Os pecados perdoados do Vaticano


Sete membros da Igreja Católica são investigados por abuso sexual e crime de pedofilia. O Vaticano anunciou recentemente uma investigação que tem caráter importante para a toda a sociedade, não apenas para os católicos. Trata-se da primeira “investigação” que se tem registro. Quando os abusos são cometidos pelos “funcionários” do Papa, os membros são afastados e, se confirmadas as denúncias, recebem julgamento interno. Geralmente ficam um tempo distantes, e depois retornam suas atividades em outra paróquia.
São acusações de abusos contra menores, violência contra mulheres, e ainda há afirmação que um dos membros teria três filhos, frutos de dois “casamentos”. Lembrando que qualquer homem que confesse sua vocação sacerdotal não pode se casar, ter filhos, muito menos transar. Regras da Igreja e da Mitra.
A Igreja afirma que os investigados são Padres e que não há nenhum Bispo envolvido. Para nós não há tanta diferença, o que nos interessa na verdade é a própria verdade.
Grupos de representantes de vítimas que sofreram algum tipo de abuso e/ou violência sexual de membros do Clero em todo o mundo comemoram. Eles defendem que se deve ir além, com punições severas estabelecidas pelas leis civis.
O representante do Vaticano, Monsenhor Charles Scicluna, disse em um simpósio realizado em Roma para debater os escândalos da Igreja neste ano, que: “O ensinamento… de que a verdade está na base da justiça explica por que uma cultura fatal de silêncio, ou omertá, é em si mesma errada e injusta”, – o termo omertá é utilizado pela máfia italiana, que pode significar “conspiração” ou “silêncio”, dependendo da região.
É um discurso duro à postura da Igreja em acobertar seus pecados e expurgá-los entre si, o caminho religioso que prega a verdade não é condizente com a impunidade. Poucos foram os sacerdotes do clero que responderam de forma civil, a maioria passou seu tempo de reclusão na proteção dos muros do Vaticano e assumiram outras paróquias. Em alguns casos foram feitos acordos entre as vítimas e acusados com pagamento de defesa advocatícia e indenização retirada dos cofres da igreja. Acordos esses que passam longe da fé, da justiça e verdade, lemas desta Igreja que perdoa seus próprios pecados. Inclusive o da Santa Inquisição, que até hoje envergonha a história da Igreja Católica.
(*) Eloisa Anacleto é estudante de jornalismo.
 

2 comentários em “Os pecados perdoados do Vaticano”

  1. Rolando Lazarte – Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de "Max Weber: ciência e valores" (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/
    Rolando disse:

    Devem ser investigados estes delitos, tanto no interior da Igreja, como no seio da sociedade.

  2. O motivo verdadeiro de Padre não poder casar é impossibilita-lo de ter filhos (herdeiros) e, consequentemente, de fazer com que o patrimônio da igreja seja reduzido – a memória me falha, mas um livro recente explica bem isso.
    Essa impossibilidade, que por si só já é força o homem a lutar contra seus instintos mais primitivos, acrescida da ideologia de culpa da igreja católica, acaba por criar verdadeiros doentes mentais.
    Enquanto o sistema for esse, infelizmente, não tem jeito. A condenação de uma dúzia de padres será apenas a cura de um sintoma, a doença persistirá.
    Não é a mesma situação de um crime qualquer que, punidos alguns infratores, o exemplo fica dado para os demais. A questão ai é muito mais complicada.

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