético de Medellín, tendo sido ele próprio alguém que muito contribuiu, como Assessor de Dom Helder Câmara, nos bastidores da conferência Episcopal Latino-Americana, realizada em Medellín (Colômbia), desde seus preparativos. Prova disto é o longo e ousado artigo por ele produzido, sob encomenda de Dom Helder, vazado (em tempos antecedentes à decretação do AI-5) e publicado em duas páginas do Diário de Pernambuco, de 12/06/1968. Antes, durante e depois de Medellín, o Teólogo José Comblin não cessou de refletir o acontecimento Medellín, avaliado como a melhor e mais criativa recepção do Concílio Vaticano II e, especialmente do Pacto das Catacumbas, celebrado e firmado por 40 bispos de várias partes do mundo, inclusive do Brasil, Dom Helder, Dom Fragoso, Dom Francisco Mesquita, Dom Waldir Calheiros, entre outros. Medellín é analisado por Comblin (e outros teólogos da libertação) como uma espécie de (re)fundação da Igreja Latino Americana, justamente pela ousadia evangélica do compromisso com a causa libertadora dos Pobres. Já há vários anos, a organização das STPJC tem priorizado sua construção junto às comunidades do campo e das periferias urbanas, por meio das Jornadas Comunitárias, que antecedem a Sessão de encerramento dessas semanas. Trata-se de fazer dialogarem os Assessores e Assessoras convidados para a sessão de encerramento, com os /as protagonistas das jornadas comunitárias, a partir de temáticas-chave.

VIII SEMANA TEOLÓGICA PE JOSÉ COMBLIN –
MEDELLÍN, 50 ANOS: vocação e missão das Leigas e Leigos, na perspectiva da Tradição de Jesus

De 05 de AGOSTO a 15 de SETEMBRO

JORNADAS COMUNITÁRIAS- na Cidade e no Campo

TEMAS DOS DEBATES

• POBREZA
• JUSTIÇA
• PAZ
• LEIGAS E LEIGOS
• JUVENTUDE

Jornadas Comunitárias– Com uma versão na cidade e outra no campo, as Jornadas Comunitárias seguem em consonância com o tema geral da VIII Semana Teológica Pe. José Comblin (VIII STPJC). Tem sido, também, uma praxe dos organizadores e organizadoras da STPJC proporem um ou mais textos, de autoria do Papa Francisco, do Pe. José Comblin e de outras pessoas, como forma de ajudar nas reflexões comunitárias, por ocasião dessas Jornadas comunitárias. Neste ano de 2018, propomos a leitura de alguns dos 16 documentos conclusivos da Conferência de Medellín, priorizando os documentos sobre a Pobreza, a Justiça, a Paz, as/os Leigas e Leigos e Juventude. Como forma de ajudar nas reflexões comunitárias e animar os trabalhos de pequenos grupos, seguem estas duas questões:

1. Após a leitura deste documento resultante da conferência Episcopal Latino-Americana de Medellín, que aspectos ou pontos mais fortes merecem ser destacados, a partir de nossa realidade?
2. De que modo este documento pode nos inspirar, no enfrentamento dos desafios da(s) Igreja(s) e da sociedade hoje?

PROGRAMAÇÃO

Dia: 05 de agosto de 2018 – Jornada Comunitária Urbana sobre o tema MOVIMENTOS LEIGOS.
Hora: das 8h30min às 12h00
Local: Capela Ecumênica da UFPB (João Pessoa)
Resp/organização: Grupo Kairós-Nós Também Somos Igreja e Centro de Estudos Bíblicos (CEBI)

De 11 a 13 de agosto de 2018 – CELEBRAÇÃO DOS 30 ANOS DA CPT/NE-II.
Local – Dias 11 e 12/08: CENTREMAR/Seminário Arquidiocesano, Castelo Branco, João Pessoa. Hora: das 9h00min às 16h00
Local – Dia 13/08: Celebração na Catedral de Nossa Senhora das Neves, João Pessoa Hora: 9h00 — Organização: Comissão Pastoral da Terra – CPT/PB

Dia: 18 de agosto de 2018 – Jornada Comunitária Urbana sobre o tema da PAZ
Hora: das 8h30min às 12h00
Local: Salão Paroquial São Francisco das Chagas.
Resp/organização: Comunidade do Rangel e CEHCAE- Centro Helder Câmara de Animação Espiritual.

Dia: 26 de agosto de 2018 – Jornada Comunitária do Campo sobre o tema JUVENTUDE
Hora: das 9h00 às 16h00
Local: Salão São José/ Recanto Pe. José Comblin,
Resp/organização: Comunidades de Café do Vento (Sobrado, PB)

Dia: 05 de setembro de 2018 – Jornada Comunitária Urbana sobre o tema POBREZA
Hora: das 19h00min às 21h00
Local: Centro Pastoral Ig. Santa Clara (Alto do Mateus).
Resp/organização: Comunidades do Alto do Mateus

Dia: 15 de setembro de 2018 – Sessão de Encerramento – Reflexão e debate sobre o tema “MEDELLÍN, 50 ANOS: vocação e missão das Leigas e Leigos, na perspectiva da Tradição de Jesus”.
Hora: das 8h30 às 16h00.
Local: Mosteiro de São Bento, João Pessoa.

Programação do dia 15 de Setembro

8h30 – Momento de espiritualidade (Rede Celebra)
9h00 – Apresentação e Memória das Semanas Teológicas Pe. José Comblin
– Glória Carneiro (CEBI)
9h30 – Síntese das Jornadas Comunitárias (delegados e delegadas representantes)
10h30 – I Exposição Dialogada sobre o tema da VIII STPJC-Expositora: Alzirinha Sousa Rocha – Coordenadora do Centro de Pesquisa e Documentação Pe. José Comblin (UNICAP, Recife/Pe)

12h00 – Intervalo para o Almoço
13h30 – Retomada das atividades (Rede Celebra)
14h00 – II Exposição Dialogada sobre o tema da VIII STPJC- Prof. Vanderlan Paulo de Oliveira Pereira– Historiador e Biblista
15h00 – Dialogando com o público (Bloco de três perguntas)
15h30 – Encaminhamentos/ Encerramento/ Oração (Grupo Celebra)

APOIO – Grupo Igreja dos Pobres/ Rede Celebra/ Movimento das Comunidades Populares-MCP/ Pastoral Operária/ JUFRA/ Centro de Estudos Bíblicos-CEBI/ Núcleo de Direitos Humanos – NCDH/UFPB/ Curso de Ciência das Religiões/UFPB (Graduação e Pós-Graduação)/ Kairós-Nós Também Somos Igreja/ CEHCAE-Centro Helder Câmara de Animação Espiritual /Comissão Pastoral da Terra (CPT)

O ser humano como nó de relações totais

Em 1845 Karl Marx escreveu suas famosas 11 teses sobre Feurbach, publicadas somente em 1888 por Engels. Na sexta tese Marx afirma algo verdadeiro mas reducionista:”A essência humana é o conjunto das relações sociais”. Efetivamente não se pode pensar a essência humana fora das relações sociais. Mas ela é muito mais que isso pois resulta do conjunto de suas relações totais.

Descritivamente, sem querer definir a essência humana, ela emerge como um nó de relações voltadas para todas as direções: para baixo, para cima, para dentro e para fora. É como um rizoma, aquele bulbo com raízes em todas as direções. O ser humano se constrói na medida em que ativa este complexo de relações, não somente as sociais.

Em outros termos, o ser humano se caracteriza por surgir como uma abertura ilimitada: para si mesmo, para o mundo, para o outro e para a totalidade. Sente em si uma pulsão infinita, embora encontre somente objetos finitos. Daí a sua permanente implenitude e insatisfação. Não se trata de um problema psicológico que um psicanalista ou um psiquiatra possa curar. É sua marca distintiva, ontológica, e não um defeito.

Mas aceitando a indicação de Marx, boa parte da construção do humano se realiza, efetivamente, na sociedade. Daí a importância de considerarmos qual seja a formação social que melhor cria as condições para ele poder desabrochar mais plenamente nas mais variadas relações.

Sem oferecer as devidas mediações, diria que a melhor formação social é a democracia: comunitária, social, representativa, participativa, debaixo para cima e que inclua a todos sem exceção. Na formulação de Boaventura de Souza Santos, a democracia deve ser ser sem fim. Temos a ver com um projeto aberto, sempre em construção que começa nas relações dentro da família, da escola, da comunidade, das associações, dos movimentos, das igrejas e culmina na organização do estado.

Como numa mesa, vejo quatro pernas que sustentam uma democracia mínima e verdadeira, como tanto acentuava em sua vida Herbert de Souza (o Betinho) e que juntos em conferências e debates, procurávamos difundir entre prefeitos e lideranças populares.

A primeiro perna reside na participação: o ser humano, inteligente e livre, não quer ser apenas beneficiário de um processo mas ator e participante. Só assim se faz sujeito e cidadão. Esta participação deve vir de baixo para não excluir ninguém.

A segunda perna consiste na igualdade. Vivemos num mundo de desigualdades de toda ordem. Cada um é singular e diferente. Mas a participação crescente em tudo impede que a diferença se transforme em desigualdade e permite a igualdade crescer. É a igualdade no reconhecimento da dignidade de cada pessoa e no respeito a seus direitos que sustenta a justiça social. Junto com a igualdade vem a equidade: a proporção adequada que cada um recebe por sua colaboração na construção do todo social.

A terceira perna é a diferença. Ela é dada pela natureza. Cada ser, especialmente, o ser humano, homem e mulher, é diferente. Esta deve ser acolhida e respeitada como manifestação das potencialidades próprias das pessoas, dos grupos e das culturas. São as diferenças que nos revelam que podemos ser humanos de muitas formas, todas elas humanas e por isso merecedoras de respeito e de acolhida.

A quarta perna se dá na comunhão: o ser humano possui subjetividade, capacidade de comunicação com sua interioridade e com a subjetividade dos outros; é um portador de valores como solidariedade, compaixão, defesa dos mais vulneráveis e de diálogo com a natureza e com a divindade. Aqui aparece a espiritualidade como aquela dimensão da consciência que nos faz sentir parte de um Todo e como aquele conjunto de valores intangíveis que dão sentido à nossa vida pessoal e social e também a todo o universo.

Estas quatro pernas vem sempre juntas e equilibram a mesa, vale dizer, sustentam uma democracia real. Ela nos educa a sermos co-autores da construção do bem comum; em nome dele aprendemos a limitar nossos desejos por amor à satisfação dos desejos coletivos.

Esta mesa de quatro pernas não existiria se não estivesse apoiada no chão e na terra. Assim a democracia não seria completa se não incluísse a natureza que tudo possibilita. Ela fornece a base físico-química-ecológica que sustenta a vida e a cada um de nós. Pelo fato de terem valor em si mesmos, independente do uso que fizermos deles, todos os seres são portadores de direitos. Merecem continuar a existir e a nós cabe respeitá-los entendê-los como concidadãos. Serão incluídos numa democracia sem fim sócio-cósmica. Esparramado em todas estas dimensões realiza-se o ser humano na história, num processo ilimitado e sem fim.