Por Gustavo Barreto, da redação
Estávamos mais ou menos aos 40 do segundo tempo de um jogo decisivo pela Copa do Brasil. O time A jogava pelo empate com gols, fora de casa, e estava de fato empatando em 1 a 1.
O time B, desesperado, precisava de um gol, apenas um gol, para ir à semi-final. Com o estádio lotado, os jogadores do time B conheciam o tamanho da decepção que seria não passar para a próxima fase.
Até aí, convenhamos, tudo normal. O futebol é, de fato, um esporte emocionante. Inexplicável por meio de palavras.
Eis que, justamente nesse minuto – 40 do segundo tempo -,um jogador do time A cai em campo, simulando estar machucado. Como se costumava dizer, “fazendo cera”. Deixando o tempo passar, pois interessava o empate. Até aí, convenhamos mais uma vez, tudo normal. Em 90% dos casos, dá certo. O juiz não pune, o tempo passa e nada de acréscimo no final do jogo por conta da cera.
O inédito, neste caso, foi o que se sucedeu. O jogador do próprio time A, ou seja, colega do responsável pela “malandragem” (ou jogo sujo, mesmo) chega perto do colega e, com particular sutileza, pede ao jogador que pare de fazer cera. Poderia até ser constrangedor, mas o jogador responsável pelo ato de imensa responsabilidade foi discreto e, logo, seu companheiro entendeu que não valia a pena este tipo de “truque”.
Não havia ameaça do juiz, nem sequer do time adversário. Ficou claro, aos 40 do segundo tempo, que havia pelo menos um homem cujo caráter não foi alcançado pela câmera, apesar da grandeza do momento. O time B, que buscava o gol, conseguiu seu objetivo aos 43 minutos do segundo tempo. Muito provavelmente por conta do jogo limpo do time A, que deixou a bola rolar.
O time B, que estava melhor em campo, era o Internacional. O time A, o Flamengo. O jogo foi nessa quarta (20), em Porto Alegre, pelas quartas-de-final da Copa do Brasil 2009.
Simpatizo com o Flamengo e fiquei decepcionado, por alguns minutos, com a desclassificação no final do jogo.
No entanto, após refletir sobre este momento, senti que a torcida pode e deve ter uma profunda alegria pelo que aconteceu no Estádio Hercílio Luz (o Gingantão) nesta quarta, para mim inesquecível. Honestamente, em 15 anos de futebol, nunca havia presenciado tal gesto. Foi muito mais do que um gol de placa.