Por Isaac Bigio (*), de Londres, BR Press – O Paraguai passa hoje pelo que viveu o México em 2000, quando caiu um partido que estava há mais de seis décadas no poder. Estes dois países elegeram seus presidentes em um único turno, e Fernando Lugo, que obteve 40% dos votos, converteu-se no primeiro mandatário a vencer o Partido Colorado, que governou o Paraguai desde 1948.
No México, o monopólio do poder esteve com um partido que provinha de uma revolução esquerdista (PRI), enquanto que, no Paraguai, deteve o poder a força que impulsionou a mais longa ditadura conservadora sul-americana (os colorados de Stroessner). Tanto o PRI quanto os colorados, antes de cair, foram se voltando mais ao centro, porém, enquanto o primeiro foi deposto pela direita, o segundo foi derrotado pela esquerda.
O presidente paraguaio eleito, Fernando Lugo, no entanto, não é um revolucionário, mas um ex-bispo pacifista que deseja o bom entendimento com os EUA e com seus vizinhos. Em sua coalizão há marxistas, mas também democrata-cristãos, e seu eixo é o Partido Liberal, de centro-direita, que ocupa a vice-presidência, e que governou o Paraguai desde o início do século XX até meados dos anos 1930, quando foi derrotado pela revolução “socialista” castrense de 1936.
(*) O analista internacional e ex-professor da London School of Economics Isaac Bigio é especializado em América Latina e assina uma coluna diária no jornal peruano Correo. Tradução: Angélica Resende.