Opinião de uma colega, Natalia, brilhante estudante de jornalismo da ECO/UFRJ:
O grande problema nisso tudo, a meu ver, é como a imprensa está lidando com isso. Como se apenas a informação de uma fonte oficial fosse suficiente para ser notícia ou sua divulgação fosse suficiente para acabar com o papel da cobertura jornalística. Nesse caso, definitivamente prefiro ouvir da própria fonte. Mas se for pra cruzar informações, apurar além dos muros da Petrobrás ou das versões dadas, aí nada muda para o bom jornalismo. Da forma que a mídia está se colocando, parece que já assumiu o atestado de incompetência e desqualificação.
Acompanhe a polêmica aqui, a nota da ANJ aqui e da Petrobrás, em resposta brilhante, aqui.
O trecho abaixo, da comunicação institucional da Petrobrás (disponível no link acima), tem tudo pra entrar pra história do jornalismo brasileiro. Curto e grosso:
A noção de confidencialidade e sigilo, como a própria nota da ANJ registra, é um princípio que norteia a relação dos jornalistas com suas fontes (pessoas ou empresas, consultorias). O objetivo principal é preservar aqueles que passam informações aos jornalistas e que, por qualquer motivo, precisam ou querem se manter no anonimato. Mas não há compromisso semelhante de confidencialidade e sigilo da fonte para o jornalista, pois isso limitaria o próprio caráter público e aberto da informação.
Neste post, é destacada a opinião de Túlio Vianna, advogado que mais entende de internet no Brasil. Ele escreveu sobre isso em seu blog, mas sua tirada de mestre ele colocou só em seu twitter:
Daqui a pouco vai ter jornalista dizendo que tem direitos autorais sobre as perguntas que faz e, pior, sobre as respostas…
Quanto à reação furiosa da mídia corporativa (e obsoleta), tem um comentário definitivo no Comunique-se:
Wilson Moreira dos Santos [08/06/2009 – 20:39]
Resumindo:
Se o Reinaldo Azevedo criticou, então é bom;
Se a Folha e O Globo espernearam, então é ótimo;
Se a ANJ repudiou, então é excelente.
Se todos juntos acharam ruim, então é uma maravilha!
Parabéns, Petrobras.
Tacada de gênio dos comunicólogos da Petrobrás (ou que a empresa contratou), galera que entende de século XXI e sabe enfrentar mídia corporativa (ou seria melhor começarmos a chamar de obsoleta?). Não conheço ninguém que teve ideia mais brilhante para simplesmente desqualificar, na fonte, a pobre imprensa brasileira.
O que a mídia obsoleta não entende é muito simples: a comunicação, agora, é direta. Chega de atravessadores!
Jornalista, 41, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.