‘Se eles matarem esses filhos da puta eu arquivarei o inquérito policial’, diz promotor em São Paulo

O promotor Rogério Leão Zagallo, que já ironizou os gays em um caso de homicídio em SP [http://bit.ly/11qXJw1], que já disse um policial tinha que “melhorar a mira para matar ladrão” [http://folha.com/no976892] e que bandido “tem que tomar tiro para morrer” [http://bit.ly/129MblT], decidiu fazer novas declarações sobre um protesto em São Paulo na sexta-feira (7).

Em sua página no Facebook, Zagallo afirma que estava tentando voltar pra casa quando se deparou com um protesto, classificando os manifestantes como “bando de bugios [macacos] revoltados”.

Na postagem, o membro do Ministério Público pede para que alguém “avise” à Tropa de Choque que “essa região faz parte do meu Tribunal do Júri e que se eles matarem esses filhos da puta eu arquivarei o inquérito policial”.

E conclui: “Petista de merda. Filhos da puta. Vão fazer protesto na puta que os pariu…. Que saudade da época em que esse tipo de coisa era resolvida com borrachada nas constas dos medras.” [sic]

Uma reprodução da postagem em http://on.fb.me/129LFV2

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Atualização: este texto foi feito originalmente no sábado, dia 8 de junho de 2013. Neste momento, 11 de junho às 20h47, há informações de que Zagallo teria pedido “desculpas” e estaria sendo investigado pelo Ministério Público. Aí eu fui checar.

Ao portal G1, Zagallo disse que a afirmação era um “desabafo para amigos” e que “talvez tenha errado na forma” de se manifestar.

Contudo, ele “explicou” que mantém a posição em relação ao protesto. “A forma da manifestação está sendo equivocada. Eu não entendo como legítima a forma como ela está sendo executada”, contou. “Acho que uma cidade como São Paulo não pode ficar à mercê de uma manifestação”.

Em seu perfil, após a reação, disse outra coisa: “Entendo como lícita e válida toda forma de protesto, debate e discussão sobre temas que estão na pauta da administração… o Movimento Passe Livre exercitou seu legítimo direito.”

Ao G1, novamente, outra coisa: “Eu restringi [a publicação] a algumas pessoas, não sabia que isso poderia tomar dimensões públicas.”

No R7, após já saber do processo administrativo, o tom já era outro — mais confiante, com a certeza da impunidade após ter dito o que disse: “Vou me defender. Eu tenho certeza que não vai dar em nada, porque não pratiquei nenhum ato ofensivo, da forma como estão colocando. […] Eles [corregedoria] não são corporativistas. Se tiver que punir, eles vão punir. Eu só acho que eles não vão por causa de clamor público. Eles são pessoas sérias.”

Segundo o G1, o Ministério Público informou na segunda-feira (10) que avaliará se há providências a serem tomadas no caso. “Confirmada a autenticidade do comentário, a Procuradoria-Geral de Justiça apreciará o mérito da manifestação e avaliará se há providências a serem adotadas em sua esfera de atribuições. No tocante ao aspecto disciplinar, cabe à Corregedoria-Geral do Ministério Público avaliar as providências pertinentes”, diz o MP em nota.

Segundo a agência RBA, a Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) abriu na segunda à tarde investigação por incitação à violência. Mais cedo, continua a agência, o MP local, também via corregedoria, já havia aberto procedimento similar.

Conforme destacado acima, esta não é a primeira vez que o promotor faz este tipo de comentário, sendo que os anteriores não foram em redes sociais e sim no processo legal. O que ele falou no Facebook condiz, ao contrário do que ele argumenta, com o que ele pensa e da forma como tem agido, inclusive publicamente.

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