Polícia pacificadora (ou) opressora?

Rapper que mora na comunidade Santa Marta, uma das localidades em que atua a Unidade Pacificadora da Polícia, projeto do governo estadual do Rio, relata a situação de intimidação pela qual passou no último final de semana com a Polícia Militar no local.
Rio de janeiro, 26/02/2010.
– Madrugada de sexta para sábado, horário 3h, no Bar do Zé baixinho.
– Rua Cabo José, Morro Santa Marta-RJ.
Como já de rotina semanal, o bar do Zé Baixinho é uma saída para os jovens e adultos se divertir. Toda sexta feira acontece um evento chamado de  “SWING”, na verdade é música do gênero PAGODE.
90% do público é de moradores da comunidade do Santa Marta, por isso nós conhecemos todos, já que também somos moradores ( Fieel, rapper/Zé Baixinho, dono do bar/Márcia, universitária esposa do rapper).
Nessa ultima edição, que já faz mais de um ano, às 3hs chegaram uns  sete Pms de forma arrogante ao local. Três policiais adentraram o estabelecimento de fuzis em punho. “O BAR ESTAVA CHEIO DE JOVENS MORADORES DO SANTA MARTA”: ao perceber os Pms, fui saber o que estava acontecendo.
PM diz: Seguinte, vocês têm que desligar o som, pois os vizinhos estão ligando e reclamando por causa do barulho.
Fiell responde: Olha só, podemos baixar o som  e continuarmos a se divertir sem problema nenhum.
Outro PM diz para Márcia, “universitária” e esposa do Fiell: Desliga a porra do som, tu acha que queríamos estar aqui nessa porra, estávamos dormindo quando fomos chamados.
Márcia responde: Olha, vocês estão aqui para servir e proteger, então, por favor, exijo mais respeito comigo, porque você esta xingando.
PM diz: Fiell, ou você desliga o som agora, ou vou ter de lhe algemar e lhe conduzir à delegacia.
Então achei melhor desligar, já que naquele momento todos os setes Pms estavam na minha frente me hostilizando.
A polícia pacificadora em nenhum momento foi flexível, e a toda hora xingou e ameaçou.
Realmente está muito difícil viver no morro Santa Marta hoje,  os moradores vivem sitiados, vigiados e ameaçados. Só quem sabe o que estamos passando, é quem mora dentro do morro. E isso não é veiculado, mas seguimos em frente lutando por um lugar melhor: em que sejamos respeitados pela Pm por sermos seres humanos e não lixo.
Como eu conheço os meus direitos  e sou um dos responsáveis do estabelecimento, peguei os nomes dos Pms que estavam naquela  ação. E como sempre, um dos Pms estava sem a sua identificação.
Rapper Fiell.

10 comentários em “Polícia pacificadora (ou) opressora?”

  1. Quem exigi direitos..tem a obrigação de cumprir deveres…Vemos que nos lugares onde chegaram essas UPPs algumas poucas pessoas sentem saudades das algazarras promovidas pelos traficantes expulsos (como pagode e funk, em alto volume até o amanhecer)….Pena que isto continue sendo usado como alavanca para o IBOPE de varios veiculos de midia…..UMA PENA………..

  2. OK, opressão é ruim e a polícia (seja qual for) nunca será “dócil”, até entendo, mas barulho (não importa o estilo musical) até altas horas claro que vai incomodar os vizinhos.
    O “rapper” não respeita seus vizinhos e ainda tira uma com a PM, vem reclamar! Faça-me favor. Antes de exigir respeito, respeitem o próximo.

  3. Apesar de ficar parecendo, para quem não é morador e não conhece a dinâmica cultural e o cotidiano nas favelas sob a repressão e o terror, uma teimosia dos grupos culturais à “ordem”.
    Mas, observando com mais atenção, não é do mesmo modo que as áreas de classe média, como Ipanema, Copacabana…são abordados por policiais militares e civís. Muito pelo contrário, a propina rola solto para as máfias policiais fezerem vista grossa à verdadeiros bate-estacas nas discotecas sem isolamento de som. Em Ipanema, na Bulhões de Carvalho e imediações, a população reclama há anos do som de uma discoteca por não conseguirem dormir. Tenho amigos que até põem tapa ouvidos para conseguir pegar no sono. Os policiais já até disseram para síndicos de condomínio que “eles não têm poder para parar o som”.
    Cabe então a perguntinha chata, né: por que então, por estar na favela, o policial se acha poderoso em acabar com a festa e se “chiar” ele ainda vai prender ou descer a porrada?
    Esse é o tipo de cultura da apartação social que está introjetada não só no policial como nas classes médias do Rio de Janeiro que clamam por repressão violenta e veem como natural o desrespeito à pessoa do favelado.
    Mesmo o texto da redação está com certa “contaminação” quando fica frisando a classificação Marcia “universitária”.
    Com todo o respeito que tenho por essa linha política editorial do fazendo Media, mas não é pelo statos “universitário” que mereceria maior respeito, embora não esteja explícito isto. Mas nós sabemos muito bem como a midia dominante é seletiva para classificar quem é bandido, jovens de classe média, profissões liberais e universitários como categorias que, subliminarmente, mereceriam tratamento humano da polícia ou mesmo na veiculação da notícia, quando cometem crimes ou são vítimas de violência. A uns, a notícia reserva o tratamento humano com divulgação do drama na família e entrevistas etc, a outros nem mesmo os nomes são citados, apenas os números estatísticos.
    É apenas uma pequena observação para nos darmos conta da extensão e gravidade que isso está atingindo: a industrialização das subjetividades num contexto estratégico de apartação social pela mídia e militarização das periferias urbanas. Constroi-se verdadeiros campos de concentração e prisões à céu aberto com a maior naturalidade, e virtude heróica, de supostos defensores da sociedade, em nome de uma suposta “segurança” que para muitos é um verdadeiro Estado do terror.
    Bem diz a frase numa faixa escrita por manifestantes do movimento de comunidades contra a violência (RJ): “OS RICOS PEDEM PAZ PARA CONTINUAR RICOS, NÓS PEDIMOS PAZ PARA CONTINUAR VIVOS”.
    Abraços.

  4. As coisas que eu venho sabendo do Santa Marta des da chegada da UPP sao diferentes, e nao vem de midia, vem de pessoas que fazem alguns trabalhos la, o objetivo principal da UPP por parte do governo todos nos sabemos, eh transformar as favelas em pontos turisticos, pra tirar essa imagem de que o Brasil nao tem gente infeliz(o que sou contra), mas imagino que a situacao esteja bem melhor em relacao a quando era o trafico quem dominava, claro que tendo fatos lamentaveis como esse, todo mundo sabe como eh a policia carioca…

  5. João Martins…….
    Acha mesmo que és o único aqui a morar em (ou próximo) comunidade???….Há uma confusão em seu texto, quanto a ação policial em área privada e área pública…(???proposital????)….
    Volto a dizer…..DIREITOS..SÓ A QUEM CUMPRE DEVERES!!! O trafico foi removido do Santa Marta, mas os seus vícios, manias, desrespeitos……, também devem ser extirpados. Haja visto, que aqueles (POUCOS) que participavam, ou curtiam as algazarras por eles patrocinadas permaneceram na comunidades, e é certo que estejam saudasos dos velhos tempos………..
    Sabe aquela fraze???? “”Na favela também mora gente de bem!””. É verdade, e estes são a grande maioria. Mas lá também (além dos traficas) moram os simpatizantes, que não se envolvem diretamente, mas colaboram de alguma forma…E A-DO-RAMMM os eventos patrocinados pela FIRMA. Sem se importarem com a PAZ e o SONO da grande maioria DE BEM. E como esta se dá em ÁREA PÚBLICA…fez bem a pólicia (sem a nessecidade de ação judicial) atender as reclamações da GRANDE MAIORIA ORDEIRA.
    Se quizer a intervenção policial em alguma dicoteque (imóvel privado)…..mova uma ação.

  6. Isso não é nada para quem mora na favela, já estamos habituados com a violência da polícia, que consegue ser mais violenta que os traficantes.
    Sou favelado, e conheço histórias macabras da polícia.
    Se perguntarem a favelados de 100 comunidades diferentes dominadas pelo tráfico, de quem sentimos mais medo se da POLÍCIA OU DOS TRAFICANTES.
    Aposto tudo que a Polícia vence de goleada.

  7. Na Cidade de Deus também ocupada por uma (UPP) moradores denunciam, A MORTE de um rapaz pelos policiais que trabalham na unidade PACIFICADORA.
    Essa já teve vários episódios de violações de direitos, denunciada por parte dos moradores.
    Bailes lá só se for da prefeitura como este do aniversário da cidade, tendo na opinião dos organizadores o Gilberto Gil como atração principal. Eu duvido.
    Pra mim quem esteve lá era mesmo pra sambar com o Revelação, no que eu entendo de favela a música do Gil é bastante impopular e não moveria aquela quantidade enorme de pessoas na favela.
    O Povo daqui gosta é de Samba, Funk e Pagode, o que chamamos de Swing são os pagodes mais românticos que dá pra dançar agarradinho, existem bailes assim em muitas favelas.

  8. QUEREMOS O TRAFICO DE VOLTAAAA……Não aguentamos mais ter quer respeitar os direitos da maioria (ordeira e trabalhadora). Queremos poder ficar até o amanhecer ouvindo funk (PROIBIDÃO) a todo volume, cheirando e fumando (escondidinhos, é claro!), afinal de contas não somos da “”FIRMA””, somos apenas simpatizantes, e devez em quando os ajudamos (a firma), dizendo que eles (os traficas) são bonsinhos, não agridem, não aterrorizam, não impõe terror….e que tudo isso é coisa da pólicia….Não queremos Gilberto Gil…queremos MC’s cantando (GRITANDO) nome de armas, palavrões, incentivando o uso de drogas para fortalecer A FIRMA. Firma que nos trata com carinho e respeito. Mas, com essa tal de UPP não dá…Temos o tempo todo de nos comportarmos como cidadões de bem, sendo assim “NÓS” a minoria, discriminados….Porque não podemos mais ter a nossa diverssão cultural “”FAVORITA””….(eventos patrocinados pela firma), acontecendo todas as madrugadas. E TUDO ISSO por causa dos direitos da MAIORIA ordeira e trabalhadora da comunidade. Assim não da, assim não pode…..ABAIXO A DISCRIMINAÇÃO!!!
    Assinado: “AVT”
    Associação das viúvas do tráfico.

  9. A estratégia de se colocar as favelas reduzidas a uma dupla escolha, tráfico ou repressão violenta da polícia, barbárie ou terrorismo de Estado, é considerar que estes territórios estão ocupados por seres sub-humanos que não merecem outra perspectiva de vida que não seja esta a que estão fatalmente predestinados.
    A cultura da apartação se apoia no preconceito de classe, no racismo… e se configura na linguagem (modos de falar e escrever que qualificam categorias sociais como inferiores e perigosas, de uma vez por todas).
    Permanecer nesta mentalidade é fazer uma opção política pela barbárie. Seja pela via institucional do Estado ou da sociedade civil.
    Eis aí a cultura da apartação. O seu estilo pode ser tanto sofisticado e cínico, como bruto e raivoso.
    É só conferir no comentário anterior ao meu.
    Confio que mentalidades e dias melhores virão.
    Fraterno abraço.

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