Por Maximiano Laureano e Dirley Santos
Manifestantes do país inteiro têm saído às ruas para dizer não aos leilões do petróleo e defender a exploração deste bem natural pelo Estado brasileiro. “O petróleo deveria ser controlado por meio de uma empresa estatal, como a Petrobrás. Os recursos deveriam ser controlados por câmaras populares, que diriam onde estes seriam investidos, para atender à saúde, educação e transportes públicos de qualidade, saneamento básico e moradias populares”, afirma o petroleiro Brayer Grudka, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio (Sindipetro). Nesta entrevista, Brayer fala sobre a importância da campanha em defesa do petróleo a serviço do povo.
Jornal Vozes das Comunidades: Como está a Petrobrás atualmente?
Brayer: A Petrobrás é a maior empresa do Brasil e uma das maiores e mais lucrativas na América Latina, com 80 mil trabalhadores próprios e mais de 300 mil terceirizados. As políticas de redução de custos, de venda de ativos a preços abaixo do mercado e atraso nas expansões do parque de refino geram insatisfação dos empregados, aumento dos acidentes e redução dos lucros com o aumento nas importações de petróleo.
JVC: O que é feito do petróleo hoje?
Brayer: A maior parte do petróleo produzido pela Petrobrás é refinado e distribuído no Brasil. Já a maioria das empresas estrangeiras que atuam aqui preferem exportá-lo, pois recebem isenção de ICMS. Com isso, o petróleo, que poderia gerar mais empregos no Brasil, acaba não cumprindo esse papel.
JVC: O que são os Leilões do Petróleo?
Brayer: Os leilões são concessões de áreas em Bacias Sedimentares brasileiras para a exploração (descoberta) e produção deste bem. A empresa operadora é dona do que é descoberto, bastando pagar os royalties devidos.
JVC: Quais as alternativas?
Brayer: O petróleo deveria ser controlado pelo Estado, via Petrobrás. Os recursos deveriam ser controlados por câmaras populares, que diriam como eles seriam investidos para atender à saúde, educação e transportes públicos de qualidade, saneamento básico e moradias populares.
JVC: Você pode explicar a polêmica sobre o Campo de Libra?
Brayer: Estão leiloando petróleo recém-descoberto na área do Campo de Libra. A legislação brasileira da partilha prevê que, se o Governo quiser, pode entregar as áreas do Pré-Sal para a Petrobrás, sem precisar de leilão. Mas o Governo quer leiloar para cobrir a meta de superávit primário.
O Governo prioriza, assim, o pagamento de juros da dívida, e não os interesses população. O leilão do Campo de Libra está agendado para 21 de outubro. É a maior entrega de toda a história, algo como R$ 3 trilhões. Então é necessário impulsionar a campanha ”O Petróleo Tem Que Ser Nosso”, exigindo a anulação de todos os leilões de petróleo realizados do governo FHC até agora, e uma Petrobrás 100% estatal e sob o controle dos trabalhadores.