Arquivo da categoria: Economia

VALE faz Zona de Sacrifício em André do Mato Dentro, Santa Bárbara, MG. Vídeo 2. 15/6/2019.

VALE faz Zona de Sacrifício em André do Mato Dentro, Santa Bárbara, MG. Vídeo 2. 15/6/2019.

VALE fazendo mais crimes na região de André do Mato Dentro, MG. A mineradora Vale, com autorização do TJMG, está cometendo mais um gravíssimo e hediondo crime socioambiental na região do distrito de André do Mato Dentro, no município de Santa Bárbara, MG, perto de Barão de Cocais. Ontem, dia 15/6/2019, junto com mais de 100 militantes de movimentos socioambientais visitamos a área, fizemos Roda de Conversa com a Comunidade local e fizemos Ato Público de protesto contra a VALE e contra o Estado cúmplice dos projetos de mineração devastadores que estão colocando em colapso as condições objetivas de vida. Vale está sacrificando mata atlântica, mata nativa e o Rio São João, que abastece a cidade de Barão de Cocais. A Vale está fazendo mais uma megacratera na região em cima do Rio São João para, segundo ela, receber parte da lama tóxica da barragem de Congo Soco, que está na “iminência” de romper. Mas há muitos indícios que demonstram que o verdadeiro interesse da Vale na área é já montar base para minerar a Serra do Gandarela, sem piedade. Isso não pode acontecer, pois será a facada de misericórdia no sinclinal da Serra da Moeda, um imenso aquífero. Gravamos também vídeos serão publicados em breve. Eis, abaixo, algumas fotos do Movimento Serras e Águas de Minas que denunciam mais essa violência socioambiental da Vale em conluio com o Estado. Abraço terno na luta por Direitos Fundamentais e Sociais. Frei Gilvander Moreira, da CPT.

Na região de André do Mato Dentro, em Santa Bárbara, MG. Foto: Maurílio Nogueira.

*Filmagem e edição de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Santa Bárbara, MG, 15/6/2019.

* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Estudantes e trabalhadores em Belo Horizonte, MG, na luta contra reforma da Previdência e contra os cortes aos direitos sociais. Vídeo 2. 14/6/2019.

Estudantes e trabalhadores em Belo Horizonte, MG, na luta contra reforma da Previdência e contra os cortes aos direitos sociais. Vídeo 2. 14/6/2019.

Dia 14/6/2019, cerca de 200 mil pessoas, em Belo Horizonte, MG, foram às ruas protestar contra a “reforma” da Previdência e contra os cortes aos direitos sociais implementados pelo Governo Federal. Frei Gilvander participou e filmou uma amostra da luta.

*Filmagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Belo Horizonte, MG, 14/6/2019.

Mais de 150 mil pessoas na Greve Geral, em Belo Horizonte, MG, manifestando na Av. Afonso Pena e em outras ruas, praças e avenidas. Foto: Divulgação / Rede Sociais.

* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Povo mete o pé no barranco em Belo Horizonte, MG, contra a reforma da previdência. Vídeo 3. 14/6/2019.

Povo mete o pé no barranco em Belo Horizonte, MG, contra a reforma da previdência. Vídeo 3. 14/6/2019.

Dia 14/6/2019, cerca de 200 mil pessoas, em Belo Horizonte, MG, foram às ruas protestar contra a “reforma” da Previdência e contra os cortes dos direitos sociais implementados pelo Governo Federal. Frei Gilvander participou e filmou uma amostra da luta.

*Filmagem de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Belo Horizonte, MG, 14/6/2019.

Mais de 150 mil pessoas na Greve Geral, em Belo Horizonte, MG, manifestando na Av. Afonso Pena e em outras ruas, praças e avenidas. Foto: Divulgação / Rede Sociais.

* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Luta pela terra, caminho de emancipação

Luta pela terra, caminho de emancipação. Por Gilvander Moreira[1]

O Sem Terra Olivério de Carvalho, do Assentamento Primeiro do Sul, do MST, em Campo do Meio, no sul de MG, e amostra da infinidade de frutas produzidas no PA Primeiro do Sul. Foto: Frei Gilvander.

Em Campo do Meio, sul de Mina Gerais, Obed Vieira De Jesus, 47 anos, Sem Terra assentada no Assentamento Nova Conquista II no ex-latifúndio da ex-usina Ariadnópolis, na luta pela terra se libertou de um marido machista e, além de conquistar um pedaço de terra, resgatou a saúde de seus filhos e uma vida digna e feliz. Obed narra assim sua luta: “Vim de Campinas, SP. Antes, morei no Vale da Ribeira, em Ribeirão Preto, SP. Eu sempre fui do lar. Meu ex-marido não permitia que eu trabalhasse fora de casa. Sou mãe de dez filhos e seis netos. Dei linha no companheiro e hoje estou livre, cuidando dos meus filhos. A luta pela terra tem sido o nosso caminho de libertação, pois na cidade não tinha dinheiro que dava. Eu e meus filhos sofremos demais durante muitos anos. Cidade pra mim é um inferno. Lá na cidade, mesmo que a gente ganhe muito, a gente gasta muito e sofre demais. Com fé em Deus e no MST, que somos nós povo do campo, nós não vamos mais ser despejados. Pra mim a vida digna é na terra, porque a cidade é um inferno, não canso de repetir. Os escravizados da cidade acham que se eles vierem lutar pela terra, eles vão morrer de fome. Aqui eu trato todos meus filhos com remédios caseiros. Por isso estamos aqui cultivando nossa horta comunitária medicinal do Grupo de Mulheres Raízes da Terra. Aqui a gente vive com 700 reais por mês, eu e meus filhos, enquanto meus parentes lá de Sumaré, SP, com três mil reais por mês passam fome lá na cidade.”

Sentindo que todas as portas da cidade se fechavam para ela, a Sem Terra Maria Lúcia da Silva veio acampar e persevera há dezoito anos na luta pela terra. Lúcia está assentada no Assentamento Primeiro do Sul, em Campo do Meio, ao lado dos 11 acampamentos nas terras da Ariadnópolis. “Cheguei um ano após a primeira ocupação. Vim pelo sonho de ter um pedaço de terra e criar meus filhos com dignidade. Vim de Ilicínea, aqui no sul de Minas. Desempregada, devendo muito, convidada a conhecer, vim e estou aqui há 20 anos. A luta pela terra é o caminho, porque levantar de manhã e ver minha lavoura de café e o nosso pomar produzindo nos dá muito alegria. Meus filhos estão com saúde, mesmo tendo chegado aqui doentes. Meus meninos eram muito doentes na cidade. Depois que eu vim pra cá, a saúde dos meninos melhorou.”

A pedagogia da luta pela terra praticada pelo MST no sul de Minas não se restringe a buscar conquistas econômicas, mas envolve de forma entrelaçada muitos aspectos da luta que acontece processualmente a partir de duas dimensões: a organização e a formação, e se espraiam para a Frente de Massa, Trabalho de Base, lutas concretas dentro e fora do território, trabalho de produção, tudo fomentando a emancipação humana. É o que nos diz Michele Neves Capuchinho, da direção estadual e do Setor de educação do MST no sul de Minas Gerais: “Se a gente faz a luta pela terra somente na perspectiva de ganho econômico, a gente não tem avanços. Essa é uma leitura que a história de luta do MST nos ensina. Dois elementos que são centrais na nossa luta pela terra: formação e organização. Mas fazemos a luta dentro de um intenso processo de formação, aliado a um processo de organização. Só assim a gente pode ter condições de sair da emancipação política e econômica e avançar para a emancipação humana. Não tem como a gente dizer para quem acabou de chegar, que só pensa em adquirir seu pedacinho de terra, sem envolvê-lo em um constante processo de organização e de formação que envolve muitos elementos: formação política, onde estudamos perspectivas de origens da luta dos trabalhadores camponeses, as experiências de luta pela terra construídas ao longo da história, qual o modelo de sociedade que nós queremos, quais os valores que queremos e devemos construir, o que temos que deixar lá fora, etc. Se não for assim, cada um vai querer lutar só para adquirir seu pedaço de terra e se acomoda. Nos 11 acampamentos aqui na Ariadnópolis, estamos organizados e em processo de formação permanente. Nos últimos quatro anos, fizemos um processo de formação para a companheirada entender a História do MST, o sentido dos símbolos do MST, a bandeira do Movimento, a pedagogia do exemplo, a pedagogia do trabalho, a importância e a necessidade da produção agroecológica e de um estilo de vida agroecológico. Toda luta nossa é precedida por um processo de formação e organização. Todos que vão para uma luta concreta devem primeiro entender porque está lutando e abraçar a luta com amor. A luta é uma coluna central, mas só a luta não resolve nossos problemas. Em 2015, fizemos um curso na nossa Regional com 35 militantes, três vezes por semana, de 17h às 20h, durante três meses. Temos hoje várias dezenas de pessoas na Coordenação Regional do MST do sul de Minas. Estamos tendo condições de dar saltos de qualidade, porque nossa capacidade de mobilizar gira em torno das pessoas que entendem e abraçam com paixão o processo da luta coletiva. O processo de avanço da consciência é como ser ciclista no morro. Se a gente para de pedalar – que é organizar, formar e lutar, de forma entrelaçada -, o nível de consciência cai. Precisamos organizar o processo de formação desde a infância com as crianças Sem Terrinha até os idosos. A formação política tem que ser um processo coletivo, nunca será realizado por uma única pessoa. A troca de experiência e de aprendizados é muito mais enriquecedora do que o repasse de conhecimentos teóricos apreendidos em livros. Aprende-se fazendo e construindo juntos. Por exemplo, um coletivo de quatro pessoas organizou um curso de três meses e foi convidando vários companheiros/as para aprofundar vários aspectos: história da luta pela terra na região, trabalho de base, agroecologia, processo de produção, formação política, etc. Temos aqui na Ariadnópolis um acampamento provisório, onde os novos companheiros passam lá um mês para as pessoas fazerem a experiência do que é lutar coletivamente. Não aceitamos mais chegar e ir direto para um lote. A questão financeira não pode se tornar um obstáculo para nossa organicidade. A manutenção da luta coletiva é feita através de projetos e de nossos parceiros históricos. Parte da nossa produção mantém as equipes técnicas. Nossos parceiros nos ajudam a pagar os ônibus para levar a companheirada para as lutas fora daqui. Quatro vezes por ano, fazemos festas com bingos, leilões, rifa, o que é sempre pedido pelo povo. Há uma política nacional do MST que pede que cada pessoa Sem Terra contribua com o Movimento com a quantia de dez reais por ano, mas nem todos contribuem. Contribuímos anualmente com o Sindicato da Agricultura Familiar, que é o nosso sindicato.”

Os desafios enfrentados pelo MST são enormes. É preciso entender os antecedentes históricos e como desenvolver o processo de formação. É o que nos ensina Sebastião Mélia Marques, da coordenação do MST no sul de Minas. “Desde a infância, nossa classe trabalhadora e o campesinato são massacrados pela televisão, pela família, pela escola e pelas igrejas, que via de regra, reproduzem o espírito e a lógica do sistema do capital. O povão é (des)educado para servir ao capital. É muito difícil nós do MST formarmos um cidadão consciente, porque o sem-terra é deformado desde criança. Por necessidade, ele vai seguir a coordenação, mas ele não tem uma consciência emancipada. Mas nunca ele estará formado completamente. Temos que construir nossa escola, com professores nossos, que atendam desde as crianças até os idosos, se não será impossível formar para uma consciência libertadora e estilo de vida que emancipa. Aqui na Ariadnópolis, no processo antigo, a gente simplesmente acolhia quem vinha de São Paulo e de outros lugares e já se instalava diretamente em um lote de um acampamento. Um vinha e depois ia trazendo parentes e amigos. Mas esse jeito deu muito problema. Vinha gente sem nenhum trabalho de base. Nós tínhamos que massificar e, por isso, pegávamos gente de todo tipo. Mas após ocuparmos todo o latifúndio, fomos identificando problemas, tais como venda de lotes[2], recusa de seguir as orientações da coordenação e gente que estava fugindo da polícia. Avaliamos e criamos a proposta do Acampamento Provisório – um mês de experiência na luta coletiva pela terra -, onde a gente explica que não será aceito quem tem problema com a polícia, quem tem casa na cidade, que é preciso ter origem camponesa, que não pode ser alcoólatra, nem mexer com droga, não bater em mulher, não roubar, que é preciso participar das lutas do Movimento etc. Enfrentamos inclusive muitas ameaças. Quando no mesmo acampamento havia um grande número de parentes, isso complicava o trabalho de organização do MST, pois a “família” mostrava sempre ser maioria. Isso dá problema, porque dava o rumo da reunião, muitas vezes contrário às orientações da coordenação/Movimento. Mudamos e passamos a alocar os novos por sorteio nos lotes de quem desistia, isso também para impedir que os parentes ficassem juntos. No Acampamento Provisório sempre tem reserva de candidatos à posse da terra. Quando alguém desiste, logo a Coordenação Regional do MST coloca o próximo da lista. E para ser aprovado há um processo de avaliação. Assim, passamos a ter coordenação do povo acampado. Hoje temos a coordenação de área/acampamento, com no mínimo dois coordenadores ou coordenadoras. A gente tem um calendário de reuniões. Os coordenadores de cada acampamento se reúnem semanalmente e extraordinariamente segundo a necessidade. Na coordenação regional tem o Grupo de Frente de Massa, que faz trabalho dentro e fora dos acampamentos. Todos os setores atuam articulados e entrosados. O acampamento Fome Zero, por exemplo, tem 50 famílias, que eram da FETAEMG, e, por isso, ainda têm resistência contra o MST. Eles estão se aproximando devagar. Antes não havia ninguém que os coordenava. Durante o processo de formação e de lutas, vão despontando lideranças que vão sendo acolhidas no processo de organização. Nas áreas também brotam lideranças que passam quase que naturalmente a contribuir na coordenação.”

Belo Horizonte, MG, 12/6/2019.

 

Obs.: Abaixo, vídeos que versam sobre o assunto apresentado, acima.

 

1 – MST luta pela terra em Campo do Meio/MG desde 1998: Palavra Ética/TVC/BH c/ frei Gilvander. 17/11/18

https://www.youtube.com/watch?v=YixJpJvnmTE

2 – Terra, mãe libertadora! Quilombo Campo Grande/Campo do Meio/MG. Vídeo 7 – 26/1/2018

https://www.youtube.com/watch?v=Mogd1H6DcWo

3 – Função social para a terra nos 11 Acampamentos do MST/Campo do Meio/sul de MG. Vídeo 5 – 26/11/18

https://www.youtube.com/watch?v=NZvoAaUjOrs

[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.brwww.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

[2] O artigo 189 da Constituição Federal determina que os beneficiários da reforma agrária receberão “títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos. Logo, é inconstitucional vender lote recebido no Programa de Reforma Agrária no período de dez anos. Por isso e também por questão ética, o MST e a CPT repudiam a ação de venda de lotes recebidos para fins de reforma agrária.

Em defesa do Território, do Meio Ambiente e da Cultura, MINERAÇÃO no Serro, em MG, NÃO! Reginaldo e Alenice. Vídeo 10. 21/5/2019.

Em defesa do Território, do Meio Ambiente e da Cultura, MINERAÇÃO no Serro, em MG, NÃO! Reginaldo e Alenice. Vídeo 10. 21/5/2019.

Audiência Pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos da ALMG, em Serro, MG, dia 21/5/2019, para debater projeto de anuência da Prefeitura em relação à mineração na região, pela Empresa Herculano – Vídeo 10: Vereador de Sabinópolis, MG, de Comunidade Quilombola, Reginaldo Pereira Costa, defende o respeito às Comunidades Tradicionais e à ancestralidade. Alenice Baeta, do CEDEFES, Dra. em arqueóloga e historiadora, defende a preservação ambiental e cultural da área. Unem-se à população de Serro na luta contra a mineração.

Alenice Baeta, arqueóloga e historiadora, do CEDEFES. Foto: frei Gilvander

* Filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição: Nádia Aparecida de Oliveira Sene, colaboradora da CPT/MG.

* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

“O Prefeito precisa ouvir a população”: Juliana do MAM, em Audiência Pública, no Serro, MG. Vídeo 9 – 21/5/2019.

“O Prefeito precisa ouvir a população”: Juliana do MAM, em Audiência Pública, no Serro, MG. Vídeo 9 – 21/5/2019.

Mineração no Serro, em Minas Gerais, não! Em Audiência Pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos da ALMG, em Serro, MG, dia 21/5/2019, Juliana Deprá Stelzer, coordenadora estadual do MAM (Movimento pela Soberania Popular na Mineração), afirma que o prefeito de Serro precisa ouvir a população e entender melhor os graves impactos que a mineração vai causar na região, antes de tomar qualquer decisão a favor da mineração pela empresa Herculano no município.

Juliana Deprá Stelzer, coordenadora estadual do MAM (Movimento pela Soberania Popular na Mineração). Foto: frei Gilvander

* Filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.

* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Audiência Pública da ALMG no Serro, MG: Mineração, NÃO! Dr. Mateus Mendonça: Violação de direitos, não!/Vídeo 2 – 02/6/2019.

Audiência Pública da ALMG no Serro, MG: Mineração, NÃO! Dr. Mateus Mendonça: Violação de direitos, não!/Vídeo 2 – 02/6/2019.

O dia 21 de maio de 2019 foi um dia histórico para o povo do município do Serro, na região do Alto Jequitinhonha, MG, pois durante 5,15 horas aconteceu Audiência Pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG), na cidade do Serro, no grande auditório da Escola Municipal Irmã Carvalho. O objetivo dessa segunda audiência pública – houve outra antes, em Belo Horizonte, na ALMG – foi discutir as violações de direitos humanos cometidas pela empresa Herculano Mineração nos Municípios de Serro e Santo Antônio do Itambé durante a fase municipal de processo de licenciamento ambiental para a implantação de projeto minerário na região. A audiência contou com a presença das Deputadas Estaduais Beatriz Cerqueira (PT) e Andréia de Jesus (PSOL), que revelaram postura firme na defesa dos direitos étnicos e territoriais das comunidades quilombolas, garantiram o direito de fala de todas/os que quiseram se expressar e questionaram com veemência o projeto minerário que a Herculano Mineração está insistindo em instalar na região. “Onde chega a mineração instaura crise hídrica, pois acaba com as águas; os melhores salários não ficam com os trabalhadores locais, destrói a agricultura familiar, a qualidade de vida, cresce a violência social, aumenta a demanda para os serviços públicos e a insegurança pública”, alertou Beatriz Cerqueira. “A gente precisa desconfiar de um empreendimento econômico que chega ao município fazendo pressão. O prefeito deve estar ao lado do povo e não ao lado do capital. Fui empregada doméstica muitos anos. Sei o que é comer resto de patrão. Sei o que é dormir na fila da escola para conquistar vaga para estudar. Deputados financiados por mineradoras não vêm discutir com o povo modelos econômicos alternativos e sustentáveis ecologicamente para o município que não seja mineração”, alertou Andréia de Jesus. O prefeito do Serro, Guilherme Simões Neves (PP), chegou atrasado à Audiência e saiu no meio da audiência. Após ouvir várias pessoas questionarem a chegada da mineradora Herculano no município, a fala do prefeito foi deprimente, pior que Pilatos, pois em palavreado vago acabou afirmando que manterá a decisão do CODEMA pró mineração da Herculano do Serro, mesmo sabendo que a decisão do CODEMA está eivada de irregularidades, ilegalidades, imoralidades e inconstitucionalidades, todas muito bem apontadas pelo prof. Dr. Mateus Mendonça, advogado da Federação Quilombola de Minas Gerais – N’GOLO. Pela fala do prefeito e de alguns vereadores ficou visível a subserviência da Prefeitura Municipal do Serro e da Câmara de Vereadores aos interesses econômicos da mineradora Herculano. Eleitos pelo povo, devem representar o povo ou o capital? Durante a audiência pública, ficaram demonstradas e comprovadas as inúmeras violações aos direitos das comunidades quilombolas, que, segundo a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da ONU, ratificada pelo Brasil em 2004, têm direito de ser ouvidas antes do início de projeto econômico que possa impactar seu modo de vida tradicional, por meio do instituto da Consulta Prévia. A Comunidade Quilombola de Queimadas e outras comunidades quilombolas do município não foram ouvidas antes do CODEMA decidir tentar empurrar goela abaixo o projeto minerário da Herculano Mineração, autorizando a Declaração de Conformidade, necessária para a abertura do processo de licenciamento ambiental do empreendimento junto aos órgãos ambientais. Em alto e bom som, dezenas de pessoas que falaram ao microfone deixaram claro que se a mineradora Herculano se instalar no município será o início de uma grande Sexta-Feira da Paixão para o povo, para a mãe terra, a irmã água, para a flora e fauna da região. Mineração é projeto de morte, idolátrico, satânico e diabólico. Projeto de vida passa pelo fortalecimento da agricultura familiar, preservação ambiental, turismo ecológico e cultural, respeito à história, às territorialidades e à cultura das comunidades locais. A primeira consequência lastimável da chegada de mineradora em um município é instaurar divisão entre o povo. Como Caim, na Bíblia, muitos seduzidos pelas vãs promessas da mineradora acabam optando por um projeto de morte para os irmãos. Uns arrependerão tarde demais!

Prof. Mateus Mendonça, advogado da Federação Quilombola de Minas Gerais, em Audiência Pública, na cidade do Serro, MG, dia 21/5/2019. Foto: frei Gilvander

* Filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 21/5/2019.

* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

MINERAÇÃO NO SERRO, em MG, NÃO! Luta popular em defesa da mãe terra e da irmã água. Vídeo 1. 21/5/2019.

MINERAÇÃO NO SERRO, em MG, NÃO! Luta popular em defesa da mãe terra e da irmã água. Vídeo 1. 21/5/2019.

O dia 21 de maio de 2019 foi um dia histórico para o povo do município do Serro, na região do Alto Jequitinhonha, MG, pois durante 5,15 horas aconteceu Audiência Pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG), na cidade do Serro, no grande auditório da Escola Municipal Irmã Carvalho. O objetivo dessa segunda audiência pública – houve outra antes, em Belo Horizonte, na ALMG – foi discutir as violações de direitos humanos cometidas pela empresa Herculano Mineração nos Municípios de Serro e Santo Antônio do Itambé durante a fase municipal de processo de licenciamento ambiental para a implantação de projeto minerário na região. A audiência contou com a presença das Deputadas Estaduais Beatriz Cerqueira (PT) e Andréia de Jesus (PSOL), que revelaram postura firme na defesa dos direitos étnicos e territoriais das comunidades quilombolas, garantiram o direito de fala de todas/os que quiseram se expressar e questionaram com veemência o projeto minerário que a Herculano Mineração está insistindo em instalar na região. “Onde chega a mineração instaura crise hídrica, pois acaba com as águas; os melhores salários não ficam com os trabalhadores locais, destrói a agricultura familiar, a qualidade de vida, cresce a violência social, aumenta a demanda para os serviços públicos e a insegurança pública”, alertou Beatriz Cerqueira. “A gente precisa desconfiar de um empreendimento econômico que chega ao município fazendo pressão. O prefeito deve estar ao lado do povo e não ao lado do capital. Fui empregada doméstica muitos anos. Sei o que é comer resto de patrão. Sei o que é dormir na fila da escola para conquistar vaga para estudar. Deputados financiados por mineradoras não vêm discutir com o povo modelos econômicos alternativos e sustentáveis ecologicamente para o município que não seja mineração”, alertou Andréia de Jesus. O prefeito do Serro, Guilherme Simões Neves (PP), chegou atrasado à Audiência e saiu no meio da audiência. Após ouvir várias pessoas questionarem a chegada da mineradora Herculano no município, a fala do prefeito foi deprimente, pior que Pilatos, pois em palavreado vago acabou afirmando que manterá a decisão do CODEMA pró mineração da Herculano do Serro, mesmo sabendo que a decisão do CODEMA está eivada de irregularidades, ilegalidades, imoralidades e inconstitucionalidades, todas muito bem apontadas pelo prof. Dr. Mateus Mendonça, advogado da Federação Quilombola de Minas Gerais – N’GOLO. Pela fala do prefeito e de alguns vereadores ficou visível a subserviência da Prefeitura Municipal do Serro e da Câmara de Vereadores aos interesses econômicos da mineradora Herculano. Eleitos pelo povo, devem representar o povo ou o capital? Durante a audiência pública, ficaram demonstradas e comprovadas as inúmeras violações aos direitos das comunidades quilombolas, que, segundo a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da ONU, ratificada pelo Brasil em 2004, têm direito de ser ouvidas antes do início de projeto econômico que possa impactar seu modo de vida tradicional, por meio do instituto da Consulta Prévia. A Comunidade Quilombola de Queimadas e outras comunidades quilombolas do município não foram ouvidas antes do CODEMA decidir tentar empurrar goela abaixo o projeto minerário da Herculano Mineração, autorizando a Declaração de Conformidade, necessária para a abertura do processo de licenciamento ambiental do empreendimento junto aos órgãos ambientais. Em alto e bom som, dezenas de pessoas que falaram ao microfone deixaram claro que se a mineradora Herculano se instalar no município será o início de uma grande Sexta-Feira da Paixão para o povo, para a mãe terra, a irmã água, para a flora e fauna da região. Mineração é projeto de morte, idolátrico, satânico e diabólico. Projeto de vida passa pelo fortalecimento da agricultura familiar, preservação ambiental, turismo ecológico e cultural, respeito à história, às territorialidades e à cultura das comunidades locais. A primeira consequência lastimável da chegada de mineradora em um município é instaurar divisão entre o povo. Como Caim, na Bíblia, muitos seduzidos pelas vãs promessas da mineradora acabam optando por um projeto de morte para os irmãos. Uns arrependerão tarde demais!

Manifestação popular na cidade do Serro, MG, contra o início de mineração da mineradora Herculano no município. Foto: Tiago Geisler

* Filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte, MG, 21/5/2019.

* Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a diversos vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.

Com mineração, “vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! E agora, José?”

Com mineração, “vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! E agora, José?” Por Gilvander Moreira[1]

Visão parcial da IV Romaria das Águas e da Terra da Bacia do (ex) rio Doce, em Itabira, dia 02/6/2019. Fotos: Divulgação / Comissão de Meio Ambiente da Bacia do (ex) rio Doce.

Com o Tema “Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum”, e  o Lema “Vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! E agora, José?” aconteceu em Itabira, MG, a 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce, dia 02 de junho de 2019, domingo. Participaram cerca de 10 mil pessoas, romeiras e romeiras da mãe terra e da irmã água, todos/as irmanadas/os na defesa da nossa única Casa Comum: o planeta Terra.

Com dois caminhões de som interligados, com a presença do cantor e compositor das CEBs, Zé Vicente, com músicas proféticas, com gritos de luta, com palavras de pessoas golpeadas pela mineração, durante toda a manhã de ontem, 02 de junho de 2019, por muitas ruas e avenidas de Itabira, aconteceu a 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce.  E aconteceu com a presença de Nossa Senhora Aparecida, de São Francisco de Assis (patrono da Romaria das Águas e da Terra), com um grande cruzeiro que foi carregado solidariamente e ao final da Romaria fincado ao lado da Igreja de Nossa Senhora da Piedade, na Praça José Máximo Resende Filho, em Itabira, que será o símbolo ad eternum dessa 4ª Romaria. Deixamos plantadas na portaria da mina Cauê, da mineradora Vale, em Itabira, mais de 300 cruzes, cada uma com o nome de um/a dos/as mártires das mineradoras VALE/SAMARCO/BHP e Estado. Ao final da Celebração Eucarística da 4ª Romaria, foram distribuídas mais de 300 mudas de plantas nativas, cada uma também com o nome de um/a dos/as mártires dos crimes/tragédias das mineradoras/Estado e levadas pelas romeiras e romeiros para serem plantadas e cuidadas. Isso é sinal de que a luta conjunta de todas as forças vivas da sociedade vencerão essa máquina de guerra devastadora que está em ação sob a liderança da mineradora Vale e outras mineradoras, com a cumplicidade do Estado: poderes executivos, legislativo e judiciário em todos os níveis, salvo raras exceções. E, obviamente, com o respaldo do poder midiático.

Sob a batuta da classe dominante, as mineradoras, em conluio com o Estado Brasileiro, estão fazendo guerra contra os povos, contra a mãe terra, contra a irmã água, contra todos os seres vivos e contra as futuras gerações. Os megaprojetos de mineração chegaram à exaustão e estão causando o colapso das condições materiais de vida. Não dá mais para tolerar essa máquina assassina que é o sistema capitalista, com agronegócio, monoculturas e mineradoras espalhando terror nos territórios como dragão do Apocalipse.

Essa 4ª Romaria oxigenou com espiritualidade profética as milhares de pessoas que dela participaram. Vimos e experimentamos que a terra natal do poeta Carlos Drumond de Andrade e o berço da mineradora Vale, Itabira, se tornou uma cidade dentro de crateras da mineração, sempre coberta pela poeira tóxica e por resíduos de minério que a gente vê a todo instante nas ruas, nas calçadas e sobre as casas. Segundo pesquisas da Universidade de São Paulo (USP), Itabira se tornou uma das cidades do Brasil campeã em número de pessoas com depressão e em número de suicídio, tudo isso consequência da exploração de minério. Mas também Itabira está se tornando uma cidade cada vez mais com um povo lutador pelos seus direitos.

Com alegria, socializamos, abaixo, duas pérolas proféticas da 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce: um pequeno texto de Zé Vicente e a Carta da 4ª Romaria.

 = = = = =

Se a gente se calar, as pedras vão gritar! Se a gente se dividir, as pedras vão se unir! Por Zé Vicente, cantor e compositor das CEBs

Zé Vicente, cantor e compositor das CEBs, na IV Romaria das Águas e da Terra da Bacia do (ex) rio Doce, em Mariana, MG, dia 02/6/2019.

Ontem, dia 02 de junho de 2019, pela manhã, nas grandes avenidas e na rodovia que circunda a mina controlada pela mineradora Vale, em Itabira, MG, mais de dez mil pessoas marcharam, mostrando que somos e seremos cada vez mais um povo unido. Gritamos, como, e com a força das pedras e montanhas de nossa terra, por Vida, com justiça. Pelos direitos sagrados, humanos e ambientais.

Aqui na casa do Poeta Carlos Drumond de Andrade, entendi melhor o seu poema: ” No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho…  No meio do caminho tinha uma pedra…” Sim, querido poeta, unidos seremos a Pedra no sapato e nas consciências dos tecnocratas e magnatas do mercado e dessas Vales sem escrúpulos e, desses que vendem nossas fontes de água e de riqueza, que pertencem, em primeiro e inegociável lugar, ao Povão brasileiro. Pedra seremos no Caminho do Sistema que mata e anestesia a mente e a lucidez das pessoas, usando e corrompendo governos, poderes legislativos, judiciários, grande mídia e até certos pastores e grupos de influência religiosa, que distorcem e manipulam a Palavra para abençoar tiranos e corruptos assassinos.

Uma placa na entrada da Vale usava uma frase de um Salmo bíblico para seu falso sossego. Vejam nas fotos. Ontem, fizemos história na 4a Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce e Dioceses desta Região e da Vizinhança. Seguiremos, em nome de todas as vítimas dos crimes em Mariana, Brumadinho e em qualquer lugar de nosso Planeta; com a bênção de Deus a quem somente daremos a Honra, o Poder e a Glória.

Uma quaresmeira florida nos sorriu de dentro da mina, sinalizando que podemos contar com as flores e, com pessoas que, mesmo dentro da engrenagem, não farão o jogo de seus crimes.

= = = = = = =

Carta da 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce
Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum.

Vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! E agora, José?

São Francisco de Assis, Nossa Senhora Aparecida, os/as mártires caminhando junto com o povo romeiro na IV Romaria …

 

Somos um povo peregrino, povo em romaria, em busca da terra prometida, construtor do reinado de Deus, que é um reino “de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14, 17). Por isso, caminhamos na força de um sonho maior, solidário com todas as pessoas que têm “fome e sede de justiça”, a justiça do Reino, sempre por ser atingida e realizada. Trazemos nossa solidariedade com todas as vítimas dos crimes/tragédias socioambientais provocados pelas empresas mineradoras em nossas Minas Gerais e outras regiões deste planeta, anunciando-lhes uma boa notícia: “felizes os que choram”. Suas lágrimas fecundam toda criação, pois “também a própria criação espera ser libertada da escravidão da corrupção, em vista da libertação que é a glória dos filhos de Deus” (Romanos 8, 21).

Caminhamos pelas terras sagradas de Itabira, MG, que contêm “noventa por cento de ferro nas calçadas e oitenta por cento de ferro nas almas”, como canta o poeta. Itabira é a síntese de nosso Estado, a terra mineira prometida por Deus ao seu povo de ontem e de hoje, conforme descrita, de forma minuciosa, na Bíblia, em Deuteronômio 8,7-14; 8,19; 29,21-23. Nesse texto sagrado, Deus garante que o seu povo vai encontrar uma terra boa e com muita água. Terra boa para agricultura e até para a mineração. E Deus mesmo estabelece um limite para a sua exploração, mediante normas de conduta que garantam o bem comum, promovam as pessoas e assegurem a natureza. Quando essas regras são descumpridas, vem a maldição (29,21-23).
Olhe! Javé seu Deus vai introduzir você numa terra boa: terra cheia de ribeirões de água e de fontes profundas que jorram no vale e na montanha; terra de trigo e cevada, de vinhas, figueiras e romãzeiras, terra de oliveiras, de azeite e de mel; terra onde você comerá pão sem escassez, pois nela nada lhe faltará; terra cujas pedras são de ferro e de cujas montanhas você extrairá o cobre. Quando você comer e ficar satisfeito, bendiga a Javé seu Deus pela boa terra que lhe deu. Contudo, preste atenção a si mesmo, para não se esquecer de Javé seu Deus e não deixar de cumprir seus mandamentos, normas e estatutos, que hoje eu ordeno a você”.

Diante da Palavra de Deus, de sua promessa e de suas advertências, entendemos que, neste momento histórico, somos desafiados a assumir uma responsabilidade crítica e propositiva sobre as atividades mineradoras em nossa região e em nosso planeta.  Conscientes de que somos herdeiros das promessas divinas e de que “O Senhor Deus é nossa força, Ele nos dá pés ligeiros como os da gazela e nos faz caminhar nas alturas” (Cf. Habacuc 3,19), subimos ao Pico do Amor, no bairro Campestre e chegamos à Paróquia Nossa Senhora da Piedade, trazendo os gritos de toda a população da Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum e os gritos da mãe terra, assumindo uma verdadeira “conversão ecológica”, como nos adverte o Papa Francisco: “As religiões têm um papel fundamental a desempenhar, pois, para garantir um futuro sustentável corretamente, precisamos reconhecer nossos erros, pecados, faltas e falhas, o que leva a um sincero arrependimento e desejo de mudança. Dessa forma, podemos nos reconciliar com os outros, com a criação e com o Criador“. Somente assim, podemos “nos comprometer a promover e implementar um desenvolvimento sustentável, apoiados pelos nossos mais profundos valores religiosos e éticos, considerando que o desenvolvimento humano não é apenas uma questão econômica ou dos especialistas: é uma vocação, um chamado que requer uma resposta livre e responsável de todos, que se desenvolvam em conjunto com a nossa irmã Terra e nunca contra ela“.

Condenamos o atual modelo econômico devastador e destruidor, que é voraz, orientado apenas para o lucro: Vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! Propomos uma mudança de paradigma em todas as nossas atividades econômicas, incluindo a mineração, pois somos responsáveis por entregar às gerações futuras um mundo melhor do que este que recebemos. Temos conhecimentos e condições suficientes para reorganizar a vida em sociedade para além do sistema extrativista, materialista, individualista e consumista, que quer a todos devorar.

Somos também solidários com a Igreja Pan Amazônica em seu Sínodo a se realizar em outubro, na busca de novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral.
De Itabira, sob as bênçãos de Deus, renovamos, com esta Romaria, nossas forças e organização, nosso compromisso com a vida, em todas as suas expressões e dimensões, a partir de nossa Bacia do Rio do Doce, nossa Casa Comum.

Itabira-MG, 02 de junho de 2019.

Romeiros e romeiras da 4ª Romaria das Águas e da Terra da bacia do Rio Doce.

Obs.: O vídeo abaixo ilustra o assunto acima.

https://www.facebook.com/tvunivaledoaco/videos/2349543568663559/

 

 

 

[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.brwww.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III