Sanatório Clifford é fechado oficialmente em João Pessoa

O Sanatório Clifford, que funcionava no Complexo Psiquátrico Juliano Moreira, em João Pessoa, foi fechado oficialmente na manhã desta sexta-feira (18), após uma cerimônia de abertura simbólica das grades do hospital psiquátrico. De acordo com a secretária de Estado da Saúde, Roberta Abath, o fechamento do sanatório representa um marco na reforma psiquiátrica e na luta antimanicomial na Paraíba.

“A abertura destas celas é uma forma de mostrar que aqui, nenhuma pessoa será mais mantida presa para realização de atendimento psiquiátrico”, disse Roberta no momento em que abria o cadeado de uma das grades do hospital. No local, existiam 52 leitos psiquiátricos, que serão transformados em espaços de convivência para os pacientes atendidos no outro hospital do complexo Juliano Moreira.
De acordo com Roberta, a Paraíba se destaca na reforma psiquiátrica no país por ser o estado com o maior número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) por habitantes, com 99 unidades em todo o estado. Durante a cerimônia de fechamento do sanatório, a secretária ressaltou a importância do tratamento humanizado para os pacientes. “Peço perdão a todos os pacientes que, na Paraíba, sofreram um tratamento manicomial, na incompreensão do que realmente é um tratamento humanizado”, disse.

Segundo o diretor geral do complexo, Walter Franco, a meta da Secretaria de Estado da Saúde (SES) é acabar com o hospital psiquiátrico no modelo de manicômio de forma definitiva na Paraíba. “Nosso trabalho aqui é transformar a forma que os pacientes são atendidos e acabar com esse formato antigo de cuidado psicossocial. É um processo gradativo, mas temos conseguido fazer isso de forma responsável e o fechamento do Clifford é um marco nesse objetivo. A abertura destas celas só foi possível após conseguirmos, através de uma equipe multidisciplinar, reduzir o tempo de internação dos pacientes. Tínhamos aqui pessoas que eram abandonadas pelas famílias e estavam há décadas. Atualmente, conseguimos reintegrar os pacientes à sociedade em menos de um mês”, completou.

A coordenadora de Saúde Mental da SES, Shirlene Queiroz, explica que o Estado tem buscado a efetivação da reforma psiquiátrica através da ampliação da rede de assistência psicossocial e reduzindo o número de hospitais. “Com o fechamento do Clifford, existem agora apenas três hospitais no modelo de manicômio no estado, sendo dois particulares e um público”, explica.

Ainda segundo Shirlene, a forma manicomial de tratar os pacientes vem sendo modificada conforme os avanços da tecnologia e dos estudos nas profissões de saúde. “Os pacientes não podem ser tratados apenas internados como se fossem presos e em condições precárias, ele deve ser tratado por meio da rede de assistência, como os Caps, os Postos de Saúde da Família e em leitos de hospitais gerais. Essa reintegração com a família e com a sociedade é que permite a evolução no quadro dos pacientes”, conclui.

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