Um pais é feito de todo tipo de gente. Gente que acorda e nem sabe por que, a que veio, o que vai ser seu dia, o que é a sua vida. Gente que se desenraizou e nem percebeu que isto aconteceu. Ganhou talvez um diploma, um apartamento um pouco melhor, um carro, e já pensa que nasceu nas nuvens. Já se sente rica e chuta contra o Estado que cuida dos pobres.
Um pais é feito de gente de todo tipo. Gente que sua a camisa e estende a mão, porque é assim que é bom. É assim que se faz um pais. Você pode acordar e nem saber muitas vezes o que é isto de estar aqui, estar vivo. Aos poucos o dia vai indo e você começa a chegar ao lado de cá.
De repente vê que o pais está indo pro brejo, pela mão de gente com muito dinheiro, que fala nas TVs e nos jornais. Gente que mente e mente como quem só sabe mentir. Aí você pode começar a pensar que o pais vai bem porque agora os pobres vão se lascar bem muito. Os pobres sempre se lascam bem muito. Mas além de sofrer, os pobres sabem partilhar.
Sabem criar esperanças do nada. Sabem apontar horizontes no meio da escuridão. Quem teve uma origem assim, como eu tive com meus irmãos, sabe do que estou falando. Raízes estão nos pés, estão na pele, estão na memória, estão onde você estiver.
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/