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A Terapia Comunitária Integrativa e suas interfaces com os milagres de Jesus

A Terapia Comunitária Integrativa – TCI – “é um espaço terapêutico em que a fala, a escuta, o toque, o olhar e o estabelecimento de uma conexão interpessoal através do corpo, constituem e transformam o sujeito, sua história e o ambiente ao redor […].
Somente junto com o outro, o ser humano constitui as comunidades que sobrevivem e compartilham habilidades, hábitos, bens e saberes; a TCI promove essa valorização e partilha de culturas […].
Num misto de gestos, palavras, escuta, risos, lágrimas, poesia e música, colhem-se pérolas preciosas a partir das carências, dores e dificuldades íntimas das pessoas que vêm à roda de TCI. A alegria contagiante, o alívio pelo desabafo, o desvendamento de horizontes e a surpresa por descobrir que muitas pessoas também passaram e passam por algo semelhante, faz com que quem pensa que está só, percebe que pode contar com uma rede de apoio. Presenciamos muitos pequenos milagres acontecendo ali mesmo, na roda: indivíduos que chegavam encurvados, desfigurados e abatidos pelo peso de seus sofrimentos e culpas, relatavam que saíam leves, renovados, fortalecidos e transformados […].
A comunidade se enriquece na medida em que na diversidade, pessoas se unem pela troca de dons e pelo que têm em comum. O perdão, a empatia, o empoderamento, a maturidade, o crescimento, a valorização e o reconhecimento das pessoas horizontalizam as relações humanas verticalizadas pela falta, pela dívida e pela culpa. Nesses aspectos, destacamos o exemplo de Deus Yahweh que do alto céu desceu à terra, e na figura humana de Jesus, vivenciou a horizontalidade e derrubou as barreiras nas relações humanas por meio dos milagres que realizou.
De modo semelhante, a TCI comemora a solidariedade e a troca igualitária em meio às dissimetrias […] é um convite para cada sujeito participar da prerrogativa humana de enxergar-se e agir como receptáculo e enviado da ação divina que, à luz da imagem do Cristo, lhe possibilite dar e receber amor, falar e ouvir, curar e ser curado; e que na alteridade proposta pela TCI e aplicável no cotidiano, possa reconhecer o outro e perceber-se nele, olhar e escutar com empatia, tocar com compaixão, perdoar, ser perdoado, resgatar a identidade e o senso de pertença” (PESTANA, 2017, p. 64, 73, 76, 83, 84).

PESTANA, LINDA S. T. C.. A terapêutica integral de Jesus: análise exegética, hermenêutica, fenomenológica e antropológica dos milagres de Jesus nos textos neotestamentários e interfaces com a terapia comunitária integrativa. 2017, 95 f. Dissertação (Mestrado) – UFPB/CE, João Pessoa.