O que mais esperar e aprender com a crise?

A União Europeia vive a pior crise desde sua criação na década de 50, quando então começaram a formar os primeiros blocos de intercâmbios comerciais. A crise chegou com carga geral e não parece que vai terminar tão cedo assim.
Portugal, Espanha, República da Irlanda e em especial a Grécia, são os olhos da crise dentro da Zona do Euro. A Grécia perdeu o rumo da crise, caso receba o empréstimo o risco de calote é quase certo e se isso for concretizado poderá torna-se um efeito dominó dentro do continente.
O anúncio da crise econômica já era anunciada desde o inicio da década, principalmente após os atentados do 11 de setembro. É bom lembrarmo-nos que o economista e prêmio nobel de economia Paul Krugman disse no fórum econômico de Davos, na Suíça, que já previa o estouro da crise e era só questão de tempo. Sabe qual foi a reação do público? Risadas, muitas risadas.
No outro lado do Atlântico, a situação é igual. Os Estados Unidos demoram a apagar o fogo, assim como os europeus viam esta recessão como passageira e que somente os países emergentes seriam os grandes prejudicados. Em suma: não souberam controlar os gastos púbicos e em sua maioria omitiram, não deram o braço a torcer, pensaram que eram muito mais fortes  que a crise.
O inverso aconteceu com os países emergentes, os chamados BRIC’S (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Todos viam o grupo como um grupo vulnerável, imaginavam a quebra. O Brasil tem um capítulo especial, foi o destaque entre os emergentes junto com a China, o PIB das duas nações foram os mais positivos, dentro do esperado, com destaque para a própria nação chinesa.
O Brasil, além de não levar a crise de maneira leviana incentivou o consumo no momento certo, abaixou os impostos de bens de consumo duráveis. Os programas sociais foram o destaque por diminuir o impacto, além de combater as desigualdades sociais. Os números que uma vez foram de 35 milhões de miseráveis, atualmente são 16 milhões. Ainda é muito, mas já é um bom começo.
O Brasil que quer ser a quarta economia do mundo deve agir rapidamente em sua infra-estrutura: aeroportos, estradas, portos e ainda pecamos bastante em mão de obra qualificada nesses setores, devemos melhorar enquanto há tempo.
Tudo indica que a América do Sul finalmente comece a andar com seus próprios pés. Não quer dizer isolar-se economicamente dos EUA, pois forma um bloco sólido de âmbito comercial se juntar a isso uma melhor distribuição de renda e mais justiça social. Finalmente o Estado está assistindo o lado do cidadão.
Os EUA vivem um clima pré-eleitoral. O americano tem um pensamento doméstico, para ele o mundo pode estar explodindo, porém sua casa (o país) deve ficar arrumada. O presidente Barack Obama tem pouco tempo para pôr a casa em ordem. Não esqueçamos que os Estados Unidos vivem sua pior crise desde a década de 30.
A Grécia, que faz parte da zona do euro, recorrerá ao Fundo Monetário Internacional e todos nós sabemos que o FMI exige alguma troca. A troca chama-se privatizações, cortes dos benefícios sociais, enxugamento da máquina pública, demissões de funcionários públicos e privados. Estará a Europa perdendo sua grande conquista de promover o bem estar social? A luta foi em vão? Vamos dar tempo ao tempo.
No Brasil, há quem critique a presença do Estado na área social. Será que a lição do vizinho do norte não serve de exemplo? A existência do Estado na vida social do cidadão é importante sim! Mesmo que esteja ausente em alguns setores, nós como atores sociais do Estado temos de fazer valer os nossos direitos e exigir melhores serviços. Mas, infelizmente, temos o nosso “jeito” e já existem alguns setores importantes como saúde e educação nas mãos das tais organizações sociais.
A Europa como um todo sofre uma crise de identidade, a população local está envelhecendo. A taxa de fecundidade é menor entre os não-europeus, em especial os de origem árabe e africana. O risco é real, a crise econômica leva em si outras consequências que a Europa já conhece muito bem: xenofobia, racismo, intolerância religiosa e o avanço da extrema-direita. Esta, aliás, já está em ascensão.
Tomara que com o passar do tempo esse quadro mude.
(*) Fábio Nogueira é coordenador de núcleo do pré-vestibular comunitário Vila Aliança.

Um comentário sobre “O que mais esperar e aprender com a crise?”

  1. Diante da crise que atravessa a Europa,esperamos que podemos tirar bom proveito.
    O Brasil,está diente de dois mega-eventos,que custará muito a os nossos cofres e se não houver uma fiscalização seria futuramente estaremos batendo na porta do FMI.

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