Racismo à brasileira ressurge após lesão de Neymar

O racismo brasileiro volta a dar as caras após a contusão de Neymar no jogo contra a Colômbia nesta sexta-feira (4), em partida pelas quartas de finais da Copa do Mundo.
O jogador envolvido no lance que tirou o atacante brasileiro da Copa, o lateral colombiano Zúñiga, passou a ser alvo de insultos racistas, como pode ser lido abaixo.

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No UOL: Ameaças de morte e racismo inundam contas de Zuñiga nas redes sociais
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Mas o bom senso às vezes dá as caras, como nesta campanha:

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Uma coisa foi “boa” em relação a este episódio do jogador colombiano: uma das hipóteses da minha tese de doutoramento, que inclui 200 anos de investigação, é a de que o nacionalismo brasileiro é particularmente racista, traço que o diferencia principalmente em momentos de agitação nacional.
Diria que esta hipótese ganhou milhares de evidências…
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Histeria coletiva brasileira: caso para psicólogos ou para a polícia mesmo?

E PARA NÃO FALAR QUE NÃO FALAMOS DE FUTEBOL…
A histeria coletiva que parece ter tomado conta de muitas pessoas não permite que as pessoas vejam que o jogador colombiano que atingiu Neymar, Zúñiga, está certo:
“Uma jogada normal, nunca tive a intenção de fazer mal ao jogador. Quando estou em campo, faço de tudo para defender meu país, é a camisa que eu visto, mas sem a intenção de lesionar qualquer jogador. Era uma partida em que ambos queriam ganhar, e estava tudo um pouco quente, todos entrando forte, mas eles também estavam fazendo o mesmo. Isso é normal. Não fui para a jogada esperando que ele fraturasse a coluna, estava defendo minha camisa, meu país. É uma coisa muito triste para um jogador, mas espero que, com a ajuda de Deus, não seja nada mais grave e que ele melhore, pois todos sabem que é um grande talento para o Brasil.”
É tão óbvio. Mas a cegueira nacionalista tá aguçada nestes dias.
E O OUTRO LADO DA COPA
Copa do Mundo também é política boa: “Além de surpreender com o bom futebol apresentado, que rendeu uma inesperada classificação às oitavas de final do torneio, a seleção argelina também impressiona por outro gesto: os jogadores resolveram doar todo o dinheiro do “bicho” para a população palestina da Faixa de Gaza. “Eles precisam mais do que nós” (…)”
DIREITO À VERDADE NA ARGENTINA
“Estamos te procurando há 10 Copas do Mundo” — Messi
Leo Messi, Javier Alejandro Mascherano e Ezequiel Lavezzi gravaram um vídeo em apoio à campanha das Avós da Praça de Maio, na Argentina.
As avós estão pedindo a colaboração de quem tiver informações sobre netos desaparecidos na ditadura militar do país, que terminou em 1983.
Até o momento, 110 crianças roubadas durante a ditadura recuperaram sua identidade, embora ainda haja mais de 400 denúncias pendentes de casos semelhantes. Segundo dados do governo argentino, pelo menos 300 famílias depositaram seus dados em bancos de DNA com a esperança de recuperar seus filhos e netos desaparecidos.
Excelente iniciativa dos jogadores hermanos! Veja o vídeo:

JÁ NO TIME DA “FRANÇA”…
“Se marco gol, sou francês. Se não marco, sou árabe”, afirma Karim Benzema: http://bit.ly/1pRfgim
BOMBARDEIO DE GAZA

Três adolescentes israelenses foram sequestrados e mortos. Não se sabe ainda o autor — o Hamas nega. É deplorável, não importa o autor.
A reação? Ainda durante a noite, um adolescente palestino foi morto pelas forças israelenses no norte da Cisjordânia, elevando para 7 — atenção: sete — o número de palestinos mortos na Cisjordânia, incluindo três adolescentes, somente desde 12 de junho.
E assim segue a política de “Copa do Mundo” do toma-lá-dá-cá, do olho por olho, com a diferença de que Israel tem, com financiamento externo, o quarto exército mais poderoso do mundo, e o controle de movimentação e prisões administrativas arbitrárias frequentes e em massa, incluindo de crianças. Placar, só desde 12 de junho: Israel 7 x 3 Palestina.
O discurso é de ódio de ambos os lados (incluindo de autoridades de ambos os lados, discursos raciais como víamos na Alemanha nazista). O exército é só israelense mesmo, o Hamas tem foguetes pouco potentes. No meio de tudo isso, civis inocentes, de ambos os lados, mas sempre com o peso maior para os mais vulneráveis: os palestinos sitiados.
Que mundo.
(Foto do Haaretz, saiba mais aqui)

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